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sexta-feira, 27 de abril de 2018

LUGARES DE ONTEM E DE HOJE


Mês de Março. O dia estava excelente e era singular. Almoçar fora num local aprazível, seria o programa.
Onde? Perguntava-se
Pois…
Entretanto toca o telefone e fala-se da Figueira da Foz, dos encontros de outrora e da Serra de Nossa Senhora da Boa Viagem
Boa deixa!
mais de vinte anos que não via aquela paisagem de beleza invulgar, o "Parque Natural da Serra da Boa Viagem", rico em património natural, arqueológico e paisagístico e o requintado ambiente acolhedor do restaurante Abrigo da Montanha.

Renovado depois do incêndio, o Abrigo continua igual com uma vista magnífica sobre o mar/ areal imenso/cidade da Figueira da Foz, serviço simpático (um pouco demorado) e ementa variada, óptima na confecção e na apresentação. Embora o peixe marque presença, também não faltam alguns pratos de carne da região, como lombinho de porco preto com migas Beirãs, pernil de borrego à Serra da Boa Viagem ou pato assado com molho de romã.
E porque a tarde ainda mal tinha começado, era fundamental dar uma volta pela cidade e pela praia que, de tão extensa, precisa de luz nas enormes passadeiras para, ao entardecer, se chegar ao mar.

Se não fosse o vento, teria sido um dia perfeito de Primavera


"Abrigo da Montanha" e panorama (ainda pouco nítido)



 Figueira da Foz: Um pedacinho de praia (com patos), a calçada e um edificio de familiares,

Passagem por Peniche: Farol do Cabo Carvoeiro e Baleares (ao fundo)


quinta-feira, 26 de abril de 2018

"THINKING MIND" - BLOG

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"Thinking mind"


"Thinking mind" é o blog a que acabo de aderir. 

Uma pessoa de espírito livre não tem medo de ter ideias próprias nem aceita as circunstâncias desfavoráveis/desagradáveis passivamente; gosta de frequentar lugares onde nunca esteve antes e de fazer as actividades rotineiras de forma diferente; é despretensiosa; prefere viver numa casa pequena para atrapalhar menos a liberdade; orienta os gastos para as viagens e descarta o que não usa; cultiva o optimismo e o exercício físico para superar os problemas com mais facilidade.

Não ter medo da originalidade e da inovação pode ser libertador mas exige, também, coragem.

É preciso estar atento às armadilhas da vida contemporânea, aos desafios constantes, a um sistema individualista, competitivo, egoísta e de "jogos de egos" que impedem o desenvolvimento humano, a satisfação de carências e de necessidades existenciais mais profundas. 

Sucesso para os dois.



quarta-feira, 28 de março de 2018

TRADIÇÕES



Quando era criança
Havia a tradição
Lá na região
Ter como lembrança
Um bolo folar
Para pascoar

De corpo franzino
Nossa Avó Emília
Dava prá família
O grande bolo fino
Para o deliciar
E a Páscoa grafar

Já que o passado
É lugar presente
Nunca ausente
Evoco de bom grado
O amarelo folar
Prá Páscoa exaltar





 Na minha aldeia, o "Folar ou Bolo de Azeite", era o presente que os padrinhos ofereciam aos afilhados no Domingo de Páscoa. Com ou sem manteiga, “desaparecia" num ai! Uma delícia…


domingo, 18 de março de 2018

UM OLHAR SOBRE OLIVENÇA

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Passaram cinco anos sobre a sensacional notícia publicada pelo DN, 27 de Setembro de 2012:« A Igreja de Santa Maria Madalena, em Olivença, único lugar de culto espanhol de estilo manuelino, foi eleita "O Melhor Recanto de Espanha 2012", num passatempo promovido pela petrolífera Repsol». "Rica em azulejos e em motivos decorativos marítimos que remetem para a época dos Descobrimentos portugueses, a Igreja de Santa Maria Madalena (Estremadura) é visitada diariamente por centenas de turistas".(Expresso).
Para o Grupo dos Amigos de Olivença, a escolha representa uma “indecorosa tentativa de legitimação da ocupação do território de Olivença junto da opinião pública portuguesa”. (Público)

Na altura, depois de alguma investigação no Google, fiz um poste a que também dei o título de “O melhor recanto de Espanha 2012” e, como não conhecia, projetei uma provável visita para quando oportuno.

