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terça-feira, 11 de agosto de 2015

2015 - ANO INTERNACIONAL DOS SOLOS




O solo é "um meio vivo e dinâmico que sustenta a vida terrestre e as atividades humanas. Não é um recurso renovável, pois são precisos séculos para se formar 1 cm de camada de solo. Mas um mau uso pode fazê-lo desaparecer em poucos anos. E o solo está a diminuir e mesmo a desaparecer em muitos pontos do globo"
Sustentabilidade é acção



09 Agosto 2015


As chamas deflagraram pelas 16 horas e pouco em povoamento florestal, perto de Vale de Colmeias, na freguesia de Semide, concelho de Miranda do Corvo e continuaram a alastrar com intensidade atingindo arrecadações, anexos e armazéns agrícolas dispersos.
Sempre a avançar em direção a Miranda do Corvo e Lousã devoraram alfaias agrícolas e viveiros de plantas, actividade desenvolvida pelos seus habitantes.
Apesar de estar a ser combatido por 252 operacionais auxiliados por 67 veículos e cinco meios aéreos, o fogo, pelas 19 horas, continuava incontrolável e eram aguardados mais reforços
Lusa



O fogo, com início às 14,30 horas, na Serra da Estrela levou à evacuação do Parque de Campismo do Pião, no concelho da Covilhã, por uma questão de precaução (segundo o oficial da GNR, major Luís Patrício).
E cerca das 15, 45 horas, continuava a ser combatido por 165 operacionais auxiliados por 46 meios terrestres e cinco meios aéreos.
Lusa


Assim, num ápice, 2 incêndios em simultânio.
E quem se importa, além dos lesados?

Segundo o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), a "aérea ardida este ano, mais do que duplicou em relação ao mesmo período de 2014, tendo os incêndios florestais consumido 14.971 hectares".




Portugal arde por quase todos os lados.
Mas nem todo o território arde igualmente. Falando de fogos florestais, são imensas as áreas onde o fogo pouco ou nada entra - áreas de interesse económico, claro, associadas à exploração florestal da Portucel-Soporcel (eucalipto)do Grupo Amorim (cortiça) e Grupo Sonae (pinho)...


16 Junho 2015
A Quercus - Associação Nacional para a Conservação da Natureza - avisou que o ICNF (Instituto para a Conservação da Natureza e das Florestas) está a autorizar cada vez mais a plantação de eucaliptos no país, dando como exemplo o caso em Meia Via, no concelho de Torres Novas, onde o ICNF autorizou a plantação de 13,41 hectares de eucaliptal, num terreno com sobreiros, localizado parcialmente em Reserva Ecológica Nacional. 
Além do derrube de sobreiros, está a processar-se «uma mobilização profunda de solos debaixo da copa dos sobreiros, afetando assim a regeneração natural das árvores».


Visita de Cavaco Silva aos viveiros da Herdade de Espirra e à unidade da Corticeira Amorim 

Os viveiros, os parques de hibridação e o laboratório de biotecnologia encontram-se na Herdade de Espirra, em Pegões.

Nem o projecto do Alqueva consegue livrar-se da obsessiva leviandade da plantação do eucalipto pela EDIA, que pretende promover a produção de matéria-prima para a indústria da pasta de papel "ignorando" produções "essenciais e estratégicas" que "podem ser produzidas nos perímetros de rega".

E tudo legalmente, com o Decreto-Lei nº 96/2013 de 19 de Julho que simplifica plantações de eucaliptos, mas complica a plantação de espécies florestais autóctones como o sobreiro, o castanheiro, o carvalho ou a azinheira.

Com uma área de eucaliptal desordenado em expansão, uma das maiores do mundo, as consequências são claras, e por isso a "Lei do Eucalipto Livre" é também a "Lei do Incêndio Livre".

Exportamos em valor bruto e depreciamos os nossos recursos naturais, para usufruto de investimento holandês (país de sede das principais empresas da indústria de base florestal a operar em Portugal).
O Governo está assim, irresponsavemente, a facilitar a desertificação das zonas rurais, a destruição do que sobra da nossa agricultura e a propagação crescente de incêndios - quer "pela natureza do tipo de plantação, quer pelo prémio ao crime".

Infelizmente, Portugal vai continuar a arder exactamente nos locais onde houve grandes incêndios há 8, 9 anos (aconteceu, no passado, em terrenos dos meus Pais), porque a vegetação, depois de regenerada, fica pronta para arder de novo!


Este ano a PJ já deteve 47 incendiários (só duas mulheres), quase todos menores.
Há os desempregados, os que têm historial clínico com défice cognitivo, problemas alcoólicos ou depressões, os que agem por retaliação e os que procuram obter algum benefício.



07 Agosto 2015
A Quercus está apreensiva com «os atrasos» na concretização das medidas do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR 2020) destinadas à floresta, realçando que ficam comprometidas ações preventivas contra incêndios, «ameaçando a sustentabilidade» da área florestal.

Mas "Todos os anos são devolvidos milhões de euros a Bruxelas, de fundos que não investimos na prevenção”. 
Xavier Viegas, coordenador do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais. 

Nã há uma política florestal e ambiental adequada a um país que é de clima moderado mas que tem picos de muito calor.




Apesar de ser do conhecimento de todos, nunca será demais sublinhar os benefícios da conservação das árvores. Elas reduzem o impacto causado pelas chuvas, evitando, com as raízes, a erosão do solo e o conseqüente assoreamento dos recursos hídricos; e que, a água, quando absorvida pelas plantas, através da transpiração das folhas, volta à atmosfera em forma de vapor; bloqueiam os ventos frios no inverno; resfriam o ambiente no verão; servem de refúgio e apriviosonamento de alimentos para consumidores primários - aves e insetos;  actuam como colectoras de gás carbónico; são responsáveis por manter mais de 50% da biodiversidade; reduzem a poluição sonora; fornecem base para medicamentos e chás; dão frutos, flores, sementes, fibras, madeira, látex, resinas e pigmentos; promovem a saúde dos solos. 

“O Governo gasta quase quatro vezes mais no combate aos incêndios do que na prevenção... "
Maria do Loreto Monteiro, presidente da Sociedade Portuguesa de Ciências Florestal


Uma equipa de investigação da Universidade de Aveiro (UA) está a estudar uma técnica experimentada pela primeira vez em Portugal - o mulching.

O mulching propõe substituir as “ineficazes” barreiras de madeira cravadas nos solos ardidos a fim de reterem águas e sedimentos. 
Sérgio Alegre diz que "em comparação com o mulch, essas barreiras, não cumprem a função de reter as águas e de mitigar a perca de sedimentos dos terrenos expostos à erosão"
O método inovador, que em tradução livre se pode designar por ‘acolchoado’, consiste na distribuição de uma camada de restos florestais triturados, pelos solos consumidos pelo fogo.

Oxalá que, com o mulching, "os terrenos que chegam a perder várias dezenas de toneladas de solo por hectare durante o primeiro ano depois de um incêndio" como o investigador relata, deixem de ser uma realidade.

Imagens Google e Mozilla Firefox

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