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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A ILUMINAÇÃO E A ALDEIA - 1



Antes da chegada da luz elétrica por volta de 1950 - 60, a iluminação nas aldeias era feita com luz da candeias e lanternas de azeite, lamparina, candeeiro de petróleo, lanterna de palheiro, petromax e...Lua

Candeia de azeite

A candeia de azeite é um utensilio doméstico muito simples e antigo (período neolítico), feito geralmente de barro, de ferro ou de flor-de-flandres (folha de ferro estanhado).
É constituída por um reservatório com um bico por onde sai o pavio de uma torcida de pano de algodão, alimentado pelo azeite contido no reservatório e por um gancho para suspensão nas paredes ou na parte da frente da chaminé.
Quando se acende a ponta da torcida embebida de combustível por capilaridade, produz uma chama que dá uma luz fraca e cintilante. A chama mantem-se à custa do consumo do azeite e do pavio e a combustão da torcida dá-se no orifício de iluminação.
O material, os óleos combustíveis e o formato estiveram sempre relacionados com o meio, a região e as necessidades dos utilizadores.
Na minha aldeia eram todas de flor-de-flandres porque havia um “latoeiro” que as fazia.
Pouco antes de o azeite se acabar, a luz parecia ganhar um brilho repentino.


Almotolia para o azeite

Candeia de azeite em metal amarelo

Também chamadas candeias dos velórios, usavam-se para alumiar os fiéis defuntos quando ainda eram velados em casa, na “tristeza da sala mais nobre”.
São candeias de cobre ou latão amarelo, geralmente com 3-4 bicos, um apagador e uma pinça para puxar as torcidas feitas de um pequeno farrapo de pano, além de muitas outras peças.
Hoje são usados como decoração.


Lanterna de azeite
É constituída por uma armação de folha enquadrada por quatro paredes de vidro e uma argola na parte superior para pendurar ou transportar Tem na base um pequeno reservatório onde se coloca o azeite e se mergulha a torcida.

O acesso ao pavio fazia-se através de uma das faces laterais que também funciona como porta.


Candeeiros lagareiros

São candeias de 2-4 bicos, com torcidas muito maiores, de algodão, que asseguravam os trabalhos durante a noite, quando necessários e quando havia lagares de azeite.



“Caixa de cerejeira” de devoção à “Sagrada Família”

Símbolo de devoção cristã, em volta permanente pela Aldeia, o oratório todas as noites visitava uma casa diante do qual se fazia uma oração familiar.
Depois passou a permanecer uma semana por falta das pessoas que emigravam e das que iam morrendo.
Dentro havia pavios de linho em pedacinhos triangulares de cortiça a boiar no azeite que iluminavam as figuras de barro da Sagrada Família. Junto, ficava também uma lamparina sempre acesa. Tinha ainda uma pequena caixa para as esmolas e era transportada de vizinho para vizinho.


Oratório semelhante

Há imensas referências à presença da candeia:

Em ditados populares - “Candeia que vai à frente alumia duas vezes”; “A luz da candeia faz a tua meia”; “À luz da candeia não há mulher feia”; “De noite à candeia, até a burra parece donzela”; etc.

Noutro tipo de associações -Estar com a candeia na mão” ou estar a morrer; “Estar com a candeia às avessas” ou estar de mau humor; “Na candeia do pobre e na mesa do camponês, no candelabro do rico e no banquete do burguês”, quando o azeite era para todos.

Na Bíblia - Mateus, 25: 1-5, diz que quem acendesse uma candeia devia "colocá-la num lugar alto para iluminar toda a casa, e não debaixo de uma vasilha".

Em obras literárias - “ Na chama de uma candeia, todas as forças estão ativas”, dizia Novalis.

Em quadros de pintores como Roque Gameiro e Alberto de Souza


LAREIRA-ESTREMOZ
Bilhete-postal ilustrado da 3ª Série de "A EDITORA", reproduzindo desenho a tinta-da-china aguarelada de Alberto de Souza (1880-1961), executado no início do século XX. À esquerda, junto à cortina, está uma candeia suspensa da chaminé

INTERIOR - COZINHA COM VELHA E CÃO (1909)

Alfredo Roque Gameiro (1964-1935). Aguarela sobre papel (54 x 73 cm). Colecção particular. São visíveis duas candeias: uma à esquerda da estanheira e outra na chaminé, à direita.


Lamparina de azeite

No geral, era constituída por um recipiente para o óleo combustível sobre o qual flutua um pedaço de madeira ou cortiça com um pavio encerado fixo.
O recipiente podia ser uma espécie de copo onde se punha uma ligeira camada de sal no fundo para não rebentar e a pequena torcida a boiar. 
O combustível reage com o oxigénio libertando energia sob a forma de chama (neste caso) e a luz é igual à das velas, com a vantagem de não cheirar mal.
      
Usavam-se para iluminar a cabeceira das crianças enquanto dormiam e para desinfetar as casas, juntamente com alecrim.

Classificam-se de acordo com o material, a forma, a estrutura, o desenho e o imaginário e usam-se desde a pré-história



Imagens Google

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