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domingo, 14 de julho de 2013

DESÍGNIOS NACIONAIS - 2






“(… ) mas nas horas decisivas, os portugueses souberam unir-se para defender os grandes desígnios nacionais”.





Souberam porque havia grandes desígnios nacionais a defender.

Como os referidos no meu poste anterior. E como os que não poderei deixar de referir, relacionados com o Império Português - "O IMENSO PORTUGAL"

O “Império Português, ou Império Colonial Português que foi “SÓ” o primeiro império global da história,  além de ser o mais antigo dos impérios coloniais europeus modernos, abrangendo quase seis séculos de existência, a partir da Conquista de Ceuta em 1415, até a entrega de Macau, em 1999, ou a concessão de soberania a Timor-Leste, em 2002. O império espalhou-se ao longo de um vasto número de territórios que hoje fazem parte de 53 países diferentes.
Wikipédia

                                Mapa diacrónico do Império Português (1415-2002)

Inicialmente, o expansionismo português foi motivado pelo espírito militar e evangelizador na continuação da reconquista no Norte de África; depois aconteceu o interesse comercial das ilhas da Madeira  e dos Açores e em seguida, o da descoberta de um caminho marítimo para a Ásia como alternativa ao Mar Mediterrâneo.


Tendo como estímulo o Infante Dom Henrique, navegadores experientes, avançada aparelhagem náutica, cartografia e aperfeiçoamento da caravela, em 1488, Bartolomeu Dias pôde dobrar o Cabo da Boa Esperança entrando pela primeira vez no Oceano Índico a partir do Atlântico

As viagens de Vasco da Gama

Era dos Descobrimentos

Com a "noção de império",  Dom João II adoptou a "Doutrina do Mare Clausum", de acordo com a qual ninguém podia navegar nos mares descobertos pelos portugueses sem autorização do rei de Portugal e a "Politica de Sigilo", que não permitia divulgar os mares onde Portugal navegava nem dar a conhecer a cartografia portuguesa.



E foi assim até 1494, depois da viagem recusada a Cristóvão Colombo ao Novo Mundo que precipitou a negociação do Tratado de Tordesilhas, por desentendimento entre Dom João II e a Coroa espanhola. Existe apenas uma carta escrita pelo Rei para Colombo e já ele não vivia em Portugal.






Dom João II não tinha quaisquer dúvidas sobre como chegar à Índia.

Contrariamente ao que os Reis Católicos de Espanha pretendiam, o próprio Tratado de Tordesilhas alargou o espaço a nosso favor porque conhecíamos os mares
Pelo Tratado, o Mundo ficou dividido em duas áreas de exploração - terras descobertas e por descobrir- demarcadas por um meridiano entre as ilhas de Cabo Verde e as actuais Caraíbas (leste, para Portugal e oeste, para Espanha).
A importância desta “grande questão colonial” foi sempre uma razão pela qual se faziam revoluções e se lutava para ganhá-las.



O título atribuído a D. Manuel I - Rei de Portugal e dos Algarves (que vem de D. João III)de Aquém e Além-mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, reafirma essa ideia.


Convento-das-Bernardas




A Revolução de 1640 fez-se não só para expulsar Filipe III de Portugal mas também para recuperar os territórios por ele abandonados - uma parte do Brasil, Angola e S. Tomé que já estavam na posse dos holandeses.


                                                        
A Revolução de 1820 foi para expulsar o inglês William Beresford que comandava o exército português, colocando oficiais ingleses nos mais altos postos e substituir a Monarquia Absoluta pela Monarquia Constitucional, mas não só.
A Família Real, ao ir para o Brasil, onde permaneceu durante 14 anos, quando das Invasões Napoleónicas, fez com que a colónia fosse elevada à categoria de Reino. 
“Cerca de quinze mil pessoas, de todos os sexos e idades, abandonaram, naquele dia, as terras de Portugal"
"Foi uma das mais olímpicas demonstrações de falta de raízes e sentimentos nacionais - a grande aristocracia abandonava a terra pátria para melhor defender privilégios sociais e económicos"
A invasão do comércio inglês e as transacções comerciais feitas directamente com a Europa sem passar por Portugal, deram origem a um enorme deficit.



A Família foi obrigada a regressar a Portugal e o Brasil voltou a ser colónia, restabelecendo-se o anterior circuito comercial, embora durante pouco tempo - o Grito do Ipiranga levou o Brasil à independência.

A implantação da República em 5 de Outubro de 1910, resultou das dificuldades de governação da Monarquia Constitucional, mas também dum "problema colonial", relacionado com o Ultimatum Inglês de 1890 e o mapa cor-de-rosa.


