Número total de visualizações de páginas

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

"O OLHO" CHEIO




Ver e sentir o silêncio da sombra do Sol, um eclipse total do Sol, é uma experiência difícil de descrever, fascinante e inesquecível.

Em 2134 a. C. se fosse chinesa, diria que o “ Sol poderia ter sido engolido pelo Dragão para ficar noite para sempre” ou que o Sol era o “olho de Deus” se fosse Viking ou ainda que ”se difundiram trevas sobre toda a Terra”, em Mateus 27:45, na Bíblia.

Como simples espectadora, tentei expressar-me sobre o fenómeno presenciado a bordo do cruzeiro “Costa Fortuna”, em postes anteriores. 
Todavia, não foi possível obter um registo fotográfico de excelência como seria exigível.
E para que o fascínio pelo efeito se transmita, não resisti à tentação de  referenciar aqui um outro eclipse total do Sol (fotos em cima) que ocorreu entre a parte norte da Austrália e o Oceano Pacífico e Índico no dia 14 de novembro de 2012

Imagens Google

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A ILUMINAÇÃO E A ALDEIA - 1



Antes da chegada da luz elétrica por volta de 1950 - 60, a iluminação nas aldeias era feita com luz da candeias e lanternas de azeite, lamparina, candeeiro de petróleo, lanterna de palheiro, petromax e...Lua

Candeia de azeite

A candeia de azeite é um utensilio doméstico muito simples e antigo (período neolítico), feito geralmente de barro, de ferro ou de flor-de-flandres (folha de ferro estanhado).
É constituída por um reservatório com um bico por onde sai o pavio de uma torcida de pano de algodão, alimentado pelo azeite contido no reservatório e por um gancho para suspensão nas paredes ou na parte da frente da chaminé.
Quando se acende a ponta da torcida embebida de combustível por capilaridade, produz uma chama que dá uma luz fraca e cintilante. A chama mantem-se à custa do consumo do azeite e do pavio e a combustão da torcida dá-se no orifício de iluminação.
O material, os óleos combustíveis e o formato estiveram sempre relacionados com o meio, a região e as necessidades dos utilizadores.
Na minha aldeia eram todas de flor-de-flandres porque havia um “latoeiro” que as fazia.
Pouco antes de o azeite se acabar, a luz parecia ganhar um brilho repentino.


Almotolia para o azeite

Candeia de azeite em metal amarelo

Também chamadas candeias dos velórios, usavam-se para alumiar os fiéis defuntos quando ainda eram velados em casa, na “tristeza da sala mais nobre”.
São candeias de cobre ou latão amarelo, geralmente com 3-4 bicos, um apagador e uma pinça para puxar as torcidas feitas de um pequeno farrapo de pano, além de muitas outras peças.
Hoje são usados como decoração.


Lanterna de azeite
É constituída por uma armação de folha enquadrada por quatro paredes de vidro e uma argola na parte superior para pendurar ou transportar Tem na base um pequeno reservatório onde se coloca o azeite e se mergulha a torcida.

O acesso ao pavio fazia-se através de uma das faces laterais que também funciona como porta.


Candeeiros lagareiros

São candeias de 2-4 bicos, com torcidas muito maiores, de algodão, que asseguravam os trabalhos durante a noite, quando necessários e quando havia lagares de azeite.



“Caixa de cerejeira” de devoção à “Sagrada Família”

Símbolo de devoção cristã, em volta permanente pela Aldeia, o oratório todas as noites visitava uma casa diante do qual se fazia uma oração familiar.
Depois passou a permanecer uma semana por falta das pessoas que emigravam e das que iam morrendo.
Dentro havia pavios de linho em pedacinhos triangulares de cortiça a boiar no azeite que iluminavam as figuras de barro da Sagrada Família. Junto, ficava também uma lamparina sempre acesa. Tinha ainda uma pequena caixa para as esmolas e era transportada de vizinho para vizinho.


Oratório semelhante

Há imensas referências à presença da candeia:

Em ditados populares - “Candeia que vai à frente alumia duas vezes”; “A luz da candeia faz a tua meia”; “À luz da candeia não há mulher feia”; “De noite à candeia, até a burra parece donzela”; etc.

