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terça-feira, 15 de outubro de 2013

A AVENIDA DA LIBERDADE


Restauradores - 1960

Conheci a majestosa AVENIDA DA LIBERDADE na década de 60 cheia de árvores, edifícios de fachadas no estilo arte nova, fontes, monumentos, estátuas, raras esplanadas, pavimentos decorados com padrões abstratos, bancos de jardim do século XIX e muitos autocarros.
Lembro-me de ter ficado impressionada com aquela enorme extensão ligando a Praça dos Restauradores à Praça do Marquês de Pombal, corredor de passagem obrigatória para a Baixa, o centro da vida comercial de Lisboa e de várias actividades de lazer até, pelo menos, ao incêndio do Chiado ocorrido em 1988.

Apesar de já existir o metropolitano para os Restauradores (e logo depois para o Rossio), sempre preferi o 2º piso dos autocarros de 2 andares.

Na Avenida andava-se em passo de corrida para chegar aos locais pretendidos, desde os CTT, lojas de móveis e decoração, agência de viagens, consultórios, Instituto Português da Juventude, conferências, Hotel Flórida para lanchar com os amigos, cinema, concertos, teatro,etc.

E como uma das razões da minha ida à Avenida, saliento o cinema:

 Tivoli
Havia o Condes, ÉdenOdéon, Politeama, Capitólio, São Jorge (na época, o maior cinema da Península Ibérica, com 1827 lugares distribuídos pela plateia e por dois balcões), Tivoli  (realçava luxo e requinte, num estilo neoclássico, com um grande foyer rectangular no 1º balcão) onde se podia assistir também a concertos e teatro e outros.





Todas as salas eram espaçosas e a maioria tinha cortinados espessos e compridos que abriam e fechavam no início e no fim das sessões. A estreia do mesmo filme em simultâneo restringia-se a um número limitado de cinemas para se distinguirem na sua identidade.



As filas de espera eram enormes e havia entrega do programa com um resumo do filme em cartaz, recolhido pelo arrumador juntamente com uma gratificação facultativa.

Desde a entrada na sala até ao fim da projecção, havia dois intervalos - um a seguir aos documentários/desenhos animados/magazine de actualidades/apresentação de próximas estreias e outro a meio do filme, para tomar um café ou um chá no bar, fumar um cigarro, ir à casa de banho ou trocar impressões sobre a fita.

No Verão era a época das reposições em sessões contínuas.
Ir ao cinema representava um momento de carácter social para o qual se vestiam roupas mais requintadas e se fazia uma ida ao cabeleireiro.

Sem o charme e a magia daquele tempo, é tudo muito menos especial, em salas vulgares, com pipocas e pepsis, ou não.

HOJE, a Avenida tem mais hotéis, alguns dos melhores cafés de sempre, teatros, universidades e as antigas lojas de alfaiates, seguidas de marcas internacionalmente conhecidas como Calvin Klein, Timberland, Massimo Dutti, Armani, Burberrys e Adolfo Dominguez, sinónimo de elegância, moda e movimento...
O hotel Tivoli Lisboa, por ex., reconhecido pelas suas facilidades para reuniões de negócios de elites executivas, perpetua a tradição de ponto de encontro de prestígio da cidade com uma vista privilegiada sobre Lisboa no Bar Terraço, bons momentos de descontração no Tivoli Caffè e boa cozinha no Restaurante Brasserie Flo Lisboa.


                                         Hotel Tivoli e  Desfile na Avenida

É também o ponto de eleição de escritórios, árvores centenárias e milhares de trabalhadores que por ali passam todos os dias.


Centro de cortejos, festividades e manifestações, ainda conserva a elegância. 
Algumas das mansões originais foram preservadas assim como o acima referido neoclássico Teatro Tivoli e um quiosque de 1920 no exterior.
Infelizmente, muitas das fachadas no estilo  deram lugar a edifícios ocupados por escritórios, hotéis ou complexos comerciais.
Wikipédia

AO COTRÁRIO DOS ANOS 60, passou a ser um sítio bastante agradável para deambular, mais bonita, com mais vida, mais sabor e sons.

