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quarta-feira, 13 de junho de 2012

FESTAS DOS SANTOS POPULARES


do blog leiturasliteracias.blogspot.com
BE/CRE de Silgueiros - Viseu

Ao interrogar-me sobre quando começaram as festas em homenagem aos santos populares, o porquê destes três santos e no mesmo mês, resolvi procurar algumas dicas na Net sobre o assunto.
Depois de várias buscas, apenas o padremario.site se refere a isso em forma de lengalenga um pouco extensa (introduzindo até o  tema “Fátima" que, quanto a mim, acho despropositado) e do qual passo a transcrever alguns extractos:









«Dizem as pessoas que hoje é o dia de Santo António, o primeiro dos três santos populares, cujas festas caem todas no mês de Junho. A maior de todas é a festa de São João, o Baptista. A de Santo António é como que a preparação da de São João. E a de São Pedro, em 29 de Junho, tem já sabor a despedida.
A Igreja católica está com as três festas. Ao contrário das outras Igrejas (...)a Igreja católica gosta muito de imagens de santos e de santas, sobretudo populares…
O que as pessoas hoje não sabem (…) é que na origem de cada festa popular, também destas três do mês de Junho, não está nenhum santo, nenhuma santa.
As festas populares existem muito antes dos santos e das santas, que hoje lhes andam associados, terem nascido. Muito antes do próprio Cristianismo ter surgido, como via alternativa ao judaísmo e a todas as religiões monoteístas e politeístas (...)
Os próprios santos católicos que, oficialmente, ainda as patrocinam, não são mais os santos que os eclesiásticos e os clérigos fabricaram. São santos humanos, em tudo iguais aos demais humanos. Folgazões, namoradeiros, casamenteiros, que gostam de tudo o que os humanos sem, repressões, gostam. São santos sem templos e sem altares. Sem cultos rígidos e estéreis. Sem sacrifícios. Sem cilício. Sem penitências. Sem jejuns forçados. São santos com corpo. E sexo. Que comem bem e bebem melhor. Como de Jesus se diz, no Evangelho, que comia e bebia(...)
As festas populares são todas de origem pagã. Remontam ao tempo em que os povos, no Ocidente, viviam sob o jugo das religiões politeístas e prestavam cultos públicos às imagens das deusas e aos deuses, em redor dos seus santuários mais ou menos sumptuosos ou luxuosos.
O mês de Junho é o mês do Sol. Tal como o mês de Dezembro. Mas em pólos opostos. Em Dezembro, os povos antigos pensavam que o Sol morria e voltava a nascer. A festa de Natal, em 25 de Dezembro é, originalmente, a festa de natal do Deus Sol. No mês de Junho, o Sol alcança o seu ponto de maior pujança, o seu clímax. Os povos experimentam-no mais perto deles e, na sua satisfação colectiva  saltam para as ruas a festejar a idade adulta do Deus Sol, a sua maturidade, o seu vigor, a sua força de calor. A sua invencibilidade. Fazem-no no ao nascer do dia 24 (os dias, para os antigos, começavam logo após o pôr-do-sol, e não à meia-noite), três dias depois – ao terceiro dia! – do começo do Verão, o dia 21, o maior do ano.
As coisas já eram assim, antes do Cristianismo. Já eram assim, quando Jesus de Nazaré nasceu. Já eram assim, quando as comunidades cristãs primitivas surgiram, anos depois da morte/ressurreição de Jesus. E as comunidades cristãs não se preocupavam demasiado com isso.
É certo que, no início do Cristianismo, há uma luta contra a idolatria. Mas não contra as festas populares propriamente ditas (...)
...
Tudo, porém, se alterou, quando, no início do século IV, o Cristianismo passou da condição de comunidade de comunidades cristãs perseguidas a religião oficial do Império romano. E, sobretudo, quando, alguns anos depois, com a proibição e a repressão dos cultos politeístas…
As populações viram-se, então, privadas das suas festas (…)
Estas festas são momentos de liberdade, de comunhão, de fraternidade/solidariedade, de dignidade, de protagonismo das populações…»




As festas dos Santos Populares têm, nas sardinhas, o seu maior símbolo. Nestes dias a fumaça dos braseiros espalha o cheiro por toda a Lisboa. 
Lê-se por toda a parte - restaurantes, cartazes de propaganda turística - “ HÁ SARDINHAS ASSADAS!”



Nas diversas freguesias os arrais são percorridos por uma massa de gente em busca das boas sardinhas acompanhadas de pão rústico ou saloio, salada de pimentos, cebola e tomate, bem regadas com azeite e acompanhadas por sangria ou vinho tinto (recentemente os jovens preferem cerveja). Há música variada bem difundida pelo bairro e arredores
Os festivais da sardinha fazem-se um pouco por todas as cidades e localidades e em muitos deles é comida gratuitamente.



O Bairro de Alfama, mais antigo e tradicional, de ruas estreitas pejadas de gente e assadeiras, ao som do fado (agora já não só!) é o mais procurado.
E era também o preferido pelos grupos de jovens do meu tempo onde, de mãos dadas se faziam rodas bailando e cantando (apenas) ao som do fado. No Largo havia algumas mesas com toalhas aos quadrados de cores vivas para os sortudos. Uns amigos outros amigos traziam e a festa prolongava-se percorrendo os vários Bairros até de madrugada, de manjerico na mão, com quadra alusiva aos santos e ao sentimento de quem o oferecia.

Destaco Lisboa porque foi aqui que passei essa fase da minha juventude.

Fiz escala no Porto numa noite de São João mas não me agradou muito a "batalha" do alho-porro. E também não sou adepta da actual martelada.


Algumas quadras populares nos manjericos:

Em Junho todos bailam
É assim a tradição
Nas ruas enfeitadas
Lá de cima até ao chão

Se fosse o cravo vermelho
Que trazes sobre o peito
Por muito que fosses velho
Não te guardava respeito

Ó meu rico Santo António
Ao colo tens o Menino
Põe-me a mim no outro braço
Que ainda sou pequenino.

Cravo, manjerico e vaso
E uma quadrinha singela
Tudo lhe dei… Não fez caso!...
Pronto! Não caso com ela.

Ao saltar duma fogueira
Na noite de São João
Não sei bem de que maneira
Chamusquei o coração.

No dia de São Pedro
Vamos todos à sardinha
Este ano vou escolher
A que for mais pequenina.

Imagens Google

2 comentários:

  1. Encontrei este blog por acaso.
    Acho-o muito original, de grande espírito criativo e inteligentemente acessível.
    Parabéns!
    Também me entretenho a ocupar um cantinho na rede essencialmente para mim própria. E os vossos Santos Populares cativaram-me pelo que tomei a liberdade de utilizar um dos deliciosos cartazes.
    Se não concordarem, retirarei.
    Teresa Castro

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  2. Isabel respondeu:
    Obrigada Teresa.
    É sempre bom saber que o nosso trabalho é reconhecido, principalmente quando sou eu que faço quase tudo. Para além das minhas tarefas de Professora Bibliotecária e de professora de História, ainda tenho de decorar o espaço da Biblioteca e de manter o blogue atualizado, pois considero importante que a Biblioteca se "vista" de acordo com as atividades que dinamizamos e que sejam divulgados os trabalhos. Considero esta (comprovada com resultados) uma forma importante de motivar para a colaboração/participação na promoção da leitura e da escrita.
    Depreendo pela mensagem que não é Professora Bibliotecária, mas já foi?Tem um blogue ou é professoras de Língua Portuguesa?

    Cumprimentos

    Isabel Santos Silva

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