Para o acesso ao
ensino Liceal e que penso ter sido até à aprovação de uma nova Lei de Bases do
Sistema Educativo (Lei 46/86), além do exame da 4ª classe era também preciso fazer
(com alguma ansiedade) um exame de admissão ao liceu.
Não me recordo se
todos os alunos podiam fazê-lo independentemente de, depois dele, optarem ou não por seguir
os estudos.
Sei que a professora aconselhou algumas colegas a não se candidatarem por falta de
aproveitamento (problemas estatísticos?) e que outras gostariam de prosseguir
mas, quer por dificuldades económicas quer porque os pais pensavam “ser mais
para rapazes”, só três passámos a ter o fim da tarde “cimentando” conhecimentos, numa turma de quase trinta.
E, para um melhor aproveitamento, o grupinho reunia-se nas 2 casas da professora (uma com escadas, dentro da Aldeia e outra numa quinta, um pouco
mais afastada).
A Dona Virgínia era casada com E. M., comerciante e
Responsável pelo Posto do Registo Civil.
- Bem, agora vou deixar-vos sós porque tenho muitas
coisas para fazer. Espero que penseis na responsabilidade que tendes; se tiverdes
dúvidas, eu ando por aqui.
- Sim, Senhora Professora! - Dizíamos em coro.
Estudar, depois de ter passado um dia inteiro na Escola?
Mal virava costas, as escadas/bancos eram usadas para jogos de
sobe-e-desce com variadíssimas finalidades e a quinta, para colher ameixas, figos, cerejas ou qualquer outro fruto de mastigação rápida. Os livros esperavam pelos
intervalos, bem abertos, de modo a facilitar o virar das páginas ou a invenção de qualquer pergunta sobre a variada e vasta matéria.
Geografia - linhas férreas, serras, rios, cidades, províncias,
produções agrícolas de Portugal continental, Ilhas e Colónias…
História Pátria - as dinastias, os reis e tudo o que a elas/eles
se referia
Língua Portuguesa - Gramática, interpretação, redações…
Aritmética e Geometria - números primos, frações,
regra-de-três simples…
Ditados - dar mais do que três erros era passaporte para reprovação.
Ciências Geográfico-Naturais - raiz, flor, reprodução, meio ambiente... com muitas imagens para ajudar a memorizar.
Alguns exemplares:
Do
exame da quarta classe faziam parte provas práticas, escritas e orais.
As provas orais só começavam quando todos os examinandos inscritos
na pauta tivessem terminado as provas escritas e práticas.
No final do dia da realização das provas orais, o júri
procedia à classificação e tornava público o resultado final do exame.
Era excluído da prova oral o examinando que não obtivesse a nota de suficiente nas provas de Ditado e Aritmética-Geometria.
Um examinando que tivesse no conjunto das provas escritas
e orais a classificação de bom, era Aprovado com distinção.
Os examinandos que faziam exame de admissão ao liceu prestavam provas primeiro.
Havia a opção entre fazer ou não fazer o exame da 4.ª classe; mas, reprovando no de admissão, era obrigatório repetir mais um ano de escolaridade…
A hora tinha chegado!
Provenientes de várias escolas primárias, os alunos faziam um exame centralizado e único, por Distrito, numa escola também primária (nº 35?) da Guarda,
com professores ”por mares nunca dantes navegados”.
Das três, “em perigos e guerras esforçados, mais do
que prometia a força humana”, só duas conseguimos passar a Taprobana. Não pôde, assim, a A.N. “seguir
sua longa rota”.
Excluindo a tormenta-exame, adorei aqueles grandes momentos. Tive vestido, sapatos novos e tudo.
Imagens Google
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