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sábado, 19 de janeiro de 2013

EXAME DE ADMISSÃO AO LICEU



Para o acesso ao ensino Liceal e que penso ter sido até à aprovação de uma nova Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei 46/86), além do exame da 4ª classe era também preciso fazer (com alguma ansiedade) um exame de admissão ao liceu.
Não me recordo se todos os alunos podiam fazê-lo independentemente de, depois dele, optarem ou não por seguir os estudos.
Sei que a professora aconselhou algumas colegas a não se candidatarem por falta de aproveitamento (problemas estatísticos?) e que outras gostariam de prosseguir mas, quer por dificuldades económicas quer porque os pais pensavam “ser mais para rapazes”, só três  passámos a ter o fim da tarde “cimentando” conhecimentos, numa turma de quase trinta.

E, para um melhor aproveitamento, o grupinho reunia-se nas 2 casas da professora (uma com escadas, dentro da Aldeia e outra numa quinta, um pouco mais afastada).

A Dona Virgínia era casada com E. M., comerciante e Responsável pelo Posto do Registo Civil.

- Bem, agora vou deixar-vos sós porque tenho muitas coisas para fazer. Espero que penseis na responsabilidade que tendes; se tiverdes dúvidas, eu ando por aqui.
- Sim, Senhora Professora! - Dizíamos em coro.

Estudar, depois de ter passado um dia inteiro na Escola?

Mal virava costas, as escadas/bancos eram usadas para jogos de sobe-e-desce com variadíssimas finalidades e a quinta, para colher ameixas, figos, cerejas ou qualquer outro fruto de mastigação rápida. Os livros esperavam pelos intervalos, bem abertos, de modo a facilitar o  virar das páginas ou a invenção de qualquer  pergunta sobre a variada e vasta matéria.

Geografia - linhas férreas, serras, rios, cidades, províncias, produções agrícolas de Portugal continental, Ilhas e Colónias…

História Pátria - as dinastias, os reis e tudo o que a elas/eles se referia

Língua Portuguesa - Gramática, interpretação, redações…

Aritmética e Geometria - números primos, frações, regra-de-três simples…

Ditados - dar mais do que três erros era passaporte para reprovação.

Ciências Geográfico-Naturais - raiz, flor, reprodução, meio ambiente... com muitas imagens para ajudar a memorizar.

Alguns exemplares:




Do exame da quarta classe faziam parte provas práticas, escritas e orais. 
As provas orais só começavam quando todos os examinandos inscritos na pauta tivessem terminado as provas escritas e práticas.
No final do dia da realização das provas orais, o júri procedia à classificação e tornava público o resultado final do exame.
Era excluído da prova oral o examinando que não obtivesse a nota de suficiente nas provas de Ditado e Aritmética-Geometria.
Um examinando que tivesse no conjunto das provas escritas e orais a classificação de bom, era Aprovado com distinção.

Para os que quiserem divertir-se a responder, ver exemplares de algumas provas semelhantes, aqui.

Os examinandos que faziam exame de admissão ao liceu prestavam provas primeiro.
Havia a opção entre fazer ou não fazer o exame da 4.ª classe; mas,  reprovando no de admissão, era obrigatório repetir mais um ano de escolaridade… 

A hora tinha chegado!

Provenientes de várias escolas primárias, os alunos faziam um exame centralizado e único, por Distrito, numa escola também primária (nº 35?) da Guarda, com professores ”por mares nunca dantes navegados”.
Das três, “em perigos e guerras esforçados, mais do que prometia a força humana”, só duas conseguimos passar a Taprobana. Não pôde, assim, a A.N. “seguir sua longa rota”.

Excluindo a tormenta-exame, adorei aqueles grandes momentosTive vestido, sapatos novos e tudo.


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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O IMPLACÁVEL "ENTE" PORTUGUÊS - 1


PERSONAGENS:

