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segunda-feira, 4 de junho de 2012

LONDRES, FINALMENTE






Há oito anos que estava leccionando numa Escola onde as alunas (não havia alunos), tinham por tradição fazer um passeio de fim de Curso pelo País ou ao estrangeiro de acordo com as preferências e possibilidades da maioria.
Nessas viagens também iam sempre duas professoras, com prioridade para as mais antigas e mais velhas. O local determinado ditava assim a “sorte” de se poder usufruir de mais ou menos novidade.

Finalmente tinha chegado o meu timing. E entre as várias hipóteses, o curso em questão optou por Londres.

Que bom! - Sussurrei pra mim. Ir a Inglaterra pela 1ª vez!
Robin Gibb dos Bee Gees tinha lançado o seu 1º singleSaved by the Bell”; Alan Moore era o mais espantoso autor de histórias psicadélicas aos quadradinhos e os Beatles iriam posar dentro de dias para a capa do seu último disco a ser gravado, ali numa rua bem perto do Regent’s Park

Robin Gibb
Fotos do google

Andava tudo num grande alvoroço contando os dias que faltavam, planeando pequenas coisas como comprar nos grandes armazéns, onde ver algum filme, etc., uma vez que dormidas, visitas, bilhetes, viagem, mapas, seria tudo organizado em grupo.

Assim, num lindo dia de verão levantámos voo do ainda pequeno aeroporto da Portela até Heathrow que tinha 2 estações e, penso, 5 terminais! Logo ali estava o comboio Heathrow Express para transportar os passageiros até Paddington, no centro de Londres; 15 minutos, sem escala!


Ficámos hospedadas num Hostel para alojamento de estudantes perto do centro durante uma semana, com pequeno-almoço à portuguesa porque o English Breakfast era mais caro.

Teresa-Londres.jpgO resto do 1º dia foi para integração na atmosfera do “quartel”, estudar o mapa da rede das linhas do London Underground e memorizar o programa do plano pré estabelecido.

Bem cedo, no dia seguinte, bastou por o pé fora da Residência para perceber que Londres era uma cidade vibrante e multicultural. Prevenidas de capa impermeável na bolsa para prováveis e frequentes chuvas passageiras (em minutos desabavam do sol curtos aguaceiros) iniciámos o nosso percurso por entre a estimulante conjugação de antigo e de novo, o bulício do centro e a tranquilidade dos muitos espaços abertos, um lugar onde a tradição e a modernidade caminham juntas.

Londres é, na realidade, uma terra de contrastes, um centro cultural de todas as partes do mundo. O trânsito é caótico e o movimento nas ruas é intenso. Uma simples caminhada é uma reveladora experiência; lembro-me de ter sentido uma “estranha liberdade” de total relaxamento psíquico no meio dum simultaneamente frenético e descontraído andar.
Que diferença entre a pacata Lisboa e a agitada Londres daquela época!
Já não me recordo bem da sequência dos lugares visitados. Sei que passámos um dos dias dividido entre a sossegada Stratford-upon-Avon, onde se preserva a vida e a obra de Shakespeare - adquiri mesmo tecidos desenhados com as casas onde ele viveu - reportando-nos ao séc. XVI e Oxford que, em rivalidade com Cambridge, diz reunir as escolas da elite britânica sendo considerada uma das cinco melhores do mundo.


Oxford
Casa de Shakespeare

Um outro dia foi dedicado a Cambridge, uma das mais antigas cidades universitárias do mundo, relativamente pequena, de aspeto medieval e muito verde, com passeios por algumas das Faculdades da famosa University of Cambridge.


Cambridge

Sempre a lutar contra o tempo e de ”olho” no grupo de cansadas mas entusiasmadas alunas, os restantes dias foram devorados em visitas a Buckingham Palace (incluindo a troca de guarda), Big Ben, Westminster Abbey, Tower Bridge (e as joias da Coroa), Saint Paul’s Cathedral (com a linda vista da cidade), o Teatro Shakespeare, o Zoo de Londres (o mais antigo Zoo científico do mundo) e um lanche na “praia” do Regent's Park.




Tower Bridge



Foto de camelos no zoológico de Londres


Também não deixámos de entrar no museu de cera Madame Tussaud onde ainda me recordo de ter visto Marilyn Monroe, Leonardo DiCaprio e Winston Churchill, entre outros.


Todas as horas eram poucas para distração na Picadilly Circus, Trafalgar Square ou na elegante Regent’s Street.



Mas para mim, entrar na Harrod’s, a maior e mais famosa loja de departamentos do mundo, era uma obsessão; comprei então um tailleur de saia midi, moda que ainda não tinha chegado a Lisboa e com o qual fiz um enorme sucesso entre as pessoas da minha convivência.


