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quarta-feira, 28 de setembro de 2016

MEADOS DE AGÔSTO 2016


Dois dias tem sido, geralmente, o espaço de tempo de que tenho disposto para sair da costumeira habitual. Contingências...

Assim, quando o destino se chama Cerdeira, converter um deles num itinerário ligeiramente vagabundo é, também, uma prática.
Desta vez Viseu, Peso da Régua, Chaves, Vila Real,foi a opção.

- Que tempo bom para viajar! As nuvens escondem o sol.

- Cá está Viseu, a cidade do mítico Viriato, conhecida pela paisagem envolvente, pela História medieval e também, cada vez mais, pelo comércio e indústria da região
Almoçamos no novo Shopping Center Palácio do Gelo - dizem que é uma das melhores “Shopping and Leisure Experiences” do país - e depois, num relance, "damos um giro" pelas principais ruas da cidade que nunca se cansam de mostrar o valioso património milenar, e pelos imensos jardins floridos. 



- É mesmo! Espaços amplos para circular, óptimas zonas de descanso, lojas com marcas e mais marcas, um hipermercado enorme, imenso entretenimento, seis salas de cinema equipadas com material digital de última geração, uma pista de gelo, o Bar de Gelo (único em Portugal), acesso gratuito à Internet  wireless, uma Praça de Restauração, terraços panorâmicos com vista para as Serras da Estrela/Caramulo, espanhóis e "franceses" q.b.!

- Temos que voltar para explorar este "pequeno-grande mundo".

- Igreja da Misericórdia
- Museu Grão Vasco, Fachada da Sé de Viseu e um Pelourinho secular 
- Fonte barroca das três bicas
- Praça da República, com o edifício da Câmara Municipal. Actualmente é palco de eventos e actividades ao longo do ano.

 Porta do Soar

Os poucos vestígios que restam das muralhas são secções isoladas e destituídas de ligações entre si.A Porta do Soar ou de São Francisco é o principal elemento remanescente e foi o eixo fundamental de circulação da cidade. Tem a epígrafe que data a construção do reinado de Dom Afonso V e um brasão com as armas nacionais. A antiga estrutura defensiva da cidade foi constantemente adulterada em benefício da ampliação de espaços civis. 
Anexa à porta, está uma interessante casa civil barroca, o Solar dos Melos.

Lamego, uma cidade pequena, com muitos edifícios elegantes e ricos, provenientes do comércio de Vinho do Porto durante o Séc. XVIII, poderia ser outro local de paragem mas o centro da região demarcada do Douro, conhecida como a capital internacional do vinho e da vinha, Peso da Régua (ou só Régua), foi mais votada entre os viajantes.



Em Peso da Régua há muitas casas senhoriais, pequenos palacetes, grandes quintas rurais de “senhores do vinho”, Igrejas e Capelas ou o Museu do Douro, como riqueza patrimonialMas o objectivo da nossa "excursão" consistia apenas em deambular despretensiosamente e registar as lindas paisagens do rio Douro, terraços de vinhedos, oliveiras, as pontes...



As paisagens naturais da região são belíssimas e especiais (o Alto Douro está classificado pela UNESCO como Património da Humanidade), quando vistas quer do próprio Rio Douro quer dos vários miradouros da zona.
Muitos dos Cruzeiros que atravessam o rio partem do seu cais fluvial.
Era também de Peso da Régua que se aventuravam a sair os típicos barcos rabelos de madeira transportando barris de vinho até Vila Nova de Gaia, a fim de envelhecer nas caves. 
A construção dos armazéns da Real Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro (criada  em 1756  pelo Marquês de Pombal), fomentou o desenvolvimento das primeiras “feiras dos vinhos” e contribuiu para a abertura de vários estabelecimentos comerciais, hospedarias, casas de jogo, que fizeram progredir a localidade.

São três as pontes que atravessam o Douro na Régua - uma ferroviária (1872), outra rodoviária (1932) e outra de construção mais recente.


