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domingo, 18 de março de 2018

UM OLHAR SOBRE OLIVENÇA

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Passaram cinco anos sobre a sensacional notícia publicada pelo DN, 27 de Setembro de 2012:« A Igreja de Santa Maria Madalena, em Olivença, único lugar de culto espanhol de estilo manuelino, foi eleita "O Melhor Recanto de Espanha 2012", num passatempo promovido pela petrolífera Repsol». "Rica em azulejos e em motivos decorativos marítimos que remetem para a época dos Descobrimentos portugueses, a Igreja de Santa Maria Madalena (Estremadura) é visitada diariamente por centenas de turistas".(Expresso).
Para o Grupo dos Amigos de Olivença, a escolha representa uma “indecorosa tentativa de legitimação da ocupação do território de Olivença junto da opinião pública portuguesa”. (Público)

Na altura, depois de alguma investigação no Google, fiz um poste a que também dei o título de “O melhor recanto de Espanha 2012” e, como não conhecia, projetei uma provável visita para quando oportuno.

Com o céu um pouco nublado, vento fraco e nevoeiro persistente, as condições meteorológicas predominantes não eram as mais favoráveis para gandear naquela tarde de sábado, 6 de Janeiro. Mas era Dia de Reis e, em Espanha, feriado nacional. É costume haver crianças espanholas na rua com os novos presentes “oferecidos” na noite do dia 5 pelos três Reis Magos, Belchior, Baltazar e Gaspar.
Olivença, a 236 Km de Lisboa foi, assim, a opção


A ligação entre Elvas e Olivença (Olivenza) faz-se por uma ponte sobre o Guadiana construída em 2000 ao lado das ruínas da antiga Ponte da Ajuda.


Parcialmente destruída pelo exército castelhano com barris de pólvora em 1709, a maior ponte-fortaleza da Europa foi projectada por Dom Pedro I de Portugal para assegurar a logística da povoação que se encontrava isolada no interior do território castelhano mas só em 1510 é que Dom Manuel I ordenou o arranque da grandiosa obra de engenharia militar com 380?/390? metros de extensão, apoiada sobre 19 arcos, com 5 metros de largura, 15 metros de altura e defendida por um sólido torreão erguido no centro.

A cidade (ainda chamada vila), está bem conservada, é bonita, repleta de marcas históricas lusas,  muito portuguesa/alentejana com casas de alvenaria, cal, cantaria e imponentes chaminés.
 Porém, nada mais do que isso. 
Não havia crianças na rua e os poucos adultos vagabundeavam, solitários, de semblante meio desconfiado e tristonho, falando parcamente um português espanholado ou vice-versa. Um pequeno arraial na praça principal com música sem qualidade, era a única marca de festa. 

Os nomes das ruas, topónimos e referências históricas estão mudados. A maioria dos brasões foi arrancada e os os símbolos de Portugal destruídos.


 Ruas de Olivença, desertas - 6.1.2018

Por ser feriado, os monumentos estavam fechados. Quanto a exteriores, assinala-se o Castelo, a Igreja de Santa Maria Madalena, a Igreja de Santa Maria do Castelo, a atual sede do ayuntamiento com a sua porta manuelina e outros pormenores 

O Castelo, que ficou bastante danificado durante a Guerra da Independência Espanhola (1808-1814), esteve abandonado durante vários anos. Recuperado em 1975 passou a ser a sede do Museu Etnográfico da cidade.

As Igrejas de Santa Maria Madalena (antiga Sé da Diocese de Ceuta) e de Santa Maria do Castelo

Torre de Menagem do castelo medieval e Brasão dos Duques de Cadaval

Actual sede do ayuntamiento com a sua porta manuelina e uma mostra das muitas  casas apalaçadas