Noutro tipo de associações -Estar com a candeia na mão” ou estar a morrer; “Estar com a candeia às avessas” ou estar de mau humor; “Na candeia do pobre e na mesa do camponês, no candelabro do rico e no banquete do burguês”, quando o azeite era para todos.

Na Bíblia - Mateus, 25: 1-5, diz que quem acendesse uma candeia devia "colocá-la num lugar alto para iluminar toda a casa, e não debaixo de uma vasilha".

Em obras literárias - “ Na chama de uma candeia, todas as forças estão ativas”, dizia Novalis.

Em quadros de pintores como Roque Gameiro e Alberto de Souza


LAREIRA-ESTREMOZ
Bilhete-postal ilustrado da 3ª Série de "A EDITORA", reproduzindo desenho a tinta-da-china aguarelada de Alberto de Souza (1880-1961), executado no início do século XX. À esquerda, junto à cortina, está uma candeia suspensa da chaminé

INTERIOR - COZINHA COM VELHA E CÃO (1909)

Alfredo Roque Gameiro (1964-1935). Aguarela sobre papel (54 x 73 cm). Colecção particular. São visíveis duas candeias: uma à esquerda da estanheira e outra na chaminé, à direita.


Lamparina de azeite

No geral, era constituída por um recipiente para o óleo combustível sobre o qual flutua um pedaço de madeira ou cortiça com um pavio encerado fixo.
O recipiente podia ser uma espécie de copo onde se punha uma ligeira camada de sal no fundo para não rebentar e a pequena torcida a boiar. 
O combustível reage com o oxigénio libertando energia sob a forma de chama (neste caso) e a luz é igual à das velas, com a vantagem de não cheirar mal.
      
Usavam-se para iluminar a cabeceira das crianças enquanto dormiam e para desinfetar as casas, juntamente com alecrim.

Classificam-se de acordo com o material, a forma, a estrutura, o desenho e o imaginário e usam-se desde a pré-história



Imagens Google

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

BOAS FESTAS



Apesar de ser uma festa cristã, o Natal, com o passar do tempo, tornou-se também uma festa familiar.
Por isso desejo BOAS FESTAS a todos os meus leitores e um ANO NOVO como “ O mais espantoso acordar do mundo”.



Foto captada por Wheeler, fotógrafo amador, às 8.15 hs, numa ilha da Escócia, na manhã de 9 de dezembro, 2 horas antes do nascer do Sol



PEGADAS DE NATAL



O Natal tem raízes pagãs.
O teólogo Orígenes, no ano 245 d.C., não aceitava a ideia de se festejar o nascimento de Cristo “como se fosse um Faraó” e os primeiros cristãos desconheciam a data porque não a comemoravam.
A celebração oficial foi instituída pelo Papa Libério, no ano 354 d. C. embora na parte Oriental do Império Romano já se festejasse a 7 de Janeiro, no ano 336 d. C.
No século IV as igrejas ocidentais passaram a adoptar o dia 25 de Dezembro para o Natal e o dia 6 de Janeiro para a Epifania. Assim, em vez de proibirem as festividades pagãs, atribuíram-lhes os símbolos e a linguagem cristãos - “ sol da justiça” / “luz do mundo” para o nascimento do deus “Sol Invencível” dos romanos (Saturno) e do deus persa “Sol da Virtude” (Mitra).

Actualmente, devido à globalização, o Natal português tem sido influenciado por outras culturas, ficando também associado ao Pai Natal e à árvore de Natal.
Porém, as tradições natalícias não desapareceram - “ceia de Natal”, “Missa do Galo”, presentes e almoço melhorado no dia 25.
A “Missa do Galo”, por falta de párocos em muitas freguesias, decaiu; só se celebra a missa do meio-dia/manhã.
Os hábitos gastronómicos variam de norte a sul do país.


Reviver o Natal na Beira Alta

No dia 24 a lareira parecia maior. Queimava lenha de carvalho para se manter acesa até à meia-noite e fazer esquecer o frio provocado por grandes quedas de neve ou geadas. De vez em quando acrescentavam-se umas giestas negrais para a avivar que estalavam como faíscas e iluminavam a cozinha toda, fazendo esquecer a pequena luz da ainda candeia de azeite ou do candeeiro de petróleo.
Era preciso aquecer a casa para a consoada, a nossa e a do vizinho António que vivia só e tinha lugar cativo no canto junto da chaminé.

