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sábado, 15 de dezembro de 2012

ACIMA DO NORMAL




Já eu frequentava os últimos anos do secundário quando a minha irmã M. C. e a minha prima M. M. iniciaram, juntas, o mesmo nível de ensino.
A Língua Francesa era uma das disciplinas e o método usado pela professora para memorizarmos as palavras era o do Caderno de Significados
Nele escrevíamos, em duas longas listas paralelas, os vocábulos de Francês e de Português, respetivamente.
Era um processo pedagógico aborrecido e enfadonho, tipo lista telefónica, para fazer entrar cada palavra na memória. E para a maioria das alunas como eu ou a minha irmã, era também bastante ineficaz porque quando se chegava à segunda parte da lista, já muitas primeiras estavam esquecidas.


Todavia, sei hoje que esta ineficácia é normal, visto que o nosso cérebro não consegue adquirir tanta informação sob a forma de cadeias de caracteres deixando, portanto, alguns pelo caminho.

Mas a nossa prima lia as palavras uma única vez e fixava-as na totalidade!
E o mesmo acontecia com uma colega minha, M. E., nas disciplinas de Inglês/Francês.

Porém, nunca ninguém se preocupou nem com essa rapidez de aprendizagem nem com a maior lentidão do resto das alunas. As professoras achavam que era apenas falta de interesse e indisciplina.
Eu, apesar de perceber que seria muito difícil superarem as horas mortas, achava que deviam tentar fazê-lo mas, por outro lado, também não concordava que estivessem “presas” durante tantos momentos em sofrimento reprimido.
Como M.E. e M. M. apreendiam tudo com facilidade e não tinham mais nada para fazer, ficavam ociosas durante boa parte das aulas porque, incapazes de se concentrarem no que já não lhes interessava, só queriam distrair-se com o que as divertia (o recreio), prejudicando o ritmo normal da turma.

Com muitas repreensões, M. M. lá foi ultrapassando o estado das coisas.

Mas M. E., muito mais impaciente e irrequieta acabou por ser expulsa do Colégio logo no 2º ano. Ela ficava na carteira da frente e eu por detrás; mal acabava qualquer trabalho, voltava-se para mim a conversar e de costas para a secretária. Quando a professora lhe dizia “M. vire-se para a frente”, ela ia rodando devagarinho fazendo pequenas paragens pelo meio e olhando em redor até ficar voltada. Mas o espetáculo recomeçava logo de seguida, provocando tímidas gargalhadas.

Sei que ambas continuaram brilhantes nas carreiras que escolheram - Biologia e Medicina.

Relacionando o que aprendi mais tarde com os casos descritos, acredito que poderiam ter sido alunas sobredotadas, termo que ao tempo talvez fosse pouco conhecido (pelo menos naquele meio).

Além de serem classificadas apenas como traquinas, avessas a rotinas, desatentas, desmotivadas, críticas, desadaptadas, inquietas, nunca se chegou a saber se poderiam ter outras capacidades próprias desse tipo de crianças como a possibilidade de demonstrar interesses através de perguntas, habilidades especiais, etc., porque nunca ninguém lhes ofereceu qualquer desafio - apenas repreensões.

Caraterísticas dos superdotados

Através do estudo clínico de cérebros doados, concluiu-se que a quantidade de células nervosas é a mesma; o que varia é a complexidade das conexões entre elas.

Tem-se desenvolvido uma grande variedade de listas para os classificar mas é quase impossível determinar quais são exatamente porque os atributos diferem bastante entre as crianças superdotadas.
Há que considerar os fatores genéticos e ambientais, não estereotipar e fazer a análise tomando-as apenas como indicadores.

 As crianças que, quando relacionadas com outras da mesma faixa etária, apresentem consistência de comportamentos em várias das características referenciadas, deverão ser tidas como talentosas:
Pensamento criativo, capacidade de liderança, talento especial para as artes, rapidez na perceção do mundo e do meio, curiosidade, memória acentuada sobretudo para moradas enomes, senso de humor, aprendizagem de Línguas facilmente, adaptação rápida a novas situações e ambientes, expressão de ideias e reações de forma argumentativa, aptidão académica específica, originalidade, persistência, autonomia e independência, flexibilidade e abertura, fluência no vocabulário, amadurecimento no modo de ser, habilidade para perceber a relação entre os factos, compreensão dos fenómenos da Natureza, alto nível de sensibilidade e empatia com os outros, variedade de interesses sendo alguns acima da idade cronológica, sensatez, impaciência, inconformismo, alto desempenho em determinadas áreas.

Também pode haver alunos com síndome de Down capazes de atingir níveis de desempenho extraordinário em determinadas áreas.



É importante os familiares, a escola e os próprios educandos estarem conscientes de que muitas destas caraterísticas são próprias de um superdotado a fim de todos estarem preparados para conviver com a diferença:

A escola, através da criação de estratégias de enriquecimento por meio de atividades de aprendizagem individual ou em grupo, desenvolvimento de projetos de pesquisa e fornecimento de experiências de exploração ou utilizando o processo de aceleração em que o aluno cumpre o programa escolar em menos tempo. 
Há ainda quem defenda o método de segregação, formando turmas especiais com administração de cursos diferentes.
São crianças que precisam de oportunidades como qualquer outro aluno mas adaptadas ao nível das suas aptidões e talentos.
Os professores devem desenvolver a sensiilidade e a afetividade e, se necessário, obter formação e conhecimentos para os ajudarem a gostar de desafios, a estimular o pensamento criativo, a suplantar dificuldades na adaptação escolar ou no ajustamento social.


As crianças precisam de identificar as suas próprias potencialidades - os pontos fracos e os pontos fortes - para se sentirem mais seguras e incentivadas.
Evitar, no entanto, que fiquem vaidosas ou superiores às outras.
Poderão ser até estimuladas a sentirem-se úteis na ajuda às que apresentam maiores dificuldades de aprendizagem.

As famílias deverão ser orientadas no sentido de as incentivar sem esquecer que também têm limitações.

Alguns sites com talentosos:

Pianista cego e com síndrome de Down
http://www.youtube.com/watch?v=ayZbZ5bKOdM

Bébé a cantar na Igreja
Contribuir para o equilíbrio entre as diferentes idades cronológica, emocional e social dos supradotados, é responsabilidade de todos os envolvidos.

Imagens Google
Videos You Tube

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