Portugal ou Espanha?
Espanha é bulício, gente divertida, bem-humorada e vistosa, de movimento, de conversas audíveis e altiva.
Portugal alentejano é gente independente, alegre embora de feições duras, sobranceira no olhar, um tudo-nada desconfiada, de quadras brejeiras e muito agarrado à terra…
Logo, na época actual, os habitantes de Olivença não se "encaixam" em qualquer dos países.
Direi que a cidade parece mais um lugar de cativeiro onde se disfarça a nostalgia duma  identidade perdida. 
Os contactos entre as gentes de ambas as margens do Guadiana, são diminutos. A alfabetização (só em espanhol) na época de Franco provocou um sentimento de inferioridade nos luso falantes; tudo  foi espanholizado desde as ruas, às letras da música popular, aos apelidos. Até os termos hipocorísticos (afectivos) portugueses estão sendo  substituídos pelos espanhóis ( Zé por Pepe ou Chico por Paco, por ex.). No entanto,  as alcunhas continuam a denunciar a origem...  A entoação oliventina é  mais exclamativa e de tom mais elevado do que a estremenha em geral. Hoje já se estuda português na escola primária, mas como língua “estrangeira”

Enfim, partindo de todas estas coisas, circunstâncias e factos, acho que os oliventinos  se sentem (e são) tratados como rejeitados na sua própria terra; sofrem o complexo incutido duma história (portuguesa) de ideias e valores  inferiores.

Penso que, depois desta constatação, antes ser oliventino português (talvez com nível de vida menos elevado) do que oliventino espanhol tratado com desdém, achincalhado. Há muitas Espanhas dentro de Espanha. Nós somos um país uno de “patriotas e nacionalistas enraizados a um nível de tal maneira  profundo” (Luís Miguel Rocha) que  os oliventinos não conseguem apagar.

Segundo (PERDIDOS E ACHADOS - Portugueses de Olivença), numa reportagem feita pela SIC no Jornal da Noite de 29 de Maio de 2015, os oliventinos dizem que "os portugueses podem ter esquecido Olivença, mas os oliventinos não esqueceram Portugal. Tanto assim que muitos estão a pedir a nacionalidade portuguesa e a aprender a língua dos avós."
O corolário dessa reportagem é assim apresentado:
- "Nós fomos portugueses antes, e já seguimos falando [=continuámos a falar] o português. (...) É o nosso, aqui, falar o português! (...) Nós seremos portugueses já até que morramos. (...) 
- Então vocês são espanhóis... portanto... espanhóis diferentes? 
- Nós somos espanhóis... espanhóis portugueses, porque falamos à portuguesa! É o único, nada mais

NotaO VÍDEO foi retirado por?


segunda-feira, 12 de março de 2018

FRAGMENTOS DE VIAGEIRO


Diz Mário Quintana que “viajar é mudar a roupa da alma”.
Eu, que por temperamento sou uma curiosa de lugares, de novas vivências, culturas e paisagens, não posso deixar de estar mais de acordo. As viagens reciclam ideias, ampliam conhecimentos, argumentam pressupostos e, sobretudo, têm a habilidade de valorizar e tornar mais agradável o mundo em que se vive no dia-a-dia. Pode dizer-se que viajar é investir em páginas de bem-estar, de resiliência psicológica, de crescimento pessoal, de recordações, de poupança em médicos/medicamentos.
Logo, se “para viajar basta existir” (Fernando Pessoa), então só é preciso, nem que seja “uma vez por ano, ir a algum lugar onde nunca esteve” (Dailai Lama). 

E é isto mesmo que eu faço com frequência a lugares diversos, por motivos  relevantes ou não, em dias inteiros ou partes deles.

- Onde vamos almoçar hoje?
- Reviver Vila Nova de Mil Fontes, é uma ideia, não? Desde há duas décadas que deixou de ser um dos nossos lugares de eleição...


A baía, actualmente.

- Mas não estou a reconhecer a praia! Falta alí em frente uma ilhota de areia para onde se ia de barco. Era tão bucólico...


A antiga praia

Vila Nova de Milfontes, inserida no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina foi uma pequena vila piscatória donde partiram os pilotos que fizeram a primeira travessia área entre Portugal e Macau, em 1924.  
O forte de São Clemente (castelo de Milfontes) foi mandado edificar no final do séc. XVI para fazer face aos piratas que devastavam a região, pilhando e assaltando o povo e as embarcações
A Vila parece ter ficado suspensa no tempo. Nesta época do ano continua pacata,  muito acolhedora e com boa restauração.

sexta-feira, 9 de março de 2018

IGUAIS OU DIFERENTES?



