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sexta-feira, 19 de abril de 2019

UMA FILOSOFIA DE VIDA





Todas as pessoas, umas mais cientes do que outras, adoptam uma filosofia de vida que norteia o seu modo de ser e de agir ao longo da vida. A nossa personalidade e o nosso comportamento, ao interagirem com a realidade do mundo em que se vive, determinam a forma que se elege para viver nesse mundo que nos cerca.
As situações com que nos deparamos e que somos obrigados a escolher, são muitas - desafios, problemas, indecisões, oportunidades, pontos críticos controversos. Às vezes optamos por  assumir riscos ou por escolher caminhos não desejados,  deixando para trás oportunidades que, não tendo sido exploradas, nos fazem sofrer sucessivos fracassos.
E assim, à medida que o tempo passa, com uma vida cheia de experiências negativas /positivas, vamos construindo o nosso sistema de valores mais personalizado, incompatível mesmo, algumas vezes, com outros valores da sociedade em que nascemos ou vivemos.

Partindo destas considerações, não posso estar totalmente de acordo com a citação de Joy Adamson - “As pessoas tiram da vida exactamente o que investiram nela” - e, menos ainda, “Quando a Vida Nos Muda a Vida” , a vida, estrada de via única, sem manobra de inversão do sentido de marcha, com sinalização a indicar o caminho sempre em frente.

Joy Adamson


quarta-feira, 20 de março de 2019

DEIXEM PASSAR

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Os dias estão a clarear
O sol despe-se pra brilhar
Há aromas a balsamizar
Cores de flores a ornamentar
A natureza quer extasiar
A vida parece animar

Deixem a Primavera passar
Porque ela está já a chegar









Imagens Google 

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

AINDA A DÉCADA DE 60



Quando a sensação de incompletude e os valores inversos à vida são demasiado sufocantes, dou uma escapadela no tempo à década de sessenta, a década da revolta que mudou o mundo de modo a que nada voltasse a ser como dantes.
Porem, neste caso concreto, refiro-me, especialmente, à primeira etapa, caracterizada por uma certa sensação de lirismo, evidente idealismo e uma mudança cultural nos mais variados grupos sociais desde a música, as transmissões televisivas a cores, as personalidades-líderes e artistas, Neil Alden Armstrong, o cinema de grandes musicais, a influência pelas ideias de liberdade...




Filho de pai irlandês e mãe mexicana, 13 filhos, com "cara de índio", um autêntico monstro-sagrado, grande figura mítica do palco e do cinema, '' maior do que a vida'', inesquecível (como tantos desta época), exemplo de alguém que soube vencer apesar dos obstáculos, carismático,  senhor de uma energia empolgante, é a minha estrela preferida para o post de hoje no filme  “Zorba, o Grego, 1964”Anthony Quinn. 

Uma interpretação magistral no papel de Alexis Zorba, um simples camponês grego com um enorme amor pela terra e pela vida"
A famosa cena onde o personagem interpretado por Quinn dança o Sirtaki, rodada na praia do vilarejo de Stavros.


"Zorba the Greek", é um inesquecível e absorvente filme (Hollywood Reporter) greco-americano de 1964 , baseado no romance e filmado na ilha de Creta que mostra o lado bom da vida.
O tema principal é a amizade construída entre um tímido e reservado escritor inglês, Basil (Alan Bates), que chega a Creta para trabalhar numa mina herdada do pai, grego e Alexis Zorba (Anthony Quinn), um camponês extrovertido e exuberante, cheio de amor pela vida. Zorba concorda em trabalhar na mina abandonada de Basil originando-se, durante o contacto entre ambos, uma  gradual passagem de observador do mundo (por Basil) a participante. Ele descobre que a vida é mais rica do que a mina herdada do pai, que é mais misteriosa e imprevisível do que ele imaginava, que "não deixa romper as horas sem saborear os minutos". 
Temos e havemos de aprender a passar pelo mundo"Gdantas, em recanto das letras - resenhas de filmes). 
Para ter esse olhar mais amplo sobre a existência, o amor e a amizade, Basil e Zorba dançam junto ao  mar imenso, "símbolo do inconsciente, de profundezas que só aprendemos ousando, indo ao encontro do desconhecido, da arte de saber viver". Obvious magazine
Zorba,  transcende a mediocridade e a burocracia do sistema. É um ser livre, espontâneo e responsável pelas suas opções.


No início dos anos sessenta os adolescentes/jovens agrupavam-se em pequenos grupos para fazer as festas em garagens, casa de amigos, Clubes, Casas de Recreio, Sociedade de Belas Artes, etc.
“A Lareira” era uma "boite" em Lisboa, situada na Praça das Águas Livres, que se apresentava como uma casa de chá onde se podia dançar à hora do “lanche”, ao som dos discos da época de The Animals, The Beach Boys, Freddie & the Dreamers, The Rolling Stones, The Beatles, The Crickets, The Swinging Blue Jeans e outros.


