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domingo, 21 de julho de 2013

DESÍGNIOS NACIONAIS - 3


Ainda no dia 10 de Junho, em Elvas:


 
- “Esta é uma hora decisiva. Portugal vive um momento em que não podemos vacilar na determinação de vencer e de alcançar um futuro melhor".


De que maneira?

Um apelo à resignação em levar os portugueses a pensar e a aceitar que existe apenas a "solução"da UE, BCE e FMI?


O "desígnio nacional" hoje é a UE, embora restem apenas os “ladrões e os portugueses que aplaudiram o fim da Guerra do Ultramar”. Isaías Afonso


 - “Apelo aos brios que outrora fizeram levantar os nossos maiores, alijando dificuldades e afastando os inimigos e usurpadores.”


 A quem se dirige Cavaco Silva?


Às instituições agonizantes? A um Parlamento de directórios partidários? A um regime apodrecido? A um pântano de imoralidades?

Ou já conhecia a Portaria 216/A/2013 publicada em 2 de Julho, no mesmo dia em que V. Gaspar se demitiu do Ministério das Finanças, assinada por ele e por Mota Soares, que também tencionava demitir-se?
O diploma ordena ao Instituto de Gestão de Fundos de Capitalização da Segurança Social (IGFCSS) que proceda à substituição dos activos em outros estados da OCDE por dívida pública portuguesa até ao limite de 90% da carteira de activos do Fundo (dinheiro pertencente aos trabalhadores, acumulado naquele Fundo a fim de servir a Segurança Social) para financiamento da impagável dívida pública portuguesa.




Hoje, os usurpadores estão dentro de portas, falam português, vendem o país orgulhosamente antigo onde nasceram - como se fosse uma empresa - e desde há trinta e tal anos que as suas ambições pessoais vêm transformando o futuro numa trágica calamidade.



E numa teia onde não se sabe quem manda...


O TELEFONEMA A PASSOS


As compras no supermercado correram normalmente. Porém, a presença de um dos ministros mais odiados do governo no estabelecimento, começou a correr de boca em boca e tudo mudou quando Vítor Gaspar e a mulher foram para a fila de uma das caixas. Um cliente mais exaltado fez um comentário alto; de um momento para o outro tudo ficou descontrolado - cuspidelas, insultos e tentativas de agressão.


Mal chegou a casa, Vítor Gaspar telefonou a Pedro Passos Coelho.

Tinha chegado a hora (3.ª vez, segundo a Carta) de acelerar a sua saída do governo, uma vez "fechada a difícil sétima avaliação, garantida a fatia de 2 mil milhões de euros e a extensão das maturidades da dívida portuguesa aos fundos europeus por sete anos".

A "CRISE POLÍTICA"
(Síntese extraída dum artigo do Jornal de Negócios)

1 Julho
Vítor Gaspar anuncia demissão numa carta tornada pública.








2 Julho
Minutos antes da tomada de posse de Maria Luís Albuquerque como ministra das Finanças, Paulo Portas demite-se do Governo de forma “irrevogável” em discordância com a escolha de Passos Coelho para o lugar de Vítor Gaspar. “





3 Julho
Passos Coelho mantém a agenda e vai a Berlim falar de desemprego jovem. Mas na reunião encontrou-se com com os credores e Angela Merkel. Volta a Lisboa para se reunir com Portas. Seguro é recebido em Belém por Cavaco Silva, a quem pede para convocar eleições antecipadas


4 Julho
Passos Coelho e Paulo Portas continuam reuniões.
À saída da reunião Passos declarou: “Comprometi-me junto do Presidente da República a encontrar a melhor fórmula de garantir a melhor solução para esta situação” Mário Draghi, presidente do BCE, elogia Maria Luís Albuquerque e o PS reúne a comissão política




5 Julho
Cavaco Silva começa o dia a ouvir cerca de 40 economistas sobre o pós-troika. 





6 Julho
As direcções do PSD e CDS reúnem-se. Ao final do dia Passos Coelho faz conferência de imprensa onde transmite que aceitou Paulo Portas como vice-primeiro-ministro e com a coordenação da área económica e das negociações com a troika.



7 Julho
Cavaco Silva, Passos Coelho e Paulo Portas, sem declarações, juntaram-se na cerimónia de entrada na Diocese do novo Patriarca de Lisboa.