FAUNA PANTANEIRA

Jacarés, Linos, Durões, piranhas, Moedas, Cavacos, mangustos do pântano, Passos, Gaspares, pequena flor pálida, Lellos, Soares, cobras coral Diana, Dias, Frasquillhos, Constâncios, iguanas, Varas, Amarais, Murteiras, anacondas, Cardonas, Penas, Mexias, sanguessugas, Vitorinos, Almerindos, Relvas, garças azuis, Coutos, Daniéis, galinhas-de-Água comuns, Gomes, Godinhos, patos coloridos, Penedos, Leitões, Pinas, libélulas, Pinheiros, Machetes, rãs do pântano, Oliveiras, Duques, lontras do rio, Ribeiros, Melicias, jaguares, Cristinas, Jardins, crocodilos, Teixeiras, Coelhos, Sousas, ratos do pântano, Zorrinhos, garças-reais
Arara azul grande, ADSE, ariranhas, “ milhões de pobres", cervo-do-pantanal, velhos, cegonha-preta, contribuintes, jabutis, classe média, rinoceronte de Java, cobra-d‘água, lontras, ocelotes - ameaçados de extinção.
E as mais de milhentas Espécies…


Borges, a face arrogante e cruel da burguesia:"As crises são momentos de limpeza"


“KARAS” - no combate ao crime organizado pelos “ENTES


VÁRIOS INTERVENIENTES PONTUAIS


LUGAR do DRAMA - O PÂNTANO (PORTUGAL)


=



PRIMEIRO ACTO

Pensão vs. reforma

CENA I



DURÃO (alinhando com os conselhos da troika, sobre Portugal):

- «Não há outro caminho que não o de seguir a ““solução” da austeridade e acelerar as “reformas estruturais” - descer os custos salariais, liberalizar mais ainda os despedimentos e diminuir o alcance do subsídio de desemprego». 

-'Financial Times Deutschland'( citando fonte comunitária)

"Estima-se que o salário anual de Durão Barroso equivalha ao de Barack Obama, cerca de 400 mil dólares. Os ex-comissários europeus recebem uma prestação anual de pelo menos 96 mil euros nos três anos seguintes a deixarem o cargo. Esta indemnização equivale a entre 40 a 65% da remuneração anual que usufruíam enquanto comissários e é-lhes atribuída para que tenham "tempo para encontrar um outro trabalho que não entre em conflito com as suas anteriores funções".

Garça-real
- Mas que grande jaguar!

CENA II



Expresso. Sapo-16.12.2012
- O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, defendeu hoje a necessidade de os reformados com pensões mais elevadas darem ao Estado um "contributo maior", o que na sua opinião não viola a Constituição da República.

PASSOS (Em Penela)

- "Queixam-se de lhes estarmos a pedir um esforço muito grande; esses reformados e pensionistas descontaram para ter reformas, mas não para terem aquelas reformas".
"Tais pensões elevadas, não correspondem ao valor dos descontos que essas pessoas fizeram ao longo da sua carreira contributiva".

Correio da  Manhã - 17.12.2012

PASSOS (Em Penela)

- “Alguns reformados e pensionistas descontaram para ter reformas, mas não para terem aquelas reformas"; "tais pensões elevadas não correspondem ao valor dos descontos que essas pessoas fizeram ao longo da sua carreira contributiva"

PASSOS (Em Fátima, no congresso da JSD)

-  “Um dos pontos que pode vir a merecer a análise do Tribunal Constitucional é o da contribuição extraordinária solidária que se aplicará a pensões a partir dos 1350 euros/mensais, mais penalizadora para os funcionários públicos”


Cobra-de-água-viperina
- Seremos primos?
É que eu não mordo, só ameaço...


APRE (Em e-mail que está circulando)

«As afirmações do Sr. Primeiro-Ministro, segundo as quais os reformados auferem pensões generosas demais, que não correspondem às contribuições por eles subscritas para a Segurança Social, pelo que considera justa a taxa de solidariedade que lhes vai ser aplicada, demonstram a sua desumanidade e o seu desconhecimento das realidades que envolvem a vida desses reformados.
Será que o Sr. Primeiro- Ministro se está a referir a alguns colegas do seu Partido, nomeadamente à Presidente da Assembleia da República, Sr.ª Dr.ª Assunção Esteves, que aufere uma subvenção vitalícia de mais de € 5.000/ mês aos 42 anos ou ao Sr. Duarte Lima, que se reformou aos 39 anos, ao Sr. Mira Amaral ou ainda ao Sr. Catroga que se "reformou" ao abrigo da lei aplicável aos  políticos, através da qual eles recebem € 9.000/ mês; ou também, eventualmente, aos políticos de vários quadrantes que ao fim de 8 anos ou dois mandatos têm direito a reformar-se; ou ainda aos Srs. Governadores do Banco de Portugal, que ao fim de 5 anos têm gordas reformas? (...)"

