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domingo, 26 de maio de 2013

A VICIOSA SOCIEDADE PORTUGUESA



O Julgamento das Almas - Pintura quinhentista, no Museu de Arte Antiga

Gil Vicente retrata a sociedade portuguesa nas primeiras décadas do século XVI, privilegiando as peças teatrais (autos) de assunto predominantemente religioso; pouco a pouco foi evoluindo até à crítica social.


No século XXI, muito provavelmente o início do Auto da Barca do Inferno já não seria no mesmo porto de um rio imaginário onde duas barcas (do Inferno e da Glória) ancoradas com os respectivos barqueiros (Anjo e Diabo) esperam as almas para conduzir ao seu destino. A Igreja e o Estado estavam unidos por interesses medievais comuns e a aliança da aristocracia da espada com o clero era quem controlava o poder.

Porém, presumo que as características da sociedade portuguesa descritas naquela época continuam ajustáveis às da actualidade.

Talvez, em presença das mesmas crenças católicas, perante a existência da vida futura e dos lugares onde o homem viverá eternamente em estado de felicidade ou de condenação perpétua, o ambiente de degradação ética da política e de degenerescência moral da democracia, fosse menor…

Não, não terá sido porque, apesar de existir o medo dum Juíz
o Final, considerando o número de almas que entraram na barca divina e as que entraram na barca pecaminosa, são poucas as que se glorificam, já que a maioria vai para o inferno, o que não deixa de ser trágico-cómico!



Gil Vicente faz desfilar os representantes da nobreza, do clero, da magistratura, da burguesia e do povo com os seus vícios (e virtudes, alguns), perante o juízo do Anjo e do Diabo, que os vão condenando ou absolvendo, de acordo com o padrão oficial de conduta moral da época.


Galeria de personagens com estereótipos da época.


Na barca do Anjo (barqueiro da glória) entram:

Representantes da moral cristã exemplar:
- Quatro cavaleiros da Ordem de Cristo - morreram em lutas nas costas africanas para ajudarem a alargar a fé e o império.

Representante da candura dos ”pobres de espírito”, (ideologia vicentina):
- O Parvo (?) - na sua agressividade instintiva, o único que é capaz de dizer o que outros não ousam, até contra o Diabo, em linguagem desbragada.

Na barca do Diabo (barqueiro do inferno) entram:

Representante da nobreza
- Fidalgo – em quem se satiriza a ostentação de grandeza e poder, a soberba,  a vaidade, a presunção e o desprezo pelos humildes, tal como o pai.

Representantes da burguesia comercial
- Onzeneiro (agiota) – ouviu muitas missas e morre confessado, mas foi muito ambicioso, emprestando dinheiro com juros excessivos, arrancados aos necessitados
- Alcoviteira - uma mulher ambiciosa, informadora e traficante de moças para os clérigos ajuizando ser uma virtude (pretensa inocência) .
- Sapateiro – explorador dos fregueses, no seu comércio.

Representante do clero
- Frade – cortesão galante e sensual, criticado por dissolução de costumes e venda de bens sagrados.

Representante do povo
- Enforcado -  convencido de que os que morriam na forca estariam livres do Diabo, revela a ignorância e a credulidade, quando manejável pelo Judeu que ninguém quer, pelo criado do Fidalgo, pela moça do Frade e moças da Alcoviteira, meros apêndices dos poderosos, sem voz e sem vontade, mais objectos do que pessoas.


Representantes da Magistratura, acusados de corrupção, venalidade e rapacidade, tanto mais graves por serem cultos e responsáveis.
- Corregedorjuiz presunçoso, irónico, embusteiro, bajulador, corrompido pelas dádivas recebidas em troca de favores.
- Procurador - representante do poder central junto dos tribunais, arrogante, subserviente, presunçoso, cúmplice do corregedor.

Símbolo da Páscoa Judia?
- O Judeu - pecou comendo carne em dia de jejum e urinando nos mortos da Igreja. Renegado até mesmo pelo Diabo, é carregado de reboque, ao inferno, em barca separada.



