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“(… ) mas nas horas decisivas, os portugueses souberam unir-se para defender os grandes desígnios nacionais”.
Souberam porque havia grandes desígnios nacionais a defender.
Como
os referidos no meu poste anterior. E como os que não poderei deixar de referir,
relacionados com o Império Português - "O IMENSO PORTUGAL"
O “Império
Português, ou Império Colonial
Português que foi “SÓ” o primeiro império global da
história, além
de ser o mais antigo dos impérios coloniais europeus modernos,
abrangendo quase
seis séculos de existência, a partir da Conquista de Ceuta em
1415, até a entrega de Macau, em 1999, ou a concessão
de soberania a Timor-Leste, em 2002. O império espalhou-se ao
longo de um vasto
número de territórios que hoje fazem parte de 53 países diferentes.”
Wikipédia
Mapa diacrónico do Império Português (1415-2002)
Inicialmente, o expansionismo português foi motivado pelo espírito militar e evangelizador na continuação da reconquista no Norte de África; depois aconteceu o interesse comercial das ilhas da Madeira e dos Açores e em seguida, o da descoberta de um caminho marítimo para a Ásia como alternativa ao Mar Mediterrâneo.
Tendo como estímulo o Infante Dom Henrique, navegadores experientes, avançada aparelhagem náutica, cartografia e aperfeiçoamento da caravela, em 1488, Bartolomeu Dias pôde dobrar o Cabo da Boa Esperança entrando pela primeira vez no Oceano Índico a partir do Atlântico
As viagens de Vasco da Gama
Com a "noção de império", Dom João II adoptou a "Doutrina do Mare Clausum", de acordo com a qual ninguém podia navegar nos mares descobertos pelos portugueses sem autorização do rei de Portugal e a "Politica de Sigilo", que não permitia divulgar os mares onde Portugal navegava nem dar a conhecer a cartografia portuguesa.
E
foi assim até 1494, depois da viagem recusada a Cristóvão Colombo ao Novo
Mundo que
precipitou a negociação do Tratado
de Tordesilhas,
por desentendimento entre Dom João II e a Coroa espanhola. Existe apenas uma
carta escrita pelo Rei para Colombo e já ele não vivia em Portugal.
Dom João II não tinha quaisquer dúvidas sobre como chegar à Índia.
Contrariamente ao que os Reis
Católicos de Espanha pretendiam, o próprio Tratado de Tordesilhas alargou o espaço a
nosso favor porque conhecíamos os mares.
Pelo Tratado, o Mundo ficou dividido em duas áreas de exploração - terras descobertas e por descobrir- demarcadas por um meridiano entre as ilhas de Cabo Verde e as actuais Caraíbas (leste, para Portugal e oeste, para Espanha).
Pelo Tratado, o Mundo ficou dividido em duas áreas de exploração - terras descobertas e por descobrir- demarcadas por um meridiano entre as ilhas de Cabo Verde e as actuais Caraíbas (leste, para Portugal e oeste, para Espanha).
A importância desta “grande questão colonial” foi sempre uma razão pela qual se faziam revoluções e se lutava para ganhá-las.
Convento-das-Bernardas
A Revolução de 1640 fez-se não só para expulsar Filipe III de Portugal mas também para recuperar os territórios por ele abandonados - uma parte do Brasil, Angola e S. Tomé que já estavam na posse dos holandeses.
A Revolução de 1820 foi para expulsar o inglês William Beresford que comandava o exército português, colocando oficiais ingleses nos mais altos postos e substituir a Monarquia Absoluta pela Monarquia Constitucional, mas não só.
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“Cerca de quinze mil pessoas, de todos os sexos e idades, abandonaram, naquele dia, as terras de Portugal"
"Foi uma das mais olímpicas demonstrações de
falta de raízes e sentimentos nacionais - a grande aristocracia abandonava a
terra pátria para melhor defender privilégios sociais e económicos"
A invasão do comércio inglês e as transacções
comerciais feitas directamente com a Europa sem passar por Portugal, deram
origem a um enorme deficit.
A Família foi obrigada a regressar a Portugal e o Brasil voltou a ser colónia, restabelecendo-se o anterior circuito comercial, embora durante pouco tempo - o Grito do Ipiranga levou o Brasil à independência.
A implantação da República em 5 de Outubro de 1910, resultou
das dificuldades de governação da Monarquia Constitucional, mas também dum "problema
colonial", relacionado com o Ultimatum Inglês de
1890 e o “mapa cor-de-rosa”.