Harrod's

Estou convencida de que o ter passado uma semana em Londres naquela altura contribuiu muito para adquirir a agilidade de que precisava - ainda se respirava um pouco o surgimento anticristo na Londres do final dos anos 60.

Hoje não gostaria de viver em Londres. O clima deprime, o cidadão inglês é pouco comunicativo, “superior” e segregador, a vida também não é barata, o trânsito continua caótico, não há comida tradicional além do ótimo pequeno-almoço (e “chá das cinco”?) e um fish and chips; ao stress de sempre juntou-se o medo do terrorismo, etc.



sábado, 2 de junho de 2012

VAZIO


Tema objectivo, subjectivo, difícil; sobre o qual me apetece falar; mas que, por ser difícil, não sei explanar. Apesar de haver um sem-número de definições…
Logo, só tenho uma hipótese - plagiar excertos de escritos, livros ou artigos de vários pensadores, linguistas, cientistas que souberam ou sabem expor as suas ideias e sentimentos sobre o assunto e em cuja globalidade se reflecte um pouco de mim.


 “O mundo é feito de átomos que se movem no vazio”. (…) “Talvez seja estranho aceitar que objectos sólidos são, na verdade, parcialmente compostos de espaços vazios
 Jônatas Steinbach em Uma ideia filosófica, sobre o Atomismo.

 “ O espaço jurídico vazio nada mais é que a esfera do livre agir humano em termos absolutos.” (…) “As lacunas intra legem, por outro lado, ocorrem quando as normas positivadas apresentam tal grau de generalidade que vazios aparecem no ordenamento, a reclamar solução por parte do intérprete”
 Wellington Soares da Costa in A Incompletude do ordenamento jurídico




adj. Que nada contém; que só contém ar. Que não tem ocupantes: vazio.
Fig. Carente, destituído: espírito vazio de ideias.
Pej. Vão, fútil, frívolo: rituais vazios…
Fig. Sentimento angustiante produzido por saudade, privação ou ausência: provocou um grande vazio.
Fig. Vaidade, insignificância: o
vazio das coisas terrenas.
Dicionário Online de Português




 «“ Questões como vazio, silêncio, construção e demolição são recorrentes nas poéticas destes artistas”, observa, sugerindo que o vazio existente nessa colectiva é cheio de significados
 Artista plástico Efrain Almeida
Elvis Almeida - Prémio PIPA
 “O espírita chora escondido. Depois, lava o rosto e vai atender a multidão sorrindo”
do livro O Evangelho de Chico Xavier ( Carlos Baccelli)

"Sinto um vazio cá dentro de mim
E não sei como o hei-de preencher
Não sei que pensar ou o que fazer
Para deixar de me sentir assim…

Sinto falta de vida na minha vida
Queria sentir a alma a explodir
Queria ter um rumo para onde ir
Para não me sentir assim perdida…”
 pessoasepoetas.blogs.sapo.pt



O vazio nada obstruí. O vazio tudo permeia em todos os lugares, mas nada obstruí, em nenhum lugar.
O vazio tudo permeia. Pode ser encontrado em todas as coisas.
O vazio é o mesmo em tudo. Não tem preferência por lugares ou coisas em detrimento de outros lugares e coisas.
O vazio é imenso, não tem começo, nem fim, nem limitações.
O vazio não tem forma. Não tem face ou forma em nenhum lugar.
O vazio é puro. Não tem impureza ou mácula.
O vazio é imóvel. É imutável e existe além da vida e da morte.
O vazio é uma negação absoluta, a negação absoluta de todas as coisas formadas e limitadas. Em última instância, todas elas se dissolvem no vazio.
O vazio é vazio. Nega a sua natureza e destrói todo o apego a ela.
O vazio é incoercível. Não pode ser contido, reprimido ou controlado por nada.”
  Postado por Norma Villares

O Ovo Filosofal dos Herméticos,  símbolo maior do túmulo vazio

- "Nada está no intelecto sem antes ter passado pelos sentidos", dizia o filósofo. …Igualmente vazio ficaria nosso intelecto se não fosse preenchido pelas informações que os sentidos nos trazem.(…)”
Teoria do conhecimento Aristóteles



- “E se então temos consciência dessa diversidade e da chegada progressiva de uma situação de paralisia, quais são as razões subjacentes ao estado de conflito permanente?
Tentei procurar as causas para este torturante vazio, porém cedo percebi que essa busca era uma tarefa cansativa, inútil e até narcísica roçando os limites do comprazimento em causa própria, tão vicioso e sobranceiro”
Publicado por AMC


