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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

AS PRIMEIRAS-DAMAS DE PORTUGAL - 3




Lucrécia Augusta de Brito de Berredo Furtado de Melo Arriaga
A Primeira-Dama de Portugal

Nasceu a 13 de novembro de 1844 na Figueira da Foz.
Era filha de Roque Francisco Furtado de Melo e de Maria Máxima de Brito Leite de Berredo, descendentes de aristocratas açorianos.

Como consequência do seu estatuto social, teve uma uma educação privilegiada; falava Francês e Inglês e aprendeu a tocar piano.
Na sua terra natal conheceu Manuel José de Arriaga Brum da Silveira e Peyrelongue, de famílias relacionadas da Ilha do Pico, Açores, com quem casou em 1870.

O casamento foi celebrado numa capelinha perto de Valença do Minho onde o pai era general e governador da Praça (de Valença).
Viveu em Coimbra durante alguns anos - Manuel de Arriaga licenciou-se em Direito, foi advogado e  Reitor da Universidade de Coimbra.
Foi também escritor, poeta e um grande orador.

O casal adorava o mar, as crianças e as flores; a família passava regularmente as férias em Buarcos e, pelo mesmo motivo, a última casa em que Manuel de Arriaga viveu seria em Lisboa, perto da Rua das Janelas Verdes, para poder ver os barcos no Tejo.

Retrato pintado por Malhoa, pertença da família Arriaga

Teve seis filhos:


Maria Máxima de Melo Arriaga Brum da Silveira * 20.02.1875  João Carlos de Tavares Morais da Cunha Cabral
Manuel José de Arriaga Brum da Silveira * 24.03.1879  Maria Valentina Chagas Riet
Maria Amélia de Melo Arriaga Brum da Silveira * 08.02.1880  Luis Xavier Barbosa da Costa
Maria Cristina de Arriaga * 10.04.1882  Henrique Raimundo de Barros
Roque Manuel de Arriaga * 18.03.1885  Maria Isabel de Almeida Pinheiro 
Maria Adelaide de Melo de Arriaga * 11.04.1887  Daniel da Silva Ferreira Júnior

Fonte: GEPB - vol. 03-pg. 358


A 24 de agosto de 1911, o marido é eleito primeiro Presidente da República Portuguesa.

José de Arriaga - eleito aos 71 anos

Lucrécia torna-se a Primeira-dama do país aos sessenta e seis anos de idade (1911 a 1915 aquando da demissão do marido).

Apesar de pró-monárquica convicta, apoia o marido e muda-se com a família para o Palácio de Belém (mais concretamente, para um pequeno palacete na Horta Seca, cuja renda tinham que pagar do seu bolso, assim como a própria mobília).
O Presidente recusou ajudas de custo, prescindiu do dinheiro para transportes, não quis secretário, nem protocolo, nem Conselho de Estado porque, disse na tomada de posse:
- “Estou aqui para servir o país. Seria incapaz de alguma vez me servir dele…

Lucrécia evitou a exposição pública em eventos.
Algumas excepções:
- A comemoração do segundo aniversário da Implantação da República, em 1912
- Um chá da tarde para os filhos dos funcionários da Imprensa Nacional a que presidiu, e onde foi recebida como esposa do Chefe de Estado, em 4 de outubro de 1913. 
 - O terceiro aniversário da instauração do regime republicano, assistindo a uma peça no Teatro Nacional de São Carlos, sem lugar oferecido na tribuna presidencial, no dia seguinte. 
- A "festa no jardim" promovida por Manuel de Arriaga aos marinheiros brasileiros que visitaram Lisboa por ocasião do 23 º aniversário da República brasileira, em Novembro do mesmo ano.
O Presidente e a Primeira-dama plantaram duas palmeiras no Jardim Botânico Tropical em Lisboa, contíguo aos jardins do Palácio de Belém.
As árvores, passados cem anos, ainda existem. 

Abertura da Escola Superior de Guerra, o presidente da República, Manuel de Arriaga, com o Ministro
Av. República 1911 Cortejo integrado num concurso de cavalos de carroça

Depois de Manuel de Arriaga ter deixado a Presidência em 1915, colaborou ainda com a Cruzada das Mulheres Portuguesas, em 1916.