A ponte metálica não só veio aumentar o estatuto de centralidade da Régua como passou a ser um excelente miradouro. 
Devido ao estado de degradação do tabuleiro em madeira, esteve desactivada em 1949 e reabilitada em 2012 só para passeios pedonais e de bicicleta. Foi electrificada para permitir a instalação de iluminação decorativa mas manteve as características originais (pavimento em madeira e pavimento em granito, nos acessos). É uma típica ponte do século XIX que faz parte da chamada “arquitectura do ferro”.

Ponte Ferroviária da Régua, conhecida por Ponte da Régua, foi construída no âmbito 
da Linha de Lamego, mas como o projecto não chegou a concluir-se, passou a ser usada para transporte rodoviário. A sua construção em alvenaria fez com que se tivesse destacado entre as pontes da época, normalmente construídas em ferro. 


A ponte Miguel Torga atravessa o vale do rio Douro a 90 metros de altura numa zona muito acidentada, junto à Régua. Cruza a linha-férrea do Douro e duas estradas nacionais. Tem um comprimento total de 900 metros (!) com uma plataforma de 26 metros de largura, constituída por um tabuleiro único contínuo. Concluída em 1997, recebeu o Prémio de Engenharia da I Bienal Ibero-Americana de Engenharia e Arquitectura, pela sua inovação e dificuldade tecnológica. Faz parte da A 24 Chaves/Viseu.



Ainda com uma temperatura amenizada pelo céu encoberto, vinhedos e laranjeiras (?) a perder de vista, regressamos à estrada em direcção a Chaves.



Situada junto à saída da A 24, uma imensa área verdejante desperta a curiosidade.
Com vista para a cidade e para a montanha, num ambiente invulgar em tranquilidade, rodeado de um viçoso verdor, o Casino de Chaves, com piscina exterior e esplanadas, domina, sem obstáculos, um panorama invejável.



Junto ao rio Tâmega e a fazer fronteira com Espanha, Chaves, a que os Romanos chamaram “Aquae Flaviae” (o nome do imperador Flávio Vespasiano), seria a próxima paragem.
Em “rodado” apressado, foram revistados os locais de referência turísticos mais habituais:
A torre e um troço da muralha (vestígios do castelo que existiu), a Igreja Matriz de raiz medieval junto da Praça da República, a igreja da Misericórdia na Praça Caetano Ferreira, o Pelourinho na Praça da República erigido no reinado de D. Manuel (com as armas do reino e o brasão de Chaves no capitel e a esfera armilar no topo) e a ponte Romana de Trajano com 12 arcos (no tabuleiro sobre o rio Tâmega existem dois marcos cilíndricos - um que comemora a construção da ponte e outro, o Padrão dos Povos, que dá a conhecer o nome dos 10 povos indígenas da época).



- Já me apetecia comer qualquer coisa. Mais concretamente, umas torradas bem amanteigadas.
- Bem lembrado. Deve haver por aqui (Praça da República) um café com uma boa esplanada...
Porem, depois de algumas “espreitadelas” para o interior dos estabelecimentos, nada convidava a ficar – ambientes tristonhos, sujos, desconfortáveis.
- Talvez as torradas sejam boas...

Não direi que foram as piores, mas a limonada, foi com certeza.

Sem dúvida que os pastéis e o presunto de Chaves, o folar de carne, o cabrito, a vitela, o porco bísaro, o cozido ou a feijoada à transmontana, os milhos à romana e as trutas recheadas com o presunto seriam as iguarias acertadas, mas mais nada é comestível?

A Vortexmag fez uma lista das mais bonitas cidades de Portugal (entre as menos conhecidas), e classificou Chaves em 2 º lugar.
Direi que a história de Chaves se reflecte no seu pitoresco centro histórico - com casas rústicas de cores vivas, comércio tradicional - e que merece uma visita, mas ainda lhe faltam muitas estruturas básicas para cativar.


Algures, a caminho de Vila Real

A noite aproximava-se. 