E hoje, quem entraria nas respectivas barcas do Anjo e do Demónio?


A História, infelizmente, vai continuando a repetir-se mas com mais desfaçatez e perspicácia.


BURGUESIA

Podemos dizer que a burguesia, hoje, abrange todos aqueles que possuem propriedades privadas e que, ao contrário do que tentam convencer-nos, é uma classe-parasita, que não realiza nenhuma actividade produtiva, que não contribui em nada para o aumento da riqueza social.
Quem são os verdadeiros donos das empresas?

Fertagus / Mundo dos mercados financeiros e a estrutura accionista dos media


 Talvez se consiga conhecer, no máximo, o presidente ou o accionista maioritário porque as empresas são sociedades anónimas em que as acções estão constantemente a mudar de mãos cujos verdadeiros donos, os accionistas, nem sabem onde ficam nem o que produzem - o que lhes interessa é a especulação da bolsa de valores e o rendimento que garanta ou não a sua viabilização.




                                 Isabel dos Santos

A burguesia é política e economicamente dominante ou seja, a pseudo-elite do mundo financeiro, a quem falta o senso do dever e do serviço em defesa do bem comum.
Em Portugal a banca privada tem administradores e gestores dos seus bancos a trabalhar no conselho consultivo do Banco de Portugal. Como pode representar a isenção e exercer a fiscalização a favor dos interesses do país, se está nas mãos deles?




Blog Revoltatotalglobal - Este grupo de 115 pessoas é muito limitado face à dimensão total do trânsito entre cargos governativos e órgãos sociais de grandes empresas ou grupos económicos. De facto, esta pesquisa incide apenas sobre ministros e secretários de Estado dos sectores estratégicos (finanças, economia, obras públicas), incluindo também alguns casos interessantes de outras áreas governativas.


JUSTIÇA


 A justiça vendeu-se, tal como o serviço de saúde e da educação, a justiça está a transformar-se num negócio privado muito rentável”.
"Qualquer grande contribuinte em Portugal só paga impostos se quiser, de impugnação em impugnação, as leis têm todas as insuficiências para impedir que pague impostos"
"A arbitragem fiscal é um negócio magnífico em torno da Justiça, em que as partes escolhem e pagam ao juiz, o árbitro, e o resultado é só um: deve cem, paga 30 - dirá o Estado que é melhor do que nada - o resto divide-se pelos árbitros, pelos juízes, pelas partes".
"O que temos é uma classe empresarial parasitária, que vive sistematicamente à sombra do Estado, que não é capaz de se lançar na competitividade da economia global"




O advogado José Luis Arnaut, membro influente do PSD e antigo secretário geral «laranja», nomeado para administrador da empresa cliente do seu escritório de advogados



"A promiscuidade entre política e direito, é tão óbvia que ofende.Os advogados ganham milhões pelas leis que fazem - intercalam a sua actividade entre a politica, a advocacia e a economia, que representam bancos e, ao mesmo tempo, sindicatos bancários."
"Nos primeiros cinco meses de 2011, os contratos por ajuste directo renderam às sociedades de advogados cerca de 3,7 milhões de euros." 
Bastonário da Ordem dos Advogados





"Em Portugal, os escritórios de advogados são activos propulsores da corrupção. Têm contribuído para a subordinação do poder político ao poder económico.
Por exemplo, o código da contratação pública foi feito pelo escritório do Dr. Sérvulo Correia e, só em pareceres para explicar o código que ele próprio fez, já facturou 7 milhões e meio de euros. Mas mais corrupto ainda é que estes escritórios intervêm de forma inconstitucional no processo legislativo, executivo e judicial o que viola a lei da separação de poderes, o que requer intervenção do presidente da república”
Paulo Morais, professor universitário e ex-vice-presidente da Câmara do Porto

Nos últimos dois anos, terão sido investigados quase 500 falsos advogados, mas o número pode estar aquém do número real de pessoas que exercem a procuradoria ilícita. A cultura existente nas profissões jurídicas facilita a fraude. 
A situação é muito grave. Ninguém pede a identificação a ninguém.
Guilherme Figueiredo, presidente da distrital do Porto da Ordem dos Advogados 