Carlos frade (APREe!- 10.1.13)

(...) Agora compete-nos aguardar serenamente pela decisão, mas isso não deve significar baixar a guarda. 
Veja-se o ataque que de imediato surgiu com o Relatório (“bem feito”) do Fundo Monetário Internacional, para o corte dos quatro mil milhões de euros, com forte incidência na área das pensões, especialmente da Caixa Geral de Aposentações. (...)



CENA III



RTP Noticias (11.1.2013) 

SCHULZ, presidente do Parlamento Europeu, na 1ª visita a Portugal 

"Na Europa, os países mais ricos têm de pagar mais do que os países mais pobres para ultrapassar essas diferenças (...). Para resolvermos a crise, os ricos têm de pagar mais do que os pobres e os fortes têm de fazer mais do que os fracos"


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domingo, 13 de janeiro de 2013

ALFREDO ROQUE GAMEIRO - 2



Como admiradora e apreciadora de Roque Gameiro - Homem e Obra - resolvi ir difundindo com alguma regularidade neste meu bloguezinho a AGUARELA de “pergaminhos de nobreza” do mais importante aguarelista português.
Quase no início, quando aqui comecei a juntar letras, ao dedicar-lhe um dos meus postes, constatei o interesse de muitos curiosos (?) / conhecedores (?) deste tipo de Arte.
E agora, a ideia ocorreu-me após a recepção ocasional de um e-mail de MALEMA sobre o Artista - aguarelas de Lisboa Antiga.

Para destacar a grandeza do aluno de Bordalo Pinheiro, plagio Fernando Pamplona em Dicionário de Pintores e Escultores Portugueses - Livraria Civilização Editora:

“Desde que obteve, em 1891, na 1ª Exposição do Grémio Artístico, uma 3ª medalha, o grande mestre aguarelista não cessou de coleccionar triunfos: 1ª medalha em aguarela e em desenho no Grémio Artístico (1897-1898); medalha de honra na Sociedade Nacional de Belas-Artes (1910); medalha de ouro do Salon de Paris (1900);grand prix, na Exposição Internacional do Rio de Janeiro (1908); medalha de honra de 1ª classe na Exposição Internacional de Barcelona (1924); grande prémio na Exposição Internacional Comemorativa da Independência do Brasil. Em 1923, foi eleito membro da Real Academia de Belas-Artes de S. Fernando, de Madrid – distinção raras vezes concedida a artistas portugueses”.


O artista distinguiu-se essencialmente como desenhador litográfico, ilustrador de publicações e pintor aguarelista.

Desenhador litográfico

Foi ainda como aprendiz de litógrafo que Gameiro iniciou e desenvolveu os seus conhecimentos neste assunto.
Começou por desenhar e litografar rótulos para caixas de fósforos, de vinhos, de conservas, de bolachas, de graxa, mas executou também estampas, retratos, cromos e cartazes.

                                 RAFAEL BORDALO PINHEIRO -Caricatura
                                    Aguarela colada sobre outra,1885
                              

Torneio realizado no Hipódromo de Belém no dia 24 de Abril de 1892, Cortejo de Entrada 

Feira Franca, na Av. da Liberdade, antes da atual Praça Marquês de Pombal, 1898


«Álbum de Costumes Portuguezes», lançado após a sua estadia em Leipzig, tinha então 24 anos.

Costumes portugueses
Estudo para o vira 2 e Merciaria

Em 1888, na «Exposição Industrial Portugueza», Lisboa:


Praia da Caparica e Cenas de caça

O carroção e Procissão

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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

MUNDO RURAL PORTUGUÊS ATÉ À DÉCADA DE 60


    SILVA PORTO - A volta do mercado          SILVA PORTO - Guardando o rebanho


Antes de a eletricidade ter chegado às aldeias, o modo de vida da comunidade não deve ter-se modificado muito durante várias décadas.


O Sol marcava o ritmo; a força braçal e dos animais cultivavam a terra; os agricultores e famílias faziam a maioria dos produtos; o azeite e o petróleo eram os combustíveis usados na iluminação; o forno comunitário não tinha tempo para arrefecer; predominavam os rebanhos de ovelhas e cabras, as vacas leiteiras e as aves de capoeira; praticava-se a troca de mão-de-obra em tarefas como ceifas, sementeiras, debulhadas, vindimas, matanças, recolha dos fenos, desenterrar batatas; as pessoas deslocavam-se a pé, a cavalo, de bicicletas “pasteleiras”, de carroça ou de carro de bois; a roupa era lavada nas ribeiras ou lavadoiros públicos; a água para os banhos em grandes bacias tinha que ser aquecida em caldeiros ou em panelas; o ferro de engomar enchia-se com brasas; a braseira aquecia alguns compartimentos e os pés debaixo das mesas; só havia fogões a lenha e a lareira onde se acendia o fogo, era o local principal e indispensável para cozinhar, fazer o borralho, secar os enchidos, aquecer a água e as casas.