Oito de Março, dia Internacional da Mulher... 
Adepta, ou nem por isso, desta relevância (depende dos diversos significados que lhe atribuo) como representante de uma parte da humanidade, sinto-me sempre impelida a respingar umas letras no blogue.


A primeira marcha no dia 8 de Março feita por trabalhadoras que se reuniram para reclamar por melhores condições de trabalho e pela não entrada da Rússia na Primeira Guerra Mundial, aconteceu em 1917. A partir dos anos 1960 a data passou a ser escolhida frequentemente para os protestos a favor da igualdade de género e em 1975, a ONU declarou-a como o Dia Internacional da Mulher.

A inserção feminina no mercado de trabalho, resultante da longa história da mulher em busca da liberdade de escolha e da  igualdade de direitos,” provocou alterações significativas e esse processo social adquiriu uma dimensão estrutural no mundo contemporâneo” (LEONE, 2003)

“Quanto vale o homem?
Menos, mais que o peso?
Hoje mais que ontem?
Vale menos velho?
Vale menos morto?
Menos um que outro
…”
Carlos Drummond de Andrade

Cada ser humano tem um valor único.
Ontologicamente, por derivar da própria existência de ser humano, todos têm dignidade em grau idêntico. Mas a palavra “dignidade” tem mais do que um sentido. Assim, a chamada “dignidade moral” será a bagagem que cada um constrói com o uso da sua liberdade
Prefiro defender o individuo de acordo com a sua moralidade e não um género como um todo. Os movimentos feministas actuais, em cujo centro das causas está o comportamento dos homens para com as mulheres, nada tèm a ver com Carolina Beatriz Ângelo, Zoya Kosmodemyanskaya (“Tanya”), Marie Gouze, Clara Zetkin, Millicent Fawcett, Christine de Pisan, Marie de Gournay, Mary Wollstonecraft, Harriet Tubman, Ayn Rand, Marie Curie, Luísa Alzira Teixeira Soriano, Maria Lacerda de Moura ou Deirdre McCloskey. Cada uma delas – através dos seus desejos, carreiras e aptidões - lutou pelo direito de igualdade perante a lei e pelo direito de ser livre, inspirando outras mulheres a acreditar no valor das suas individualidades e propósitos. Não se anularam. Não usaram o corpo para ultrapassar os obstáculos do seu tempo. Foi com o desenvolvimento intelectual que provaram que nenhum homem é superior a uma mulher.  




Negar as diferenças entre homens e mulheres, é negar o papel da  biologia. Elas já aparecem no primeiro dia de vida.  

De acordo com experiências de Simon Baron-Cohen e colegas, ao serem apresentadas, simultaneamente, a fotografia do rosto de uma mulher e de um móbil mecânico a 102 bebés recém-nascidos, de sexo ainda não revelado, o filme registou a atenção prestada por cada um em cada objecto e a análise mostrou que mais meninos preferiram olhar para o móbil mecânico e as meninas para o rosto (Miller & Kanazawa, 2007).  Em todas as sociedades humanas conhecidas, principalmente entre os mamíferos, os machos são, em média, mais agressivos, violentos e competitivos e as fêmeas, em média, mais sociáveis, atenciosas e dedicadas à criação, nutrição e educação (Pinker, 2004; Miller & Kanazawa, 2007). O perigo está na aplicação das generalizações estatísticas a casos individuais, que podem ou não ser excepções  (Miller & Kazanawa, 2007).
As mulheres que eu admiro, incutem a nunca deixar que nenhum homem ou qualquer outra pessoa, nos faça sentir inferiores ao que somos.  


segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

À LAREIRA


Só pela chama alumiada
Às duas da madrugada
No silêncio da noite gelada
Em frente à lareira, sentada
Saboreando uma torrada
Busco a mente lavada

Com a tenaz sempre à beira
Meio inclinada na cadeira
Movo os troncos de madeira
Feitos de sobro/ azinheira
Pra transformar a fogueira
Numa  amena hospedeira