IGREJA

Dom Manuel Clemente, novo Cardeal Patriarca de Lisboa


"Em nome de Cristo, a Igreja nunca pode calar-se quando a liberdade está em risco.
O silêncio, como é óbvio, pode ser interpretado como conivência com os opressores.
A liberdade está ameaçada quando os direitos não são respeitados e quando as injustiças são promovidas
Em nome de Cristo, a Igreja não se pode limitar a dar o pão aos famintos. Tem de ser também a voz dos espezinhados. 
A Igreja não pode ter medo das reacções. Só há reacção perante uma acção. Antes a crítica por causa da intervenção corajosa do que a censura por causa do silêncio cúmplice.
Em nome de Cristo, a Igreja não pode pairar sobre a vida. Tem de aterrar na vida. Na vida das pessoas, especialmente das pessoas pobres.
Na hora que passa, a Igreja tem o dever de ajudar a reconduzir a liberdade ao seu ambiente natural.
“oinaniloquente

Dom José Policarpo, ex-Cardeal Patriarcade Lisboa


"Há liberdades constitucionais e jurídicas que a Igreja respeita, tais como o direito a manifestar-se e a fazer greve mas o exercício dessas liberdades deve ser motivado pela preocupação do bem-comum.
Podemos cair, facilmente de mais, na atitude de condenação da sociedade actual, mas é possível amar o mundo sem concordar com o mundo”.
Dom José Policarpo, Ex-Patriarca de Lisboa

Apela ainda a um “olhar construtivo sobre a sociedade, por parte da Igreja”.
Destaca a “busca de sentido” na sociedade actual, mas deixa como alerta a constatação de que “muitos já não procuram, espontaneamente, a resposta da Igreja, na sua acção institucional”.
Fala em particular do “universo juvenil”, convidando a “aceitar o desafio de rever profundamente a nossa pastoral juvenil”.
E após recordar os apelos do Papa para que a acção social da Igreja portuguesa fosse repensada, deixa uma nota crítica: “Trabalhamos mais do que amamos, criamos estruturas mas quando as pessoas precisam do pastor, nós estamos ocupados”.



Papa Francisco


A Igreja Católica atravessa a mais profunda crise do último século e atinge um catolicismo universal, ao contrário do de há um século, que era uma realidade pouco mais que europeia.
Será que o Papa é capaz de afrontar o problema com a coragem necessária?



POVO

As novas elites acham que o povo deve apenas obedecer porque mandar é tão difícil que só homens superiores estão aptos a fazê-lo. 
"As liberdades conduzem à anarquia social e, por isso, o povo não deve ser chamado a decidir o seu próprio destino, mas sim, ser conduzido pelas suas elites". 




Para eles, o conjunto dos cidadãos constitui "uma massa ignorante" que serve apenas para aplaudir e aclamar as decisões dos seus dirigentes e não para as questionar ou pôr em causa quem está nas "ingratas" funções do mando. Garantem sempre que as suas medidas são as melhores ou as únicas viáveis, mas como o povo quase nunca percebe isso "elas têm de ser impostas".


O Povo saiu à rua, contra a austeridade


De acordo com alguns inquéritos, as pessoas de classe média dizem estar a viver tempos muito difíceis porque não têm acesso nem às recompensas dos ricos nem aos apoios recebidos pelos mais pobres; as pessoas mais pobres, por sua vez, dizem que não têm acesso às recompensas dos ricos e são pouco apoiadas socialmente. 
A austeridade é a constante de que o "Estado se serve tirando o dinheiro para pagar as suas contas até deixar de ter dinheiro para pagar as nossas".



Paul De Grauwe (economista conselheiro do Banco Central Europeu (BCE) e professor da London School Of Economics, antigo deputado no parlamento da Bélgica):

 “A dívida continuará a aumentar de forma insustentável: "A austeridade excessiva levará Portugal para a insolvência."