Para além da agricultura e da pastorícia havia também as necessárias ocupações (complementares ou principais) muitas vezes em parte-time: ferreiro, carpinteiro de instrumentos agrícolas/obras diversas, barbeiro, costureira, negociantes de gado/ produtos da terra, moleiro, tosquiador, taberneiro e lojistas além de outras como farmacêutico/a, médico "João Semana", relojoeiro, vendedor de peixe conservado em sal, carteiro, calceteiro, professor/a, pedreiro, empregado/a dos CTT, chefe de estação dos caminhos-de-ferro/agulheiro, etc.
Vista do Sabugal em finais do século XIX

Tudo isto sustentou e caracterizou o mundo rural português até finais dos anos 50.

A década de 60 deve ter sido a que representou o marco de viragem para a melhoria das condições de vida das populações da grande parte das aldeias com a instalação da electricidade e do gás canalizado.

Apareceram os aparelhos eletrodomésticos - frigoríficos, esquentadores, fogões aquecidos a gás ou electricidade - televisão, mais automóveis e motoretas, maiores facilidades para a higiene e esgotos, motores de rega, tractores, máquinas debulhadoras e segadeiras.
A emigração teve também um papel preponderante na evolução da estrutura socioeconómica com eventos, transferência de dinheiro e novos hábitos de vida.
Para Manuel Villaverde Cabral, a emigração “subverteu profunda e irreversivelmente os valores, as aspirações, as atitudes e os comportamentos dos campos”.

Como contemporânea que fui dos muitos momentos dessa época, individualizo alguns: 

Ferro de engomar

É chamado ferro porque começou por ser apenas uma barra pequena e achatada de forma triangular, com as extremidades arredondadas; e de engomar, porque na época era de etiqueta passar goma com água em saias plissadas, colarinhos, camisas masculinas, aventais e cristas das empregadas internas, por ex.






Mais tarde apareceu outro modelo que se tornou mais tradicional. Tinha um orifício largo na frente por onde entrava o ar/vento que mantinha aquecidas as brasas no interior. Para as avivar, havia vários processos - agitando um abano de palhinha, colocando o ferro no chão junto de uma porta bem ventilada, balançando-o em arco ou, simplesmente, soprá-las.
Só se começava a passar a roupa quando o metal ficava bem quente.




Lareira

A lareira era o “coração” da casa, na minha Aldeia. Toda a família se sentava em redor.
Em tempos recuados, na casa dos meus avós, havia um escabelo - banco comprido e largo, de madeira, constituído por uma caixa onde se colocava a lenha e por uma tábua de encosto a todo o comprimento, junto a uma das paredes da cozinha.

Presentemente, além de cadeiras vulgares, ainda há pequenos bancos toscos com um orificio na parte superior que serve de pega.


(Semelhante, mas com arca por baixo); pequenos bancos

As paredes laterais da chaminé estão unidas por uma pedra horizontal atrás da qual se encontra a pilheira onde se depositam as cinzas ou o borralho que resta.
Havia panelas de ferro fundido com três pés, de vários tamanhos, estrategicamente colocadas à volta da fogueira, onde eram cozinhados todos os alimentos com aromas e sabores jamais comparáveis.
Na parte da frente da chaminé permanecia uma argola onde se fixava uma corrente regulável que prendia os recipientes para aquecer água.



A lareira aquecia, iluminava, cozia, assava, defumava e animava o cavaqueio.

Penso que este tipo de lareira é mesmo de raiz beiroa e que a origem teve a ver com a arte de fumeiro. 
As de Trás-os-Montes são parecidas mas maiores.

Hoje as panelas e os ferros de engomar a carvão são usados como vasos para cultivar plantas e flores decorando varandas, interiores, balcões e jardins.


Braseira 

A braseira é um utensílio (bacia) de cobre, latão ou lata com duas pegas, onde se colocam brasas para aquecer um aposento no inverno ou os pés debaixo de uma mesa.
Era encaixada no orifício de uma base (estrado) de madeira ligeiramente elevada, em forma de hexágano, onde se apoiavam também os pés. As brasas (borralho) mantinham-se acesas com um abano. 
Produziam pouco calor e causavam ligeira dor de cabeça.






