Há mais ou menos três anos, por volta do mês de Agosto e
a caminho de Peso da Régua, reparei que, em plena encosta / terreno de subida acentuada
a partir de terras planas (onde se situa
a grande zona urbana da cidade da Régua), se avistavam minúsculas casas brancas e dispersas
entre vinhas e oliveiras.
O tamanho, a localização e a multiplicidade despertaram-me
o interesse da pesquisa .
Na região do Douro, a plantação da vinha em patamares transforma a paisagem num cenário digno de pintura, resultado do esforço
simultâneo dos grandes mestres da Natureza e do Homem, sempre com possibilidade
de novas perspectivas de exploração. E as pequenas construções dão-lhe um bucolismo singular
Como se caracterizam, então, essas casas invulgares avistadas
durante o percurso na A222 (classificada, como a mais bela estrada do mundo),
entre o Pocinho e o Peso da Régua, que se estendem desde a faixa norte da Beira mais interior até às serranias transmontanas?
Pois são ou foram pombais, construídos de diversas formas e
dimensões por quase toda a Península Ibérica, para criação de pombos da
variedade doméstica, o Pombo-das-rochas.
A instalação deste tipo de pombal processou-se de forma
generalizada nas décadas 50/60 acompanhando,
nuns casos, a campanha do trigo e noutros, a plantação de vinhas e olivais a fim de abrigar pombas e, consequentemente, aproveitar o fertilizante
agrícola denominado localmente “pombinho”, de elevada qualidade (segundo os vinhateiros)
para os terrenos.
Quando jovens, os “borrachos” são também um prato muito
apreciado sobretudo em Espanha.
Alguns pombos eram ainda vendidos para provas
desportivas de tiro.
Pombo-das-rochas num jardim
As pombas domésticas, por sua vez, tal como as pessoas,
fugiram para as cidades em procura de alimento.
E assim, as "caixas fortes" de pombos passaram,
deterioradas, a abrigar espécies que se encontram em perigo de extinção como a Coruja-das-torres,
o Falcão peregrino, a Águia-de-bonelli que se alimenta de pombos e os estorninhos,
mochos e poupas, para a nidação.
No entanto, ainda há Pombais Tradicionais bem conservados que são usados para os fins originais, em espaços mais dispersos. Outros estão ou vão ser recuperados para promover o ecossistema do nordeste.
O seu aproveitamento e valorização pode contribuir para um desenvolvimento sustentável de aldeias que correm o risco de desaparecer, como a aldeia de Uva, Vimioso.
Têm corta-ventos para proteger as aves da nortada, pináculos
de pedra trabalhada ou outro material e pequenos buracos como porta de entrada /saída dos pombos de modo a que não caibam as aves de rapina.
Do lado de dentro, existem ninhos em saliências para produção. Obstruindo o caminho a possíveis predadores de pombas, há placas metalizadas nas paredes exteriores.
A entrada humana é mínima e feita a mais ou menos meio metro acima do nível do chão para impedir a entrada de roedores e evitar que a porta fique presa no estrume que se acumula por trás.
Do lado de dentro, existem ninhos em saliências para produção. Obstruindo o caminho a possíveis predadores de pombas, há placas metalizadas nas paredes exteriores.
A entrada humana é mínima e feita a mais ou menos meio metro acima do nível do chão para impedir a entrada de roedores e evitar que a porta fique presa no estrume que se acumula por trás.
As paredes são caiadas, de xisto ou de granito e o
telhado é tapado com telha de barro ou de ardósia.
Na minha Aldeia havia um criador de pombos sem pombal tradicional, penso, porque nunca o vi. Imagino que seria do género dos exemplares inseridos em baixo.
Diria que aqueles pombos
eram uma praga de invasores voadores que iam conquistando e conspurcando terreno
nos telhados das casas, fontanários, torres, imóveis abandonados.
E como os pombos acasalam umas cinco vezes por ano, não paravam de aumentar transmitindo, muito possivelmente, a doença do pombo (criptococose) através da inalação dos esporos de fungos presentes nas fezes. Ao atingirem o sistema respiratório e o sistema nervoso central, a pessoa fica infectada e predisposta a ter uma meningite, pneumonia ou disfunções cerebrais.
E como os pombos acasalam umas cinco vezes por ano, não paravam de aumentar transmitindo, muito possivelmente, a doença do pombo (criptococose) através da inalação dos esporos de fungos presentes nas fezes. Ao atingirem o sistema respiratório e o sistema nervoso central, a pessoa fica infectada e predisposta a ter uma meningite, pneumonia ou disfunções cerebrais.
Mas houve um dia em que todos desapareceram...
Almeida
( 1993).
Amaro
( 2010).
Fernandes,
E., & Monteiro, A. (2004).
Flores
(1973)
Martins
(2012)
Teixeira
(2013)
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