Faleceu em 15 de outubro de 1927, na Parede 

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domingo, 12 de janeiro de 2014

AS PRIMEIRAS-DAMAS DE PORTUGAL - 2


A Primeira-dama Portuguesa passou a existir quando Portugal deixou de ser uma Monarquia para se tornar uma República com um Presidente eleito.
Este novo sistema de regime político aconteceu depois de terem ocorrido. vários incidentes ainda relacionados com o regime monárquico constitucional.


SÍNTESE DA SITUAÇÃO E ACONTECIMENTOS MAIS PRÓXIMOS DA MUDANÇA

A Monarquia Constitucional



Duque de Saldanha (P. Regenerador) e Veiga Beirão (P. Progressista)

De 1834 a 1910, Portugal foi uma Monarquia Constitucional cujo poder era assegurado rotativamente por dois partidos autónomos significativos com uma orgânica partidária muito centralizada - o Partido Regenerador e o Partido Progressista Histórico
A partir da década de 90 e na sequência do Ultimatum (última ordem) inglês de 1890, o sistema bipartidário alterou-se significativamente por crises e cisões entre eles.
Da fragmentação partidária destacou-se o Partido Republicano Português  (1876)  que defendia a alteração revolucionária do regime vigente, acusado de comprometer as instituições da nação e propunha substituir a Monarquia pela República. O País deixaria de ser governado por um Rei que herdava o poder - Monarquia hereditária - e passava a ter um presidente eleito por um tempo determinado - República


Tinha como principais apoiantes Teófilo Braga, Ramalho Ortigão e Guerra Junqueiro.

Azedo Gneco discursando num comício republicano em Lisboa



O 31 de Janeiro de 1891

Rebentou no Porto uma revolta armada contra a monarquia com a participação de populares e militares.


Embora as tropas governamentais tivessem restabelecido a ordem rapidamente, a ocorrência fez crescer o descontentamento dos Portugueses em relação ao regime monárquico e a aceitação, cada vez maior, das ideias republicanas
Após esta tentativa de acabar com o regime, o rei D. Carlos mandou dissolver o parlamento e colocou João Franco no poder que passou a governar de forma ditatorial (1906).

João Franco

O Regicídio

01 de Fevereiro de 1908

Manuel Buiça atravessa o pescoço do Rei D. Carlos com um tiro que o mata imediatamente. E Alfredo Costa, pondo o pé no estribo da carruagem real, repete a dose sobre o Rei já tombado.
A Rainha, em pé, usa a única arma que tem - um ramo de flores - para o surrar e perguntar: 
- Então ninguém ajuda?  
D. Luíz Fillipe, ferido com um tiro no peito, ainda consegue acertar quatro vezes em Alfredo Costa mas Buiça, de longe, mata-o de vez.
D. Manuel tenta vedar o sangue do irmão com um lenço e também fica ferido.
Entretanto, alguém dispara sobre os regicidas e morrem no local
A Carbonária e a Maçonaria que conspiravam para a imposição da República, terão estado por trás dos acontecimentos

O Infante D. Manuel é aclamado rei

1923: Retrato de Dom Manuel II por Philip de Laszlo

De 4 de Fevereiro de 1908 a 5 de Outubro de 1910 surgiram seis experiências de composição governamental, todas de curta duração (sete governos em cerca de 24 meses)
O primeiro, governo da “Acalmação”, nasceu de um entendimento entre os chefes dos partidos monárquicos rotativos - regeneradores e progressistas - mas a partir do segundo voltaram a fragmentar-se, enquanto a força conspiratória do partido republicano continuava a ganhar terreno

A Revolução republicana e a queda da Monarquia

O movimento revolucionário republicano - revolta armada apoiada pela população com alguma resistência dos apoiantes da Monarquia - teve início em Lisboa, no dia 4 de Outubro de 1910.
O Palácio das Necessidades, residência oficial do rei, foi bombardeado.



No dia 5 de Outubro de 1910 ocorre a Implantação da República a partir da varanda da Câmara Municipal de Lisboa, por José Relvas.

O rei D. Manuel II, depois de ter passado pelo  Palácio Nacional de Mafra, quis partir da Ericeira para o Porto no iate real "Amélia" mas os oficiais a bordo levaram-no para Gibraltar. Dali, seguiu para o Reino Unido com a família real onde foi recebido pelo rei Jorge V.

O trigésimo quinto e último Rei de Portugal cediam o lugar à vitória do movimento republicano.