«Pode dizer-se que o princípio da meritocracia” que as sociedades ocidentais tanto invocam, ainda não funciona ou funciona escassamente em Portugal. Em vez disso, funcionam e parecem cada vez mais fortes as influências das redes de “capital social”, as cumplicidades e trocas de “favores”, o que, no caso português em particular, dá lugar a uma mentalidade algo anacrónica, marcada pela dependência servil dos indivíduos, pelo medo do poder e a bajulação de quem o personifica em cada contexto. Daí deriva também a falta de autonomia e de sentido de risco dos portugueses, o que se prende com a sua fraca participação no activismo cívico e político»
E «a estabilização do regime, à medida que se consolidou, conduziu a uma crescente indiferença dos cidadãos perante o sistema político, reduzindo o exercício da cidadania ao nível mínimo do direito de voto, e mesmo esse acompanhado de um crescente abstencionismo».
Elísio Estanque, Centro de Estudos Sociais
Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra 



Talvez os chineses, que dizem adorar o nosso clima, estejam a preparar-nos para fazerem de Portugal a sua futura colónia de férias…


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terça-feira, 21 de maio de 2013

PESSOAS



Psicopatas
Excluídas
Surpreendentes
Sensatas
Optimistas
Ambiciosas
Stressasdas


PSICOPATAS
- Geralmente são perfeccionistas
-Têm baixíssima tolerância à frustração, com acessos de irritabilidade ou de fúria quando contrariados
- Preocupam-se excessivamente com os seus próprios interesses
-Têm tendência a culpar os outros por erros cometidos por si mesmos
- Nunca sentem culpa ou remorso
- É-lhes difícil manter amizades
- A sua frieza emocional é ofensiva
- Sob uma aparência inocente normal e lúcida, escondem uma conduta deformada
- Quando apanhados em mentira flagrante, demonstram falta de constrangimento ou de vergonha
- Vêm sempre as pessoas como objectos porque não conseguem entender o que elas sentem
- Não sabem traçar metas realistas no longo prazo
- Inteligentes, ciumentas, envolventes e possessivas, fazem com que os seus colaboradores se sintam valorizados mas, se descontentes por outros motivos, eles não conseguem desprender-se por "virarem" sempre culpadas dos insucessos.  
- São inflexíveis em castigos e punições.


Gaspar é “um psicopata social e não um ministro das Finanças.
Carlos Vargas, ex-assessor do ministério da Economia.

EXCLUÍDAS
- Por definição, são pessoas com pouca voz política
- Constam na lista das mais vulneráveis, ameaçadas de eliminação enquanto seres humanos depauperados no ritmo da produção capitalista
- São as economicamente desnecessárias, enfraquecidas pelo trabalho precário e instável, pelo desemprego, pela solidão e isolamento, pela dificuldade na organização de espaços de resistência a esse mesmo processo de exploração.
- São as segregadas/descartadas pela troika e pelo Governo para o mundo do trabalho
- São os milhões discriminados, rejeitados, excluídos ou ignorados porque possuem características físicas, sociais ou cognitivas que os tornam mais frágeis e indefesos.


SURPREENDENTES 

- Algumas das que não conhecemos bem
- As que não cometem o mesmo erro duas vezes
- As que apenas são interessantes na nossa imaginação
- As que dizem nunca ter dúvidas
- Os ladrões
- As que induzem em erro
- As que fazem discursos claros de temas obscuros
- As que fazem visitas-surpresa
- As que apanham em flagrante  
- Os ilusionistas
- Os hipócritas
- Os feiticeiros
SENSATAS
São pessoas ponderadas.
Quando necessitam de tomar uma decisão em relação a determinada questão, têm habilidade para segmentar e avaliar cada parte da questão em análise.
Têm consciência de que qualquer decisão de bom senso não agradará a todos mas saberão respeitar e entender as diferenças individuais
São capazes de, uma vez tomada determinada decisão, “trabalhar” os descontentes, a fim de eles não influenciarem negativamente o resultado da acção a ser executado.
Supõe-se terem a capacidade média de organização e independência de quem analisa a experiência de vida quotidiana, de adequar regras e costumes a determinadas realidades.
Muitas pessoas são dotadas de razão, muito poucas de bom senso”.
Gustave Le Bon
O bom senso é tão raro quanto o génio”.
Ralph Emerson