De regresso a casaum registo da já descrita Albufeira /barragem do Pocinho e ponte metálica rodo ferroviária ( 17 de Setembro de 2015).




segunda-feira, 12 de setembro de 2016

LANCHAR EM FIM DE TARDE



Lanchar em fim de tarde
Frente à praia, sentada
Numa boa esplanada
Espera-se que retarde

A linda baía de Cascais
 Tem nos Verões de Setembro
Dos anos em que me lembro
Mais e mais barcos no cais

Pés descalços marcam passo
Junto àquele mar brilhante
Que em refluxo vazante
Acrescenta mais o espaço

No fim de tarde em Conceição
De areal amplo e dourado
Local bem frequentado
Termina, soberbo, o Verão 






domingo, 4 de setembro de 2016

SIGNIFICA FRONTEIRA /CONFIM

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Significa "fronteira" ou "confim", um nome adequado, já que faz fronteira com seis países: Rússia, Bielorrússia, Polónia, Eslováquia, Hungria, Roménia e Moldávia;
É o centro geográfico da Europa (“mãe da Europa" como lhe chamam). 
- A seguir à Rússia é o segundo maior país da Europa, com um território que excede os 600 mil quilómetros quadrados (mais ou menos a soma da área da Península Ibérica);
- Com 46 milhões de habitantes, é o sexto país mais populoso da Europa. À frente tem a Rússia, a Alemanha, o Reino Unido, a França e a Itália;
- Recebeu, juntamente com a Polónia, o Euro 2012;



- Foi uma República Soviética até 1991, ano em que conquistou a independência;
- É um país muito plano, conhecido pelas suas terras férteis, sendo a agricultura uma das principais actividades do país;
- Tem o segundo maior exército da Europa, logo a seguir à Rússia;
- Depende fortemente do gás natural que lhe é fornecido pela Rússia com um desconto considerável;
- Em 1986, viveu um dos seus piores momentos com o acidente nuclear em Chernobyl, o único que atingiu o nível 7 na Escala Internacional de Eventos Nucleares, o maior acidente provocado pelo homem em toda a História.



- A reciclagem de lixo doméstico tóxico ainda está em processos iniciais no país.
- Importa 70% do gás da vizinha Rússia. Segundo a BBC, há quatro membros da União Europeia que consomem gás russo em exclusivo e, para doze membros, o gás russo constitui mais de metade do gás que consomem. 
- Possui cerca de 5% das fontes minerais do mundo.
- Está na lista de povos mais educados e eruditos do mundo. O número de cidadãos com educação superior per capita é maior do que a média europeia. O número de pessoas sem nível superior é muito pequeno.
Tem uma longa tradição de café preparado de geração em geração.
- É possível comprar medicamentos sem receita médica.
- Necessita de visto para entrar na maioria dos países da Europa.
- A aliança de casamento usa-se na mão direita.
- Construiu o primeiro computador da Europa continental, em 1950.
- Tem a segunda estação de metro mais comprida do mundo com cobertura, wifi gratuita e "licença" para cães, apesar das placas de proibição.


- Odessa é a sua Ibiza
As saunas são uma  tradição que envolvem, além de altas temperaturas, uma pequena surra para activar a circulação e um mergulho na água gelada.




A Ucrânia, claramente!



Um país surpresa, singular, insólito, de contrastes em política e riqueza, aonde nunca fui mas donde, quase diariamente, alguém ucraniano ou não, se tornou seguidor deste blogue e que me despertou a curiosidade para uma Ucrânia que desconhecia.

Vejamos:
Produz aeronaves e navios, camiões e autocarros, automóveis e locomotivas,computadores e equipamentos electrónicos, instrumentos de precisão e máquinas agrícolas, rádio e TV, química, têxteis e variadíssimos artigos de consumo. Rica em recursos naturais com 250 tipos de minerais, explorados apenas em 8000 dos cerca de 20.000 locais existentes, tem possibilidades de produzir óleo e gás sintéticos e combustíveis para motores. Ocupa o quarto lugar no mundo na produção de gás metano donde, depois de transformado, se pode obter o diesel. Possui 20% da produção mundial do manganésio, necessário para fazer aço, tanques e indústria química, além de milhões de toneladas de carvão. É depositária de titânio - o metal do futuro - e de vanádio, para endurecer o aço. Argila, sal de potássio e sal gema abundam numa extensão de 300 km. Diz estar explorando o Mar Negro (nega ser petróleo ou gás) com a ajuda da Rússia em (?).
Mais de 200 espécies de peixes, recursos turísticos infindáveis (recebe mais de 12 milhões de turistas estrangeiros por ano), "Aquífero" potencial de energia da água e um dos centros básicos mundiais da produção de açúcar, são, também, outras enormes riquezas da Ucrânia.