Foi criado um Governo Provisório, presidido pelo Dr. Teófilo Braga. 
O Hino e a Bandeira, símbolos do país, foram substituídos e em 1911, aprovada a nova Constituição marcadamente Republicana; o Parlamento passou a eleger o presidente que, por sua vez, nomeava um governo.




E em 24 de Agosto de 1911 foi eleito o primeiro presidente da República membro do Directório do Partido Republicano aquando da revolta de 31 de Janeiro de 1891 - Manuel José de Arriaga


A Primeira República Portuguesa 
(Também chamada Parlamentar)


Sucedeu ao Governo Provisório de Teófilo Braga, de 1910 a 1926, período de grande instabilidade governativa marcado por sucessivas alterações de governo, rivalidades entre as alas esquerda e direita do Partido Democrático, receio contra os apoiantes do anarquismo e do bolchevismo e uma crescente simpatia do Exército pelas soluções autoritárias.
Houve sete Parlamentosoito Presidentes da República, 39 governos, 40 chefias de governo, duas presidências do Ministério que não chegaram a tomar posse, dois presidentes do Ministério interinos, uma junta constitucional, uma junta revolucionária e um ministério investido na totalidade do poder executivo. Foi pródiga em convulsões sociais e crimes públicos e políticos.
Wikipédia

E neste novo sistema político surge então a Primeira-Dama de Portugal:
Lucrécia Augusta de Brito de Berredo Furtado de Melo Arriaga.

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quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

O HOMEM, O SÍMBOLO, O JOGADOR




A universalidade de Eusébio

Jornais rádios e televisões de todo o mundo, lembram a lenda do futebol mundial



Resultados da pesquisa feita através do sistema de monitorização de Social Media da Cision, que recolhe informação relativa a comentários nas redes sociais e que está ligado às principais plataformas de social media - Facebook, Twitter, Google , Youtube, Fóruns e blogosfera:
- 24.857 conteúdos  noticiosos, dos quais 5293 em Portugal e os restantes 19.564 em 116 países
Destes países destacam-se, pelo volume de informação, o Reino Unido com 1.990, a Espanha com 1.880, a Alemanha com 1.377, a Itália 1.252, a França com 1.019 e o Brasil com 987
- A palavra Eusébio foi detectada em mais de 411 mil interacções e em diversas línguas, maioritariamente o português, o inglês, o espanhol, o francês, o alemão e o italiano.
Surgiram ainda interacções em línguas menos expectáveis, como o dinamarquês, finlandês, polaco, russo ou o japonês.


Soares fala de Eusébio como um homem sem cultura e viciado no álcool. O depoimento aconteceu na RTP N
 "era um bom homem, de pouca cultura, só percebia de futebol mas, ainda assim um bom homem...Não sabia que ele estava doente. Sabia que bebia muito whisky logo de manhã..."
Podem ouvir aqui


 A snobeira de Soares

 (…) não tenho saco para a snobeira que Mário Soares revela em cada gesto e em cada palavra (…) tiques de superioridade com a falsa bonacheirice ("o bochechas"), com as palmadinhas, abracinhos e palavrinhas porreiras.
(…) o absurdo paternalismo de um homem que se julgava no direito natural de mandar em Portugal. Hoje em dia, sem a necessidade de contactar eleitoralmente com as massas, a snobeira de Soares sem as luvas de pelúcia está à vista de todos.
(…) os senadores deviam comportar-se como senadores, e não como dondocas. »
Henrique Raposo

Extractos de episódios que revelam a personalidade de Eusébio

 (…) Antes de um Benfica-Sporting que se seguiu a um dérbi marcado por uma goleada pediram-me que juntasse dois jogadores de cada equipa para me contarem histórias desses jogos entre rivais. Coisa complicada e difícil.
(…)
O problema era o local do encontro, pensei eu, tentando imaginar um sítio neutro. Mas não foi necessário: todos se disponibilizaram para se encontrarem com Eusébio onde ele escolhesse. Foi na Luz. Ninguém falhou. E, entre muita polémica e discussão, ele monopolizou a conversa durante quatro horas, perante o respeito de todos os outros. Eu acabei por ter o trabalho mais fácil: foi só transcrever e cortar, cortar, cortar.

