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sexta-feira, 27 de março de 2015

AS PRIMEIRAS-DAMAS DE PORTUGAL - 8



Maria Joana Morais Perdigão Queiroga de Almeida
6ª Primeira-Dama de Portugal

Nasceu no Redondo em 9 de Março de 1885.
Era filha de Joaquim José Perdigão Queiroga,* um abastado agricultor alentejano, republicano, e de Maria Cândida de Morais Queiroga.
Teve quatro irmãos mais novos (Antónia, Maria José, Catarina e José Manuel Nobre Perdigão Queiroga), filhos do segundo casamento do pai com Mariana Nobre.
 


José Manuel Nobre Perdigão Queiroga, cineasta, estudou técnica cinematográfica, especializando-se nos campos da fotografia e da montagem.






Casou com António José de Almeida, natural de Vale da Vinha, Concelho de Penacova, filho de uma família modesta de lavradores, 19 anos mais velho, a 14 de Dezembro de 1910, na Administração  do 1º Bairro de Lisboa. 
Foi um casamento civil, de acordo com as convicções de António José de Almeida, cristão mas não católico.
Teve como testemunhas Francisco António de Almeida, Juiz da Relação de Lisboa, irmão de António José de Almeida e Manuel de Arriaga, Procurador-Geral da República.

António José de Almeida na casa onde nasceu (actualmente em ruinas)

Maria Joana, que vivia em Évora, conheceu o seu futuro marido, médico e político, em 1902 num comício realizado no Alentejo.
Namoraram durante nove anos.

Ficaram a morar na rua de S. Gens, uma pequena casa habitada por António José de Almeida, enquanto solteiro.

Do casamento nasceu, em 27 de Dezembro de 1911, a sua única filha, Maria Teresa Queiroga de Almeida que casou com o médico Júlio Gomes da Cunha de Abreu e teve três filhos:
- António José D'Almeida de Abreu (11-03-1943)
- Maria Manuela D'Almeida de Abreu (05-08-1944)
- Maria Teresa D'Almeida de Abreu (18-04-1946), casada com José Esaguy Onofre.
Nenhum dos filhos seguiu a carreira política, optando pela carreira médica.

Em 1916, participa nas actividades da Cruzada das Mulheres Portuguesas, presidindo à Comissão de Assistência às Mulheres e Mães dos Mobilizados.


Em Outubro de 1919, o marido assume as funções de 6º Presidente da República.

Maria Joana de Morais Perdigão Queiroga de Almeida, torna-se Primeira-Dama  (5 de Outubro de 1919 a 5 de Outubro de 1923).

Habitaram no histórico palacete, nº 114, da Av. António Augusto de Aguiar, hoje substituído por um edifício de vários andares.

Como António José de Almeida sofria de gota, costumavam passar férias em estâncias termais no norte do país ou numa casa alugada, perto da Parede. 

Foi o único presidente da Primeira República Portuguesa a cumprir o mandato de 4 anos, assim como a reiniciar a presidência civil.
O período, marcado por uma grande crise social e política, registou várias alterações da ordem pública, sendo de destacar a “Noite Sangrenta” de 18 para 19 de Outubro de1921, cujos motivos nunca foram inteiramente esclarecidos. Sabe-se que um grupo de marinheiros amotinados atravessou Lisboa e assassinou várias personalidades - o Chefe do Governo António Granjo, o contra-almirante Machado Santos e Carlos Maia, entre outros.

Espingarda usada como defesa na noite de 19 de Outubro de 1921

Quando a GNR telefonou a avisar do perigo, António José de Almeida estava em casa a convalescer da sua doença crónica. Maria Joana pegou numa caçadeira que guardava desde o tempo em que participava nas caçadas à raposa e, do 1º andar do palacete em que viviam, faz pontaria para a rua.

A presença da Primeira-Dama em cerimónias oficiais, foi irrelevante. Aconteceu em Novembro de 1920, durante a visita do rei Leopoldo da Bélgica. 
Terá ido com o Presidente na visita oficial ao Brasil, para participar no Centenário da Independência?
Em 1923 dirige a Comissão Organizadora da Festa da Flor para angariação de fundos para a Cruz Vermelha. E é agraciada com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo
Em Maio de 1928 ainda participa no movimento nacional de apoio às famílias dos presos, deportados e exilados, presidindo à respectiva Comissão de Honra.

Maria Joana com o marido e filha

A 31 de Outubro de 1929, com 64 anos, António José de Almeida morre de gota, na rua Ressano Garcia. 
Maria Joana fica viúva aos 44 anos.  
Passa o tempo dedicando-se à família, especialmente aos netos.

Alguns amigos reuniram os principais artigos e discursos do Presidente em três volumes, intitulados “Quarenta anos de vida literária e política” e a obra foi publicada a título póstumo, em 1934. 
Ergueram-lhe ainda uma estátua em Lisboa na Praça homónima, da autoria do escultor Leopoldo de Almeida e do arquitecto Pardal Monteiro.

Maria Joana morreu em 1965, na rua Ressano Garcia, de acidente vascular cerebral

Maria Joana e a filha, no acto da inauguração

*Joaquim José Perdigão Queiroga foi proprietário da Quinta das Ferrenhas, perto do Freixo, uma pequena aldeia pertencente à comunidade do Redondo.
Pessoa de grande iniciativa, introduziu tecnologias modernas nas suas propriedades e dedicou-se a várias invenções, ainda hoje utilizadas na indústria e na agricultura.
Dentro dos terrenos da Herdade existe um edifício que funcionou como escola privada, hoje desactivada, e que em tempos foi frequentada pelas crianças dos “Montes” mais próximos.
Em meados do século passado viviam ali cerca até 50 pessoas.
Maria Teresa Queiroga de Almeida, a única herdeira, vendeu a casa e a quinta a Pepe Duque Ferrão e família Tavares, em 1986.

Quinta das Ferrenhas

Presentemente pertence ao casal Rung depois de ter conseguido desanexar uma enorme área envolvente de sobreiros antes de a ter adquirido.

Adenda: Para os interessados, acrescento uma das fontes de pesquisa - um curioso documento com fotos, em pdf.

https://www.siteadvisor.com/sites/http%3A//www.ferrenhas.com/html/documentferrao.pdf?
http://www.ferrenhas.com/html/documentFerrao.pdf


Imagens Google

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