Uff! É de tirar o fôlego!

Pode dizer-se que existem na Ucrânia duas influências culturais diferentes - a ocidental, marcada pelo império polaco e a oriental, onde a maioria das pessoas fala o russo e mantém os laços da antiga metrópole.
Actualmente, a política do governo ucraniano está orientada para promover e reavaliar o seu riquíssimo passado artístico assim como a língua. A música ucraniana tem raízes em tradições orais antigas que relatam os feitos heróicos e as cavalgadas fantásticas dos cossacos. Nas áreas rurais ainda se matem totalmente vivo e o festival de Kiev no final de Maio, é também uma enorme demonstração do folclore ucraniano. 
Existe um sentimento de família muito forte e a ajuda mútua é um princípio de vida. Hospitaleiros, estão sempre prontos e curiosos em relação aos visitantes estrangeiros.


O ovo tem para os ucranianos um grande significado. Simboliza a origem da vida. Depois de ornamentados e pintados de várias cores, cada um se torna particular e são usados como amuletos tanto pelos agricultores, para conseguirem boas colheitas como pelas famílias para obterem protecção.



Como povo predominantemente ortodoxo, o Natal comemora-se de acordo com o calendário juliano e não gregoriano e com muitas representações bíblicas. Do jantar tradicional fazem parte doze pratos tradicionais com destaque para o típico kutia, uma espécie de guisado feito de trigo cozido, acompanhado com sementes de papoila e mel. A Ucrânia orgulha-se da sua herança religiosa; nas igrejas, com estrutura de madeira coberta por abóbadas, lâmpadas e cúpulas, há ícones magníficos, mosaicos, frescos coloridos e manuscritos iluminados. 


Sobre o que recolhi acerca das especialidades da cozinha ucraniana, não me parece que venha a ser apreciadora. E passo a citar algumas: 
Borchtch (sopa feita com repolho branco, beterraba vermelha e outros vegetais); pampouchky (bolo de farinha cozida em água com alho picado e frito depois em bacon);  tovtchenyky (peixe cozido em curto e servido com cebola frita);  kholodets (carne de porco, aves ou pernas de vitela servida com gelatina); holodec (carne fria em gelatina), preparado com alho, cebola, folha de louro, pimenta preta, etc., servido com a raiz, mostarda e vinagre. 



Pelo que acabo de descrever, diria que a Ucrânia é um lugar rico, fantástico, auto-suficiente, invejável, com um solo fértil, reservas de carvão e de minérios de titânio,etc.


Mas é, com certeza, porque tem tudo isso que a situação política, neste momento, está agitada. Confrontos entre o exército e os separatistas pró-russos forçaram os turistas a renunciar a viagens a determinadas destinos do país como a Crimeia. Desde o início dos confrontos já morreram mais cinco mil pessoas. A destruição tornou-se uma realidade nas ruas daquele país.
No interior da Ucrânia, os cidadãos estão divididos. Uns preferem uma aproximação à União Europeia e um afastamento da Rússia, devido a sentimentos de ódio relacionados com a ocupação soviética e outros, muitos de origem russa, querem reforçar a aliança com Moscovo.

                                                                                Manifestantes anti governo

Tudo começou em  Novembro de 2013.  O governo ucraniano, presidido por Viktor Yanukovytch, do Partido das Regiões (pró-russo), suspendeu a assinatura de um acordo de associação e livre comércio entre a Ucrânia e a União Europeia. 
Grande parte dos ucranianos não gostou e veio para a rua manifestar-se. Inicialmente eram, sobretudo jovens universitários mas,em pouco tempo, juntaram-se outros sectores para  expressar "uma vontade de mudar a vida na Ucrânia", alimentados por uma percepção de "corrupção generalizada do governo, abuso de poder e violação dos direitos humanos". Wikipédia
  