8 e 9 Julho
Cavaco Silva começa reuniões com partidos políticos.
Recebe Carlos Costa, governador do Banco de Portugal e as confederações patronais.




10 Julho
A manhã de Cavaco Silva foi dedicada a ouvir os sindicatos. À tarde, disse que a solução passava por um acordo de “salvação nacional” entre os partidos que assinaram o programa de assistência internacional e que previa a realização de eleições antecipadas a partir de Junho 2014. E que, "nos termos da Constituição, existirão sempre soluções para a actual crise política" e "sem a existência desse acordo, encontrar-se-ão naturalmente outras soluções no quadro do nosso sistema jurídico-constitucional".


11 Julho
Cavaco Silva reúne-se com os líderes do PS, PSD e CDS para que iniciem negociações. Seguro, Passos Coelho e Portas reúnem direcções dos partidos. Aceitam negociar, mas o PS quer todas as forças políticas envolvidas.





12 Julho
Debate do Estado da Nação.
Passos Coelho desafia Seguro a sentar-se também à mesa com a troika. Presidência faz comunicado a declarar necessidade de um entendimento num curto espaço de tempo. Paulo Portas encerra o debate do Estado da Nação, como ministro do Estado e dos Negócios Estrangeiros, após ponderação.



13 Julho
Bloco de Esquerda e PCP excluem-se do processo negocial. PS destaca Alberto Martins, o PSD, Jorge Moreira da Silva e o CDS, Mota Soares.



14 Julho
Começa o processo de diálogo intra-partidário com a discussão dos métodos de trabalho a terminar no prazo de uma semana.





15 Julho
As reuniões prosseguem também com membros do Governo. Poiares Maduro e Carlos Moedas entram nas negociações pelo PSD, Morais Leitão e Mota Soares pelo CDS e Alberto Martins, Eurico Dias e Óscar Gaspar, pelo PS. David Justino começa a fazer parte das reuniões, como observador da presidência.





16 Julho
Bloco de Esquerda propõe ao PS negociar um Governo de esquerda com o PCP mas PS diz não.






17 Julho
Reuniões continuam pela noite adentro até à uma da manhã








18 Julho
Começam a surgir notícias de que os cortes inerentes à reforma do Estado estavam a afastar os partidos. Empresários pedem para se “entenderem”.
Cavaco Silva visita as ilhas Selvagens e demonstra vontade que partidos cheguem a acordo.




19 Julho
Cavaco Silva, ao regressar das Ilhas Selvagens, reúne com Passos, Seguro e Portas, separadamente.
Seguro faz declaração: “PSD e CDS inviabilizaram compromisso de salvação nacional”





19 Julho, 21:44

Cavaco avisou:
Não há “compromisso de salvação nacional”, mas o Governo de Passos Coelho continua “na plenitude das suas funções”, que não dão “as mesmas garantias de estabilidade que permitam olhar o futuro com confiança igual” à que existiria com a “salvação nacional”.

"A máscara da hipocrisia"

A crise política ("simulacro", porque está tudo previsto!)regressou às mãos do Presidente da República, pressionado por uma Europa cheia de recados.


DEMISSÃO DE GASPAR VISTA PELA IMPRENSA ESTRANGEIRA






“Crise no Governo em Portugal - Frankfurter Allgemeine Zeitung 
“Terceira crise ministerial do Governo conservador de Portugal” El Mundo
“Politicamente falando, o programa de ajustamento de Portugal está a entrar em colapso.”  Financial Times
“O país poderá estar a enfrentar o fracasso da sua política de rigor” Le Monde
“Os mercados estão a deslizar perante a confusão sobre o futuro do Governo em Portugal”  Guardian 

 “Todos os impérios da História só tiveram ciclos activos de duração limitada, até ao dia em que a sua expansão e as suas contradições internas os conduziram ao fracasso”.



Chateaubriand definiu a situação: "Uma classe dirigente conhece três fases sucessivas, a da superioridade, a dos privilégios e a das vaidades. Saindo da primeira, degenera na segunda e desfaz-se na terceira".





Os novos vândalos de hoje lutam e unem-se por solidariedade de interesses /lucro. A virtude, o respeito pela lei, o sentido de grandeza, tudo se desvaneceu.

Talvez fique por aí alguma luz que mantenha acesos "os brios que fizeram levantar os nossos maiores" e descubram novos desígnios nacionais...


Imagens Google


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