A Igreja incentivava os católicos a não comer “carnes vermelhas” e “ quentes” e a seguir, pelo contrário, uma dieta de "comidas frias" como o peixe. 
Com o tempo, o jejum foi sendo abolido e acabou substituído pela refeição ”Consoada” na véspera do Dia de Natal.

- Curiosamente foi no tempo das expedições marítimas, século XV e XVI que o Vaticano decretou que jejuar devia ser uma prática dos católicos como reconhecimento ao sofrimento de Cristo. Ele, Vaticano, era proprietário da maior frota bacalhoeira, os armazéns abarrotavam e o peixe salgado também se estragava…
Os comerciantes, ao optarem pela venda, facilitaram a aquisição. 
Barato e nutritivo, o bacalhau passou a ser o peixe escolhido pela maioria dos portugueses para substituir os alimentos proibidos . Daí o ditado: “Para quem é, bacalhau basta”!
E bacalhau não é um peixe. É um método de conservação do peixe no sal (tratamento pelo sal e secagem) -

Portanto, a nossa consoada era bacalhau cozido com batatas, couve portuguesa e ovos, tudo bem regado com azeite espanhol. Os homens bebiam vinho tinto feito no lagar da casa. Como sobremesa, havia aletria ou arroz-doce.

A seguir deixava-se o borralho para ir à “Missa do Galo”.
Mas antes, cada um de nós colocava em cima do fogão de lenha, que ficava ao lado da chaminé, os maiores sapatos que tinha porque, durante a noite viria o Menino Jesus colocar neles as prendas - figos secos, muitos rebuçados, nozes e castanhas piladas. Outros presentes adicionais variavam de ano para ano como tecido para vestidos ou qualquer outro no género.
Só podiam ser vistas na manhã do dia 25 e então, como a ansiedade era enorme, quase não dormíamos para, bem cedo, irmos ver os sapatos.
È que acreditávamos mesmo!
Mas a curiosidade, um dia, levou-me a espreitar a “descida” e, hélas!- era a Mãe que estava a distribuir os mimos…
Lembro-me de ter sentido alguma desilusão e, simultaneamente, também aquele prazer da descoberta de um segredo.
A partir daí as prendas nunca mais precisaram do sapatão porque, como seria óbvio, transmiti logo aos irmãos mais novos.

 FOGUEIRA -JUNTO AO ADRO DA IGREJA

Ao sair da missa da meia-noite aquecíamo-nos todos numa grande fogueira feita no largo junto ao adro da Igreja que ficava a arder durante toda a noite até os troncos se converterem em cinzas quentes, já perto da manhã.

No dia 25 era a Missa de Natal.
Os paroquianos rejubilavam de alegria, cantando ao ritmo das teclas do órgão da Igreja, tocado pelas mãos “mágicas” da “Menina Alicinha”.
E o Menino era dado a beijar aos fiéis, pelo Pároco que o ia limpando após cada ósculo, com um pequeno pano branco de linho e rendas.

 PRESÉPIOS DE MUSGO

Na Igreja havia um enorme Presépio, no espaço do coro à esquerda, logo atrás da divisória/cancela.
Era feito de musgo, planta rasteira com muitos rizoides, apanhado pelas crianças em pedras sombrias e cascas de árvores. Nele se construía, com a colaboração de várias pessoas mais ligadas às atividades do culto, uma enorme Aldeia à volta dum estábulo onde se encontrava o Menino Jesus, Nossa Senhora, S. José, a vaca, o burro, pastores e ovelhas. Tinha riozinhos, pequenas cascatas, caminhos, montes, casinhas e muitas mais ovelhas e pastores. Todas as figuras eram de barro e coloridas.
No dia seis de Janeiro, que era dia “Santo de Guarda”, acrescentavam-se os Reis Magos com os presentes.