As manifestações duraram algum tempo e, em confrontos, morreu cerca de uma centena de pessoas.Esta onda de manifestações ultra-nacionalistas, conhecida como "Euromaidan" terminou com o derrube do governo de Viktor Yanukovytch. Em resposta, os separatistas pró-russos, sobretudo ucranianos habitantes das zonas leste e sul do país, iniciaram depois uma série de protestos. 
                                                                         Em memória às pessoas que morreram

Num referendo, a Crimeia, uma república autónoma no sul da Ucrânia, decidiu que queria ser anexada à Federação Russa. E foi o que aconteceu apesar da Comunidade Internacional não ter reconhecido a decisão. Depois a Ucrânia foi a votos para encontrar o seu novo presidente. Apesar de mais de três quartos dos eleitores terem votado na visão pró-ocidental de Petro Poroshenko, a guerra civil não parou.
O porta-voz do Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, falou,  numa "tragédia humanitária", contabilizando um milhão e 600 mil pessoas forçadas a partir para outras regiões ou países vizinhos. Os que se recusam a partir lutam diariamente pela sobrevivência, sem água, nem electricidade, em Invernos são rigorosos.

«1944», interpretada por Jamala, fala da " história dos Tártaros da Crimeia (povo com uma língua própria, o tártaro da Crimeia, e de maioria muçulmana, a que Jamala pertence) que, durante a II Guerra Mundial, foram deportados por Estaline para a Ásia Central,acusados de serem colaboradores dos nazis.  



A família da cantora foi deportada para o Quirguistão (onde Jamala nasceu) e só regressou à Crimeia após o fim da União Soviética. Em 2001, apenas 12% dos habitantes da Crimeia eram tártaros.
A deportação de 1944 foi um episódio marcante para este povo que já estava a ser subjugado pelos russos há mais de cem anos. No final do século XVIII, em 1783, a Crimeia foi anexada pelo império russo e muitos tártaros começaram a abandonar aquela zona, no Mar Negro, onde viviam e estavam em maioria desde o século XV.

A Crimeia esteve sob domínio russo até 1954, ano em que passou a ser administrada pela então República Socialista Soviética da Ucrânia (que só deixou de ser uma república soviética em 1991).

Receia-se um conflito mundial com o envolvimento activo do Ocidente e da Rússia na Guerra da Ucrânia 
jornalissimo 

Uff, que grande poste! 
Só mesmo para uma grande Ucrânia!




Mas não posso ainda deixar de referir o filme de Sergei Eisenstein,  grande obra-prima, "O Encouraçado Potemkin”, um dos mais importantes da história do cinema.
Baseado em factos reais, representa dois momentos da Revolução Russa de 1905. Impossível assistir a cena das escadarias de Odessa e não traçar um paralelo com a Revolução Euromaidan. “Acontece na vida, acontece na TNT”. O filme é uma pérola da sétima arte e é interessante entender todo o conceito e a ideologia que estão por trás das imagens e como é possível transmitir uma mensagem sem dizer uma palavra.



Imagens Google e videos You Tube

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

TERRAMOTOS

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“Sepultar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos”, terá dito o General Pedro D’Almeida, Marquês de Alorna, quando, após o terremoto de 1755, o rei Dom José lhe perguntou: "E agora?".
A resposta simples, espontânea e objectiva - esquecer o passado, cuidar do presente e não deixar que novos terremotos surjam sem prevenção - deu origem à Baixa Pombalina de hoje, uma das zonas mais nobres da cidade.
Pragmático, o Marquês do Pombal, Ministro da Guerra e futuro Primeiro-ministro de Portugal, ordenou ao exército a imediata reconstrução de Lisboa. Foram contratados arquitectos e engenheiros e, em menos de um ano, os trabalhos iam adiantados. O Rei queria uma nova cidade ordenada, com grandes praças e avenidas largas (“um dia hão-de achá-las estreitas"...) e rectilíneas. Foram construídos os primeiros edifícios mundiais com protecção anti-sísmica, testada em modelos de madeira e com tropas a marchar para simular as vibrações.


Localização potencial do epicentro do terremoto de 1755 e tempos de chegada do tsunami, em horas, após o sismo. NOAA's National Geophysical Data Center (NGDC) 


Ruínas de Lisboa, após o terramoto. Os sobreviventes viveram em tendas nos arredores da cidade, como ilustra esta gravura alemã de 1755.