Com o céu um pouco nublado, vento fraco e nevoeiro persistente, as condições meteorológicas predominantes não eram as mais favoráveis para gandear naquela tarde de sábado, 6 de Janeiro. Mas era Dia de Reis e, em Espanha, feriado nacional. É costume haver crianças espanholas na rua com os novos presentes “oferecidos” na noite do dia 5 pelos três Reis Magos, Belchior, Baltazar e Gaspar.
Olivença, a 236 Km de Lisboa foi, assim, a opção


A ligação entre Elvas e Olivença (Olivenza) faz-se por uma ponte sobre o Guadiana construída em 2000 ao lado das ruínas da antiga Ponte da Ajuda.


Parcialmente destruída pelo exército castelhano com barris de pólvora em 1709, a maior ponte-fortaleza da Europa foi projectada por Dom Pedro I de Portugal para assegurar a logística da povoação que se encontrava isolada no interior do território castelhano mas só em 1510 é que Dom Manuel I ordenou o arranque da grandiosa obra de engenharia militar com 380?/390? metros de extensão, apoiada sobre 19 arcos, com 5 metros de largura, 15 metros de altura e defendida por um sólido torreão erguido no centro.

A cidade (ainda chamada vila), está bem conservada, é bonita, repleta de marcas históricas lusas,  muito portuguesa/alentejana com casas de alvenaria, cal, cantaria e imponentes chaminés.
 Porém, nada mais do que isso. 
Não havia crianças na rua e os poucos adultos vagabundeavam, solitários, de semblante meio desconfiado e tristonho, falando parcamente um português espanholado ou vice-versa. Um pequeno arraial na praça principal com música sem qualidade, era a única marca de festa. 

Os nomes das ruas, topónimos e referências históricas estão mudados. A maioria dos brasões foi arrancada e os os símbolos de Portugal destruídos.


 Ruas de Olivença, desertas - 6.1.2018

Por ser feriado, os monumentos estavam fechados. Quanto a exteriores, assinala-se o Castelo, a Igreja de Santa Maria Madalena, a Igreja de Santa Maria do Castelo, a atual sede do ayuntamiento com a sua porta manuelina e outros pormenores 

O Castelo, que ficou bastante danificado durante a Guerra da Independência Espanhola (1808-1814), esteve abandonado durante vários anos. Recuperado em 1975 passou a ser a sede do Museu Etnográfico da cidade.

As Igrejas de Santa Maria Madalena (antiga Sé da Diocese de Ceuta) e de Santa Maria do Castelo

Torre de Menagem do castelo medieval e Brasão dos Duques de Cadaval

Actual sede do ayuntamiento com a sua porta manuelina e uma mostra das muitas  casas apalaçadas

Portugal ou Espanha?
Espanha é bulício, gente divertida, bem-humorada e vistosa, de movimento, de conversas audíveis e altiva.
Portugal alentejano é gente independente, alegre embora de feições duras, sobranceira no olhar, um tudo-nada desconfiada, de quadras brejeiras e muito agarrado à terra…
Logo, na época actual, os habitantes de Olivença não se "encaixam" em qualquer dos países.
Direi que a cidade parece mais um lugar de cativeiro onde se disfarça a nostalgia duma  identidade perdida. 
Os contactos entre as gentes de ambas as margens do Guadiana, são diminutos. A alfabetização (só em espanhol) na época de Franco provocou um sentimento de inferioridade nos luso falantes; tudo  foi espanholizado desde as ruas, às letras da música popular, aos apelidos. Até os termos hipocorísticos (afectivos) portugueses estão sendo  substituídos pelos espanhóis ( Zé por Pepe ou Chico por Paco, por ex.). No entanto,  as alcunhas continuam a denunciar a origem...  A entoação oliventina é  mais exclamativa e de tom mais elevado do que a estremenha em geral. Hoje já se estuda português na escola primária, mas como língua “estrangeira”