Na Conferência de
Berlim de 1884-85, Portugal apresentou um projecto de ligação entre Angola e Moçambique (o "mapa
cor-de-rosa") - onde já mantinha presença militar- para haver uma
comunicação entre as duas colónias e facilitar o comércio e o transporte de
mercadorias.
Mas colidia com os interesses da Grã-Bretanha que tencionava
ocupar todo o corredor situado entre o Cairo e o Cabo com a construção de um caminho-de-ferro e intimou Portugal a desocupar a região no espaço de 48 horas, declarando guerra
se não o fizesse.
*
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“Para Dom Carlos a questão africana
era uma razão de estado. Os
acontecimentos desencadeados pelo ultimatum britânico de 11 de
Janeiro de 1890 marcaram de forma indelével a evolução política portuguesa,
dando início a uma sucessão de acontecimentos que desemboca no fim da monarquia
constitucional e no reforço da consciência colectiva
portuguesa de apego ao império colonial” - uma forte reacção patriótica contra os Britânicos.
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No entanto, Portugal conseguiu manter os seus territórios até meados do século XX.
Uma questão desde logo se levanta: como é que Portugal, um pequeno país, à partida sem recursos
capazes de competir com potências como a Inglaterra e a Alemanha, conseguiu manter as suas colónias
ultramarinas durante um período tão alargado de tempo?”
Parte da resposta recai na hábil forma como a diplomacia portuguesa, com Luís de Soveral e o Rei Dom Carlos a serem preponderantes, soube relacionar-se com a Inglaterra, a antiga aliada e fiel da balança de poderes na Europa. Neste âmbito, podemos afirmar que “a história da política externa portuguesa, na segunda metade do século XIX e na primeira década do século XX, é essencialmente a história das relações luso-britânicas.
A Aliança Luso-Britânica é a mais antiga
aliança diplomática do mundo, ainda em vigor. Foi assinada em 1373 -
em plena Idade Média. O casamento de D. João I com Filipa de Lencastre marcou o
início da aliança entre dois países
Outra parte da resposta, também importante, recai na forma como foram explorados alguns acontecimentos internacionais, como a guerra anglo-boer e a luta pela hegemonia europeia entre a Alemanha e a Inglaterra.”
*Tenente-Coronel Luís
Fernando Machado Barroso
Revista Militar, Maio de
2008
Os partidários da República aproveitaram os acontecimentos
e armaram Buiça para assassinar o Rei e o filho mais velho, Luís Filipe, no
Terreiro do Paço.
Dom Manuel ficou ferido e não resistiu à Revolta de 5 de Outubro de 1910, onde a Loja Maçónica Carbonária teve real influência.
Dom Manuel ficou ferido e não resistiu à Revolta de 5 de Outubro de 1910, onde a Loja Maçónica Carbonária teve real influência.
Assassinato do Rei D. Carlos e do Príncipe Luís Filipe / Revolta de 5 de Outubro
Na Primeira Guerra Mundial, a Primeira República, durante o conflito, sempre defendeu os nossos territórios de África duma possível investida alemã.
Houve um deputado que fez a proposta da venda de Angola, mas foi rejeitada.
Na Segunda Guerra Mundial, Salazar consegue manter Portugal na “neutralidade colaborante” ou de “aliado não activo” quanto ao território metropolitano.
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Quanto aos Açores e à
Madeira, ambos pretendidos pelos ingleses e americanos devido à sua importância
estratégica, a diplomacia portuguesa tentou dificultar as operações até
adivinhar a derrota alemã. Por acordo secreto, são concedidas facilidades às
tropas inglesas e aos americanos pede-se, em troca, a recuperação de Timor-Leste
que, entretanto, tinha sido ocupado por australianos e a seguir por japoneses.
E o "império colonial" foi mantido.
Portugal
recusou a independência das suas colónias / Províncias Ultramarinas / Estados, dentro do princípio do seu "DESÍGNIO NACIONAL", defendido desde o reinado de Dom João II.
Mas preservar as colónias não seria fácil, após o final da II Guerra Mundial, porque foi ela, sem dúvida, que acabou por criar condições especificamente vantajosas para o crescimento dos sentimentos nacionalistas e para o questionar sobre as situações de dependência.
E o "grande desígnio nacional" termina da pior maneira, com um processo de descolonização de traição à Pátria e aos Povos descolonizados - "uma tragédia", terá dito Melo Antunes algumas horas antes de morrer.
Imagens e investigação Google
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