Na Conferência de Berlim de 1884-85, Portugal apresentou um projecto de ligação entre Angola e Moçambique (o "mapa cor-de-rosa") - onde já mantinha presença militar- para haver uma comunicação entre as duas colónias e facilitar o comércio e o transporte de mercadorias.
Mas colidia com os interesses da Grã-Bretanha que tencionava ocupar todo o corredor situado entre o Cairo e o Cabo com a construção de um caminho-de-ferro e intimou Portugal a desocupar a região no espaço de 48 horas, declarando guerra se não o fizesse.

*
Para Dom Carlos a questão africana era uma razão de estado. Os acontecimentos desencadeados pelo ultimatum britânico de 11 de Janeiro de 1890 marcaram de forma indelével a evolução política portuguesa, dando início a uma sucessão de acontecimentos que desemboca no fim da monarquia constitucional e no reforço da consciência colectiva portuguesa de apego ao império colonial”uma forte reacção patriótica contra os Britânicos.

“O que devemos salientar neste período é o despertar de vontades das potências europeias, em especial a Inglaterra e a Alemanha, pelos territórios africanos portugueses. Havia uma clara vontade destas potências em tomar as nossas possessões vendo a crise política interna que grassava em Portugal e o reconhecimento da sua incapacidade em as administrar. 

No entanto, Portugal conseguiu manter os seus territórios até meados do século XX.

Uma questão desde logo se levanta: como é que Portugal, um pequeno país, à partida sem recursos capazes de competir com potências como a Inglaterra e a Alemanha, conseguiu manter as suas colónias ultramarinas durante um período tão alargado de tempo?”






Parte da resposta recai na hábil forma como a diplomacia portuguesa, com Luís de Soveral e o Rei Dom Carlos a serem preponderantes, soube relacionar-se com a Inglaterra, a antiga aliada e fiel da balança de poderes na Europa. Neste âmbito, podemos afirmar que “a história da política externa portuguesa, na segunda metade do século XIX e na primeira década do século XX, é essencialmente a história das relações luso-britânicas.



A Aliança Luso-Britânica é a mais antiga aliança diplomática do mundo, ainda em vigor. Foi assinada em 1373 - em plena Idade Média. O casamento de D. João I com Filipa de Lencastre marcou o início da aliança entre dois países


Outra parte da resposta, também importante, recai na forma como foram explorados alguns acontecimentos internacionais, como a guerra anglo-boer e a luta pela hegemonia europeia entre a Alemanha e a Inglaterra.”




*Tenente-Coronel Luís Fernando Machado Barroso
Revista Militar, Maio de 2008


Os partidários da República aproveitaram os acontecimentos e armaram Buiça para assassinar o Rei e o filho mais velho, Luís Filipe, no Terreiro do Paço. 
Dom Manuel ficou ferido e não resistiu à Revolta de 5 de Outubro de 1910, onde a Loja Maçónica Carbonária teve real influência.


Assassinato do Rei D. Carlos e do Príncipe Luís Filipe / Revolta de 5 de Outubro

Na Primeira Guerra Mundial, a Primeira República, durante o conflito, sempre defendeu os nossos territórios de África duma possível investida alemã


Afonso Costa foi à Conferência de Versailles, depois do final da guerra, exigir o pagamento de indemnizações de guerra à Alemanha, fazendo menção à nossa presença em La Lys e à defesa das colónias portuguesas.

Houve um deputado que fez a proposta da venda de Angola, mas foi rejeitada.




Na Segunda Guerra Mundial, Salazar consegue manter Portugal na “neutralidade colaborante” ou de “aliado não activo quanto ao território metropolitano.


Impede que a Espanha se alinhe aos países do Eixo, o que colocaria a Península Ibérica no centro do conflito. 
Quanto aos Açores e à Madeira, ambos pretendidos pelos ingleses e americanos devido à sua importância estratégica, a diplomacia portuguesa tentou dificultar as operações até adivinhar a derrota alemã. Por acordo secreto, são concedidas facilidades às tropas inglesas e aos americanos pede-se, em troca, a recuperação de Timor-Leste que, entretanto, tinha sido ocupado por australianos e a seguir por japoneses.

E o "império colonial" foi mantido.

Portugal recusou a independência das suas colónias / Províncias Ultramarinas / Estados, dentro do princípio do seu "DESÍGNIO NACIONAL", defendido desde o reinado de Dom João II.

Mas preservar as colónias não seria fácil, após o final da II Guerra Mundial, porque foi ela, sem dúvida, que acabou por criar condições especificamente vantajosas para o crescimento dos sentimentos nacionalistas e para o questionar sobre as situações de dependência.



E o "grande desígnio nacional" termina da pior maneira, com um processo de descolonização de traição à Pátria e aos Povos descolonizados - "uma tragédia", terá dito Melo Antunes algumas horas antes de morrer. 





Imagens e investigação Google

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