Evocar memórias em poesia
Tendo o lume por companhia
Ardendo lenha em sintonia
No tempo todo de fantasia
Ali passado em parceria
Faz a coreografia

As pinhas ardem depressa
Na lareira antiga confessa
E de recuperador, pois essa
Difundindo cor e promessa
Dum aconchego que aqueça
A noite de Inverno expressa

Lareira - serenidade
Lareira - saudade
Lareira - confraternidade
Lareira - proximidade
Lareira - tonalidade
Tanta lareira com e sem idade



Sozinha ou acompanhada, adoro estar sentada à lareira durante horas a observar a dança das chamas. Inexplicavelmente, transmitem segurança e companhia.


Imagens Google

sábado, 3 de fevereiro de 2018

DIZEM QUE HÁ MUNDOS LÁ FORA...


Say there is worlds there outside, worlds that i do not dream, i never see. But what does the whole world matter, if my world is all here?
Bily Cortez 

- Who speaks? Hear anyone?



terça-feira, 9 de janeiro de 2018

A BELEZA E O CAOS


Viver com o Parque Florestal de Monsanto ao lado, não pode deixar de ser considerado um privilégio, pois é o maior parque florestal urbano da Europa,  chamado “pulmão de Lisboa”. 
Situado em pleno coração da cidade, com 900 hectares de superfície, ocupa 1/8 da sua área total e, além de oferecer grandes potencialidades para o lazer (trilhos para a prática de BTT,  parques infantis, campos de futebol e de basquetebol, um parque de skate e vários parques de merendas), esta enorme mancha verde, interessante também pela variedade vegetal e animal, proporciona uma vista panorâmica muito atractiva sobre a cidade e o Tejo.

Diz-se que parece uma versão de Hampstead Heath de Londres, um parque também enorme procurado, igualmente, como área de lazer, pelos moradores do Norte da cidade, com uma colina donde se pode ver The City e os vários prédios famosos como o The Gherkin, The Shard e St. Paul's Cathedral. 

Verdade? Não conheço.


Imagens de Hampstead Heath 

A Serra de Monsanto é habitada desde tempos pré-históricos e a floresta original terá começado a ser destruída quando a cidade de Lisboa iniciou o seu desenvolvimento.
O Parque mantém em vigor um Plano de Gestão Florestal, elaborado em 2010 e aprovado pela Autoridade Florestal Nacional em 2012, onde estão caracterizados todos os aspectos geográficos assim como os programas e critérios de intervenção. 
Fonte: Câmara Municipal de Lisboa

Porém, não foi a proximidade nem o lazer que agora me despertaram o interesse para falar de Monsanto. 

Fica, todavia, um documentário excelente sobre, apenas, a biodiversidade que ocorre no Parque Florestal de Monsanto com o "intuito pedagógico e de sensibilização ambiental"


Enquanto esperava pela minha vez no dentista, deparei-me com a história contada na primeira pessoa por Rui Miguel Abreu, numa crónica publicada na revista “Blitz” em 2013, sobre o Restaurante Panorâmico de Monsanto, edifício abandonado que, durante muitos anos, foi a “jóia da cidade”, um dos mais luxuosos da capital. 
E, rapidamente, a memória foi preenchendo as já várias lacunas da não mais vivida experiência nos anos 60, quando o restaurante foi importante em Lisboa.

Com um formato circular, situado no Alto da Serafina, a 205 metros de altitude, tinha sete mil metros quadrados de superfície, acesso subterrâneo para o que outrora foi uma óptima garagem e uma vista singular de Lisboa. O espaço, que  abriu em 1968, recebeu figuras famosas (David Bowie) e de estado, durante décadas.

Sem terraços nem esplanadas, ostentava murais, azulejos e painéis construídos por Luís Dourdil, Manuela Madureira e tinha uma das laterais coberta por largas janelas donde se podia desfrutar um extenso e deslumbrante panorama.








Muitas vezes, frequentamos os lugares de acordo com as preferências do grupo de pessoas que faz parte da nossa convivência.


Até que de repente tudo mudou.

