Número total de visualizações de páginas

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

ROBIN DOS BOSQUES, PROCURA-SE


PASSOS COELHO - PC (durante um jantar de campanha do PSD para as eleições autárquicas, em Alcanena):


- "Algum dos senhores em Portugal, nesta sala ou em qualquer outra, desejaria que esse fosse o nosso resultado, o de ter de pedir novamente ajuda externa"?
"Eu não acredito, e não acredito porque as pessoas sabem que, se isso acontecesse, ninguém nos emprestaria dinheiro se nós não cumpríssemos aquilo a que já nos comprometemos"

Mas que conversa tão confusa! 

Todos sabemos que, apesar de se cumprir aquilo (quantas vezes mais?) porque ninguém quer ficar mal na fotografia, haverá uma nova ajuda externa...

PC - "As pessoas cá dentro começam a perceber que finalmente a nossa economia vai melhorar, mas fora começa a haver duvidas sobre se nós conseguiremos fechar este processo de programa de ajustamento".

É... Eu estou cá dentro e ainda não comecei a perceber coisa nenhuma.
Quanto às dúvidas de fora acho que são legítimas e há quem confirme 

WOLFGANG MÜNCHAU (colunista do "Financial Times" e fundador da Eurointelligence

"Portugal precisa de uma redução da dívida, de um perdão parcial da dívida. 
Com um crescimento anual de 8% a 10%, ao longo de um período de 10 a 15 anos, é possível pagar a dívida... Mas isto não vai acontecer a Portugal. Portugal conseguirá num cenário optimista, uns 2% que não será suficiente
- ” Começa a ser cada vez mais difícil a Portugal pagar a sua dívida. Mesmo um segundo resgate não iria ajudar. Um resgate não é mais do que um crédito, não reduz a dívida, a única coisa que faz é adiar o problema. Pode aliviar no curto prazo, mas não resolve nada numa perspectiva de longo prazo"

PC - "Há ainda alguns riscos associados a medidas que constam do nosso contrato com quem nos deu o dinheiro. Quando fazemos um contrato devemos cumpri-lo. Compromete-mo-nos a fazer uma série de medidas e temos de as fazer. A dúvida sobre se é possível ou não cumprir com essas medidas pode determinar a nossa sorte hoje".

Pois, quanto às medidas já ninguém tem dúvidas porque serão sempre as mesmas... - cortes nas pensões pagas pela Caixa Geral de Aposentações, apontadas como essenciais "para que os parceiros internacionais de Portugal acreditem no cumprimento do Programa de Assistência Económica e Financeira assinado em 2011".

Mas "contrato com quem nos deu o dinheiro"?! 
"Nos", que são quem?
"Nos", os que usufruímos do saque das medidas... porque o Governo recusa-se a taxar o grande capital impondo simultaneamente ao povo uma carga fiscal cujos destinatários são também os grupos financeiros e económicos! ("nos")
Para Passos Coelho os fins justificam os meios, a palavra em política tem um valor relativo, a dignidade e os princípios são uma anedota, a sua vida é orientada em função do poder, curvado pelo dinheiro e enredado numa teia complexa de interesses, servindo-se com prazer dos que o não têm.
Segue a política monetária dos grupos económicos sem escrúpulos, cada vez com mais tentáculos !



STANLEY DRUCKENMILLER ( multimilionário) -"Federal Reserve está não só a inflacionar os mercados mas também a deslocar os bens da classe média e dos pobres para os ricos.
Atrasar o aperto da política monetária (por decisão surpreendente do Fed), é fantástico para cada pessoa rica", disse!






Contra tanto sadismo, só um verdadeiro ROBIN dos BOSQUES, ajudado por homens tipo "João Pequeno" e "Frei Tuck", que lidere uma oposição contra as injustiças, a ganância e a petulância dos ricos poderá virar as páginas da História, ajudando os despojados a readquirir regalias perdidas e as " terras que o Príncipe João está a taxar".


"Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas pensionistas, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!…
Porque padecem assim?!…" 



São os pensionistas que injectam capital público no Banif, indemnizam os cinco ex-administradores do BPN absolvidos porque «a acção foi intentada no tribunal errado», repoem o que se perdeu nos contratos financeiros de alto risco assinados por administradores de empresas públicas, ajudam as privatizações das "empresas públicas que funcionam mal e dão prejuízo”, etc., etc. e JP Morgan, principal beneficiada pelos contratos swap feitos pelas empresas públicas portuguesas, um dos maiores criadores de derivativos de crédito, ainda será brindada com a privatização dos CTT?

Porque negoceia a PARPÚBLICA  o que quer, da forma que entende, sem incorrer em qualquer ilícito e regista um resultado consolidado negativo de 75,7 milhões de euros no primeiro semestre do ano, segundo um comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM)?


Wolfgang Münchau disse ainda, quando interrogado durante a Conferência "Portugal Europeu. E agora?:
 " Portugal não vai lá sem um perdão de dívida. E sugere que Lisboa diga aos parceiros europeus que se não houver perdão, o país terá mesmo de sair do Euro.
Pare este especialista, a "permanência de Portugal no Euro deve mesmo ser utilizada como uma estratégia negocial perante os parceiros europeus.

Imagens Gopgle

sábado, 21 de setembro de 2013

AS ÁRVORES TAMBÉM DESISTEM


Na planície, floresta ou monte
Cada árvore tem seu horizonte.
Elas murmuram, cantam e gemem
Na solidão rude que não temem.
Umas erguem os braços pró céu
Outras desenham no chão um véu.


Reverentes, inclinam-se ao vento
Quando passa turbulento
E vigiam, quais sentinelas
Amores de aves tagarelas.
A sombra, o sol vai levar  
Prá mudar, tranquilo, de lugar 


Árvores de fruto, a quantas subi
Sem as cores ou asas do colibri
Pra provar, entre galhos abrigada,
Quanta não consolidada…
E roçando ousadia novamente,
Os troncos descia, lentamente


De cor verde, a ameixa e o abrunho
Já nas ­quentes tardes de Junho
Se exibiam na Ferreirinha
pêra-rocha, o pinhão na pinha
O pêssego de roer de polpa amarela
E a azeitona, em que courela?

                    Mapa da maçã Bravo de Esmolfe


A Bravo de Esmolfe, única no mundo
Fruto da Beira Alta oriundo
Singular, maçã minha favorita
Aromática, doce e bonita
Para a comiscar, o guloso
Era nos Caminhos do Rochoso


Ah! As cerejas de Maio a Julho
Do Caminho do Moinho o orgulho
Brancas, carnudas, resistentes.
No Frei Miguel as pretas excelentes
E as vermelhas do Espadanal, brilhantes
Furtadas eram pelos pardais vagantes


Em Agosto/Setembro no Rebolal  
Abanada parecia por vendaval
A figueira quede figos carregada
Destilando uma gota açucarada
Pelos pedúnculos, na extremidade,
Ao chão largava sem dignidade


Tantas velhas árvores na memória
Pra contar a sua história!
O salgueiro de galhos cambados
Os freixos nos lameiros, radicados
O marmeleiro, pró poço mirando
O choupo, as mágoas lembrando


Bem cheio de ouriços, o castanheiro
Junto das veigas, o viscoso amieiro
De fruto acidado, uma ginjeira
Frente à janela, a solene nogueira
Árvores, muitas árvores, nuas ou não
Entre fetos e amoras em profusão


 

Profusão, característica do expressionismo de Paul Cézanne - cores resplandecentes, fundidas, separadas, dinamismo improvisado…



Hoje, as árvores todas mortas
Vazias e tristes sem hortas
Não procriam pra Bonnard
Nem Primaveram pra Picart.
São, despidas assim, o prazer-rei
Das lentes corneanas de Kevin Day

Imagens Google

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

PAPA FRANCISCO DENUNCIA




«Talvez poucas pessoas saibam que a fábrica de armas Pietro Beretta Ltda. (a maior indústria de armas no mundo) é controlada pela Holding SpA Beretta e que o acionista maioritário da Holding SpA Beretta, depois de Gussalli Ugo Beretta, é o Instituto para Obras de Religião (IOR), comumente conhecido como Banco do Vaticano, instituição privada, fundada em 1942 pelo Papa Pio 12 e com sede na Cidade do Vaticano.»



