«A Igreja de Santa Maria Madalena, em Olivença (Espanha), único lugar de culto espanhol de estilo manuelino, foi eleita "O Melhor Recanto de Espanha 2012", num passatempo promovido pela companhia petrolífera Repsol.»
Notícia no Semanário Expresso em 27 de Setembro passado.
E noutro local:
«"O Melhor Recanto de Espanha 2012" é um monumento português. A Igreja de Santa Maria Madalena, em Olivença, arrebatou o 1.º lugar numa votação online, mas a distinção reacende as dúvidas sobre a perda do território.»
A Igreja destronou Laguna de la Gitana, em Castilla La Mancha e o Forau de Aiguillaut em Aragão.
Apesar de nunca me ter empenhado muito em perceber bem como é que Olivença passou a ser território de Castela, o “mas” foi-me conduzindo a uma progressiva curiosidade.
A vila foi conquistada aos mouros pelos portugueses em 1166 e reconhecida definitivamente em 1297, no Tratado de Alcanises.
É uma cidade fortificada numa planície árida formada pela erosão, na Estremadura espanhola e a que estão anexadas outras povoações. A 12 Km existem as ruínas da também fortificada Ponte da Ajuda, com um torreão no meio, construída no início do séc. XVI para ligar Olivença a Elvas; tem 12 arcos e 380 metros de comprimento. O castelo, muralhas, conventos, igrejas, calçadas e recantos marcam as características das gentes lusas.
Durante mais de 600 anos a população bateu-se heroicamente contra as investidas de castelhanos e de espanhóis.
A partir desta altura, chegar a Olivença só era possível passando por território espanhol, facto que despoletou a ocupação, à traição, pelo exército espanhol em 1801, numa altura em que Portugal estava fragilizado sob ameaça de uma invasão pelo exército francês.
Em 1808 o território anexado a Espanha foi denunciado por Portugal. Em 1817 a Espanha reconheceu a soberania portuguesa subscrevendo o Congresso de Viena de 1815," comprometendo-se à retrocessão do território o mais depressa possível"
Em 1808 o território anexado a Espanha foi denunciado por Portugal. Em 1817 a Espanha reconheceu a soberania portuguesa subscrevendo o Congresso de Viena de 1815," comprometendo-se à retrocessão do território o mais depressa possível"
Em 1840 a Língua
Portuguesa é proibida no Território de Olivença, incluindo nas igrejas.
"Separados do povo a que pertencem, da sua cultura, da sua
língua, alienados da Pátria que é a sua, em austeros e silenciosos duzentos
anos, os oliventinos preservam o espírito português"
A votação voltou a trazer à actualidade a questão da anexação, nunca bem aceite por Portugal. E o presidente da Associação Amigos de Olivença considera um “paradoxo a Estremadura espanhola ter como símbolo uma igreja tipicamente portuguesa do séc. XVI, a segunda igreja mais representativa do estilo manuelino a seguir ao Mosteiro dos Jerónimos.”
A construção foi incentivada pelo bispo de Ceuta cujo túmulo se encontra dentro do templo assim como o de Vasco da Gama e família.
Portugal desconfia da escolha sobretudo porque foi feita “em detrimento de Mérida ou Cárceres” e o ”estilo manuelino da Igreja de Santa Maria da Madalena, sendo português e único, nunca pode ser representativo de Espanha”
Põe-se a hipótese de o “país vizinho aproveitar o concurso para projectar o monumento e Olivença como Património de Espanha, ridicularizando a intelectualidade portuguesa”
E o facto de Marcelo Rebelo de Sousa e a Net lusa terem dado apoio e incentivo através de vários movimentos, não deixa de ser estranho.
Provocação ou elogio?
Os nossos direitos sobre Olivença estão juridicamente mais protegidos do que os de Espanha sobre Gibraltar, Melilla e Ceuta...
Mas,
afinal, o que tem impedido o Ministério dos Negócios Estrangeiros de debater
esta questão com Espanha, pergunta-se?
A administração e soberania espanhola de Olivença e territórios adjacentes não é reconhecida por Portugal, mas a fronteira continua por delimitar nessa zona apesar da Conferência de Viena e da Acta Adicional de Paris, bem como outros acordos bilaterais.
A administração e soberania espanhola de Olivença e territórios adjacentes não é reconhecida por Portugal, mas a fronteira continua por delimitar nessa zona apesar da Conferência de Viena e da Acta Adicional de Paris, bem como outros acordos bilaterais.
Porque continuam por resolver Olivença para Portugal, Gibraltar para Espanha e Ceuta para Marrocos?
Para ler mais:
Dossier sobre Olivença
“A Guerra das Laranjas”
http://www.portugal-tchat.com/forum/restauracao-da-indenpendencia-a-revolucao-liberal-1640-1820/3514-a-guerra-laranjas.htm
http://www.portugal-tchat.com/forum/restauracao-da-indenpendencia-a-revolucao-liberal-1640-1820/3514-a-guerra-laranjas.htm
«Festejar» a Guerra das Laranjas em Olivença é uma coisa de flagrante mau gosto. Seria um pouco como a Rainha Isabel II ir celebrar a Gibraltar o Jubileu de Diamante no próximo mês de Junho.”-José Ribeiro e Castro
Imagens Google
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