A M.L. nasceu na Galiza mas ao casar-se com um português, tornou-se minha vizinha desde há
longos anos.
Ser dona-de-casa a tempo
inteiro foi sempre a única profissão e conversar ao telefone durante grande parte
do dia, o seu maior passatempo (além de alguns momentos com os netos).
Entretanto o marido, um
respeitável engenheiro agrónomo, faleceu.
Além dos trabalhos
habituais de manter a casa limpa e arrumada, fazer as compras para as refeições
e cozinhar, o telefone, mau fado, continua a ser o principal entretenimento.
Estranha observação, poderá pensar-se. Talvez, sublinho eu. Mas quem não ficará cansado ao fim da emissão de algumas horas seguidas de vários monólogos em voz clara de timbre potente, demasiado elevado?
Pois agora, felizmente, arranjou como companhia uma outra
distração (secundária) com quem também “conversa” mas em tom bastante
menos extensivo - uma gata amarela (como esta).
A
gata é linda. E curiosa; quando está no parapeito da janela, sempre que eu espreito da minha em cima, retorce o pescoço e olha com ar provocante convidando-me para uma tagarelice.
Os
gatos domésticos surgiram na África subsaariana há 12 milhões de anos depois de
várias evoluções, aparecimento e desaparecimento de espécies. Há muitas teorias
sobre a aproximação entre gatos e o homem mas a domesticação ocorreu das
necessidades de ambos - maior facilidade em encontrar alimentos por parte do
gato e afastamento de roedores e pequenos predadores por parte do homem.
Hoje,
todas as raças que existem são fruto de acasalamentos influenciados, promovidos
ou controlados pela ação do Homem.
Atualmente
existem à volta de 250 espécies, classificadas de acordo com o peso e vivem
entre os 15 e os 20 anos ou mais. São digitígrados como a maioria dos mamíferos,
o que os torna mais suaves e mais ágeis para a caça de ratos, baratas, insetos,
lagartixas, passarinhos.
Estatisticamente
existe uma fémea amarela para cada três machos amarelos.
A cor amarela nos gatos é uma característica que deriva do gene ligado ao sexo, o X.
Existem vários tons de amarelo, desde o muito claro ao escuro quase vermelho.
Ao
gato, para ser amarelo basta ter um X amarelo mas a gata precisa de dois X
amarelos.
Não
é normal haver machos tricolores (XXY - preto, branco e amarelo) e quando há,
geralmente são estéreis.
As
cores dos filhotes de uma fêmea tricolor dependem dos genes do pai e todos
poderão ter manchas brancas.
Pessoalmente
gosto mais de gatos tigrados, considerados como tendo a cor original.
Acredita-se
que o padrão tabby deriva do padrão de gato selvagem Africano, embora haja quem
discorde dessa opinião. Os
gatos possuem um M na testa, marcas ao redor dos olhos, uma linha semelhante a
um risco de caneta na face, saindo do canto externo dos olhos e o pelo
alternado de bandas claras e escuras.
O clássico
ou blotched, para além do M tem remoinhos em cada lado do corpo, as riscas são
mais largas formando o desenho de uma borboleta nos ombros e branco nos lados. Nas
patas e na cauda as riscas também são mais marcadas.
O Mackerel
ou listrado, apresenta pequenas e finas riscas verticais de cada lado que
podem ser quebradas e transformar-se em pintas. À volta do pescoço as riscas
parecem colares, por vezes não contínuas.
Este é o padrão mais vulgar.
O Spotted
ou pintalgado, resulta da quebra de riscas do padrão mackerel, o que faz
confundir os de pintas com os de risca quebrada.
Há
raças em que as pintas são mais definidas como na Bengal e outras
Na casa dos meus Pais houve sempre
muitos gatos de variadíssimas cores e talvez, também, de várias espécies mas
todos recolhidos por abandono.
A Mãe chamava-lhes “chaninhos” e eles, satisfeitos,
tocavam-lhe levemente nas pernas fazendo rom-rom. Às vezes traziam-lhe pequenos
ratos como presente.
Eu,
como animal de estimação, apesar de gostar de gatos, prefiro os grandes cães de guarda…
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