Grandes e pequenos passavam horas ali a olhar para a “maravilhosa obra” que com tanto enlevo tinham ajudado a construir.

sábado, 15 de dezembro de 2012

ACIMA DO NORMAL




Já eu frequentava os últimos anos do secundário quando a minha irmã M. C. e a minha prima M. M. iniciaram, juntas, o mesmo nível de ensino.
A Língua Francesa era uma das disciplinas e o método usado pela professora para memorizarmos as palavras era o do Caderno de Significados
Nele escrevíamos, em duas longas listas paralelas, os vocábulos de Francês e de Português, respetivamente.
Era um processo pedagógico aborrecido e enfadonho, tipo lista telefónica, para fazer entrar cada palavra na memória. E para a maioria das alunas como eu ou a minha irmã, era também bastante ineficaz porque quando se chegava à segunda parte da lista, já muitas primeiras estavam esquecidas.


Todavia, sei hoje que esta ineficácia é normal, visto que o nosso cérebro não consegue adquirir tanta informação sob a forma de cadeias de caracteres deixando, portanto, alguns pelo caminho.

Mas a nossa prima lia as palavras uma única vez e fixava-as na totalidade!
E o mesmo acontecia com uma colega minha, M. E., nas disciplinas de Inglês/Francês.

Porém, nunca ninguém se preocupou nem com essa rapidez de aprendizagem nem com a maior lentidão do resto das alunas. As professoras achavam que era apenas falta de interesse e indisciplina.
Eu, apesar de perceber que seria muito difícil superarem as horas mortas, achava que deviam tentar fazê-lo mas, por outro lado, também não concordava que estivessem “presas” durante tantos momentos em sofrimento reprimido.
Como M.E. e M. M. apreendiam tudo com facilidade e não tinham mais nada para fazer, ficavam ociosas durante boa parte das aulas porque, incapazes de se concentrarem no que já não lhes interessava, só queriam distrair-se com o que as divertia (o recreio), prejudicando o ritmo normal da turma.

Com muitas repreensões, M. M. lá foi ultrapassando o estado das coisas.

Mas M. E., muito mais impaciente e irrequieta acabou por ser expulsa do Colégio logo no 2º ano. Ela ficava na carteira da frente e eu por detrás; mal acabava qualquer trabalho, voltava-se para mim a conversar e de costas para a secretária. Quando a professora lhe dizia “M. vire-se para a frente”, ela ia rodando devagarinho fazendo pequenas paragens pelo meio e olhando em redor até ficar voltada. Mas o espetáculo recomeçava logo de seguida, provocando tímidas gargalhadas.

Sei que ambas continuaram brilhantes nas carreiras que escolheram - Biologia e Medicina.

Relacionando o que aprendi mais tarde com os casos descritos, acredito que poderiam ter sido alunas sobredotadas, termo que ao tempo talvez fosse pouco conhecido (pelo menos naquele meio).

Além de serem classificadas apenas como traquinas, avessas a rotinas, desatentas, desmotivadas, críticas, desadaptadas, inquietas, nunca se chegou a saber se poderiam ter outras capacidades próprias desse tipo de crianças como a possibilidade de demonstrar interesses através de perguntas, habilidades especiais, etc., porque nunca ninguém lhes ofereceu qualquer desafio - apenas repreensões.

Caraterísticas dos superdotados

Através do estudo clínico de cérebros doados, concluiu-se que a quantidade de células nervosas é a mesma; o que varia é a complexidade das conexões entre elas.

Tem-se desenvolvido uma grande variedade de listas para os classificar mas é quase impossível determinar quais são exatamente porque os atributos diferem bastante entre as crianças superdotadas.
Há que considerar os fatores genéticos e ambientais, não estereotipar e fazer a análise tomando-as apenas como indicadores.

 As crianças que, quando relacionadas com outras da mesma faixa etária, apresentem consistência de comportamentos em várias das características referenciadas, deverão ser tidas como talentosas:
Pensamento criativo, capacidade de liderança, talento especial para as artes, rapidez na perceção do mundo e do meio, curiosidade, memória acentuada sobretudo para moradas enomes, senso de humor, aprendizagem de Línguas facilmente, adaptação rápida a novas situações e ambientes, expressão de ideias e reações de forma argumentativa, aptidão académica específica, originalidade, persistência, autonomia e independência, flexibilidade e abertura, fluência no vocabulário, amadurecimento no modo de ser, habilidade para perceber a relação entre os factos, compreensão dos fenómenos da Natureza, alto nível de sensibilidade e empatia com os outros, variedade de interesses sendo alguns acima da idade cronológica, sensatez, impaciência, inconformismo, alto desempenho em determinadas áreas.