Estima-se que o Estado do Vaticano, o menor Estado do mundo em tamanho e um dos menores em população, seja o dono de cerca de 20% a 30% dos imóveis da Itália, incluindo igrejas, escolas, hospitais, clínicas e até hotéis.



«Hablamos del dossier secreto elaborado por Ettore Gotti Tedeschi, el hombre que hasta su destitución fulminante el pasado 24 de mayo estuvo al frente del Instituto para las Obras Religión, el IOR, más conocido como el Banco Vaticano. El ya 'ex banquero de Dios' reunió toda esa pila de documentos comprometedores para que salieran a la luz en caso de que se cumplieran sus más funestos temores y fuera asesinado. Ahora esa montaña de papeles se encuentra en manos de la Justicia italiana. Y en la Santa Sede cunde el pánico.
(…)
Una referência que parece bastante clara a algunos depósitos en clave del Banco Vaticano, cuyos titulares podrían resultar ser importanets miembros del crimen organizado. "Es justo ese el motivo que explicaría los temores de Gotti Tedeschi por su vida", asegura el Corriere della Sera




«Ernst von Freyberg, o novo presidente do banco do Vaticano, tem ligações a fabricante de navios de guerra. A eleição vai contra a norma do Vaticano que, por tradição, não nomeia ninguém que tenha ligações a empresas de fabricação de armas ou contraceptivos. Frederico Lombardi, porta-voz do Vaticano,  reconheceu que a empresa está a fabricar quatro fragatas de navios de guerra mas salientou que, de futuro, a empresa vai dedicar-se à construção de navios cruzeiro»



PAPA DENUNCIA "GUERRAS COMERCIAIS" PARA VENDER ARMAS





Aos milhares de fiéis reunidos para a oração do Angelus, numa praça ainda mais cheia do que o habitual, Francisco pediu para que se empenham “na luta contra o mal”. “Isso implica dizer "não aos ódios fratricidas e às mentiras que os alimentam, dizer não à violência em todas as suas formas, dizer não à proliferação e ao comércio ilegal de armas.”

A pergunta do Papa Francisco sobre a pressão do lobby das armas é realista: qual é influência da indústria bélica nas decisões das nações?”

"A denúncia do Papa Francisco de uma guerra 'comercial' é tão veraz – explica Francisco Vignarca, coordenador da Rede Italiana para o Desarmamento – que hoje inclusive prevemos as guerras a partir de estudos dos fluxos do comércio das armas e dos gastos militares."
"A Síria, nos anos anteriores a 2011, antes que começasse a guerra civil, aumentou sua importação de armas, inclusive as produzidas na Itália, em 580%, ou seja, quase seis vezes. Negar o vínculo entre este comércio de armas nalguns lugares do mundo e a explosão dos conflitos é negar a evidência".





Escândalos no Banco Vaticano: COMEÇAM AS REFORMAS DE FRANCISCO


“Depois da nomeação de uma Comissão de Cardeais para ajudar na reforma da Cúria, mudanças no Banco Vaticano levam às demissões de seus principais directores”, três dias após a detenção do padre Nunzio Scarano, ex-funcionário do banco, por envolvimento num escândalo de tráfico de divisas.