Um ou dois anos depois, numa viagem também para terras nórdicas, surgiu um problema no controlo de estrangeiros no aeroporto. As coisas eram menos profissionais do que hoje e um jogador novo não tinha o passaporte Ok. Até que chegou Eusébio, todo ele sorrisos, e de repente ouvem-se várias vozes gritar o seu nome. Passageiros e funcionários correram a pedir-lhe autógrafos. Ele perguntou o que se passava e, como que por milagre, franquearam-se todas as entradas"
Filomena Martins


"São histórias de um miúdo… miúdo que ia com o tio, que era o médico do Benfica… um miúdo que adorava aquela sensação de poder atravessar o gradeamento por onde poucos passavam e entrar no estádio pela porta principal. Depois esperava. Pelos jogadores. Pelos treinadores. Por ti.
(…)
Tu chegavas sempre com o teu sorriso humilde e cumprimentavas-nos. “Como está doutor?” “Olá miúdo, estás bom?”. Eu lá abanava a cabeça. Eras o Eusébio. E estavas a falar comigo. Como podia dizer que não? Nunca te vi jogar. Ao vivo, pelo menos.
(...)
Mas ouvi vezes sem conta a descrição da forma como corrias, como inclinavas o corpo para a frente quando rematavas a bola, como a tua perna ficava esticada a apontar para a baliza, como deixavas os braços perfeitamente equilibrados junto ao corpo, como os teus remates tinham uma potência incrível numa época em que as bolas de futebol, molhadas, deviam pesar uns três quilos – ao contrário dos balões com que hoje se joga futebol.
(…)"
Nuno Tiago Pinto. jornalista

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sábado, 4 de janeiro de 2014

AS PRIMEIRAS-DAMAS DE PORTUGAL -1



Um tema interessante, pensei; ainda que abordado superficialmente.

Antes, porém, quero destacar a última Grande Primeira-Dama soberana de Portugal, a RAINHA D. AMÉLIA DE ORLEÃES.


"Assino a minha sentença de morte, mas os senhores assim o quiseram”, terá dito o Rei D. Carlos ao assinar o decreto preparado por João Franco ainda em Vila Viçosa e que previa o exílio para o estrangeiro ou a expulsão para as colónias, de indivíduos que fossem pronunciados em tribunal por atentado à ordem pública (revoltosos republicanos incluídos) sem julgamento.

O Rei não desconhecia os riscos que corria, mas achava também que não podia fugir deles.

E morreu no cumprimento do seu dever, antes da talvez última tentativa séria de reforma do sistema parlamentar monárquico

El-Rei D. Carlos I e Luíz Filipe de Porugal

A Princesa ( Maria Amélia Luísa Helena de Orleães), oriunda da casa de Orleães, mas portuguesa de coração, assistiu ao assassinato do marido e do filho, o príncipe herdeiro Dom Luíz, em pleno Terreiro do Paço.

 Rainha D. Amélia e D. Manuel II

Seria o fim da monarquia no país que a havia acolhido, em vias de desenvolvimento, com grandes assimetrias sociais, dominado por uma aristocracia decadente e comodista vivendo à sombra de um passado glorioso e de uma burguesia emergente ávida de Poder.

Em 1945, à saída da Igreja de S. Vicente, após visita aos túmulos do marido e filhos com a inseparável bengala a que crismara de «Catarina»

De visita à Bulgária, Miguel Real, recuperou em Sófia o manuscrito «As Memórias Secretas da Rainha D. Amélia», escrito nos últimos anos de vida, furtado misteriosamente do espólio de Salazar durante a invasão dos seus antigos aposentos por altura da Revolução de Abril e que tinha sido doado pela própria à Casa de Bragança, em Lisboa, através do chefe do Estado Novo.
E tomando-o como “substância”, escreveu um romance que cruza realidade com ficção - muito mais do que uma biografia - onde está espelhado todo um século da “mentalidade coletiva e alternância das elites que governaram sempre em proveito próprio com prejuízo do bem comum”.
Segundo ele, neste manuscrito, a Rainha D. Amélia retrata “a sua vida em doze pequenos capítulos, equivalente a um por cada mês do ano, organizados em quatro grandes partes, seguindo o ritmo das estações, da Primavera, na infância, ao Inverno triste da sua velhice. Um documento pungente, doloroso e comovente, fortemente crítico de Portugal e dos Portugueses, permanentemente iludidos pelas artimanhas de elites ineptas e ignorantes.”
Diz estar “Tão bem escrito que me dá medo escrever seja o que for pois acho que nunca conseguirei fazer justiça ao seu brilhantismo”.