Mas o Zorba acabava de chegar, era a dança do momento. Todos unidos em circulo, treinando, treinando até acertar o ritmo. 
Porem, confesso, nunca cheguei a acertar lá muito bem os meus passos com os do grupo...


Imagens Google


quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

A MISSA



A Missa ou Celebração Eucarística foi instituída por Cristo na noite de Quinta-feira Santa, antes da Sua morte.

Lê-se nas Escrituras:
E, enquanto ceavam, tomou Jesus um pão e, tendo dado graças, o partiu, e o serviu aos seus discípulos, dizendo: “Tomai, isto é o meu corpo”…(Marcos, 22-24).
E, havendo pegado um cálice, Ele deu graças e ordenou: Tomai do cálice e partilhai entre vós (Lucas, 22-17)
Da mesma maneira, depois de cear, pegou o cálice, explicando: “Este cálice significa a nova aliança no meu sangue, derramado em vosso benefício (Lucas, 22-25)
No fim, pediu-lhes que repetissem esse gesto em Sua memória.
Entretanto, outros barcos chegaram de Tiberíades, próximo do lugar onde o povo havia comido o pão, após o Senhor haver dado graças. (João, 6-23)

Assim fizeram os discípulos de Jesus, os primeiros cristãos e sempre,  até aos nossos dias, praticamente com a mesma estrutura - a liturgia da palavra (textos bíblicos) e a liturgia eucarística (consagração do pão e do vinho e comunhão).


As fórmulas usadas para a consagração na Eucaristia eram apresentadas na Didaqué  (Doutrina dos Doze Apóstolos),  um antigo catecismo redigido entre os anos 90 e 100 na Síria, na Palestina ou talvez na própria Antioquia,  antes mesmo de alguns livros da Bíblia Cristã e da definição do cânon bíblico.

Segundo a doutrina católica, "cada missa é um sacrifício verdadeiro, na qual o Cristo ressuscitado está presente corporalmente no altar como uma vítima que é oferecida outra vez pela Igreja a Deus Pai, como expiação pelos pecados da humanidade."

Desde muito pequena, até por volta dos vinte e tal anos, fui católica praticante ou, melhor dizendo, cristã católica não praticante  (dificilmente alguém é um católico praticante perfeito), fruto de uma herança cultural antiga transmitida pelos meus avós, pais, família e pelo ambiente que me rodeava. Recebi o Baptismo, fiz a Primeira Comunhão depois da Catequese e fui ungida com os óleos do Crisma. Ia à Missa ao Domingo como todos os paroquianos da freguesia e, diariamente, durante o período de aulas pois era uma mais valia para a Disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica…


O véu rendilhado sobre os cabelos era um adorno feminino (branco ou preto) em que geralmente se investia para uma exibição envaidecida ...


O latim, “língua universal da fé”, era o idioma utilizado. Os fiéis ajoelhavam-se imensas vezes, incluindo o momento de receber a Sagrada Comunhão. O padre colocava a hóstia na boca com a patena sob o queixo para que nenhuma partícula fosse profanada. Havia intervalos para meditar em silêncio total. O sacerdote permanecia de frente para a cruz do altar durante quase toda a cerimónia, seguindo uma liturgia extremamente codificada. Como música oficial da Igreja cantava-se o Canto Gregoriano e o Missal,  livro de orações que continha as passagens bíblicas usadas no ritual da Missa (Saudação, Acto penitencial, Glória, Ofertório, Comunhão, etc.), era indispensável. 
A minha prenda de Primeira Comunhão foi exactamente um pequeno Missal como o que se mostra abaixo e que preservo ainda.


Participava, assim, numa Missa cujo ritual se mantinha há quase 1400 anos (de 600 d.C. até 1970 d.C.) partilhada  praticamente por todos os Papas, Santos e cristãos do Ocidente. 
Porem, as minhas estruturas cristãs ritualizaram, “adormeceram” e não se orientaram para uma procura do acreditar e do ter fé.

Todavia, o ritual da Missa passou por algumas alterações até estar como hoje o conhecemos.

Durante os primeiros séculos, a celebração da Missa era simples para evitar tudo o que desviasse a atenção do mistério central. 

A partir do segundo milénio, com a introdução do sacrário ou Tabernáculo, o pão e o vinho tornaram-se os elementos centrais de toda a celebração e a leitura da Palavra passou para segundo plano. 

Sacrários/ Tabernáculos

Mais tarde a Igreja considerou que a Missa deveria ter um ritual uniformizado e passou a ser celebrada em latim com o sacerdote virado para o altar, junto à parede. Os fiéis limitavam-se a esperar pelo momento da comunhão ou pela Adoração do Santíssimo Sacramento sem participar na liturgia da palavra.
No período barroco as grandes inovações ornamentais, o uso excessivo de incenso, de coros e organistas afastaram mais os fiéis da verdadeira celebração.
Pelos finais do século XIX e inícios do século XX, já com o ritual bastante distanciado do original dos primeiros séculos, a Igreja sentiu necessidade de voltar ao padrão do inicio através de uma reflexão profunda sobre o seu papel no mundo.
O Papa João XXIII , cuja simpatia e simplicidade lhe valeram o apelido de o Papa Bom ( Arquivo / 03/12/1962)
 e o Concílio Vaticano II, evento que  marcou fortemente a vida da Igreja e de toda a sociedade.