OPTIMISTAS
- São geralmente pessoas bem-sucedidas
- Procuram soluções quando encontram um problema pela frente, enquanto o resto se queixa…
- Não criam expectativas desnecessárias, prometendo a mais e entregando a menos.
- Gostam de aprender coisas novas durante toda a vida porque têm curiosidade intelectual e analisam os próprios erros.
- Têm facilidade em estabelecer contactos e em liderar outros, são amigáveis e gostam de pessoas.
- São perseverantes, trabalhadoras e honestas
- Têm pensamento positivo, uma das armas para prevenir e lutar contra a depressão, aliado da longevidade e de uma vida mais saudável
-Têm capacidade de dar a volta sempre por cima, contrariando a cultura do desânimo, do desalento e da crítica destrutiva;
- Recusam a ideia de um destino marcado
- Reconhecem e compreendem que há sempre razões para cada um se comportar como se comporta.
- Gostam de si e vivem com entusiasmo;
- Lidam de forma controlada com as suas emoções, sabem ouvir e respeitar opiniões





"(...)
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo”
Fernando Pessoa



AMBICIOSAS
- Usam as pessoas e as oportunidades como "escada"
- Cobiçam e procuram fazer tudo o que puderem até alcançarem as metas e os objectivos concretos que desejam
- Usam artimanhas para descobrirem as fraquezas da sua vítima
- Vivem planeando manipulações e argumentos bem moldados
- São egoístas ao extremo de não quererem reconhecer quem possa tê-las ajudado
- Observam quem está muito bem na vida e anotam isso como uma boa causa para se tornarem ambiciosas compulsivas
- Pensam em 1.º, 2.º, 3.º lugar e por aí adiante… apenas nos seus próprios interesses
- São portadoras de um potencial corruptor que, ao agir sobre outros indivíduos também susceptíveis de corrupção, produzem um efeito corruptível.


Carlos Moedas e José Sócrates

STRESSADAS
- São todas as pessoas que se encontram em estado de stress como reacção a determinadas situações (guerras, divórcio, desemprego, mortes, doenças, injúrias).
- A situação aparece sobretudo nas que são muito organizadas e meticulosas.
 Porque têm medo de errar perante os outros, procuram controlar tudo e todos à sua volta para se sentirem em segurança, evitando os imprevistos ou o inesperado, factores com que não sabem lidar
Como são inseguras, estão em alerta permanente a uma possível crítica
Aceitam mal qualquer tipo de censura
Gostam de ser elogiadas
- Quando experimentam grandes emoções, reagem desencadeando situações de stress que se manifestam por sintomas próprios dum transtorno depressivo (revolta, negação, culpa, ira, lapsos de memória, baixa auto-estima, ansiedade, insónias, perda de interesses vários)
- A gravidade do stress varia de pessoa para pessoa e do estado físico em que se encontra




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sexta-feira, 17 de maio de 2013

"Ó QUE LINDO CHAPÉU PRETO"


Ó que lindo chapéu preto, cantarolava esta tarde um avô (talvez bisavô) para a neta (bisneta?), enquanto passeavam de mão na mão pelo jardim. Muito atenta, a criança  inclinava ligeiramente a cabeça e, de vez em quando, aproximava-se um pouco mais como se estivesse a memorizar o refrão “É mentira, é mentira…


Voltando atrás no tempo, fez-me recordar uma outra pessoa também já idosa mas que nunca chegou a ser avô, o Dr. Alberto Dinis da Fonseca.