Enterrar os mortos (enterrar o passado) e cuidar dos vivos (tratar do presente), foi a grande opção para solucionar as consequências desta gigantesca catástrofe originária de um foco subterrâneo (a que se juntou agitação sísmica no mar - maremoto)!

Há também os terremotos que vêm de dentro/psique", igualmente demolidores que destroem toda a capacidade de raciocínio simples, claro e objectivo, sobretudo se já é demasiado tarde quando se dá por isso.
E a resposta singela do Marquês de Alorna não soluciona este tipo de "sismo", nem o pragmatismo de Pombal substituído pela psicanálise porque, segundo o próprio Freud: 
- "A psicanálise até pode resolver os problemas da miséria neurótica (permite o estudo consciente da inconsciência da pessoa), mas nada pode fazer contra as misérias da vida tal como ela é". 



- Importar-se-ia de dizer ao seu subconsciente que se tranquilize?
- É o meu subconsciente. Lembra-se? Não posso controlá-lo.

– Nolan, Inception –
Ainda, segundo Freud, não sendo a psicanálise uma construção intelectual que visa solucionar todos os problemas de nossa conturbada existência, com base numa hipótese filosófica ou supostamente científica universal, é praticamente impossível conceber um ser humano plenamente feliz . 
A complexa mente humana dividida em três partes - o "ego", parte consciente do sujeito, aquilo que somos de forma controlada e limitada; o “id”, inconsciente regido pelo princípio do prazer e o “superego” das normas morais que vamos interiorizando desde crianças entre a culpa e a moral - não o permite.




Fazer uso de mecanismos de defesa é saudável, do ponto de vista psicanalítico.
O desequilíbrio provoca neuroses ou psicoses. 

Consciência é a parte da psique que se dissolve em álcool. H.D. Lasswell

Eventualmente podem ser experimentados alguns momentos de felicidade:
"Esse homem encontrou a felicidade ao descobrir o tesouro de Príamo, o que prova que a realização de um desejo infantil é o único capaz de proporcionar a felicidade"- Freud 


Imagens google

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

"QUEM DESDENHA QUER COMPRAR"

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A raposa e as uvas é uma das fábulas mais conhecidas atribuídas a Esopo, reescrita também por Jean de La Fontaine.
Essencialmente, é a história de uma raposa que, debilitada pela fome, descobre um vinhedo alto com lindos cachos maduros pendentes e tenta, com esforço, comer um. Já cansada, mas sem sucesso porque fora do alcance, resolve desistir e afasta-se desapontada dizendo:
- Afinal, as uvas estão verdes, não me servem..


Significa que as pessoas, diante de uma frustração (real ou imaginária) preferem ignorá-la fingindo que não veem ou que não querem ver. É uma reacção de defesa inconsciente, penso! E passam a desdenhar, a caluniar e a denegrir a imagem do ser alvo ou a fingir desprezo quando o objectivo não é atingido.

A sabedoria prática contida na fábula não envelhece porque é fundamentada na natureza humana.
Se, de facto, existe uma natureza humana...  



"A maior parte das vezes refere-se a uma característica original, inata, de todos os homens ou de um homem particular, ou de certos homens em particular. Essa natureza original, inata, nunca directamente observada, já foi concebida de várias maneiras: como composta de disposições discerníveis para um comportamento específico (reflexo e instinto); como capacidades ou faculdades da mente; como algo extremamente ou até infinitamente plástico, ou vazio e sem forma.  Já chegaram a identificar as “naturezas humanas” - agora no plural - com as manifestações únicas particulares da humanidade em grupos locais; cada grupo tradicional, ou cultura, teria sua própria natureza humana e, nessa perspectiva, nada pode ser declarado como a verdadeira natureza de todas as pessoas". Blog wordpress.com


                                                                               Essenciasparaavida-blog


É relevante a facilidade com que catalogamos, a cada momento, a existência de defeitos alheios, bem explícito nesta imagem atribuída a Albert Einstein:
“Para mim os homens caminham pela face da Terra em fila indiana, carregando uma sacola à frente e outra atrás. Na sacola da frente estão colocadas as qualidades/virtudes e na sacola de trás, todos os defeitos/vícios. E assim, durante a jornada pela vida, mantemos os olhos simultaneamente fixos nas nossas virtudes presas ao peito e nos defeitos às costas do companheiro da frente, julgando-nos melhores do que ele sem percebermos que a pessoa que vem atrás de nós também  está pensando a mesma coisa a nosso respeito.”

