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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

AS PRIMEIRAS-DAMAS DE PORTUGAL - 5



Elzira Dantas Gonçalves Pereira Machado
3ª Primeira-Dama de Portugal

Nasceu a 15 de Dezembro de 1865 no Rio de Janeiro.
É filha única do primeiro casamento do conselheiro Miguel Dantas Gonçalves Pereira, um alto burguês de Paredes de Coura, e de de Bernardina da Silva, cidadã brasileira que conheceu durante o tempo em que esteve emigrado no Brasil, onde fez fortuna.

Após a morte da mãe, aos seis anos, Elzira Dantas Machado veio para Portugal com o pai.
Foi criada num ambiente abastado e culto. O pai sempre se preocupou com a educação da filha, desde a escolha de preceptoras estrangeiras até à previsão de um possível internato em colégio suíço, caso morresse antes de Elzira completar os 12 anos.



Casou no Porto, em 1882, com Bernardino Luís Machado Guimarães, filho de António Luís Machado Guimarães, primeiro barão de Joane, capitalista estabelecido no Brasil e de sua segunda mulher, Praxedes de Sousa Guimarães. 
Eleito deputado Regenerador pelo círculo de Lamego em 1882, aderiu ao Partido Republicano em1903.

Foi Presidente da República por duas vezes:
- De 6 de Agosto de 1915 a 5 de Dezembro de 1917 ( destituído por Sidónio Pais que, à frente de uma junta militar, dissolve o Congresso e obriga-o a abandonar o país) 
-  No ano de 1925 (afastado novamente ao fim de um ano pela revolução militar de 28 de Maio de 1926 que o fez regressar ao exílio).


Elzira foi, portanto, duas vezes Primeira-Dama

1ª Fila - Miguel, Maria, Joaquina, Rita. António; 2ª fila - Domingos, Manuela, Avó Elzira, Avô Bernardino, Bernardino; 3ª fila - Joana, Jerónima, Bento, Elzira, Inácio; A recém-nascida é Sofia

Teve 18 (ou 19 ?) filhos, três dos quais falecidos quando crianças e uma outra com 29 anos.


        Seis netos no rio Coura - da esquerda para a direita. - Bernardino, Manuel, José. Augusto, Hilda e Maria Dulce

Grande colaboradora na vida profissional e política do marido, acompanha-o nos dois exílios, de 1917 a 1919 e de 1926 a 1940, dois anos antes da sua morte. 

Enquanto lá esteve, Eliza foi escrevendo em La Guardia (1934), o livro "Contos: para os meus netos", Famalicão, 1938



Apesar de ter sido educada apenas para ser esposa e mãe como as jovens da sua época, Elzira, a par da gestão da herança familiar, envolve-se desde muito cedo no movimento pela emancipação da mulher, colaborando em várias organizações.

O casamento com Bernardino Machado aos 17 anos permitiu-lhe conhecer algumas das mais destacadas figuras da política e feministas.

Foi uma das fundadoras da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, uma organização política e feminista (1909-1919).


Dois anos mais tarde dedica-se ao projecto da Associação de Propaganda Feminista - coletividade que nasceu por divergências surgidas na Liga- fundada em 1911 e da qual se torna presidente em 1916.


Elzira e a filha, Rita Dantas Machado que foi, entre 1909 e 1911, uma das principais activistas das Associações Femininas - Liga Republicana das Mulheres Portuguesas e Associação de Propaganda Feminista 

Com o eclodir da I Guerra Mundial e a participação de Portugal no conflito, presidiu à criação da Cruzada das Mulheres Portuguesas, movimento de beneficência feminino (1916 -1938) por iniciativa de um grupo de mulheres, com o objectivo de prestar assistência moral e material aos que dela necessitassem (soldados e famílias); apoiou activamente o Corpo Expedicionário Português em França assim como as filhas Rita, Maria e Joaquina.

 Sentadas:  Ao centro, Elzira Dantas Machado que presidia à Cruzada. No extemo direito, Joaquina Dantas Machado e no extremo esquerdo, em  pé, Maria Dantas Machado


Elzira e as filhas, Maria e Jerónima Dantas Machado, com uniforme de enfermeiras de campanha

O trabalho que estava a desenvolver foi interrompido em 1917, na sequência do golpe sidonista. 
O casal e os 19 filhos exilaram-se em Paris


Apesar das circunstâncias, em 1919, Sidónio Pais decidiu condecorá-la com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo  conceder à Cruzada das Mulheres Portuguesas a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito 

Com exílio tão prolongado, renunciou ao cargo de presidente da CMP, em 1923. Contudo, foi nomeada presidente honorária em assembleia-geral.





A sua filha Jerónima Dantas Machado casa em Paris (1929), com Aquilino Gomes Ribeiro, filho natural de Joaquim Francisco Ribeiro, um sacerdote, e de Mariana do Rosário Gomes. 
Escritor e diplomata, considerado como um dos grandes portugueses romancistas, da primeira metade do século XX, foi nomeado para o Prémio Nobel da Literatura em 1960.
O segundo filho, Aquilino Ribeiro Machado foi o 60.º Presidente da Câmara Municipal de Lisboa (1977-1979).


- Bernardino Machado no exílio, em Beyris (1930) , com a mulher, os filhos Jerónima Rosa e Bento Luís, e o genro Aquilino Ribeiro

-Aquilino Ribeiro (tela) e Aquilino Ribeiro Machado 




Quando o casal regressou a Portugal,  passou a residir no Palacete de Mantelães em Formariz, residência mandada construir pelo Conselheiro Miguel Dantas, até Março de 1942.


Elzira morre a 21 de Abril desse mesmo ano, no Hospital da Ordem Terceira de S. Francisco, no Porto. E a 29 Abril de 1944 morre Bernardino Machado.

Diz, quem os conheceu, que foram sempre muito amigos. 
Rorigo - Calendário, em Vila Nova de Famalicão, foi outro local que partilharam acompanhados pelos seus filhos.


Imagens Google

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