Mas só em 2011 é que surgiram lugares adequados para os que gostam de passear, lanchar à sombra de uma árvore, aproveitar uma noite quente para o cavaqueio depois de um concerto ou simplesmente descansar.

E foi a existência de novos quiosques espalhados entre os Restauradores e a Rua Alexandre Herculano que me sugeriu este poste.


Os antigos quiosques-restaurante, instalados na avenida por volta de 1986, foram substituídos por cinco novos espaços, de "formatos mais rectilíneos e clean", tradicionais e num bonito verde-escuro, cada um com 36 lugares de esplanada, abertos de manhã à noite, transmitindo à Avenida um novo movimento.


Situados de um lado e do outro dela, todos têm o mesmo aspecto e modo de funcionar, distinguindo-se apenas na oferta gastronómica.

Há ementas para todos os gostos, vontades e apetites, desde as pizzas aos cachorros quentes, das saladas aos gelados ou simplesmente um café; basta escolher, saborear e aproveitar a brisa fresca que se faz sentir sobre a imensa sombra que as árvores oferecem.
                      
Além de petiscos, servem também animação nocturna com programação a cargo do Verde Movimento. A ideia é reviver a artéria principal da cidade, com um leque aberto e muito amplo de ofertas.


Posto 1 - “Banana Café", junto da Rua Alexandre Herculano, serve batidos de fruta encorpados 100% naturais (à receita base pode ainda ser adicionado iogurte, mel, sementes de sésamo ou manteiga de amendoim” tudo feito no momento”), saladas, sopas e muffins.

Posto 2 - "Hot Dog Lovers", junto da Rua Alexandre Herculano, serve cachorros quentes com "pão e vegetais frescos todos os dias", tapas, tábuas de queijos e enchidos, podendo tudo ser acompanhado por vinho português. 




Posto 3- “Maritaca”, situado junto da Rua das Pretas serve pizza e outras especialidades italianas; inclui fatias retangulares, rolinhos de pizza, saladas, calzones, paninis e bruschettas. 






Posto 4 - “O Melhor Bolo de Chocolate do Mundo, também junto da Rua das Pretas. Além das famosas fatias de chocolate, serve pastéis de nata, queijadas, croissants, gelados, quiches, tostas, sumos naturais e caipirinhas. 








Posto 5 - Segundo "Banana Café”, junto à Praça dos Restauradores, tem a mesma oferta do quiosque 1



UM POUCO MAIS PARA TRÁS...

A avenida da Liberdade e a praça dos Restauradores tiveram origem no boulevard chamado Passeio Público, mandado construir pelo Marquês de Pombal depois do sismo/maremoto de 1755. Era rodeado por muros e portões por onde passavam apenas os membros da alta sociedade. Só em 1821, é que se tornaria realmente público, quando o rei D. João VI mandou derrubar os muros para que toda a gente pudesse circular.

Passeio Público e circo Price

A demolição, desde que foi imaginada até ser concluída (1859 a 1880?) foi muito polémica e teve vários contratempos. Começou-se por destruir primeiro o circo Price, no topo Norte.

Fialho de Almeida escreveu, a propósito: “Apenas se falou em deitar abaixo as grades do Passeio, primeiro foi uma fúria, depois foi uma guerra, depois foi uma troça, (…) uns por causa do ripanço, outros por causa das sopeiras, outros por causa da música, o certo é que ninguém queria consentir no sacrifício do Passeio à Avenida”.
Diz-se também que, apesar de todos os elogios que lhe fez Castilho, foi considerado por muitos «uma jaula de flores»

O projecto previu desde muito cedo que a nova artéria teria início numa praça, à semelhança da Praça da Concórdia em Paris (daí a escolha do local para erguer o obelisco dos Restauradores).


