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domingo, 13 de setembro de 2015

A CAMINHO DE BRAGANÇA - 1


- E se fôssemos até Bragança?
Conheço muito pouco de Trás-os-Montes
- Eu também. Podemos ir sim, embora, independentemente do itinerário, não seja nada perto…
- Da Cerdeira até lá, são à volta de 200 km.
Se nos levantarmos bem cedo podemos almoçar já em Bragança. Antes, vamos descobrindo alguns miradouros e desfrutar o panorama do Douro.
- Também queres ir, M?

Vila Nova de Foz Côacidade com dois patrimónios mundiais - o Alto Douro Vinhateiro e as Gravuras Rupestres - foi a primeira paragem.

Apesar da riqueza do seu património histórico, a nossa estadia nesta terra não passou além da Praça do Município com destaque para a Igreja Matriz, construída sobre um templo românico, no reinado de D. João II (de influência castelhana e portal Manuelino, sofreu várias modificações e o espólio foi saqueado durante as invasões francesas) e o Pelourinho, também do estilo manuelino


Sabíamos que havia por perto um largo miradouro. Mas nenhuma das "voltinhas" nos conduzia até lá nem a maioria dos inquiridos se explicava com clareza.
Era o Miradouro da Estrada da Costa (no cruzamento da Estrada Nacional 102, com o caminho da costa em direcção a Stº Amaro/Mós).

- Mas que lugar! A beleza natural do Vale do Veiga em pleno, bem no centro da região do Alto Douro...

A interpretação da paisagem que se alonga até à Serra de Bornes, é completada com alguns escritos na mesa de leitura acoplada à estrutura metálica sobre a escarpa.
Só por este magnífico espaço, panorama impressionante numa abrangência de quase 360 graus, já valeu a pena ter vindo.



E para os amantes deste “ excesso da natureza”, existem mais cinco principais que, com muito bons acessos, fazem parte da "Rota dos Miradouros de Foz Côadonde se avista (de quase todos, penso) o “Vale do Coa” e o Rio “Doiro”, como Miguel Torga apaixonadamente lhe chamava.



São Leonardo de Galafura, 8 de Abril de 1977.

«O Doiro sublimado.
O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser
à força de se desmedir.
Não é um panorama que os olhos contemplam:
é um excesso de natureza.
Socalcos que são passados de homens titânicos a subir as encostas,
volumes, cores e modulações que nenhum escultor pintou
ou músico podem traduzir,
horizontes dilatados para além dos limiares plausíveis de visão.
Um universo virginal, como se tivesse acabado de nascer, 
e já eterno pela harmonia,
pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar,
ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes,
ora pasmado lá no fundo a reflectir o seu próprio assombro.
Um poema geológico.
A beleza absoluta».
Miguel Torga in "Diário XII"

Saímos depois por sinuosas estradas sem as amendoeiras floridas da Primavera, em direcção ao Pocinho.


2 comentários:

  1. No dia 4 deste mês, subimos de barco o Rio Douro.Do Porto á Régua.O dia apresentou-se magnífico. É a 2ª vez que o fazemos.As margens estavam ainda muito verdes! Gosto mais quando começam a vestir-se do tom dourado.Mas é sempre um deslumbramento!De encher a alma! Recomendo!

    Bjinhos

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    1. Realmente, é muito mais bonito do que eu pensava. E o Luís, que anda há anos a dizer que devíamos fazer um cruzeiro no Douro… Ele é um apaixonado por aquela região
      jinho

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