Era na casa dele, na Guarda, que ficavam as alunas do meu Colégio (dirigido pela irmã, Sra Dona Cândida), quando tinham que se deslocar à cidade para exames.
Como pessoa interessante, divertida, bem-disposta e extrovertida, quando regressava depois das suas variadíssimas actividades, jantava connosco e, entre as muitas histórias que contava, também gostava de entoar diversas cantigas populares com destaque para “Ó que lindo chapéu preto”, a fim de ser acompanhado.
Melhor terapia para ajudar a vencer o pavor dos exames, não encontraríamos com certeza.

Nasceu na freguesia do Rochoso, muito próxima da minha aldeia, em 1884 e faleceu em 1962.
Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, foi deputado na primeira república, jornalista, poeta, notário, pedagogo e Presidente de Câmara da Guarda.



Fundou o ainda Jornal Amigo da Verdade e a Escola Regional Dr. José Dinis da Fonseca (em homenagem a um tio, desembargador e professor universitário em Coimbra), na Cerdeira, onde também ensinava.




Quando comprou a Quinta da Pombeira a que deu o nome de Outeiro de S. Miguel, a Escola (de rapazes) e Oficinas, passaram a funcionar lá.


No passado (em cima) e hoje (em baixo) 



Em meados do século XX dinamizou as Termas do Cró através da Irmandade das Almas do Rochoso e da Liga dos Servos de Jesus onde, com o bispo e amigo Dom João de Oliveira Matos, promovia retiros e encontros com as pessoas responsáveis na Obra.




Personagem de muitas facetas, um pouco espectacular, amante da Guarda e da sua terra natal foi, sobretudo, um benfeitor, incluindo a minha região.



 A Guarda dedicou-lhe um monumento de arte contemporânea com dois medalhões em bronze de inspiração realista que retratam o casal Dinis da Fonseca em baixo-relevo e uma estrutura imitando os templos romanos, onde estão integrados, além de outras referências a obras da sua autoria e personalidades da sua convivência.

Para os que quiserem recordar, ficam as quadras (também favoritas do meu Pai).

Ó que lindo chapéu preto
Naquela cabeça vai
Ó que lindo rapazinho
Para genro de meu pai

É mentira, é mentira
É mentira sim senhor
Eu nunca pedi um beijo
Quem mo deu foi meu amor

Tanta parra, tanta uva
Tanta silva, tanta amora
Tanta menina bonita
E meu pai sem uma nora

Ó que lindos olhos tem
A filha da moleirinha
Tão mal empregada é ela
Andar ao pó da farinha

A azeitona já está preta
É tempo de armar aos tordos
É tempo minha menina
De formarmos amores novos



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segunda-feira, 13 de maio de 2013

REFORMADA v/s POLÍTICA DE AVESTRUZ





A vida é mais doce se não se pensar em nada, cultivando o torpor e a indiferença, recusando o envolvimento neste Fado da natural ordem corrupta das coisas (“… a vida/passa e não fica, nada deixa e nunca regressa”).

Mas, como diz Friedrich Hebbel acredito que "viver significa tomar partido". Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão e “partidário”. Indiferença é abulia, parasitismo, cobardia.

Quando se tem consciência do que está acontecendo e nada se faz para o impedir, acaba-se por favorecer o corruptor e o corrompido mesmo sem ganhar nada com isso.
A acção do conivente pode ser explicada pelo facto de pensar que um dia, quando achar oportuno envolver-se em qualquer acto semelhante, também ele poderá vir a precisar da conivência de outras pessoas.

Há ainda os que não querem ouvir a verdade porque temem que as suas ilusões sejam destruídas

Como cidadã reformada de um estado livre (?) partilho as ideias de Leandro do Nascimento - “Estamos combatendo a corrupção de forma errada, precisamos combater a pobreza de espírito das pessoas que alimentam os corruptos!” e das de Martin Luther King - "O que mais preocupa não é o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem carácter, dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons”.

É que os reformados já não se podem defender, não enchem as escadarias da Assembleia, agredindo polícias e espalhando a violência e o medo. 
Por isso são descartados como inúteis, com uma certa complacência da maioria dos sindicatos e forças políticas.