Estado das obras na Avenida da Liberdade - (Desenho do natural por "J. Christino", gravura reproduzida in "O OCIDENTE" de 1 de Julho de 1883) in LISBOA DE FREDERICO RESSANO GARCIA

Apesar das polémicas, a Avenida chamar-se-ia da LIBERDADE e em 1886, na presença do Rei Dom Luís e da sua corte, foi inaugurado o seu primeiro lanço e o monumento aos Restauradores.

Inauguração - 1886
Estava aberta uma nova era na urbanização e na expansão da cidade

Litografia a cores - Restauradores no início da Avenida da Liberdade,19__,in LISBOA DE FREDERICO RESSANO GARCIA(1874-1909)
eléctrico - 1902

«A bela Avenida foi com meia dúzia de jardins muito bem tratados e os americanos eléctricos o que de melhor nos trouxe a civilização».O Occidente, 20 Junho 1906.

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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

A VIDA



É...Poder voltar a acreditar
Em ter um dia a mais, outro a menos
Estar acordado e sonhar
Com momentos altos e plenos


Fingir que tudo está bem
“Ouvindo e vendo” as estrelas
Desgostar o que não se tem
Apreciar flores amarelas


Aceitar falhas, qualidades
Fazer ou não, o que está certo
Dar nova forma a realidades
Decidir arrostar o incerto


Lutar contra as injustiças
Ver no pôr-do-sol uma festa
Concluir a partir de premissas
Que o presente é que se atesta


Teatro, magia, provocação
Sistema em curso permanente
Dinâmica celular, evolução
Resposta a estímulos, tendente


Ter a coragem de arriscar
Viver com ou sem laços
Cometer erros e superar
Arrolamento de estilhaços


Ultrapassar as distâncias
Num fatal espaço de tempo
Dizer adeus a ambulâncias
E chorar pelo contratempo


Sorrir pra quem se não gosta
Não cultivar preconceito
Ganhar contra o ódio a aposta
Mantendo a classe e o respeito


A maior empresa do mundo
Proibida de ter falência
Desenhar um porvir fecundo
Com vitória da paciência


Fenómeno que anima a matéria
Metabolismo, reprodução
Passageira em qualquer artéria
Um processo em demolição.


Ser tomado pela ingratidão
Aprender a morrer na quaresma
E na imobilidade, em extinção
Partir ao encontro de si mesma

A vida é...





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segunda-feira, 7 de outubro de 2013

"SER NINGUÉM"



- Romeiro! Romeiro!... Quem és tu?
- Ninguém.

In Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett

"O romeiro é alguém que, sem pertencer ao domínio dos vivos, também não faz parte dos mortos.
É uma não entidade. É alguém não desejado."

Como os pobres do meu País, Portugal.

Como eu, considerada apenas “a pensão progressivamente usurpada”...
... Mas que ainda não perdeu a capacidade da indignação diante da fome e da pobreza com que os governantes torturam os desafortunados demonstrada frequentemente neste cantinho (enquanto houver liberdade para exprimir opiniões) como em O meu País tem aromas” (cheira a pobreza); “Velhos de Portugal com fome”; “Escravatura à vista”, entre outros postes.


Hoje recebi um emailQUE TRISTEZA!para partilhar. Aqui está também, com o respectivo comentário.


 *Sopa dos Pobres - 1945 e 2013!*
*Em 1945, foi a Guerra provocada pela Alemanha de Hitler; em 2013 é a
Guerra provocada pela Alemanha de Merkel e por Passos Coelho!
Ao que chegamos!*



"O mundo é de quem não sente (…) 

A qualidade principal na prática da vida é aquela qualidade que conduz à acção, isto é, a vontade. Ora há duas coisas que estorvam a acção - a sensibilidade e o pensamento analítico, que não é, afinal, mais que o pensamento com sensibilidade. Toda a acção é, por sua natureza, a projecção da personalidade sobre o mundo externo, e como o mundo externo é em grande e principal parte composto por entes humanos, segue que essa projecção da personalidade é (…) ferir e esmagar os outros, conforme o nosso modo de agir.
(…) Quem simpatiza pára.

