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terça-feira, 15 de outubro de 2013

A AVENIDA DA LIBERDADE


Restauradores - 1960

Conheci a majestosa AVENIDA DA LIBERDADE na década de 60 cheia de árvores, edifícios de fachadas no estilo arte nova, fontes, monumentos, estátuas, raras esplanadas, pavimentos decorados com padrões abstratos, bancos de jardim do século XIX e muitos autocarros.
Lembro-me de ter ficado impressionada com aquela enorme extensão ligando a Praça dos Restauradores à Praça do Marquês de Pombal, corredor de passagem obrigatória para a Baixa, o centro da vida comercial de Lisboa e de várias actividades de lazer até, pelo menos, ao incêndio do Chiado ocorrido em 1988.

Apesar de já existir o metropolitano para os Restauradores (e logo depois para o Rossio), sempre preferi o 2º piso dos autocarros de 2 andares.

Na Avenida andava-se em passo de corrida para chegar aos locais pretendidos, desde os CTT, lojas de móveis e decoração, agência de viagens, consultórios, Instituto Português da Juventude, conferências, Hotel Flórida para lanchar com os amigos, cinema, concertos, teatro,etc.

E como uma das razões da minha ida à Avenida, saliento o cinema:

 Tivoli
Havia o Condes, ÉdenOdéon, Politeama, Capitólio, São Jorge (na época, o maior cinema da Península Ibérica, com 1827 lugares distribuídos pela plateia e por dois balcões), Tivoli  (realçava luxo e requinte, num estilo neoclássico, com um grande foyer rectangular no 1º balcão) onde se podia assistir também a concertos e teatro e outros.





Todas as salas eram espaçosas e a maioria tinha cortinados espessos e compridos que abriam e fechavam no início e no fim das sessões. A estreia do mesmo filme em simultâneo restringia-se a um número limitado de cinemas para se distinguirem na sua identidade.



As filas de espera eram enormes e havia entrega do programa com um resumo do filme em cartaz, recolhido pelo arrumador juntamente com uma gratificação facultativa.

Desde a entrada na sala até ao fim da projecção, havia dois intervalos - um a seguir aos documentários/desenhos animados/magazine de actualidades/apresentação de próximas estreias e outro a meio do filme, para tomar um café ou um chá no bar, fumar um cigarro, ir à casa de banho ou trocar impressões sobre a fita.

No Verão era a época das reposições em sessões contínuas.
Ir ao cinema representava um momento de carácter social para o qual se vestiam roupas mais requintadas e se fazia uma ida ao cabeleireiro.

Sem o charme e a magia daquele tempo, é tudo muito menos especial, em salas vulgares, com pipocas e pepsis, ou não.

HOJE, a Avenida tem mais hotéis, alguns dos melhores cafés de sempre, teatros, universidades e as antigas lojas de alfaiates, seguidas de marcas internacionalmente conhecidas como Calvin Klein, Timberland, Massimo Dutti, Armani, Burberrys e Adolfo Dominguez, sinónimo de elegância, moda e movimento...
O hotel Tivoli Lisboa, por ex., reconhecido pelas suas facilidades para reuniões de negócios de elites executivas, perpetua a tradição de ponto de encontro de prestígio da cidade com uma vista privilegiada sobre Lisboa no Bar Terraço, bons momentos de descontração no Tivoli Caffè e boa cozinha no Restaurante Brasserie Flo Lisboa.


                                         Hotel Tivoli e  Desfile na Avenida

É também o ponto de eleição de escritórios, árvores centenárias e milhares de trabalhadores que por ali passam todos os dias.


Centro de cortejos, festividades e manifestações, ainda conserva a elegância. 
Algumas das mansões originais foram preservadas assim como o acima referido neoclássico Teatro Tivoli e um quiosque de 1920 no exterior.
Infelizmente, muitas das fachadas no estilo  deram lugar a edifícios ocupados por escritórios, hotéis ou complexos comerciais.
Wikipédia

AO COTRÁRIO DOS ANOS 60, passou a ser um sítio bastante agradável para deambular, mais bonita, com mais vida, mais sabor e sons.

Mas só em 2011 é que surgiram lugares adequados para os que gostam de passear, lanchar à sombra de uma árvore, aproveitar uma noite quente para o cavaqueio depois de um concerto ou simplesmente descansar.

E foi a existência de novos quiosques espalhados entre os Restauradores e a Rua Alexandre Herculano que me sugeriu este poste.


