do blog leiturasliteracias.blogspot.com
BE/CRE de Silgueiros - Viseu
Ao interrogar-me sobre quando
começaram as festas em homenagem aos santos populares, o porquê destes
três santos e no mesmo mês, resolvi procurar algumas dicas na Net sobre o assunto.
Depois de várias buscas, apenas o padremario.site
se refere a isso em forma de lengalenga um pouco extensa (introduzindo até o tema “Fátima" que, quanto a mim, acho despropositado) e do qual passo a transcrever alguns extractos:
«Dizem as pessoas que hoje é o dia
de Santo António, o primeiro dos três santos populares, cujas festas caem todas
no mês de Junho. A maior de todas é a festa de São João, o Baptista. A de Santo
António é como que a preparação da de São João. E a de São Pedro, em 29 de
Junho, tem já sabor a despedida.
A Igreja católica está com as três festas. Ao contrário das outras Igrejas
(...)a Igreja católica gosta muito de imagens de santos e de santas, sobretudo
populares…
O que as pessoas hoje não sabem (…)
é que na origem de cada festa popular, também destas três do mês de Junho, não
está nenhum santo, nenhuma santa.
As festas populares existem muito antes
dos santos e das santas, que hoje lhes andam associados, terem nascido. Muito
antes do próprio Cristianismo ter surgido, como via alternativa ao judaísmo e a
todas as religiões monoteístas e politeístas (...)
Os próprios santos católicos que,
oficialmente, ainda as patrocinam, não são mais os santos que os eclesiásticos
e os clérigos fabricaram. São santos humanos, em tudo iguais aos demais
humanos. Folgazões, namoradeiros, casamenteiros, que gostam de tudo o que os
humanos sem, repressões, gostam. São santos sem templos e sem altares. Sem
cultos rígidos e estéreis. Sem sacrifícios. Sem cilício. Sem penitências. Sem jejuns
forçados. São santos com corpo. E sexo. Que comem bem e bebem melhor. Como
de Jesus se diz, no Evangelho, que comia e bebia(...)
As festas populares são todas de origem pagã. Remontam ao tempo em que os
povos, no Ocidente, viviam sob o jugo das religiões politeístas e prestavam
cultos públicos às imagens das deusas e aos deuses, em redor dos seus
santuários mais ou menos sumptuosos ou luxuosos.
O mês de Junho é o mês do Sol. Tal como
o mês de Dezembro. Mas em pólos opostos. Em Dezembro, os povos antigos
pensavam que o Sol morria e voltava a nascer. A festa de Natal, em 25 de
Dezembro é, originalmente, a festa de natal do Deus Sol. No mês de
Junho, o Sol alcança o seu ponto de maior pujança, o seu clímax. Os povos
experimentam-no mais perto deles e, na sua satisfação colectiva
saltam para as ruas a festejar a idade adulta do Deus Sol, a sua
maturidade, o seu vigor, a sua força de calor. A sua invencibilidade. Fazem-no
no ao nascer do dia 24 (os dias, para os antigos, começavam logo após o
pôr-do-sol, e não à meia-noite), três dias depois – ao terceiro dia! – do
começo do Verão, o dia 21, o maior do ano.
As coisas já eram assim, antes do Cristianismo. Já eram assim, quando
Jesus de Nazaré nasceu. Já eram assim, quando as comunidades cristãs primitivas
surgiram, anos depois da morte/ressurreição de Jesus. E as comunidades cristãs
não se preocupavam demasiado com isso.
É certo que, no início do Cristianismo,
há uma luta contra a idolatria. Mas não contra as festas populares propriamente
ditas (...)
...
Tudo, porém, se alterou, quando, no
início do século IV, o Cristianismo passou da condição de comunidade de
comunidades cristãs perseguidas a religião oficial do Império romano. E,
sobretudo, quando, alguns anos depois, com a proibição e a repressão dos cultos
politeístas…
As populações viram-se, então, privadas
das suas festas (…)
…
Estas festas são momentos de liberdade,
de comunhão, de fraternidade/solidariedade, de dignidade, de protagonismo das
populações…»
As festas dos Santos Populares têm, nas
sardinhas, o seu maior símbolo. Nestes dias a fumaça dos braseiros espalha o
cheiro por toda a Lisboa.
Lê-se por toda a parte - restaurantes, cartazes de propaganda turística - “ HÁ SARDINHAS ASSADAS!”
Lê-se por toda a parte - restaurantes, cartazes de propaganda turística - “ HÁ SARDINHAS ASSADAS!”
Nas diversas freguesias os arrais são percorridos por
uma massa de gente em busca das boas sardinhas acompanhadas de pão rústico ou
saloio, salada de pimentos, cebola e tomate, bem regadas com azeite e
acompanhadas por sangria ou vinho tinto (recentemente os jovens preferem cerveja).
Há música variada bem difundida pelo bairro e arredores
Os festivais da sardinha fazem-se um pouco por
todas as cidades e localidades e em muitos deles é comida gratuitamente.
O Bairro de Alfama, mais
antigo e tradicional, de ruas estreitas pejadas de gente e assadeiras, ao som
do fado (agora já não só!) é o mais procurado.
E era também o preferido pelos grupos de jovens
do meu tempo onde, de mãos dadas se faziam rodas bailando e cantando (apenas) ao
som do fado. No Largo havia algumas mesas com toalhas aos
quadrados de cores vivas para os sortudos. Uns amigos outros amigos traziam e a
festa prolongava-se percorrendo os vários Bairros até de madrugada, de manjerico
na mão, com quadra alusiva aos santos e ao sentimento de quem o oferecia.
Destaco Lisboa porque
foi aqui que passei essa fase da minha juventude.
Fiz escala no Porto numa noite de São João mas não me agradou muito a "batalha" do alho-porro. E também não sou adepta da actual martelada.
Algumas quadras populares nos manjericos:
Em Junho todos
bailam
É assim a
tradição
Nas ruas
enfeitadas
Lá de cima até ao
chão
Se
fosse o cravo vermelho
Que
trazes sobre o peito
Por
muito que fosses velho
Não
te guardava respeito
Ó
meu rico Santo António
Ao
colo tens o Menino
Põe-me
a mim no outro braço
Que ainda sou pequenino.
Cravo,
manjerico e vaso
E
uma quadrinha singela
Tudo
lhe dei… Não fez caso!...
Pronto!
Não caso com ela.
Ao saltar duma
fogueira
Na noite
de São João
Não sei bem de
que maneira
Chamusquei o
coração.
No dia de São
Pedro
Vamos todos à
sardinha
Este ano vou
escolher
A que for mais
pequenina.
Imagens Google