O homem de acção considera o mundo externo como composto exclusivamente de matéria inerte - ou inerte em si mesma(...) ; ou inerte como um ente humano que, porque não lhe pôde resistir, tanto faz que fosse homem como pedra, pois, como à pedra, ou se afastou ou se passou por cima."
(...) O estratégico é um homem que joga com vidas como o jogador de xadrez com peças de jogo. Que seria do estratégico se pensasse que cada lance do seu jogo põe noite em mil lares e mágoa em três mil corações? Que seria do mundo se fôssemos humanos? (...)
Fernando Pessoa, in 'O Livro do Desassossego


O fosso entre pobres e ricos em Portugal é o maior no conjunto dos países da União Europeia. O rendimento dos dois milhões de portugueses mais ricos do país é quase sete vezes maior do que o rendimento dos dois milhões de pessoas mais pobres.

Um quinto dos portugueses vive com menos de 360 euros por mês. E 32% da população activa entre os 16 e os 34 anos seria pobre se dependesse só do seu trabalho.
Estudo "Desigualdade Económica em Portugal

Não consta da agenda do Conselho de Ministro, mas o Expresso apurou que do Governo vai sair um novo pacote de austeridade que compense o chumbo do Tribunal Constitucional aos despedimentos na função pública e à convergência dos sistemas de pensões.
Cerca de dois terços dos desempregados reais não têm meios de subsistência.

Passos Coelho não olha a meios para chegar aos fins. Se for preciso mentir, ele mente. E ameaça.
Como disse Fernando Alves, na TSF, "não revela apenas insensibilidade social, mas desprezo pelos mais desamparados"

Tentou fazer passar uma lei claramente inconstitucional (a requalificação dos funcionários públicos), para, depois de chumbada, poder pôr as culpas do segundo resgate na lei e no Tribunal Constitucional. Desculpabiliza o Governo pelas políticas de austeridade e ameaça os portugueses de que se as condições não forem aceites, vêm aí coisas ainda muito piores.


"No final desta crise, o executivo de Passos Coelho terá dado aos grupos económicos sectores estratégicos da economia, como a energia e as águas, que gerações de contribuintes pagaram. Terá acabado com a educação e a saúde públicas, de modo a que haja um serviço pago, de qualidade, para os ricos e uma espécie de sopa dos pobres para todos os outros. E, finalmente, terá garantido uma mão-de-obra submissa e a metade do preço. Não lhe interessa que os portugueses vivam melhor, basta-lhes que alguns tenham lucros milionários."
 Nuno Ramos de Almeida, Jornal i


13 Outubro de 2011
O jornalista António Sérgio Azenha investigou e analisou os rendimentos de 15 políticos antes e depois de passarem pelo Governo português. O resultado está no livro 'Como os políticos enriquecem em Portugal', da editora Lua de Papel.



D. Jorge Ortiga, Arcebispo de Braga, alertou para a “pobreza escondida” e a corrupção na sociedade portuguesa, pedindo respostas concretas dos seus governantes.


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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

"ESTA É A DITOSA PÁTRIA MINHA AMADA"




Ler o magnífico poema épico de Camões pode ser a forma perfeita para ultrapassar o negro presente.  


"Eu canto o peito ilustre Lusitano..."

Os “lusíadas” são os portugueses todos, os passados, os presentes e futuros,  na medida em que assumam as virtudes que caracterizam, no entendimento do poeta, o povo português e que ele sintetiza, na dedicatória a Dom Sebastião:

"Vereis amor da pátria, não movido
de prémio vil,  mas alto e quase eterno
,"

Camões foi pioneiro da moderna consciência universalista, excedendo todas as ideologias.

Refere-se a si como um poeta admirador do povo e dos heróis portugueses, revelando espírito crítico ao que o envolvia na época.  

Canta:

"Aqueles sós direi, que aventuraram
Por seu Deus, por seu Rei, a amada vida,"



Dom Afonso Henriques - Vasco da Gama
Mas, por oposição:

"Nenhum ambicioso, que quisesse
Subir a grandes cargos, cantarei,
Só por poder com torpes exercícios
Usar mais largamente de seus vícios..." 