Paolo Cipriani e Massimo Tulli entregaram os seus cargos no Instituto de Obras da Religião (IOR) três dias após a prisão de Nunzio Scarano



O Vaticano é financiado por investimentos, aluguer de imóveis e doações. A coleta anual nas dioceses e as doações diretas vão para um fundo usado pelo papa para caridade, desastres e ajuda a igrejas nos países em desenvolvimento
O orçamento do Estado da cidade do Vaticano inclui a receita dos museus, correio e venda de lembranças.
A opulência actual teve início no século 4 da era cristã, quando o imperador Constantino se converteu ao cristianismo e deu uma enorme fortuna ao então Papa Silvestre.
Mais tarde, Mussolini, ao assinar o Tratado de Latrão entre o Reino da Itália e a Santa Sé, pôs fim à chamada "Fronteira Ferroviária" com total soberania da Santa Sé no Estado do Vaticano, predominância da religião católica no Estado italiano e liquidação definitiva das reivindicações da Santa Sé por perdas territoriais e de propriedade.
A concordata de 1933 estabelece os direitos sobre a liberdade religiosa católica entre a Santa Sé e a Alemanha e também aí, o Vaticano, uma vez mais demonstrou sua capacidade de estabelecer negócios lucrativos. A iniciativa da encíclica “Com preocupação ardente” partiu, ao contrário do que se sabe, dos bispos alemães e  o primeiro rascunho foi escrito em Roma pelo Cardeal Eugénio Pacelli, futuro papa Pio XII.
Apesar da constante e grande pressão mundial, o papa Pio XII nunca quis excomungar Hitler e Mussolini tendo o seu pontificado sido caracterizado pela adopção de uma falsa postura de neutralidade. Quando os nazistas invadiram a Polónia, o Papa Pio XII recusou-se a condenar a invasão e o Vaticano obteria uma das maiores vantagens do acordo que mantinha com Hitler - a confirmação de um imposto que ainda hoje os fiéis alemães devem pagar (a não ser que renunciem à sua religião) e que representa entre 8 e 10% dos impostos totais recebidos pelo governo alemão.


Fontes:


Imagens Google

sábado, 14 de setembro de 2013

MORFEMA "DES"


Globalização

O morfema “des é, quanto a mim, o afixo anteposto à base das palavras que melhor se encaixa no dicionário do mundo globalizado onde os países são dependentes uns dos outros e os governos nacionais não conseguem resolver individualmente os seus principais problemas económicos, sociais ou ambientais.


A influência económica está nas mãos dos países que representam as sete maiores economias do mundo e que lideram o mercado internacional através das suas grandes empresas transaccionais.

O Estado português tem hoje uma população submetida a um poder central escravo da UE, um espaço geográfico (território) sujeito ao que outros mais poderosos acham que deve ser feito e uma soberania inexistente, sem poder (nem querer) para produzir, executar e julgar as normas emanadas por ele mesmo sobre quem esteja sob seu território.


RELATÓRIO DA ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL Oxfam, alerta a Europa para os perigos do caminho da austeridade e cita PORTUGAL como exemplo de um país onde os cortes estão a travar o crescimento e a trazer mais pobreza.


Comparação das médias de rendimento dos 20% mais ricos com os 20% mais pobres (Wilkinson & Pickett, The Spirit Level

Sobre Portugal é ainda dito que entre 2010 e 2011 a desigualdade nos rendimentos tem beneficiado as “elites económicas”, dando-se como exemplo o crescimento do mercado de "bens de luxo" e que, "após as crises financeiras em geral os mais ricos vêem os seus rendimentos crescer 10% enquanto os mais pobres os perdem na mesma proporção".

Que “os nossos líderes estão a ignorar as consequências das medidas de austeridade”, voltando a citar casos em que houve cortes ou privatizações na saúde e na educação e em que a consequência foi um fosso entre pobres e ricos”.
O capitalismo através da competitividade domina a acção do homem, duma maneira geral (utilizada pelos politicos portugueses até à exaustão!)  desvaloriza a solidariedade e a comunidade


A SITUAÇÃO POLÍTICA ESTÁ EM CONSTANTE DESCRÉDITO e o
DESCONTENTAMENTO em "estado de sitio".