A imagem é expressiva. Talvez seja importante sair da fila indiana e passar a andar ao lado do outro assim como olhar de frente .

Há quem pense que nunca é culpado, acusado, responsabilizado, transferindo para outrem a causa das carências, inseguranças, desconfortos ou mágoas.
E, invariavelmente, a culpa recai na educação dada ou não dada pelos pais, na infância infeliz, no pai autoritário/ mãe tolerante, nas excessivas facilidades/ condições difíceis, nos costumes estabelecidos, na conjuntura das circunstâncias...
É mais cómodo colocar a solução no outro ou num milagre em vez de ser parte actuante na resolução de problemas. Dessa forma criam mecanismos de defesa como a negação e a projecção.O problema projectado no outro, mora dentro de cada um.

Só que algumas dessas pessoas já não conseguem sair deste ciclo vicioso, tão fortemente instalado no inconsciente individual e colectivo.
Assumir 100% de responsabilidade não significa, de todo, vitimizar-se ou culpar sempre os outros pelos erros/insucessos do dia-a-dia, mas sim conhecer-se e transformar-se. Arriscar e sair da zona de conforto!

Esta é a minha reflexão possível para tentar compreender alguns comportamentos de "superioridade" e de falta de responsabilização por defeitos próprios atribuídos, sempre, aos "estrangeiros" que passam a fazer parte da sua primitiva, imaculada e presumida família.



E posso concluir que, num determinado caso concreto, sem grande margem para "erro", todas as atitudes têm a ver com mecanismos longínquos de defesa e com a velha fábula de Esopo - Quem desdenha quer comprar.

  
Imagens google

sábado, 13 de agosto de 2016

"REANIMAÇÃO"


Em 25.04.2014 ironizava eu aqui num poste com o titulo "ANTES DA PRIVATIZAÇÃO DO AR" perante as noticias, na altura, sobre "a privatização da água" julgando que, apesar de tudo, o imaginário continuasse a dominar o real por muito mais tempo.
Pois a ficção parece ter deixado de o ser como poderá ver-se no site:
Em 1686, o Parlamento inglês votou a "window tax" ("taxa das janelas"), imposto que vigorou no Reino Unido entre 1696 e 1851 e era constituído por duas parcelas - uma fixa e outra variável (esta última em função do número de janelas existentes no edifício).
Visto pela população como uma espécie de imposto sobre a luz e sobre o ar, muitos proprietários fecharam as janelas com tijolos para escapar da cobrança. Hoje, ainda ali existem edifícios classificados como "de especial interesse histórico" com as janelas tapadas.  
Em França, de 1798-1926, vigorou também um imposto semelhante sobre o número de lareiras.

O efeito é normalmente ilustrado por fotos de prédios com janelas desactivadas (em Edimburgo, todas as casas com pelo menos 7 janelas tinham que pagar imposto).
Curiosamente, Edimburgo é considerada a cidade mais assombrada da Europa com diversos tours sobre o tema, é berço do criador de Sherlock Holmes, Sir Arthur Conan Doyle e morada da famosa escritora J K Rowling, autora dos livros de Harry Potter.





Charles Dickens escreveu, a propósito, que a expressão "livre como o ar" se tinha tornado obsoleta porque desde a imposição da taxa "nem o ar nem a luz são grátis".








Para maior “justiça fiscal”, disse o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais Fernando Rocha Andrade: 
- Vamos ter a nossa versão de “imposto sobre as janelas”.

O Governo resolveu alterar a fórmula de cálculo do Imposto Municipal de Imóveis (IMI) - tributar mais as casas com boa orientação solar (viradas para Sul) e aliviar aquelas que estão viradas a Norte- assim como agravar os impostos sobre as habitações com uma boa vista ou terraços.



Vamos então preparar-nos resignadamente para a "reanimação" do imposto sobre janelas... ou barricar-nos atrás do cimento/tijolos que as eliminará.


