Quando a minha família era
imensa (primos e tios), nós, os miúdos, e já nas primeiras classes escolares, passávamos
os dias "em constante movimento" - o que vamos fazer hoje…, agora…, etc.
Comer amoras, além de ser um
divertimento era, também,+ uma delícia (qual a criança que não gosta ainda?).
E assim,
quando nos apeteciam as silvestres, corríamos para o Espadanal onde havia uma
parede de encosta, a dividir a horta da vinha, pejada delas. As
silvas (amoreiras silvestres) com longos caules curvos e muitos espinhos curtos
e aguçados, prolongavam-se por todo o muro, através de
raízes laterais que iam brotando quando os caules tocavam o chão. As flores
eram brancas ou rosadas e as amoras, fruto agregado, era de cor vermelha primeiro, ficando preto e doce depois.
Aí também se “aproveitava” para
subir à enorme cerejeira ou às várias macieiras, muitas vezes de fruto ainda
verde.
Mas o melhor dia era aquele em
que decidíamos comer as grandes amoras pretas, da também grande amoreira que
crescia em frente da casa da tia Zefinha. Devia ter uns 4 m de altura, tronco
rugoso, copa redonda e folhas com uma ligeira pilosidade; não me lembro de lhe
ter visto as flores.
Local onde cresceu a amoreira
Só?
Seria, se os vestidos não
ficassem da cor das amoras; se as mãos e os lábios roxos não nos fizessem
parecer palhaços; se as manchas saíssem facilmente; se as nossas mães não se zangassem tanto conosco, fazendo-nos prometer que não aconteceria
mais, quando havia a certeza de que a promessa não seria cumprida…
Passaram muitos anos! Mas continuo a gostar de amoras: como fruto, em sumo, tarte, gelados…
E hoje, ao saboreá-las, o presente tornou-se memória.
Gratinado de amoras
Batido de amoras
A
amoreira teve provável origem na China ou Índia. Todas as partes da planta são
utilizadas na medicina popular. As folhas da amoreira branca são o único
alimento do bicho-da-seda da amoreira. São ricas em vitamina C e A.
Dieta de
chá de amora emagrece?
O meu país sabe às amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.
Eugénio de Andrade "O Outro Nome da Terra"
Imagens Google
E na encosta do outeiro,nos barrocos,cada um de nós,era dono de uma silva!Mas as melhores e maiores,eram as que cresciam com o pé no rio ,perto das poldras(estas agora desaparecidas),junto a uma nora.Que regalo!
ResponderEliminarBjs
As poldras!
ResponderEliminarJá tenho pensado nelas porque um dia, ao querer lá passar como tantas outras vezes, fui traída pela força da água do rio (quem diria!) e... hei-de contar.
A nora acho que era a que regava as nossas belas melancias...
Xi