De acordo com o “Jornal de Negócios”, o Governo pretende cortar nas actuais pensões do Estado, aplicando um corte de 10% na parcela da pensão que foi calculada só com base no último salário.
Para quem se reformou até 2005, ”implica cortar em toda a pensão; para quem se reformou desde então, a parte da pensão até 2005
O secretário de Estado explica que “o objectivo do Governo é acelerar a convergência entre as regras da Caixa Geral de Aposentações e da Segurança Social”.



Jorge Miranda, professor de Direito, afirma que "a retroactividade no corte das pensões da função pública é manifestamente inconstitucional. É uma violação de um princípio básico do Estado de Direito, que é o princípio da protecção da confiança… “ e é também uma “violação do direito de propriedade, porque as pessoas contribuíram para essas pensões, dando o seu dinheiro”.
O constitucionalista diz ainda que, nesta fase, por exemplo, considera “escandaloso que, os ex-titulares de cargos políticos a quem foram dadas pensões, não renunciem por uma manifestação de solidariedade”.

José Alfredo de Sousa, provedor de Justiça, sublinha que“ O cidadão não pode estar sujeito a que o Estado modifique a legislação para cortar direitos. Desconta-se na perspectiva de se ter um certo rendimento de aposentação. É uma espécie de contrato: eu, de boa-fé, prescindo de uma percentagem do meu salário, na expectativa de que a outra parte cumpra. É uma confiança jurídica estabelecida entre o cidadão e o Estado, que foi abrupta e desproporcionalmente quebrada com estes cortes."



E EU acrescento que é uma extorsão/escravidão/Futura Mercadoria de preço variável com as condições do escravo, para continuar a assegurar a insaciável avidez da nova elite psicopática e corrupta.

Dou também relevo (porque é de assinalar quem defende o que é de justiça para o reformado) ao discurso do Bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, na abertura do Ano Judicial em 30 de Janeiro de 2013:

“ (…)
E, sobretudo, para advertir solenemente o governo de que não tente convencer-nos de que temos de escolher entre apoiar os idosos ou os jovens; de que temos de escolher entre apoiar aqueles que, durante décadas, com o seu trabalho, com os seus impostos, taxas e contribuições, sustentaram este país ou os cidadãos mais jovens a quem entregaremos o futuro de Portugal.
Todos temos direito aos benefícios do progresso e do desenvolvimento.
Nós, a população activa, temos uma dívida de gratidão para com os idosos deste país.

Foram eles, os que hoje estão reformados e aposentados, que pagaram as escolas onde estudámos gratuitamente, os hospitais onde nos tratámos sem taxas moderadoras; foram eles que pagaram as maternidades onde nasceram sem qualquer custo para as famílias alguns dos que agora os consideram apenas como um custo económico que é preciso reduzir ou eliminar.
O governo português tem de respeitar os pactos que os reformados e os aposentados celebraram com o estado e com a segurança social quando eram trabalhadores activos e garantir-lhes um fim de vida com dignidade.
Isso é não só uma exigência do princípio da protecção da confiança, mas também um critério de aferição de seriedade que ninguém tem o direito de violar - é também uma questão de honradez.
(…)”


NOTAS DE RODAPÉ

21 de Janeiro de 2013
Há 4,5 milhões de pobres em Portugal


12 Maio 2013
Depois de três horas de reunião do Conselho de Ministros, o encontro terminou há pouco com um acordo. “O CDS aceitou que excepcionalmente pudesse vir a ser considerada a introdução de uma contribuição de sustentabilidade sobre as pensões”, disse fonte oficial do governo.


Segundo os últimos números da Caixa Geral de Aposentações e da Segurança Social, os pensionistas mais ricos de Portugal acumulam prestações de todos os regimes contributivos, público e privado.




13 Maio 2013
O BCE empresta a 0,5% aos bancos, os bancos emprestam a 5,6 e 7% aos Estado português, que por sua vez empresta aos bancos com juros mais baixos do que os que está a pagar pela sua dívida. Toda a gente fica a ganhar. Menos o milhão e meio de portugueses no desemprego. Ou os 
empregados a perderem rendimento. Ou os pensionistas a serem espoliados


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