Vindima em Arles (A Miséria Humana), Copenhaga,
Ordupgaard
A miséria de uma criança interessa a uma mãe, a miséria de um rapaz interessa a uma rapariga, a miséria de um velho não interessa a ninguém.
A velhice, quarta parte da duração média da existência, é condição de ser velho. E o velho pode ou não ser miserável.
“A Coruja
de Minerva só levanta voo ao entardecer”...
Hegel
Se a sábia coruja de Hegel, símbolo da Filosofia da
Modernidade ocidental, não adepta de uma visão unidireccional, servisse sempre de orientação na experiência de vida ao longo dos vários anos, talvez um velho até nunca chegasse a ser miserável porque a voz da razão, ao racionalizar a história, mostra que não terá sido em
vão.
Porém, nem sempre a inteligência, argúcia, astúcia e sensibilidade da dita coruja, entre outros predicados, são devidamente aplicados pelas pessoas.
Compreende-se que, depois de décadas a conjugar a experiência com o entendimento, alguém, numa pequena fracção da vida, não tenha sabido discernir o óbvio deixando-se arrastar para uma situação de cujos bons resultados nem sequer duvidou? Tal como num sistema de lotaria espera-se sempre que caia a sorte. Algumas vezes ganha-se; outras não...
Tudo dói.
Dói levantar e baixar
os braços para comer, escrever, pentear ou prender; dói caminhar, pisar o chão,
sentar; dói mastigar, engolir, falar, tossir; dói ver passar tantas horas civis,
mortas, contadas, tardias, avançadas, a compasso ou simplesmente a horar; dói, até, pensar. Todo o espaço é ocupado por dôr!
Alguns "pacientes" com dores não as tomam como objecto de conversa ou refutam as contracções por elas provocadas e as pessoas com quem convivem nem acreditam que se vive mesmo com elas todos os dias.
Percebe-se isso pela expressão facial, pelo tom com que fazem as perguntas, pela comparação com as dores esporádicas que dizem sentir.
Alguns "pacientes" com dores não as tomam como objecto de conversa ou refutam as contracções por elas provocadas e as pessoas com quem convivem nem acreditam que se vive mesmo com elas todos os dias.
Percebe-se isso pela expressão facial, pelo tom com que fazem as perguntas, pela comparação com as dores esporádicas que dizem sentir.
- A mim, hoje também me doem. (dizem, para animar, sempre que escapa um apoio às costas)
- Nas ruas em declive
já não se anda com a mesma facilidade (palavras simpáticas na paragem a meio de um
percurso)
- As articulações
tornam-se menos funcionais à mediada que a idade vai avançando (se se ajeita
o pescoço para melhor ver em redor).
Que dizer? Esboçar um
sorriso...
“Se eu pudesse
novamente viver a minha vida, na próxima trataria de cometer mais
erros.
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais, seria mais tolo do que
tenho sido.
Na verdade, bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiénico. Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvetes e menos lentilha, teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e profundamente cada minuto de sua vida; claro que tive momentos de alegria.
Mas se eu pudesse voltar a viver trataria somente de ter bons momentos.
Porque se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos; não percam o agora."
Na verdade, bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiénico. Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvetes e menos lentilha, teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e profundamente cada minuto de sua vida; claro que tive momentos de alegria.
Mas se eu pudesse voltar a viver trataria somente de ter bons momentos.
Porque se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos; não percam o agora."
Don Herold
Imagens Google
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