Os antigos quiosques-restaurante, instalados na avenida por volta de 1986, foram substituídos por cinco novos espaços, de "formatos mais rectilíneos e clean", tradicionais e num bonito verde-escuro, cada um com 36 lugares de esplanada, abertos de manhã à noite, transmitindo à Avenida um novo movimento.


Situados de um lado e do outro dela, todos têm o mesmo aspecto e modo de funcionar, distinguindo-se apenas na oferta gastronómica.

Há ementas para todos os gostos, vontades e apetites, desde as pizzas aos cachorros quentes, das saladas aos gelados ou simplesmente um café; basta escolher, saborear e aproveitar a brisa fresca que se faz sentir sobre a imensa sombra que as árvores oferecem.
                      
Além de petiscos, servem também animação nocturna com programação a cargo do Verde Movimento. A ideia é reviver a artéria principal da cidade, com um leque aberto e muito amplo de ofertas.


Posto 1 - “Banana Café", junto da Rua Alexandre Herculano, serve batidos de fruta encorpados 100% naturais (à receita base pode ainda ser adicionado iogurte, mel, sementes de sésamo ou manteiga de amendoim” tudo feito no momento”), saladas, sopas e muffins.

Posto 2 - "Hot Dog Lovers", junto da Rua Alexandre Herculano, serve cachorros quentes com "pão e vegetais frescos todos os dias", tapas, tábuas de queijos e enchidos, podendo tudo ser acompanhado por vinho português. 




Posto 3- “Maritaca”, situado junto da Rua das Pretas serve pizza e outras especialidades italianas; inclui fatias retangulares, rolinhos de pizza, saladas, calzones, paninis e bruschettas. 






Posto 4 - “O Melhor Bolo de Chocolate do Mundo, também junto da Rua das Pretas. Além das famosas fatias de chocolate, serve pastéis de nata, queijadas, croissants, gelados, quiches, tostas, sumos naturais e caipirinhas. 








Posto 5 - Segundo "Banana Café”, junto à Praça dos Restauradores, tem a mesma oferta do quiosque 1



UM POUCO MAIS PARA TRÁS...

A avenida da Liberdade e a praça dos Restauradores tiveram origem no boulevard chamado Passeio Público, mandado construir pelo Marquês de Pombal depois do sismo/maremoto de 1755. Era rodeado por muros e portões por onde passavam apenas os membros da alta sociedade. Só em 1821, é que se tornaria realmente público, quando o rei D. João VI mandou derrubar os muros para que toda a gente pudesse circular.

Passeio Público e circo Price

A demolição, desde que foi imaginada até ser concluída (1859 a 1880?) foi muito polémica e teve vários contratempos. Começou-se por destruir primeiro o circo Price, no topo Norte.

Fialho de Almeida escreveu, a propósito: “Apenas se falou em deitar abaixo as grades do Passeio, primeiro foi uma fúria, depois foi uma guerra, depois foi uma troça, (…) uns por causa do ripanço, outros por causa das sopeiras, outros por causa da música, o certo é que ninguém queria consentir no sacrifício do Passeio à Avenida”.
Diz-se também que, apesar de todos os elogios que lhe fez Castilho, foi considerado por muitos «uma jaula de flores»

O projecto previu desde muito cedo que a nova artéria teria início numa praça, à semelhança da Praça da Concórdia em Paris (daí a escolha do local para erguer o obelisco dos Restauradores).


Estado das obras na Avenida da Liberdade - (Desenho do natural por "J. Christino", gravura reproduzida in "O OCIDENTE" de 1 de Julho de 1883) in LISBOA DE FREDERICO RESSANO GARCIA

Apesar das polémicas, a Avenida chamar-se-ia da LIBERDADE e em 1886, na presença do Rei Dom Luís e da sua corte, foi inaugurado o seu primeiro lanço e o monumento aos Restauradores.

Inauguração - 1886
Estava aberta uma nova era na urbanização e na expansão da cidade

Litografia a cores - Restauradores no início da Avenida da Liberdade,19__,in LISBOA DE FREDERICO RESSANO GARCIA(1874-1909)
eléctrico - 1902

«A bela Avenida foi com meia dúzia de jardins muito bem tratados e os americanos eléctricos o que de melhor nos trouxe a civilização».O Occidente, 20 Junho 1906.

Imagens Google

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