Também no meu Colégio havia braseira
Para aquecer, na sala, a turma inteira
E um saco de água quente, azulinho
Envolto num cobertor bem fofinho
Para os distintos pés da professora
“Chocarem” na melhor "incubadora".

Ao tocar da sineta pró intervalo
Deixava sair todas de embalo
E corria atrás da secretária
Rodando prá esquerda, solidária,
A rolha do saco aconchegado
Pró senhorio manter agasalhado
     
Lá se abriu o saco outra vez!
Dizia agastada com placidez
A Dona Elizinha, também “Menina.”
Vou já chamar a Irmã Bernardina…
- Que bom ter mais um tempinho 
Ainda que sem burburinho!

E em ritmia,
O borralho virava cinza
A aula degenerava em cinza
O Inverno continuava cinza
O segredo não saia da cinza.
Quase magia!


Fogão de ferro a lenha

Os primeiros fogões de ferro ou de cobre devem ter sido introduzidos em Portugal pelos residentes ingleses no final do século XVIII.

Na casa dos meus pais também havia um fogão de ferro fundido, não muito grande, a lenha de cepa de pinheiro, penso. Tinha uma chaminé que  comunicava com a chaminé principal. Era uma espécie de móvel com um compartimento para o fogo e um forno central; no topo ficavam as panelas. Não me recordo se também possuía alguma caldeira para água quente.
Era usado em simultâneo com a lareira.




A compra de um fogão a gás engarrafado ditou o abandono do velho fogão-a- lenha por não haver espaço para ambos - A cozinha, assim como toda a casa, tinha sido reduzida em consequência de desentendimentos, na altura, numa partilha hereditária.

E com ele se foi também um pouco da minha meninice porque era lá que apareciam as prendas de Natal 



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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O BANQUETE DE NATAL DO FMI


Este é Mondo Cane

Ao ter-me sido enviado o e-mail sobre o Banquete de Natal do FMI, a indignação desafiou-me a partilhar mais esta perversão barbárie -, acrescentando-lhe algumas observações/comentários.



16/11/2012
«Os países pobres podem enfrentar dificuldades de financiamento "insustentáveis", devido ao impacto da crise económica e à redução da ajuda internacional», alertou o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Christine Lagarde


«O FMI autoproclama-se como uma organização de 187 países, trabalhando por uma cooperação monetária global, assegurar estabilidade financeira, facilitar o comércio internacional, promover altos níveis de emprego e desenvolvimento econômico sustentável, além de reduzir a pobreza»
Wikipédia

Resultados da política de austeridade do FMI

Argentina - Queda da actividade económica, recessão generalizada, queda das receitas fiscais, aumento do défice do Estado e da dívida pública.
Com a subida ao poder do populista de esquerda Nestor Kitchener, durante quase um ano, a Argentina viveu momentos dramáticos com fome, sem dinheiro nos bancos e um desespero generalizado.

E na Grécia, em Portugal, e também em Espanha, Irlanda ou Itália? Esmagados entre uma brutal austeridade e a impossibilidade de desvalorização cambial, vão-se afundando numa espiral depressiva - "a armadilha da dívida e da deflação" (em linguagem de economia).

O FMI é conhecido por impor programas de cortes de gastos que podem incluir redução no número de funcionários públicos e/ou respectivos salários, subida de impostos e alterações nos regimes de pensões e por assegurar o poder da sua burocracia.

Em Portugal, digo eu, devia preocupar-se com os milhões que não lhe interessa ver porque, impor por impor, pelo menos " ... além de reduzir a pobreza".


Para que serve, na realidade, o FMI?