"Nenhum que use de seu poder bastante,
Para servir a seu desejo feio,
...
Quem, com hábito honesto e grave, veio,
Por contentar ao Rei no ofício novo,
A despir e roubar o pobre povo"
“ E não acha que é justo e bom respeito,
Que se pague o suor da servil gente;
Nem quem sempre, com pouco experto peito,
Razões aprende, e cuida que é prudente,
Para taxar, com mão rapace e escassa,
Os trabalhos alheios, que não passa”
        
"Quanto no rico, assi como no pobre,
Pode o vil interesse e sede immiga
Do dinheiro, que a tudo nos obriga. "

" A Polidoro mata o Rei Treício,
Só por ficar senhor do grão tesouro;
Entra, pelo fortissimo edifício,"
Faz tradores e falsos os amigos; (...)
E entrega capitães aos inimigos;"

"...este faz e desfaz leis;"

O Poeta afirma a sua posição independente de cantor do justo e do direito, acusando os hipócritas, os interesseiros, os opressores do povo.

Aponta para um dos males da sociedade sua contemporânea, orientada por valores materialistas e faz uma severa crítica ao poder corruptor do dinheiro e do «ouro».

Ao cantar a gesta heróica do passado, o poeta pretende mostrar aos seus contemporâneos a falta de grandeza do Portugal presente.





Nô mais, Musa, nô mais, que a Lira tenho

Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho

Cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se acende o engenho
Não no dá a pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Düa austera, apagada e vil tristeza"


TÃO ACTUAL...

Há a crise de regime em que vivemos, com a crescente descrença nos políticos e nas instituições democráticas
Há a vergonhosa disputa de interesses nos aparelhos partidários
"A maioria dos políticos que consegue acumular autênticas fortunas ao fim de uma mera dezena de anos!"
Há uma imunda ignomínia e impunidade traduzidas também na imagem de corrupção transversal a todo o país.




Há uma Assembleia da República, Centro da Corrupção em Portugal
Há silêncios e “assobios para o ar" face às leis feitas por “eles próprios através de gabinetes de advogados privados” porque sabem que passam inocentados pelo sistema colaboracionista da justiça, ajudados pelos poderes centrais e autárquicos.


Há portugueses que, mesmo ilustrados, toleram bem a corrupção desde que "deixe obra" para si. "A corrupção incomoda-os. Mas o que os incomoda não é o roubo. É serem eles os roubados. Se o corrupto lhes deixa alguma coisa a corrupção deixa de ser um problema"
(Ao tomar conhecimento da vitória eleitoral…  Isaltino Morais lançou jornais a arder pela janela da sua cela na Carregueira, juntando-se assim às largas dezenas de carros dos apoiantes da lista Isaltino Oeiras Mais À Frente”)


 Armando Vara, o senhor Mexia, o senhor Dias Loureiro, o senhor Jorge Coelho, o senhor Rui Pedro Soares, os senhores Penedos pai e filho, Sócrates, Duarte Lima...milhentos que "procuram a fama para proveito próprio", "exploradores do povo".

      

No final d'Os Lusíadas num momento de desalento quanto ao estado da nação, dirige-se a Dom Sebastião… rogando-lne que nunca outros possam dizer que os Portugueses são uma nação servil, em vez de senhorial.


“Fazei, Senhor, que nunca os admirados
Alemães, Galos, Ítalos e Ingleses,
Possam dizer que são para mandados,
Mais que para mandar, os Portugueses.
Tomai conselho só d'experimentados,
Que viram largos anos, largos meses,
Que, posto que em cientes muito cabe,
Mais em particular o experto sabe”




Pois hoje,  Camões, "ESTA É A DITOSA PÁTRIA MINHA AMADA"... Uma Nação SERVIL exemplar!

(HAVERÁ POR AÍ ALGUÉM QUE CAMÕES POSSA CANTAR ?)