Desviar, descapitalizar, desfalcar, descaracterizar, destituir, descascar, desfazer, desapossar, despojar, desproteger, desabrigar, despir, é o que os nossos (des) governantes se divertem a fazer com sadismo, desfaçatez, descaramento e desaforo.

Desconfiança, desarmonia, desapontamento, descrença, desmotivação, desalento, desemprego, despedimentos, desproporção, desunião, desânimo, desolação, despeito, desilusão, são conjuntos de circunstâncias com que desafiam o desequilíbrio do nosso modo de vida

Desconsideração, desrespeito, destruição, desdém, despotismo, desigualdade, desumanidade, despudor, descriminação, são alguns dos mimos desagradáveis com que somos desferidos.



PARLAMENTO 



«Deputado Castelo Branco quer ir para o Parlamento.

O ‘rei’ dos reality show José Castelo Branco encontrou-se com o presidente da Câmara de Tondela, a quem confessou o seu desejo de ser deputado na Assembleia da República para dar "rigor" à política, segundo um vídeo do Jornal de Notícias»
-  "Eu digo-lhe uma coisa. Eu acho que é preciso uma pessoa como eu para pôr aquela assembleia a rigor”, afirmou o marchand de arte a Carlos Marta.
“Aquilo é uma vergonha. Eles é: venha a nós o vosso reino, venha a nós o vosso reino, venha a nós o vosso reino”.

Após o encontro, já nas despedidas, foi o próprio autarca que tomou a iniciativa de dizer adeus ao marchand com dois beijinhos e com uma sugestão para o jantar.”



ELEIÇÕES 



Manuel Monteiro, fundador do Partido Nova Democracia:
“Pela primeira vez na minha vida, desde os 18 anos, não vou votar”. E porquê? “Deixei de acreditar nas revoluções de sangue. Lutei para que as pessoas votassem e não se abstivessem, mas comecei a acreditar que a mudança do sistema só é viável, ou por uma profunda vaga de abstenção ou por uma revolução pacífica

João carvalho, jornalista:
“De todas as atitudes eleitorais, a que me parece mais benéfica para o povo é a abstenção, já que tal como o branco e nulo, não produz qualquer impacto, mas pelo menos poupamos o dinheiro das subvenções, poupamos gasolina e tempo, ficando em casa, e não pactuamos com o regime instalado, de votos ditatoriais.

Liev Tolstoi:
«Para se livrar dos governos não é necessário lutar contra eles pelas formas exteriores, é preciso unicamente não participar em nada, basta não sustentá-los e então cairão aniquilados.»


PCP e PSD
BE

Um jornalista do CM passou uma tarde no bar da ARrodeado das deputadas Rita Rato (PCP), Francisca Almeida (PSD), Ana Drago Marisa Matias (BE).
O jornalista gastou 13,30 € num pequeno-almoço, almoço de marisco com entradas de queijo da serra, presunto e caviar, vinho do Palácio da Bacalhoa, e, pelo meio, alternadamente, whisky, vodka e gim, rematando com champanhe Krug.
Segundo um outro colega, "obviamente, saiu com uma piela de caixão à cova, mas que foi barato, lá isso foi…"

Tal e qual... Todos os poleiros, da esquerda à direita, desancando nos desvalidos.

DES+agrado =  ABSTENÇÃO
E, pela primeira vez, será também a marca do meu protesto.

Imagens Google

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

SETEMBRO COM COGUMELOS


O mês de Setembro é, para muitas pessoas, o recomeço das rotinas pós- férias. Há mudança das prateleiras nas lojas (com blazers, sempre meus favoritos). Recolhe-se lenha e pinhas para a lareira. Fazem-se as vindimas. Aparecem as primeiras castanhas. Aproximam-se os cheiros do Outono.
Setembro, ou seca as fontes ou leva as pontes”; “Chuvas verdadeiras em Setembro as primeiras


Mas Setembro é também mês de cogumelos, designação dada às frutificações de alguns fungos em grande variedade de formas, cores, texturas, odores e sabores, umas comestíveis e outras venenosas.