Eu parti para outros convívios e o restaurante, por sua vez, também foi “obrigado” a transformar-se (jamais me teria ocorrido) em discoteca, bingo, escritório de uma empresa de filmagens e armazém de materiais de construção civil, até fechar definitivamente em 2001. 
A partir daí, a degradação foi demasiado rápida - vidros partidos, grafites, entulho, lixo e alguns painéis que ainda restam.(?)



Em entrevista ao canal de televisão, Manuel Salgado, vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa, disse que “Todos os ensaios que se fizeram de utilização deste edifício até hoje não resultaram. E não resultaram porque o edifício está isolado, está longe, é difícil chegar aqui.”

Por aqui andaram também Helena Roseta e José Sá Fernandes…




Ter conhecido o antigo Restaurante Panorâmico de Monsanto, em Lisboa e vê-lo agora destruído e entregue a actos de vandalismo, é como viajar há muito no tempo! No último piso do edifício abarca-se uma Lisboa a 360 º, inesquecível (a beleza e o caos).

Ver mais em:
http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2013-12-20-Restaurante-Panoramico-de-Monsanto-a-degradar-se-ha-mais-de-10-anos

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

E CHEGOU UM NOVO ANO...



Com a chegada de um novo ano há sempre uma  grande diversidade de frases e mensagens de felicitações, de encorajamento e de outras do género que são ditas pela maioria das pessoas. Faz parte da tradição. Porém, como o pensamento continua a não poder medir-se com a linguagem, apenas poderá ser compreensível sob o ponto de vista emocional e de fé mas não numa perspectiva racional, empírica e até mesmo cristã.   
Aos que tiveram um bom ano, o optimismo ajuda a entrar com confiança, na expectativa de que o próximo continue a ter a mesma orientação. Já para os que conheceram muitas dificuldades, recebem uma nova chance de deixar os problemas no passado e de renovar a esperança para um futuro melhor, embora não seja uma tarefa fácil acreditar numa provável positividade.
Apesar de todo o homem ter talentos, “uns governam o mundo, outros são o mundo”.

primeiro postal de Natal foi ilustrado com desenhos feitos à mão, representando imagens de adultos e crianças a levantar os seus copos de vinho num brinde. Tinha alguns símbolos religiosos como ramos de azevinho que representavam a castidade e a hera que simbolizava locais por onde Jesus terá passado. A mensagem escrita dizia "Um Feliz Natal e um Feliz Ano Novo para si".
Foi John Calcott Horsley que, a pedido de Sir Henry Col sem tempo para escrever mensagens pessoais na quadra natalícia no ano de 1843, projectou um cartão para "poder ser enviado imediatamente".
Antes disso, as pessoas costumavam enviar um apontamento pessoal a desejar um Feliz Natal, assim como para felicitar nascimentos e bom ano novo.

O primeiro postal de Natal 

Além das tradicionais mensagens, há outras bem optimistas (Portugal) que se mantêm como a de se comerem 12 passas na passagem da meia-noite, com o objectivo de obter sorte para os 12 meses do novo ano... Ou o ritual de bater tampas de panelas à janela (mais comum no sul do país)  para afugentar tudo o que de mau se passou no ano anterior. Atirar coisas velhas pela janela, foi, durante anos, um acto simbólico de renovação.
Segundo os antigos rituais pagãos, quanto maior for o barulho, mais eficaz será a forma de afastar o mal - daí os apitos/ buzinas e o fogo-de-artifício que, além do espectáculo visual, produz uma mistura de sons que ecoam ao longo de  quilómetros de distância. 

Os fogos de artifício existem desde há alguns milhares de anos antes de Cristo, quando se descobriu que pedaços de bambus, ainda verdes, explodiam ao serem colocados na fogueira. O fenómeno acontece porque o bambu ao crescer muito depressa forma, dentro dele, bolsas de ar e de seiva que, quando aquecidas, incham e explodem.
Mais de 2000 anos depois, os bambus ocos passaram a ser recheados com o conhecido "fogo químico" donde resultou um ruído muito maior.
O conhecimento da pirotecnia, difundido na China e na Índia durante séculos, foi trazido para a Europa pelos árabes e gregos.
Wikipédia

Foguete chinês


“Porque todos os dias valem a pena”, é a minha mensagem para sublinhar este primeiro dia de Ano Novo.

