“Mês de Maio, mês de flores, mês de Maria, mês dos amores"
- Mês de flores...
Apesar de não ser mais que amadorista em Botânica
pois nunca me dediquei à análise do reino vegetal, recordo alguns dos milhares de flores silvestres - apenas no estrato herbáceo - que fizeram parte do meu convívio com a natureza em longínquos Maios floridos.
Erva-das-cortadelas /Mil folhas / Milefólio /Malva
silvestre; Tomilho / bela-luz/ "Amor de Deus"; Tasneirinha
Cardo; Arméria beirana; Saramago /“erva dos
campos e pastagens” /"erva-daninha”, em várias culturas
Calcitrapa; Leituga
Papoilas; Assobios; Dedaleira
Margaridas
Tripa de ovelha /Alface do
monte; Sarralha áspera
Erva-de-são-Roberto; Tremocilha; Erva-vaqueira /Malmequer-dos-campos
Malva; Soagem /Chupa-mel
No estrato arbustivo poderia destacar o Alecrim, o Rosmaninho,
o Junco, o Feto-dos-montes, o Tojo, o Espinheiro, a Urze, o Carrasqueiro, a Giesta negral e a de cor branca, o Sabugueiro ou a Silva.
- Mês de Maria...
É uma devoção que já existe desde, pelo menos, a Idade
Média, como escreve Afonso X o Sábio, na sua poesia "Ben vennas Mayo" - Cantigas de Santa Maria - e que a
Igreja sempre incentivou mencionando-a nalguns documentos do Magistério como a Carta
Encíclica "Mense
Maio", de Paulo VI, em 1965 e concedendo indulgências plenárias especiais.
“Os primeiros cristãos, aos quais devemos recorrer sempre
como modelo, renderam um culto amável à Virgem. Nas pinturas dos primeiros três
séculos do cristianismo, conservadas nas catacumbas romanas, é representada
com o Deus Menino nos braços. Nunca imitaremos o suficiente os primeiros
cristãos nesta devoção à Santíssima Virgem!”- São Jose María Escrivá.
- Mês dos amores (das noivas)...
Também
este costume vem sendo transmitido desde a Idade Média.
Maio era
o mês em que as pessoas tomavam o primeiro banho do ano e com flores, para fazer desaparecer o odor corporal. Os noivos aproveitavam a ocasião para casar e as noivas levavam
a seu lado, na carruagem, ramos de flores bem perfumadas –
bouquet de hoje.
Talvez
a tradição tenha sido também importada dos países do hemisfério norte, onde Maio
é importante para os costumes populares. A sua chegada celebra-se com muitas
flores, em homenagem à natureza que refloresce. Ao longo dos séculos, esses
elementos foram sendo associados à celebração do amor no casamento. Essa mesma
ligação com as flores e a feminilidade "fez com que Maio, além de mês das
noivas, também fosse considerado o mês das mães e de
Maria", segundo o
padre e teólogo Pedro Iwashita.
- "Maio é o mês em que canta o cuco"
...E António Mourão
Na Primavera, quando o tempo aquece, ouve-se cantar o cuco na aldeia.
Há quem o associe ao número de anos que as moças solteiras se irão manter sem casar.
Faz-me recordar as férias de Páscoa e as raparigas casadoiras lançando o
desafio:
- Ó cuco da Beira, quantos anos me dás de solteira?
Mas, como é evidente, a resposta era sempre imprevisível.
Se fossem dois ou três “Cu-co!”, teriam que se apressar a
procurar namorado ou a confirmar o actual. Se os
“Cu-co!” fossem vários, punha as
solteironas a contar indefinidamente os anos que ele ia dando (já arrependidas de o terem provocado) até se
cansar.
E como Maio é privilegiado em provérbios, acrescento:
"A melhor cepa, Maio a deita."
"Em Maio, a chuvinha de Ascensão dá palhinhas e dá pão."
"Em Maio espetam-se as rocas e sacham-se as hortas.
"Maio jardineiro, enche o celeiro"
"Maio chuvoso, ano formoso."
"Maio claro e ventoso, faz ano rendoso."
"Maio hortelão, muita palha e pouco grão."
"Maio o deu, Maio o leva."
"Quem em Maio relva não tem pão nem erva."
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