Também pode haver alunos com síndome de Down capazes de atingir níveis de desempenho extraordinário em determinadas áreas.



É importante os familiares, a escola e os próprios educandos estarem conscientes de que muitas destas caraterísticas são próprias de um superdotado a fim de todos estarem preparados para conviver com a diferença:

A escola, através da criação de estratégias de enriquecimento por meio de atividades de aprendizagem individual ou em grupo, desenvolvimento de projetos de pesquisa e fornecimento de experiências de exploração ou utilizando o processo de aceleração em que o aluno cumpre o programa escolar em menos tempo. 
Há ainda quem defenda o método de segregação, formando turmas especiais com administração de cursos diferentes.
São crianças que precisam de oportunidades como qualquer outro aluno mas adaptadas ao nível das suas aptidões e talentos.
Os professores devem desenvolver a sensiilidade e a afetividade e, se necessário, obter formação e conhecimentos para os ajudarem a gostar de desafios, a estimular o pensamento criativo, a suplantar dificuldades na adaptação escolar ou no ajustamento social.


As crianças precisam de identificar as suas próprias potencialidades - os pontos fracos e os pontos fortes - para se sentirem mais seguras e incentivadas.
Evitar, no entanto, que fiquem vaidosas ou superiores às outras.
Poderão ser até estimuladas a sentirem-se úteis na ajuda às que apresentam maiores dificuldades de aprendizagem.

As famílias deverão ser orientadas no sentido de as incentivar sem esquecer que também têm limitações.

Alguns sites com talentosos:

Pianista cego e com síndrome de Down
http://www.youtube.com/watch?v=ayZbZ5bKOdM

Bébé a cantar na Igreja
Contribuir para o equilíbrio entre as diferentes idades cronológica, emocional e social dos supradotados, é responsabilidade de todos os envolvidos.

Imagens Google
Videos You Tube

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

"COSTA FORTUNA" e VIDEO DO ECLIPSE- 2

(CONTINUAÇÃO)



Vídeo de Marco Bostoni - Emoções durante o eclipse
http://www.youtube.com/watch?v=VepfoUFfzBw


30 de março de manhã - Depois de nos ter facultado o espetacular eclipse total do Sol a bordo no dia 29 às 13.46 hs e após ter passado junto ao cabo Sidheros à direita no extremo norte-oriental da Ilha de Creta, o cruzeiro continuou rumo oeste-sudoeste até ao Golfo de Sirte, ao largo da costa da Líbia.

 Cabo Sidheros

Durante o trajeto foi dada informação turística sobre Trípoli.

Durante o jantar, no cruzeiro

A Líbia tinha aberto as suas fronteiras ao turismo internacional há muito poucos anos, motivo pelo qual as normas em vigor de entrada no país se diferenciavam das de outros países.

Desembarque:
Era necessário passaporte individual e visto coletivo para passageiros inscritos em excursões, sem autorização para afastamento ou regresso isolado ao barco.
Os turistas não participantes em qualquer excursão, quando chegados a Trípoli podiam obter um visto por €14, válido apenas para a cidade.
Os que tinham optado por meia excursão e desejavam visitar Trípoli por conta própria recebiam um “Shore Pass” gratuito à saída do barco (preço incluído no custo da excursão).
Os passaportes ficavam a bordo, na posse das autoridades locais, sendo apenas permitida a fotocópia.

Excursões em terra:
Cada autocarro devia ter uma lista dos participantes e dados pessoais.
Para filmar ou tirar fotografias aos pavimentos arqueológicos ou museus, era preciso pagar um bilhete durante o percurso do autocarro; doutro modo, o material seria confiscado. Fotografar edifícios militares, militares e polícias, não era permitido os particulares, só com autorização dos próprios.