Os fungos, ao contrário das plantas que são capazes de produzir o seu próprio alimento através da fotossíntese, são desprovidos de clorofila e não executam qualquer processo químico para sintetizar matéria orgânica - precisam de o obter no meio onde vivem.
Vivem em simbiose com plantas vivas, cedendo minerais a umas e transformando em húmus a folhagem de outras que, por sua vez, serve de nutrição às duas partes.

Algumas destas espécies são colhidas no seu estado silvestre e durante a época de frutificação podem ser compradas frescas nos mercados.
Os corpos frutíferos têm estruturas suficientemente grandes para serem vistos a olho nu - pertencem aos macro fungos. Podem surgir tanto sob o solo como acima dele.

Ex. de cogumelos venenosos e lista dos cogumelos comestíveis

Segundo algumas opiniões, apenas 10% de todos os cogumelos serão comestíveis e parte dos muitos consumidos são cultivados e comercializados.

Em Portugal, os cogumelos comestíveis mais comuns, normalmente colhidos no estado silvestre, são:



Pinheiras ou sanchas - ("Lactarius deliciosus" ) - Aparecem no Outono em pinhais. Fritos ou guisados, são uma das espécies comestíveis mais apreciadas. Dão uma coloração alaranjada à urina mas sem qualquer perigo para a saúde.


Pantorras ( "Morchella esculenta") Vêm com a Primavera, entre Março e Abril, em solos húmidos e ricos em húmus. São apreciados com ovos mexidos.


Cèpe-de-Bordéus  ( "Boletus edulis")- Há muitas espécies de boletos mas estes são os mais saborosos (também os há tóxicos). Entre Setembro e Novembro, surgem em bosques e pinhais, sob o coberto dos soutos associados à sua folhagem em decomposição e nos terrenos de giestas. A Norte do distrito de Viseu, atingem com facilidade os 25 cm de altura mas associados aos castanheiros. O pé tem a forma de um taco, coberto de finas reticulações brancas.
Apreciados pelo seu sabor um pouco por todo o mundo, podem ser encontrados em vários pratos culinários. Salteados em azeite e alho são uma especialidade.


Cantarelos  ("Cantharellus cibarius")  - São comuns em bosques de coníferas, também conhecidos por “rapazinhos”, nalgumas regiões. Podem ser cozinhados de várias formas e há quem os aprecie como sobremesa.
Não deverão ser confundidos com o Omphalotus olearius, o Paxillus involutus ou o Hygrophoropsis aurantiaca


Frades ou roques ("Macrolepiota procera")  - Aparecem nos lugares mais diversos a partir dos fins do Verão até ao Outono, desde o Alentejo a Trás-os-Montes, quer junto de giestas e tojos quer no meio das vinhas e soutos.
O pé atinge com frequência os 40 cm; é o maior dos cogumelos comestíveis e, talvez pela sua abundância e fácil reconhecimento, faz com que muitas pessoas menos conhecedoras ou mais desconfiadas, recolham apenas esta única espécie. Assados só com sal, são deliciosos.



Canários, míscaros-amarelos ou cogumelo-dos-cavaleiros ("Tricholoma equestre") - Micorrizam com pinheiros, sobretudo em terrenos silicosos e podem ser colhidos durante o Outono e Inverno.
Esta espécie foi bastante apreciada e considerada como uma das mais saborosas, tendo sido vendida nos mercados de toda a Europa durante muitos anos. Mas a partir de certa altura através de estudos feitos em vários países verificou-se que tem uma toxina que se vai acumulando no organismo e comida em demasia pode provocar a paralisia dos músculos (também do coração) pelo que passaram a ser considerados tóxicos.
Dado que nunca se sabe qual vai ser a reacção de determinado organismo perante a ingestão, ainda que em pequenas quantidades, o mais seguro é não comer esta espécie.