Acrescento também uma das "66 mais belas mensagens da internet".[1] que, embora eu não a partilhe, admiro quem assim queria ser. 


26 ª Mensagem

Queria ser.
(Anónimo)

Amanhecer: Para fazer um dia a mais de felicidade na Terra.
Amor: Para unir as pessoas e lhes dizer que sou apenas uma delas!
Canto: Para alegrar os que vivem na tristeza.
Chuva: Para correr toda a terra e molhar os campos devastados e secos.
Dor: Para amargar no peito dos infiéis.
Flor: Para enfeitar os jardins no outono.
Força: Para fugir dos que a utilizam para o mal.
Grito: Para gritar a dor dos que sofrem em silêncio.
Lágrima: Para fazer chorar os corações insensíveis.
Luar: Para brilhar na noite dos amores incompreendidos.
Luz: Para iluminar os que vivem na escuridão.
Noite: Para acalentar os que lutam durante o dia.
Olhos: Para fazer enxergar os cegos de verdade.
Silêncio: Para fazer calar as vozes que atordoam o coração do homem.
Sino: Para repicar nos Natais dos que possuem recordações  amargas.
Sol: Para fazer brilhar os que não têm lua.
Sonho: Para colorir o sono dos realistas petrificados.
Sorriso: Para encantar os lábios dos amargurados.
Vida: Para fazer nascer os que estão morrendo.
Veículo: Para trazer de volta os que partiram deixando saudades.
Voz: Para fazer falar os que sempre se calaram.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

"CABO ESPICHEL – EM TERRAS DE UM MUNDO PERDIDO"


Aqui por casa, alguns de nós, decidiram partilhar a tarde de Natal com o Atlântico. Nada como o mar para experimentar simultaneamente uma sensação de libertação, de tranquilidade, de harmonia, de Renovação.
As nuvens, induzidas pelos movimentos verticais do ar, mantinham suspensas as partículas de água que mais tarde acabariam por se transformar em chuva e o Sol, assim mascarado, fingia não se importar com os muito ou menos curiosos que visitavam o Cabo Espichel.
O cenário natural é único, deslumbrante, quase místico. Toda a envolvente com a natureza e a impressionante edificação arquitectónica transmitem uma força de afastamento no tempo que nos leva a apreciar acontecimentos seculares.

De antigo lugar de peregrinação passou ao hoje chamado "miradouro dos deuses" – ponto em que os deuses se ligam aos homens, o “fim da terra e o princípio do mistério do mar”.

Para muitos dos actuais romeiros, com o Mosteiro de janelas emparedadas a tijolo e cimento nos antigos albergues para peregrinos, roulottes e tendas tipo feira, à entrada, para venda de uma mescla de objectos vários, bifanas e farturas (função da ASAE ?), pouco mais significará do que um curto e agradável passeio “domingueiro” registado com lindíssimas fotos.

Porém, no belo promontório poderá desfrutar-se, além da paisagem/ mar e céu infinitos, a vista espectacular da Vila de Sesimbra, a Baía dos lagosteiros e da serra de Sintra até Lisboa, a presença do Farol ( donde se vê, dizem, um por-do-sol magnifico), a Casa da Água recentemente reabilitada, um Santuário, uma Igreja, uma Capela (antigo lugar de peregrinação) e, na escarpa (Pedra Mua), as pouco referidas pegadas de Dinossauros que por ali passaram há cerca de 145 milhões de anos, final do período Jurássico, que o povo atribui à mula de Nossa Senhora.
A lenda aparece contada nos azulejos da Ermida da Memória, em banda desenhada setecentista, numa versão composta das duas tradições e lendas -  a da subida da Virgem e das pegadas da mula, narrada por Frei Agostinho de Santa Maria e a dos dois anciãos que descobriram a imagem, narrada por Cláudio da Conceição. 
Desta lenda surgiu o verso popular:
O velho de Alcabideche
E a velha da Caparica
Foram à Rocha do Cabo,
Acharam prenda tão rica!
Público

Acredita-se que o culto de Nossa Senhora do Cabo vem de tempos longínquos e que o Cabo Espichel foi centro de peregrinações.