Normas gerais:
A maior parte das lojas de souvenirs aceitava Euros a um câmbio mais elevado.
Quem tivesse um visto de Israel no passaporte não podia sair do barco.
Devia ser evitado o uso de shorts ou vestuário sem mangas.
Por motivos religiosos, a venda e consumo de álcool não era autorizada.
Enquanto o navio estivesse em terra, lojas e casinos ficavam fechados.
Todavia, a população local era hospitaleira e cordial e o país tinha imensas belezas artísticas e paisagísticas.


31 de março, de manhã - Navegação para Noroeste deixando a Ilha de Lampedusa à direita, depois a Ilha de Pantelleria e pelas 7.30 hs conseguir avistar o farol de Cabo Bom de Tunes à esquerda.

Ilha de Lampedusa e Ilha de Pantelleria


Chegada a Trípoli, Líbia



Trípoli, capital da Líbia, fica na costa mediterrânica, é a maior cidade e a mais populosa.
Foi fundada pelos Fenícios no século VII a. C.
Passou depois pelo domínio dos Cartagineses e dos Romanos. Com a chegada dos romanos no pós guerras púnicas, adquiriu o estatuto de cidade romana mais importante de África.
E ao longo dos séculos foi sendo ocupada sucessivamente por Vândalos, Bizantinos, Árabes (o islamismo provocou uma grande revolução cultural e social em toda a zona), Espanhóis, Turcos e Berberes. Neste último período, Trípoli foi guarida de piratas muito temidos pelas frotas ocidentais tendo sido necessária a intervenção dos americanos em 1804 para os combater mas a dissolução da pirataria só aconteceu em 1830.
Em 1911, os Italianos colonizaram a Líbia e o fascismo fez desaparecer quase metade da população. Após a 2ªGuerra Mundial, ficou sob o protetorado das Nações Unidas.
Em 1951 tornou-se independente - monarquia durante 18 anos - e em 1969, depois de um golpe não violento, Khadafi, autopromoveu-se a coronel e tomou o controlo do país utilizando uma original mistura de ideias como a restituição das leis islâmicas. Com a riqueza gerada pelo petróleo construiu vivendas, estradas e hospitais.
Em 1975 escreveu o Livro Verde no qual faz um resumo da sua ideologia e defende a "dmocracia islâmica".
Nos anos 80, a Organização das Nações Unidas acusa Khadafi de financiar o terrorismo e impõe sansões à Líbia. Houve atentados, expulsões, chacina de pessoas, destruição de edifícios, embargos, bombardeamentos.
Entretanto, a Líbia assume a responsabilidade do atentado aéreo de Lockerbie e as relações com o Ocidente são retomadas.

Em 2006 a presença de Khadafi era visível em qualquer lugar ou rua da cidade.

Entre as várias visitas possíveis, incluí-me no grupo da visita de Trípoli - os lugares mais interessantes da capital económica e cultural da Líbia.
O castelo, uma verdadeira cidadela rodeada de muralhas construídas pelos Romanos e amplamente modificadas ao longo dos séculos, bem preservadas, tem três entradas. No interior está o Museu de Jamahiriya onde se conservam os testemunhos da história líbica desde a pré-história até aos nossos dias; os monumentos mais importantes em Medina - Arco do triunfo dedicado a Marco Aurélio, a Mesquita mais antiga da cidade velha, Mesquita de Gurji, Mesquita Karamanli e edifícios do período colonial.
Para entrar com máquinas fotográficas no Museu Nacional pagavam-se 4 € e por câmaras de vídeo, 7€.

                                                        Mesquita de Gurji
Museu Jamahiria

1 de abril, à noite - Navegação de regresso a Savona, rumo noroeste, ao largo da costa oriental da Sardenha e da Córsega, deixando para trás a costa Africana e o farol de Monte Cristo à direita.

Ilha de Giglio  pelas 22.30 hs.
Mais adiante, novamente passagem entre as ilhas de Capraia/Cabo Corso Pianosa/Elba;


2 de abril de manhã - Chegada ao porto de Savona


O Capitão Giacomo Longo e a sua tripulação despedem-se com um "feliz regresso a casa".




!ARRIVEDERCI!