- «”falta uma visão antropológica que permita enfrentar os problemas relativos à existência humana de um ponto de vista mais global, que leve em conta aquilo que o homem é, antes ainda daquilo que o homem deve fazer. Hoje os problemas humanos são enfrentados mais em termos de "fazer" do que em termos de "ser". Em outras palavras, se poderia dizer que hoje o ser humano está esquecendo que ele "é", está perdendo a si próprio”»
 Heloísa Reis Marino

O Pensador de A. Rodin

"É este vazio que me faz sentir falta de quem eu já fui,
Dos amigos que se foram,
Dos sentimentos que foram tão sonhados e jamais realizados...
Um vazio, um nó, um rio de lágrimas…
É mais do que não ter ninguém é NÃO SER NINGUÉM...”
Carol Mendes, Os meus blogs


"Aceitar o vazio. Que vazio? Que fazer com ele? Comemos mais do que devemos, criamos falsas máscaras para fingir que não somos ocos, mas ele continua lá, quieto, imenso, um buraco na nossa auto-estima  É como uma fome por dentro, uma coisa que aperta o peito, que esmaga o coração solitário.
...Se ao menos pudesse escolher o que fazer com ele… Custa navegar por ele toda uma vida
...Porem é no vazio que moram as ideias, os sonhos, a poesia, a criatividade. Mas como aceitar e amar o vazio?
.E agora caminho sozinho e já nem sei se caminho. Uma vez pensei-andar, nunca parar. Hoje já nem sei se ando, obrigo-me a suportar mais uma dor a cada segundo. Vou puxando a água ao poço mas só sai água salgada (…)
...Eu vou parar porque se continuar a andar vou cair e já tenho feridas que cheguem...E dói, tudo dói. Até e só o peso dos braços. Mas sentar não é uma boa solução porque depois arrefece-se e custa mais recomeçar; é melhor só abrandar.(…)...Para mim qualquer cor vira cinza e o que mais dói é ver as cores sumirem pouco a pouco sem poder fazer nada"..
 Yahoo Respostas

“ ...
A vida passa, tudo acontece...
O corpo envelhece, a alma padece,
Nada de novo aparece,
E esse vazio em mim permanece.”
 Elô Prestes



- “A verdade é que hoje
Não me sinto inspirada.
Não me sinto bem…
Não! Afinal não sinto nada.

Apenas um vazio
Me consegue preencher
Falta tanto em mim,
Mas já não quero saber.
(...)
Inês Santos


Imagens Google 

quinta-feira, 31 de maio de 2012

FLORES...


E assim, vou repetindo o tema - paisagens com belos jardins, terra vestida de verde, linguagem de sinais, sensação de paz, tranquilidade, bem-estar.
A magia das flores torna o mundo mais colorido e na Primavera, ao vestirem a melhor roupa parecem um desfile de moda. Inspiram poetas, artistas, apreciadores de tons e texturas.

Através da história e das diferentes culturas, a flor teve sempre um lugar nas sociedades humanas quer pela sua delicada beleza quer pela sua alegoria. De facto, há mais de 5.000 anos que são cultivadas espécies, arte que se transformou numa indústria em expansão, a floricultura.

Estão presentes nos versos dos poemas, na cura de doenças, nos dias das pessoas amáveis, no simbolismo secreto ou religioso, nos diferentes significados associados à flor, nos nomes de pessoas, lugares…
Das flores saem as melhores essências dos raros perfumes que sublimam o ego de muitas melancolias.

Gosto de flores nos jardins, nos campos, nos vestidos, em “explosão” ou isoladas. Até de malmequeres. 
Não gosto de flores como presente - murcham depressa e ficam tristes; delas, apenas o gesto subsiste.

Escolho algumas como entretenimento:

De beleza perfeita, a linda Camélia
Apaixonado deixa o Girassol.
E amizade plena faz com Bromélia
O Gerânio, suspenso ao sol


Com desdém, o Cravo amarelo
Vaidoso exibe a sedutora Rosa
Enquanto que o Tango singelo
Segurança quer na Mimosa


Margarida o nome emprestou
Jacinto e Saudade também.
A Malva “gargantas” curou
Maracujá à paixão disse amem




Auto-suficiente, o Narciso, 
Seja branco ou amarelo,
Junto ao lago bem diviso,
Inclinado se acha belo



Copo-de-leite, adónis fatal
É deslumbrante, distinto!
Mas mágico veneno letal
Introduz no incauto faminto



De branco ou de rosa vestida
A Flor de cerejeira/ “ Japão”
Quando das árvores caída
Lindos tapetes faz no chão



Lírio dos Vales/do Brejo
Das lágrimas de Maria nasceu
Ou do sangue que S. Jorge
Numa batalha perdeu


"As flores não falam
Simplesmente exalam"


Imagens Google