Antes da chegada da luz
elétrica por volta de 1950 - 60, a iluminação nas aldeias era feita com luz da
candeias e lanternas de azeite, lamparina, candeeiro de petróleo, lanterna de palheiro, petromax
e...Lua
Candeia de azeite
A candeia de azeite é um
utensilio doméstico muito simples e antigo (período neolítico), feito
geralmente de barro, de ferro ou de flor-de-flandres (folha de ferro estanhado).
É constituída por um
reservatório com um bico por onde sai o pavio de uma torcida de pano de
algodão, alimentado pelo azeite contido no reservatório e por um gancho para
suspensão nas paredes ou na parte da frente da chaminé.
Quando se acende a ponta da
torcida embebida de combustível por capilaridade, produz uma chama que dá uma
luz fraca e cintilante. A chama mantem-se à custa do consumo do azeite e do
pavio e a combustão da torcida dá-se no orifício de iluminação.
O material, os óleos
combustíveis e o formato estiveram sempre relacionados com o meio, a região e
as necessidades dos utilizadores.
Na minha aldeia eram todas de flor-de-flandres porque havia um “latoeiro” que as fazia.
Pouco antes de o azeite se
acabar, a luz parecia ganhar um brilho repentino.
Candeia de azeite em metal amarelo
Também chamadas candeias
dos velórios, usavam-se para alumiar os fiéis defuntos quando ainda eram velados
em casa, na “tristeza da sala mais nobre”.
São candeias de cobre ou
latão amarelo, geralmente com 3-4 bicos, um apagador e uma pinça para puxar as
torcidas feitas de um pequeno farrapo de pano, além de muitas outras peças.
Hoje são usados como decoração.
Lanterna de azeite
É constituída por uma armação de folha enquadrada por quatro paredes de vidro e uma argola na parte superior para pendurar ou transportar Tem na base um pequeno reservatório onde se coloca o azeite e se mergulha a torcida.
Candeeiros lagareiros
É constituída por uma armação de folha enquadrada por quatro paredes de vidro e uma argola na parte superior para pendurar ou transportar Tem na base um pequeno reservatório onde se coloca o azeite e se mergulha a torcida.
O acesso ao pavio fazia-se através de uma das faces
laterais que também funciona como porta.
São candeias de 2-4 bicos,
com torcidas muito maiores, de algodão, que asseguravam os trabalhos durante a
noite, quando necessários e quando havia lagares de azeite.
“Caixa de cerejeira” de devoção à “Sagrada Família”
“Caixa de cerejeira” de devoção à “Sagrada Família”
Símbolo de devoção cristã,
em volta permanente pela Aldeia, o oratório todas as noites visitava uma casa
diante do qual se fazia uma oração familiar.
Depois passou a permanecer
uma semana por falta das pessoas que emigravam e das que iam morrendo.
Dentro havia pavios de
linho em pedacinhos triangulares de cortiça a boiar no azeite que iluminavam as figuras de barro da Sagrada Família. Junto, ficava também uma lamparina sempre acesa. Tinha ainda uma pequena caixa para as esmolas e era transportada de
vizinho para vizinho.
Oratório semelhante
Há imensas referências à
presença da candeia:
Em ditados populares - “Candeia
que vai à frente alumia duas vezes”; “A luz da candeia faz a tua meia”; “À luz
da candeia não há mulher feia”; “De noite à candeia, até a burra parece donzela”;
etc.
Noutro tipo de associações
- “Estar com a candeia na mão” ou estar a morrer; “Estar com a candeia às
avessas” ou estar de mau humor; “Na candeia do pobre e na mesa do camponês, no
candelabro do rico e no banquete do burguês”, quando o azeite era para todos.
Na Bíblia - Mateus, 25:
1-5, diz que quem acendesse uma candeia devia "colocá-la num lugar alto para
iluminar toda a casa, e não debaixo de uma vasilha".
Em obras literárias - “ Na
chama de uma candeia, todas as forças estão ativas”, dizia Novalis.
Em quadros de pintores
como Roque Gameiro e Alberto de Souza
Imagens Google
LAREIRA-ESTREMOZ
Bilhete-postal ilustrado da 3ª Série de "A
EDITORA", reproduzindo desenho a tinta-da-china aguarelada de Alberto de Souza (1880-1961), executado no início do século XX. À esquerda, junto à cortina, está uma candeia suspensa
da chaminé
INTERIOR - COZINHA COM VELHA E CÃO (1909)
Alfredo Roque Gameiro (1964-1935). Aguarela sobre papel
(54 x 73 cm). Colecção particular. São visíveis duas candeias: uma à esquerda
da estanheira e outra na chaminé, à direita.
Lamparina de azeite
No geral, era constituída por um recipiente para o
óleo combustível sobre o qual flutua um pedaço de madeira ou cortiça com um pavio encerado fixo.
Classificam-se de acordo com o material, a forma, a estrutura, o desenho e o imaginário e usam-se desde a pré-história
O recipiente podia ser uma
espécie de copo onde se punha uma ligeira camada de sal no fundo para não
rebentar e a pequena torcida a boiar.
O combustível reage com o oxigénio libertando
energia sob a forma de chama (neste
caso) e a luz é igual à das velas, com a vantagem de não cheirar mal.
Usavam-se para
iluminar a cabeceira das crianças enquanto dormiam e para desinfetar as casas,
juntamente com alecrim.
Classificam-se de acordo com o material, a forma, a estrutura, o desenho e o imaginário e usam-se desde a pré-história
Imagens Google
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