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terça-feira, 1 de outubro de 2013

O "SR. BARROSO, PRINCÍPIO DO FIM... "



Quando Durão Barroso era primeiro-ministro de Portugal, advogava a total privatização da economia portuguesa, incluindo bens essenciais como a água.
E a medida agradou tanto aos neoliberais da UE, que não tardaram a convidá-lo para chefiar a Comissão Europeia (deixando ficar atrás o estigma de fuga por causa da crise económica e da derrota eleitoral...)




Durão Barroso tem sido, então, desde 2004, o leader da Comissão - instituição definida como politicamente independente e que representa e defende os interesses da União Europeia  (UE) na sua globalidade.


Qualidades naturais, experiência, conhecimentos adquiridos, empatia, visão estratégica, intuição para respostas em cenários de crise, capacidade de trabalho, determinação e vontade foram também, com certeza, algumas das características ponderadas...
Recordando a célebre frase «tenho a certeza que serei primeiro-ministro, só não sei é quando", torna indiscutíveis pelo menos as três últimas.
Em 1993, o World Economic Forum, talvez por ter sido o principal promotor dos acordos de Bicesse e um divulgador da causa da independência de Timor-Leste no panorama político internacional, destacava-o como um dos "Global leaders for tomorrow" e um "political star."

Mas então o que é que Durão Barroso tem feito desde que assumiu as funções de Presidente, além de ter deixado cair vários países às mãos dos especuladores financeiros? 
Talvez muitas outras coisas que eu desconheço porque só de retórica são feitas as noticias a que tenho acesso.
Porém, sabemos que a Alemanha avança e não é só por mérito próprio; a demissão dos que se baixam para que ela galgue, tem sido uma constante.

Ainda que sem grande repercussão, já tem havido certas vozes que se começaram a ouvir contra a cobardia que vai deixando a Europa desagregar-se, empobrecer, retroceder.

2013-06-12 

Rachida Dati (ex-ministra da Justiça francesa, deputada europeia do PPE) afirmou em comunicado :
- «O senhor Barroso deve ir-se embora, e depressa. A sua falta de coragem e a sua ineficácia prejudicaram decididamente muito os europeus».
«Para que serve a Comissão Europeia se, por medo dos seus parceiros comerciais, ela se recusa a defender os europeus e tudo o que constitui a nossa especificidade? O senhor Barroso está a curvar-se perante os Estados Unidos antes mesmo de as negociações começarem».


Costa-Gavras (realizador), numa conferência de imprensa no Parlamento Europeu:
 - «O senhor Barroso é um homem perigoso para a cultura europeia». 






As críticas a Durão Barroso surgem depois das longas negociações realizadas entre os 27 ministros do Comércio da União Europeia para acordar os termos do que será o maior negócio de comércio livre do mundo - Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento UE-EUA- com agenda marcada na Cimeira do G8, Irlanda do Norte.






Desgarrado, também acontece um elogio.

25-09-2013

"Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, foi hoje (25) galardoado em Espanha com o Prémio Carlos V 2012, por representar o interesse geral num período de crise e pela sua destacada contribuição para o desenvolvimento da Europa"
O Prémio, dotado com 45.000 euros, foi atribuído pela Fundação Academia Europeia de Yuste, em Mérida.
José António Monago, presidente do Governo de Estremadura sublinhou ainda a "indubitável e destacada contribuição no desenvolvimento de Europa desde o ano 2004", bem como a sua "carreira política e humana aberta à Europa".
Mikhail Gorbachev, Jacques Delors, Felipe González e Javier Solana, foram algumas das individualidades anteriormente destacadas.


E a 11 de setembro de 2013 em Estrasburgo, também acontece o discurso anual do presidente da Comissão Europeia sobre o estado da EU, perante o Parlamento Europeu, seguido de uma súbita rajada de comentários muito críticos e muito pouco elogiosos.