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domingo, 31 de julho de 2016

ANCORADOIRO


Tarde de Julho.
No Ginásio do meu bairro, quase vazio, sobra espaço para treinar.
Que tempo quente! Instintivamente consulto a meteorologia no telemóvel.
Pois, a sombra das árvores em rua ascendente não chega para “arrefecer” 34 graus...Mais uns passos, porque onde vai o ferro, vai a ferrugem! 
Inesperadamente, um vento leve começa a  brincar com os cabelos e inclina as ramagens na direcção do pequeno jardim ao lado onde alguns bancos vazios se dispõem para ancoradoiro.

Diria que as árvores parecem “ouvir”/ “falar”com o espaço...
E sento-me, submissa ao meio envolvente.

Cheira a erva recém-cortada; o jardineiro orienta a água como quer, atento aos salpicos sobre os passantes; o cão rafeiro insiste em namorar a Yorkshire, apesar das agressivas dentadas de defesa e os donos, olhos nos olhos primeiro, riem-se depois e trocam umas palavras; uma antiga vizinha reconhece-me e esboça de longe um sorriso largo.

Rafeiro                                              Yorkshire

Ainda não vi formigas...

Mas o chilreio dos pássaros sobrepõe-se sem pausas. São de Monsanto, aqui bem perto, que alberga uma diversidade considerável de aves.
Voam, saltitam, aproximam-se, debicam, cantam e passeiam cores ímpares entre as copas dos cedros, das acácias, dos pinheiros mansos, dos plátanos, do abrunheiro bravo e das madressilva, "companheiras cromáticas, de ciclo de vida" que "purificam o ar e trazem cor e bailado aos jardins e às ruas", (Bagão Félix). 
Distinguem-se alguns como o chapim azul, de cabeça azul escuro, asas azuis brilhantes e parte inferior amarelo limão; o chapim real, bem maior e robusto, com uma mancha preta na cabeça e um colar cervical a contrastar com as bochechas; os pardais, fáceis identificar e bem conhecidos por todos; os papa-moscas, grandes caçadores de insectos; o estorninho, preto brilhante, de cabeça parecida com a do melro mas mais barulhento;o pombo-torcaz com o pescoço de várias cores; a rola-turca, de meio-colar preto na parte superior do pescoço. 
E o pintassilgo, o chamariz, o gaio comum, o periquito, além de outros, andam de certeza também por aqui.


chapim azul                                        chapim real
papa-moscas cinzento                                  casal de pardais
pombo torcaz                                          estorninho preto
rola turca                                                 pintassilgo português

Será que estou a ouvir grilos?

Quando tinha oito-dez anos, no tempo de férias, eu e as irmãs passávamos tardes inteiras estiradas na relva fresca dos lameiros com os olhos nos animais que pastavam e o ouvido junto aos orifícios onde os grilos se escondiam a “cantar” (o grilo do campo cava uma toca subterrânea para hibernar).
E havia umas pequeninas gaiolas de madeira com tiras coloridas e estreitas onde eram colocados para cantar e não fugirem.Mas acho que acabavam todos por morrer porque, além da alimentação vegetal e água, mais nenhum outro cuidado lhes era prestado (limpeza do receptáculo, etc.) por falta de conhecimentos.
Na realidade, os grilos não cantam; esfregam o primeiro par de asas quitinosas, ou seja, a fita fina e dentada da asa direita contra uma aresta da asa esquerda. O som varia, em ritmo e frequência, de um grilo (só machos) para o outro. Cantam com as asas...
O grilo do campo é um insecto geralmente de cor preta e brilhante. Tem antenas longas, costas lisas e duras sobre as asas, desloca-se aos saltos ou em corridas curtas e alimenta-se durante a noite. Os ouvidos estão situados sob um dos pares de pernas e a fêmea é atraída pelo som estridente do macho.


Pronto, acabou-se o devaneio.
Ele, de tranças, franja e bigodinho, fuma, fuma...
Ela, segurando um cão pela trela que ladra, ladra, e também fuma, fuma...
Fica o som do grilo abafado pelos guinchos do cachorro e os vocábulos dum qualquer dicionário de calão. 


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