Então, o Papa João XXIII logo se mostrou disponível para lhe dar novo rumo e convidou a Igreja a acolher os novos “sinais dos tempos”.
Convocou os bispos de todo o mundo para reformar, entre outros aspectos, a celebração da Eucaristia. E no dia 11 de Outubro de 1962 começou oficialmente a preparação de um dos mais importantes concílios da história da Igreja, o Concílio Vaticano II. Quebrando rotinas, dele saíram reformas significativas como o regresso à presença real de Cristo no pão e no vinho, nova importância para a liturgia da palavra, relação com líderes de outras grandes religiões e abolição obrigatória do latim nas práticas que fazem parte do culto religioso.

Assim, o altar foi deslocado para um lugar central frente a todas as pessoas, a Missa passou a ser celebrada na própria língua e o púlpito das leituras foi disposto de modo a que toda a assembleia participasse na celebração. Tornou-se mais abrangente - os fiéis participam como convidados da Ceia do Senhor e desempenham diferentes ministérios - leitores, cantores, acólitos, outros - uma "revolução no estilo, na linguagem e na mentalidade". 

“As grandes conquistas da humanidade, nos últimos séculos, deram-se fora da Igreja, contra a Igreja, mas fundadas em valores evangélicos”Walter Kasperteólogo e cardeal

Porem, de acordo com Agenor Brighentio, o Concílio Vaticano II deveria ter acontecido ainda no Concílio de Trento (1545-1563), uma vez que se vinha achando necessária, desde longa data, uma profunda reforma na Igreja. Por outro lado,  em vez de uma contra-Reforma, a Igreja deveria ter aproveitado por ex., algumas das reformas exigidas por Lutero e outros

Os resultados  do Concílio não foram proporcionais às expectativas,  sublinha o Prof. Roberto de Mattei,  no encontro de 17 de Março de 2012

E justifica-se citando-se a ele próprio: “o colapso da segurança dogmática; o relativismo da nova moral permissiva; a anarquia no âmbito disciplinar, o abandono do sacerdócio e da vida religiosa por parte dos sacerdotes e dos religiosos e o distanciamento da prática religiosa de milhões de fiéis, a infiltração da heresia através dos novos catecismos e novos ritos, as contínuas profanações da Eucaristia, o massacre das almas enquanto as igrejas se livravam do altar, mesas da comunhão, crucifixos, imagem de santos, mobiliários sacros, quadros que acabaram em catálogos de antiquários.  A ‘primavera da fé’, que deveria seguir ao Concílio Vaticano II, aparecia mais como um rígido inverno, documentado sobretudo pelo colapso nas vocações e do abandono da vida religiosa”.

  
"O balanço global dos quarenta anos pós-conciliares 1965-2005, com respeito às perdas totais e percentuais dos principais institutos religiosos, será ainda mais dramático".  Angelo Pardilla

Concílio de Trento
"Actualmente celebra-se a Missa de acordo com as reformas instituídas pelo Concílio Vaticano II. No entanto, recentemente, o Papa Bento XVI permitiu que fossem celebradas também Missas tridentinas  (Relativo a Trento, Itália) - Missas em latim, de acordo com o missal publicado no século XVI por São Pio V, renovado em 1962 pelo Papa João XXIII.)" Wikipédia
O Concílio de Trento (1545 a 1563), um dos três concílios fundamentais na Igreja Católica, também conhecido como o Concílio da Contra-reforma” (Manuel Augusto Rodrigues), foi convocado pelo Papa Paulo III para garantir “a unidade da fé e a disciplina eclesiástica". 

Num mundo crise como o de hoje, cada vez mais pessoas (especialmente jovens) procuram alternativa ao “mundo moderno” e isso inclui um retorno à "Missa de Sempre", àquela que, para preservar durante a Reforma Protestante, os mártires católicos deram a vida e que  uniu Cristãos através de continentes e de séculos. 

Segundo o padre Bruce Júdice há uma sede de espiritualidade entre os jovens. Uns procuram ioga, meditação, natureza; outros preferem a missa tridentina à missa contemporânea do Concílio Vaticano II. 

"O rito contemporâneo não é para mim; no antigo, a meditação, o silêncio e a beleza encantam"; "Fiquei tão encantada com as primeiras celebrações que não parei mais de frequentar as missas. Adoro a vestimenta" e "Ele mostra a dignidade da mulher, exalta seu carácter sagrado", são alguns dos comentários de um público crescente de jovens e de pessoas curiosas sobre o ritual tridentino.

As Cores Litúrgicas –  Verde, branco, vermelho, roxo, rosa e preto

Rito tridentino


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