Encontra-se depositado na Torre do Tombo.

E é na sua descrição opinativa que eu encontro as palavras, também, para exprimir a minha enorme admiração pela elegância, cultura, coragem, sensibilidade, inteligência e imponência da Rainha.


«… uma mulher que já considerava extraordinária, à frente do seu tempo, com ideias inovadoras e uma vontade enorme de fazer crescer e desenvolver o nosso país. Ao mesmo tempo uma mulher triste, perseguida pelas fatalidades, que o passar dos anos inevitavelmente magoou e amargurou. Mesmo assim, já no fim da vida, completamente despojada de tudo e todos que mais amava, continuava a observar a vida com uma lucidez impressionante.
Fica a sua determinação em tirar o povo da pobreza e minimizar as doenças, implementar condições de higiene de modo a evitar as epidemias.
Um exemplo de tolerância, humanidade e classe; mesmo depois do sofrimento causado pela morte dos que mais amava, continua a ter uma pequena palavra em defesa do povo português, por quem considera que quis fazer muito. No meio de descrições depreciativas nota-se que não considera que seja o povo o verdadeiro causador do seu infortúnio e dor

Porque é essencial tornar menos densos os ódios latentes, a pequenez ou a ausência de consciência nacional que teimam em esquecer personalidades determinantes na afirmação histórica deste País, acrescento ainda o sublime soneto que Corrêa de Oliveira lhe enviou em 51, ano em que morreu.


 " Pelo Sinal "
 (à Santa Padroeira dos meus versos, Rainha-Nossa )

Se poeta eu fui, Senhora, 
Deus o destinou? Pois sim!
Mas sem Vós, - pobre de mim! -
Mal o fora...e já não fora. 
A escuridão, logo à aurora.
E, poeta é ser assim
Qual um palmo de jardim.
Abrindo ao sol, dia em fora.
E rezo, ao vê-los na estante
Ou na saudade, alma adiante,
Tanto Portugal do Além:
- «Oh versos meus, minha vida!
Pelo Sinal da Rainha
E em nome de Deus...Ámen»

Leitão de Barros, «Amélia Rainha de Portugal, Princesa de França»


Já agora, o livro (em cima) de José Alberto Ribeiro, novo responsável pelo Palácio da Ajuda.


«Emmenez-moi au Portugal; je m’endormirai en France, mais c’ést au Portugal que je veux dormir pour toujours.»



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sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

QUEM É ANÍBAL CAVACO SILVA - 3


MANDELA, formado em direito, começou a sua luta pacífica contra o regime do apartheid quando ainda era estudante.


Porém, o dia 21 de Março de 1960, conhecido como “O Massacre de Sharpeville” (a policia sul-africana atirou contra manifestante negros, matando 69 pessoas), fez com que mudasse de opinião e passasse a defender a luta armada contra o sistema.


E jurou que lutaria, se necessário até com armas, contra a discriminação racial garantida por lei.
Acusado de traição em 1962, foi preso em Junho de 1964 condenado à prisão perpétua como líder do Congresso Nacional Africanoentão ilegal.


CAVACO SILVA tem vindo a ser acusado de, enquanto primeiro-ministro, ter votado contra a libertação de Mandela. 

06 Dez 2013
António Filipe, do PCP, lembrou hoje no Parlamento:
"Em 1987 quando a Assembleia-geral das Nações Unidas aprovou uma resolução exigindo a libertação incondicional de Nelson Mandela, essa resolução teve apenas três votos contra - Estados Unidos, de Ronald Regan, Reino Unido, de Margaret Thatcher e Portugal, de Cavaco Silva".
(Já agora, houve também 22 abstenções).



"Cavaco votou contra resolução a favor de Mandela..."

A frase, na opinião dos mais criteriosos, escrita fora do contexto, é falaciosa.

No mesmo dia, na Assembleia Geral da ONU, Portugal votou a favor e contra a libertação de Nelson Mandela, por não querer associar-se à defesa da luta armada.