Com a Costa do Estoril em frente...

O conjunto arquitectónico do Santuário de Nossa Senhora da Pedra Mua, implantado no extremo do Cabo Espichel (apresentando estilos diversos) foi edificado a partir do culto de Nossa Senhora do Cabo e da quatrocentista Ermida da Memória, no século XVIII por ordem de Dom Pedro II e de Dom José.
Dele fazem também parte  a Igreja Seiscentista de Nossa Senhora do Cabo, em estilo chão ( 1701-1707) duas alas rústicas de "hospedarias"
(construídas após 1715 e ampliadas entre 1745-1760 devido à utilização de grande quantidade de círios ), um aqueduto que termina na "Casa da Água" (1770) e a Casa da ópera ( finais de oitocentos) em ruínas.





A Casa da Água - Antes e depois (quanto a mim, descaracterizada)


 Casa da ópera em ruínas.

A Ermida da Memória, sobranceira às escarpas, situa-se a poente da igreja e das hospedarias, local onde a tradição diz ter aparecido a Virgem.


O conjunto arquitectónico foi classificado como Imóvel de Interesse Público pelo decreto nº 37.728 de 5 de Janeiro de 1950 e Zona Especial de Protecção, pela portaria de 29 de Novembro de 1963.

Saborear uns petiscos na Vila de Sesimbra, seria a etapa seguinte.

Sesimbra tem boas estruturas turísticas, sobretudo na área da restauração. Há bares, cafés, pastelarias e restaurantes ao longo de toda a sua linha de praias que oferecem grande variedade e qualidade de pratos de peixe, desde saborosas caldeiradas a fresquíssimos mariscos.  

Mas no dia de Natal as portas não se abriram aos forasteiros.

Assim, as praias da Vila, de acesso fácil, puderam exibir a sua  limpíssima areia, permanentemente lavada pela água fria e transparente do mar, rejeitando ser latrina dos excrementos de cães passantes.

E a tarde, não muito acolhedora, iria terminar com o Sol a deixar de aparecer no horizonte, visto da praia.



O post, porém, vou terminá-lo com "Cabo Espichel – Em Terras de um Mundo Perdido", de Carlos Sargedas, com o qual obteve a distinção de melhor documentário estrangeiro no festival Hollywood International Independent Documentary, um certame que premeia mensal e trimestralmente produções documentais.

O documentário mostra todo o património histórico e edificado, passando pela História e mergulhando até profundidades de cerca de 50 metros, assim como a fauna e flora endémica ou a geologia com o foco nos dinossauros, cujas pegadas são únicas em Sesimbra.
Bruno Simões Castanheira

Uma viagem no tempo e na história.


“O documentário custou uma pequena fortuna”, apesar de "espeleólogos, especialistas de dinossauros, directores de museus - Coches, História Natural, Arte Antiga, Geológico - amigos e profissionais da sétima arte terem trabalhado graciosamente, pois filmar debaixo de água a grande profundidade envolve grandes dificuldades e uma equipa especializada. Além de barcos, equipamentos para filmar em altas pressões, iluminação, aluguer de helicópteros, drones ou uma equipa de imagem dos Estados Unidos e da BBC - para tratar as imagens dos dinossauros" 

A este prémio têm-se juntado outros pelo mundo fora (20 prémios internacionais). 

O Cabo Espichel – Em Terras de um Mundo Perdido venceu a Melhor Realização na 7ª edição do SilaFest na Sérvia, Melhor Documentário no 49º Festival Internacional de Cine-Tourism de Karlovy Vary(na República Checa), a Palma de Prata no Festival Internacional de Cinema do México e Melhor Documentário Estrangeiro no Near Nazareth Festival em Israel.
Em relação a Portugal o realizador manifesta-se frustrado: “enviei para alguns dos principais festivais de documentário em Portugal e nem sequer passou na admissão, senti frustração”.


O Documentário em DVD vem incluído num livro com o mesmo nome, com mais de 200 páginas e já em 2 ª edição.