O DISCURSO  (inspirado no modelo americano, - criticado por eurodeputados - o discurso do "estado da União" em Estrasburgo, com a economia em lugar de destaque)

Resenha

Durão Barroso proclamou o fim da crise económica sem deixar de frisar que os sinais de recuperação ainda são frágeis. 
Focou os mais de 26 milhões de desempregados, que apontam a União Europeia como a ovelha negra em termos económicos, a nível mundial, o
crescimento anémico, o estado social pouco ajustado à necessidade de disciplina orçamental e à redução das dívidas públicas, a falta de coragem para reformas profundas tanto nos Estados-membros como na "monstruosa teia burocrática de Bruxelas"e apelou à criação urgente da união bancária, que "avança a passos de tartaruga, com a Alemanha e os seus aliados a travarem um projecto que só avançará quando a banca europeia limpar todos os seus armários dos muitos esqueletos que resultaram de anos de dinheiro fácil e barato".
A um ano das eleições europeias, Barroso disse não ter dúvidas de que "os governos e os políticos que avançam com reformas penosas para as populações podem ser punidos pelo eleitorado, atraído pelos populistas e pelos que não acreditam no projecto europeu". 
Mas que "sem essas reformas, sem o novo normal, a União Europeia tem os dias contados"
Com a Rússia a "roubar" aliados à União Europeia, Barroso atirou-se a David Cameron perdendo pontos para acrescentar aos já perdidos junto de Merkel e Hollande.


COMENTÁRIOS

Le Soir
«Em Estrasburgo, José Manuel Durão Barroso falhou completamente o seu discurso. Era mais um dos seus discursos habituais - e são muitos... A oito meses das eleições europeias, a rotina não pode representar uma resposta ao desespero de muitos europeus, e à deterioração crescente da perspetiva que têm da Europa. [...] Este é talvez o princípio do fim do projeto europeu. Uma perspetiva arrepiante...
Mas assistimos ontem ao princípio do fim de José Manuel Durão Barroso.»

yiannis
«Barroso, quem é ele? Ele impede os políticos europeus que tomam decisões estúpidas de execução sobre o euro no sul da Europa?»

Cerstin Gammelin no Süddeutsche Zeitung de Munique
«A Comissão foi fundada para garantir o bom funcionamento do mercado único. Hoje, após dez anos sob o mandato de Barroso, está mais enfraquecida do que nunca. Na altura, a Comissão era uma instituição fiável para os países do Sul. Hoje em dia, os cidadãos confiam mais nas instituições nacionais. […] Uma situação perigosa, uma vez que o mercado único é o projeto mais importante da união política, a garantia da confiança que une os 28 países-membros. A Comissão controla este mercado e está a destabilizá-lo, a abanar os alicerces da UE. A Europa não pode voltar a ter um segundo presidente como Barroso»

spanishengineer
«Sob o mandato de Durão Barroso e Van Rompuy, a UE perdeu a oportunidade de atuar como um contrapeso e equilíbrio de poder entre grandes e pequenos países e também entre grandes e pequenas empresas. Minha percepção é que hoje a maioria dos europeus se sentem vulneráveis, porque eles veem ninguém para defendê-los. Você é deixado com a possibilidade de ir para seus Parlamentos nacionais ou seus bancos centrais, porque tudo depende do que eles dizem, em Bruxelas, e o que eles dizem em Bruxelas? Dizem o que diz Merkel.»

Nuno D
«Barroso foi um dos primeiros-ministros mais ridículos que Portugal já teve. (…). Outro personagem brilhante é o vice-presidente do BCE, Vítor Constâncio. Ele foi provavelmente o pior governador do Banco de Portugal desde a sua fundação, miseravelmente incompetente. Mas, como se vê, ele foi promovido…»

papa21
«Obviamente o homem errado para tempos difíceis. Precisamos, sim, uma espécie de Churchill para o lugar, e não um administrado.

gachupina
«Barroso foi eleito para o Conselho Europeu para não incomodar.»

cubase
« Euro e EUs são um desastre e não há nada que possa salvá-los, bom dia!»

Victorio
«Sim, é hora de votar um novo Presidente da Comissão. Barroso não foi muito ruim, mas não é realmente impressionante também. Espero que a eleição para o Parlamento Europeu no próximo ano dê início a um debate político transeuropeu sobre o futuro da EU».

E muitos outros...

Imagens e tradução Google