O Governo português na altura votou contra a Resolução por considerar que o Ponto 2 apelava à violência. Dizia: “reafirmar a legitimidade da luta do povo da África do Sul e o seu direito a escolher os meios necessários, incluindo a resistência armada, para alcançar a erradicação do apartheid"
Nesse dia, porém, Portugal votou a favor de outra resolução que pedia a libertação de Nelson Mandela, intitulada "Acção internacional concertada pela eliminação do 'apartheid'", que, no seu ponto 4, pedia às autoridades sul-africanas a "libertação imediata e incondicional de Nelson Mandela e de todos os outros presos políticos". Esta resolução teve 149 votos favoráveis, 2 contra (Estados Unidos e Reino Unido) e 4 abstenções.

Ao votar contra a libertação de Mandela, o embaixador português na ONU não deixou de afirmar que o Governo português condenava “firmemente” o apartheid. Mas, ao mesmo tempo, também afirmou que não podia apoiar a “violência seja sob que forma for”, nomeadamente a “violência verbal imputada a Mandela

É confirmado pelo texto da declaração de voto
.
Convém não esquecer, todavia, que na altura, o Chefe de Estado era MÁRIO SOARES

Mandela com o então presidente de minoria branca Frederik W. De klerk, logo após a sua libertação da prisãoem 1990

Todos reconheceram que a África do Sul estava diante de uma viragrm histórica, quando o então chefe de governo Frederik Willem de Klerk anunciou, em 2 de Fevereiro de 1990, a libertação de Nelson Mandela
Símbolo da luta da população negra contra o racismo, ao longo dos 28 anos que passou na cadeia, tornou-se o prisioneiro mais famoso do mundo.


Mandela e Frederik de Klerk, o presidente sul-africano da epoca que libertou Mandela da prisao. Eles receberam o premio Nobel da Paz por terem acabado com o apartheid.


Há vinte anosPortugal recebia Nelson Mandela. Em outubro de 1993, o líder histíorico do Congresso Nacional Africano (ANC) visitava o país, para participar no Conselho da Internacional Socialista, encontro onde esteve também o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Shimon Perez
Foi na altura recebido pelo Presidente da República, Mário Soares, e pelo primeiro-ministro, Cavaco Silva, nas suas residências oficiais, com Durão Barroso, ministro dos Negócios Estrangeiros, a testemunhar um dos encontros

O antigo líder sul-africano morreu esta quinta-feira, 5 de dezembro, aos 95 anos.


CAVACO SILVA enviou uma mensagem de condolências à África do Sul, sublinhando "o extraordinário legado de universalidade que perdurará por gerações", deixado pelo Prémio Nobel da PazAcrescenta ainda que "o exemplo de coragem política de Mandela, a estatura moral e a confiança que depositava na capacidade de reconciliação, constituem verdadeiras lições de humanidade" 

10 Dezembro 2013
Cavaco Silva esteve hoje durante cerca de sete horas em Joanesburgo onde, com mais de cinquenta chefes de Estado e de governo, assistiu ao memorial a Nelson Mandela, o histórico líder sul-africano falecido na quinta-feira".
E disse a jornalistas portugueses:
«Portugal honra-se de, ao longo do tempo, ter defendido a libertação de todos os presos políticos na África do Sul, incluindo Mandela, como é óbvio»
«Foi uma cerimónia muito significativa. Nunca na minha vida encontrei um tão grande número de chefes de Estado e de Governo a evocar a memória de um homem, o que mostra bem que ele foi o maior estadista à escala do nosso planeta no século XX. Inequivocamente". 
«maior parte dos líderes europeus não estava convencida que esse era o homem que teria que ser apoiado para desmantelar o 'apartheid' na África do Sul e para libertar Nelson Mandela»

- Poderá Aníbal Cavaco Silva ter-se sentido um desses líderes?



.

What a Wonderful World
I see trees of green, red roses too
I see them bloom for me and you
And I think to myself, what a wonderful world

I see skies so blue and clouds of white
The bright blessed days, the dark sacred night
And I think to myself, what a wonderful world

The colors of the rainbow, so pretty in the sky
Are also on the faces of people going by
I see friends shaking hands, saying, "how do you do?"
They're really saying, "I love you"

I hear babies cry, I watch them grow
They'll learn much more, than I'll never know
And I think to myself, what a wonderful world

Yes, I think to myself, what a wonderful world


Tudo parece impossível até que seja feito Mandela

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