Há, no entanto, pessoas que nunca deixaram de os comer desde criança…



Cogumelo-dos-césareslaranjinhas, absós (Amanita caesarea- Foi um dos cogumelos favoritos dos imperadores romanos e, na opinião de alguns, o melhor.


Geralmente, nesta época, após as primeiras chuvas (que ainda não vieram), os cogumelos silvestres começam a encontrar-se um pouco por todo o lado nos pinhais,  lameiros,  florestas e soutos.  A terra húmida, coberta por mantos de folhas que alimentam os solos, são os ingredientes essenciais para que os cogumelos das mais diversas variedades cresçam e se desenvolvam.

Também eles fizeram parte dos meus sempre deliciosos e desejados manjares de há muitos anos. 
Mas sei apenas que eram chamados "Miscaros" -"Miscaros à Beira Alta"

- Mãe, o António está a chegar com uma cesta cheia de míscaros!
(E a salivação começava a "mastigar" o pitéu que nos esperava..)
Antigamente, em tempos de crise económica, esta dádiva da natureza constituía um valioso suplemento alimentar para as populações. Chamava-se também “carne dos pobres”, devido ao seu aspecto e sabor.  
- São tantos e depois de cozinhados parecem tão poucos!…


A Mãe fazia-os quase sempre guisados, com arroz malandro ou fritos.
Penso que seria assim:

Ingredientes - Míscaros, azeite, cebola, alho, louro, malagueta, vinho branco, salsa/coentros, arroz, sal (nas quantidades adequadas)
Preparação - Lavar os míscaros de modo que a última água fique sem qualquer vestígio de areia ou terra. Escorrer e cortar ao meio

Arroz com eles - Fazer o refogado em azeite com a cebola picada e o alho. Juntar os cogumelos cortados e 1 folha de louro. Refrescar ainda com um pouco de vinho branco e deixar apurar apenas uns momentos com o recipiente tapado. Adicionar água (pouca porque os próprios cogumelos vão largar a água deles) e deixar cozer.
Depois de verificar se estão mais ou menos cozidos, juntar o arroz e deixar cozer. Servir com o arroz a "correr".

Para fritar - Deitar numa frigideira um fio de azeite, alhos esmagados a murro, tiras de presunto com bastante gordura, malagueta (opcional) e coentros, Esperar um pouco até ficar dourado. Juntar os míscaros partidos ao meio, temperar com sal e malagueta . Deixar estufar lentamente até ficarem escuros mas não secos
Acompanhar com batatas cozidas.

Tudo desaparecia num ápice! Ficava o sabor e o apetite para outros "regalos"... se o António os voltasse a apanhar (geralmente quando estava com mais fome). 
Vivia sozinho e não cozinhava.


Tinha experiência para saber distinguir os míscaros certos - não muito velhos nem muito pequenos, não mordidos, não arrancados do chão ou venenosos.

Sabia onde encontrá-los e como os apanhar.


Levava uma cesta de vime para os transportar arejados e bem acomodados, uma navalha bem afiada e um pau para remexer os montinhos de terra e a caruma.
Introduzia a navalha na terra de forma diagonal e empurrava o fungo para fora a fim de sair inteiro, tapando o buraco de seguida.

Trazia quase sempre míscaros completamente amarelos desde a parte superior do chapéu, parte inferior e caule porque, dizia ele, são os mais fáceis de identificar.


Como gostava de nos surpreender, ia apanhá-los sozinho.
E quando aparecia com a cesta, no habitualmente rosto inexpressivo rasgava-se um ténue sorriso perante a nossa saltitante reacção de contentamento.



Pedacinho da casa onde viveu



Imagens Google