Enfim, partindo de todas estas coisas, circunstâncias e factos, acho que os oliventinos  se sentem (e são) tratados como rejeitados na sua própria terra; sofrem o complexo incutido duma história (portuguesa) de ideias e valores  inferiores.

Penso que, depois desta constatação, antes ser oliventino português (talvez com nível de vida menos elevado) do que oliventino espanhol tratado com desdém, achincalhado. Há muitas Espanhas dentro de Espanha. Nós somos um país uno de “patriotas e nacionalistas enraizados a um nível de tal maneira  profundo” (Luís Miguel Rocha) que  os oliventinos não conseguem apagar.

Segundo (PERDIDOS E ACHADOS - Portugueses de Olivença), numa reportagem feita pela SIC no Jornal da Noite de 29 de Maio de 2015, os oliventinos dizem que "os portugueses podem ter esquecido Olivença, mas os oliventinos não esqueceram Portugal. Tanto assim que muitos estão a pedir a nacionalidade portuguesa e a aprender a língua dos avós."
O corolário dessa reportagem é assim apresentado:
- "Nós fomos portugueses antes, e já seguimos falando [=continuámos a falar] o português. (...) É o nosso, aqui, falar o português! (...) Nós seremos portugueses já até que morramos. (...) 
- Então vocês são espanhóis... portanto... espanhóis diferentes? 
- Nós somos espanhóis... espanhóis portugueses, porque falamos à portuguesa! É o único, nada mais

NotaO VÍDEO foi retirado por?


segunda-feira, 12 de março de 2018

FRAGMENTOS DE VIAGEIRO


Diz Mário Quintana que “viajar é mudar a roupa da alma”.
Eu, que por temperamento sou uma curiosa de lugares, de novas vivências, culturas e paisagens, não posso deixar de estar mais de acordo. As viagens reciclam ideias, ampliam conhecimentos, argumentam pressupostos e, sobretudo, têm a habilidade de valorizar e tornar mais agradável o mundo em que se vive no dia-a-dia. Pode dizer-se que viajar é investir em páginas de bem-estar, de resiliência psicológica, de crescimento pessoal, de recordações, de poupança em médicos/medicamentos.
Logo, se “para viajar basta existir” (Fernando Pessoa), então só é preciso, nem que seja “uma vez por ano, ir a algum lugar onde nunca esteve” (Dailai Lama). 

E é isto mesmo que eu faço com frequência a lugares diversos, por motivos  relevantes ou não, em dias inteiros ou partes deles.

- Onde vamos almoçar hoje?
- Reviver Vila Nova de Mil Fontes, é uma ideia, não? Desde há duas décadas que deixou de ser um dos nossos lugares de eleição...


A baía, actualmente.

- Mas não estou a reconhecer a praia! Falta alí em frente uma ilhota de areia para onde se ia de barco. Era tão bucólico...


A antiga praia

Vila Nova de Milfontes, inserida no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina foi uma pequena vila piscatória donde partiram os pilotos que fizeram a primeira travessia área entre Portugal e Macau, em 1924.  
O forte de São Clemente (castelo de Milfontes) foi mandado edificar no final do séc. XVI para fazer face aos piratas que devastavam a região, pilhando e assaltando o povo e as embarcações
A Vila parece ter ficado suspensa no tempo. Nesta época do ano continua pacata,  muito acolhedora e com boa restauração.