Banquete de Natal do FMI

Ofereceu de tudo, menos austeridade

24/12/2012 10:54
Por Redação, com agências internacionais - de Washington


"Poul Thomsen, executivo do FMI, sugere a demissão em massa de funcionários públicos gregos, entre uma mordida e outra no coquetel de caviar
O recente banquete oferecido para 7 mil funcionários e convidados na sede do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington durou das 20h até à 1h da madrugada e custou 380 mil euros aos cofres da instituição que cobra dos países pobres cada vez mais cortes nos benefícios às populações carentes e trabalhadores de baixos salários. O menu, de quatro páginas, anunciava entradas de caviar, salmão e ostras, cozinha de cinco países, bebidas à vontade.
No jantar do FMI para o Natal, houve de tudo, menos austeridade. Já sabemos que a entidade lucra tanto mais quanto melhor esmaga os países que caem na rede dos seus empréstimos (só com a Grécia, este ano, espera obter de juros US$ 899 milhões, lembra o diário norte-americano Washington Post), mas começa a ser marca registada do Fundo deixar bem marcado que aqueles que forçam os outros a ser austeros distinguem-se por fazer exatamente o oposto.
O menu indicava que as entradas foram servidas entre as 20h e as 21h30 no 1º andar da sede e incluía uma lista de seis acepipes onde não faltaram os tradicionais Caviar Crème Fraiche, as ostras e o salmão defumado. Os comensais podiam depois escolher entre as “estações” indiana, tailandesa/vietnamita, mediterrânica e do Médio Oriente, espanhola, mexicana e até “norte-americana”, espalhadas pelos diversos andares e salões de dois edifícios.
Os cocktails especiais tinham nomes como Cumprimentos do Paraíso, ou Mr. Grinch (?). E as sobremesas foram as mais variadas, de fina pastelaria francesa, bolos e frutas. O jantar, em dólares, chegou aos US$ 500 mil.
Não é novidade que o Fundo se oriente por regras opostas àquelas que prescreve para os que supostamente ajuda. Veja-se o caso do alto funcionário Poul Thomsen, dinamarquês que já chefiou a missão do FMI para Portugal e agora está à frente da missão para a Grécia. O homem que mais defendeu a proposta de aumentar o horário de trabalho em meia hora e insistiu em cortes de benefícios para Portugal, que foi mais longe na defesa das demissões de funcionários públicos, ganha mais de US$ 309 mil por ano, de acordo com o nível B05 do FMI.
Segundo o jornal grego Eleftheros Typos, como funcionário do FMI não-norte-americano residente nos Estados Unidos, grande parte dos seus rendimentos são livres de impostos – uma das benesses garantida pelo FMI aos seus empregados. Thomsen terá tido um aumento no seu vencimento, em 2011, de 4,9% – garantido pelo FMI." 

sábado, 29 de dezembro de 2012

ANO VELHO / ANO NOVO



Noite de 31 de Dezembro. 
Pelo calendário gregoriano, cessa o ano civil de 2012 e inicia o também novo ano civil de 2013.
Já sem saudades da lixeira que se retira, gostaria de escrever no novo livro branco as palavras oportunas, optimistas, necessárias e exigíveis para a grande maioria dos portugueses, com o combustível dela resultante.
Só que o livro também já vai nascer manchado e as palavras farão parte do impossível.
Mas, como disse Walt Disney aos 19 anos, “eu gosto do impossível porque lá a concorrência é menor”.
Faço então o preâmbulo do tal cardápio de 365 dias com expressões de três personalidades sábias que em muito poderão "ajudar" a ultrapassar os obstáculos:



John Winston Lennon:

“Um ano termina e nasce outra vez..."
Esta é uma das muitas frases proferidas por um dos mais célebres compositores britânicos, escritor apaixonado pela literatura, o mais polémico e rebelde dos Beatles, participante activo a favor da paz contra a guerra do Vietname.
Fisicamente terminou e nasceu ”outra vez” apenas durante 40 anos… Mas continua a ter lógica no memorial “ser vivo” Strawberry Fields”, Central Park de New York e no legado universal que tão bem definiu ao falar do homem e da obra: “Acredito em tudo o que fiz
Ao perguntarem-lhe na escola o que queria ser quando crescesse, ele escreveu “feliz” porque a Mãe sempre lhe disse, quando tinha 5 anos, que a felicidade era a chave para a vida.
«Quando fizeres algo nobre e belo e ninguém notar, não fiques triste. Também o Sol faz um lindo espectáculo todas as manhãs e, no entanto, a maior parte da “plateia” ainda dorme…»




Fernando Sabino, em “Encontro Marcado”:

De tudo, ficaram três coisas:
A certeza de que estamos sempre começando,
A certeza de que precisamos continuar,
A certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar.
Fazer da interrupção um caminho novo,
Fazer da queda um passo de dança,
Do medo uma escada,
Do sonho uma ponte,
Da procura um encontro.
E assim terá valido a pena existir!




 Carlos Drummond de Andrade:

"Para sonhar um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. 
É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre."