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terça-feira, 7 de agosto de 2018

MINIMALISMO



“O apartamento está decorado com gosto, é tudo de boa qualidade mas muito minimalista”, escreveu uma cliente no livro “Comentários” do AL.

Na altura, há sete anos, achei a observação curiosa porque o minimalismo era ainda, para mim, um termo pouco usual.

Porém, olhando em volta, constatei isso mesmo. Só não fiquei a saber se o tal minimalismo se referia a serviço deficiente ou ao movimento artístico de ultrapassagem dos conceitos tradicionais.



Apesar de os diversos movimentos artísticosculturais e científicos terem percorrido o século XX baseados na característica comum do uso de "poucos elementos fundamentais", nunca me ocorreu a ideia de os associar ao referido vocábulo e, muito menos, à decoração. Era apenas a  minha  intuição objectiva para facilitar a limpeza do apartamento.

Segundo  Ianborges, hoje existem dois conceitos de minimalismo: 
  1. O que está mais voltado para movimentos artísticos como o design, música e literatura que se preocupam em fazer uso de poucos elementos fundamentais como base de expressão e que tem passado por várias fases
  2. O que é mais voltado para o  estilo de vida.

Focando mais o tema no segundo conceito, "estilo de vida", minimalismo é uma filosofia de vida que ajuda a viver com mais simplicidade, de maneira mais intencional ou seja, com mais liberdade (sobretudo dos bens materiais)...
Ainda, segundo ele, no minimalismo não há certo ou errado, fórmulas, regras ou metodologias fechadas. Há, sim, uma série de princípios que podem ser adoptados com sentido, apenas, para a vida de cada um; envolve um maior autoconhecimento que ajuda a valorizar aquilo que na realidade importa, ou seja, o valor que elas representam para a pessoa.



Interessante, este tema! 

Mais umas dicas encontradas na minha busca pela Net, referentes ao mesmo autor.

Benefícios por ele vivenciados:

Intenção  – Tudo o que tenho hoje faz sentido para mim.
Experiências – Passei a valorizar mais experiências do que posses.
Organização – Tenho clareza de tudo o que possuo e onde está cada coisa.
Flexibilidade – Hoje tenho uma facilidade muito maior de viver em qualquer situação com poucas coisas...
Leveza – Meu bem-estar e felicidade não dependem mais de coisas. Obviamente que preciso do mínimo mas os alicerces das minhas necessidades para uma vida plena estão no meu interior e não no exterior.
Simplicidade – Consigo me sentir verdadeiramente bem em ambientes e contextos extremamente simples, sem nenhum luxo ou conforto.
Posses temporárias – Posso morar onde quiser hoje, desde um chalé na montanha na Itália como uma casa de praia na Austrália. Posso me locomover como bem entender nas cidades onde moro, desde um carro para o fim de semana, até uma scooter ou bicicleta para o dia-a-dia. Quanto custaria para adquirir e manter isso tudo…
Graninha a mais – É uma ótima oportunidade de você ofertar alguns desses objetos em sites e ganhar uma graninha extra.
Doações – Nesse processo de me desapegar das coisas, acabei fazendo o bem para outras pessoas doando roupas, objetos e  posses que não tinham mais sentido em minha vida.

Maiores desafios:

Companheira - É muito importante respeitá-la e não forçar a barra ou tentar convencê-la que se desfazer de várias coisas é legal. Alguns pares de sapatos a mais podem fazer mais sentido para ela e está ok! 
Peças com valor emocional – Eu fui me desfazendo do meu guarda-roupa gradualmente, e ainda continuo, mas o mais difícil foi me desfazer daquelas camisas que traziam recordações incríveis (Campeão Mundial de Vólei de Praia). Eu acabei doando para familiares e amigos mais próximos que sei que veriam o valor especial naquelas peças, utilizariam em seu dia-a-dia e se sentiriam prestigiados.
Por onde começar  – No início é muito fácil se sentir sobrecarregado por onde começar. Por isso que para mim funcionou fazer de forma gradual.
Arrependimento – Teve um ou outro 

O minimalismo, diz-se, é uma corrente de comportamento que vem ganhando força nos últimos anos, devido à necessidade que as pessoas sentem em desacelerar. Procura inverter os valores do consumismo, transformando o impulso em forma consciente de consumo

sexta-feira, 27 de julho de 2018

BLOG / POST/ AVÓS



Presentemente pode dizer-se que o termo blog faz parte da linguagem comum. Quem não tem ou não sabe de alguém que tenha um blog?

Segundo dados do site technorati.com, são publicados 900 mil posts/dia e na lista “Top 10” dos sites de entretenimento, quatro deles são blogs.
A pesquisa “State of the Blogosphere 2011”, feita anualmente pelo Technorati - o maior directório de Blogs do mundo – baseia-se em milhares de blogs e bloguistas e tem como finalidade acompanhar não só a evolução dessa blogosfera ao longo dos anos mas também identificar perfis e respectivas áreas de interesse que classificam os  bloguistas em amadores e profissionais.

Amadores / Hobby - Representam 60% dos blogs e geralmente não têm uma renda direta com o Blog. São pessoais, na sua maioria,  e funcionam como “diversão” /forma de interacção.

Profissionais Part-time e Full-time – Aproximadamente 18% dos bloguistas usam o blog como forma complementar de rendimento ou mesmo como trabalho de tempo integral, embora a maioria não o tenha como a fonte de renda principal.

Corporativos - Representam 8% da blogosfera e vivem diretamente do Blog com assuntos prioritários de negócios e tecnologia. Considerando os principais interesses, 70% têm como objectivo compartilhar conhecimentos, 61% esperam reconhecimento profissional e 52% blogam para atrair novos clientes.

Empreendedores  - Dizem respeito a 13% dos blogs. São empresários e donos dos próprios negócios que dependem mesmo dos blogs cujo conteúdo está directamente relacionado com a área em que atuam.

As áreas geográficas de distribuição bloguista referidas pela pesquisa em questão  são representadas no gráfico abaixo

Fonte: A situação da Blogosfera em 2011 segundo o Technorati


A história do Blog, forma abreviada de “weblog” (WORLD WIDE WEB mais LOG), é relativamente recente. O pioneiro foi Jorn Barger que, em meados de 1997, desenvolveu um sistema (apelidado de Weblog) onde a pessoa podia relatar tudo o que achasse interessante na internet

Os blogs foram assim chamados por possuírem um formato característico de atualizações periódicas de conteúdo pessoal
O primeiro weblog ainda existe na forma original, podendo ser visto no site do seu autor ( http://robotwisdom.com)
Mas foi nos finais de 1999 que tudo se tornou mais fácil para pessoas que não sabiam sequer o básico de linguagem de programação. A partir de um template pronto e um backoffice, qualquer leigo poderia desenvolver um blog.
E assim, dos 50 blogs existentes em 1999, rapidamente se  passou para uma média de 3 milhões em 2003. 
Hoje, as estimativas do motor de busca Technorati indicam que deverão existir cerca de 200 milhões de blogs no mundo.

Qualquer pessoa pode ter um blog e é livre de publicar o que quiser. A maioria das empresas, mesmo aquelas que não actuam directamente na internet, mantém blogs para comunicar com funcionários e clientes.

Contudo, existe legislação que deve ser respeitada. 

Para quem lê um blog pessoal como o meu, não interessado em se promover, criar negócios ou ganhar dinheiro, deve parecer-lhe demasiado fácil. Todavia, ainda que os conteúdos sejam singelos, não é exactamente assim. Antes de escrever um post faço por dispor de algum tempo para pesquisa a fim de esclarecer pormenores, procurar detalhes, datas ou revisão do produto, ideias, pontos de vista e conceitos, representados mentalmente. Verifico a gramática e a ortografia e, sem modificar o meu próprio estilo, procuro não ser rejeitada pelos vários visitantes e alguns assíduos seguidores ( maioritariamente desconhecidos).

Os temas são ocasionais e diversificados

E porque hoje é o dia dos Avós, a postagem é para eles. 
Para os que já têm cabelos brancos e pele enrugada, se sentam na cadeira de balanço, tricotam, ainda ouvem rádio, gostam de cozinhar ou fazem biscoitos e para os que, bem diferentes, têm computador ou uma agenda cheia de compromissos, cantam no coro da igreja ou vão à universidade e a restaurantes com amigos, viajam, lêem livros e sabem tudo de whatsapp/facebook /skype, seguem as tendências da moda, têm uma memória invejável e a voz jovial.
Para todos os que, essencialmente, mantêm o bom humor e a paciência.




 Imagens Google

quarta-feira, 25 de julho de 2018

E O ECO RESPONDEU:




Os provérbios são frases e expressões curtas que transmitem conhecimentos e sabedoria popular sendo que, muitos deles, relacionados com aspectos universais da vida, se mantêm desde a antiguidade. Ricos em imagens, são quase todos de origem anónima e podem aplicar-se, pelo seu sentido lógico, a diversas situações de hábitos comuns.
Estão, por exemplo, associados à gratidão, à generosidade, à velhice, à solidão e à amizade, termos que tenciono utilizar no conteúdo deste post.

“A bondade e o perdão só fazem ingratidão”; "A gratidão é a memória do coração"; “A gratidão tem tanto de nobre como de vil a ingratidão”.

"O generoso prosperará; quem dá alívio aos outros, alívio receberá"

"A velhice é a segunda meninice"; "De velho se torna a menino"

“A solidão é o destino de todos os espíritos eminentes.”; “A solidão é um bom lugar para se visitar, mas não é nada bom para se lá ficar.”

“Não há pior inimigo que um falso amigo”; “ O vitorioso tem muitos amigos e o vencido, bons amigos.”

 Fui ao lugar onde nasci e perguntei:
 "Meus amigos, onde estão?"
E o eco respondeu:
 "Onde estão?"

Todas estas frases feitas “soam a verdade”. Porém, sendo regra, nem sempre é absoluta.

Aqui há dias, fui lanchar com as minhas amigas Manela e Micá. A  Micá, alguns anos mais velha do que eu e um pouco “mais baixa”, mantém-se genuína. A Manela, da minha geração, pelo contrário, tem vindo a sofrer alterações com perda de memória episódica, primeiro e de memória remota, mais recentemente. O discurso brilhante de outrora passou a ser repetitivo e entrecortado à procura das palavras, a orientação em espaços ou a escolha da ementa revelam-se mais difíceis e a noção de  autocrítica parece ter desaparecido. 
 Viúva há alguns anos de um marido apaixonado, pouco fala dele e, quando acontece, faz um breve silêncio (não sei se de nostalgia causada pela ausência, ou se pelo reviver de momentos passados).
- Sabes que o C. morreu?, pergunta. Têm que ir as duas almoçar a minha casa.
- Ó Manela, mas em casa estás tu o tempo todo. É muito mais agradável este ambiente com gente, movimento…
(e, mais ou menos de 10 em 10 minutos, fazia o convite como se fosse a primeira vez)
- Tou sozinha… balbuciou.

Ela que tem dois filhos (médico e engenheiro) a quem ofereceu uma boa escola e dedicou todos os momentos livres, quatro netos que transportou, alimentou e passeou durante anos no horário de trabalho dos pais, muitos vizinhos que auxiliou em tudo o que lhe solicitaram, amigos e colegas que recebeu frequentemente para jantar, pessoas várias  que ajudou a singrar na vida…está sozinha.

Quanta solidariedade, quanta disponibilidade, quanto desprendimento, quanta amizade... pagos com vil  ingratidão!

"Meus amigos, onde estão?"
E o eco respondeu: "Onde estão?"





Imagens Google

quarta-feira, 18 de julho de 2018

PASSAR


O passar transitivo
Directo e indirecto
Com suplemento
Ou o intransitivo
De sentido completo
Sem complemento
É mais imperativo
Do que um decreto

Passam as vidas
E os bens prós herdeiros
Passam os comboios
E os seus viageiros
Passam os rios
E mil aguaceiros
Passam sorrisos
Pelo rosto, matreiros.

E o ar em movimento
Agitando a dignidade
E a sombra da mentira
Escondendo a verdade
E as horas camufladas
De falsa realidade
E a razão de ser
Sem conformidade

Quase tudo passa: A tristeza, a felicidade, o tempo, as pessoas, as uvas, as páginas, a criança, o amor, a amizade, a morte e penso que até a saudade. 
Só não passam mesmo a dor e o que resta saber do que fica do que passa.


domingo, 8 de julho de 2018

PERCURSOS - TOLEDO



3 h 40 m (335,0 km) de EX-A1 e A-5 separam a minha aldeia, Cerdeira, de Toledo, capital da Espanha medieval até meados do séc. XVI e da comunidade autónoma de Castela-La Mancha, presentemente.


Andar por Espanha sem conhecer Toledo é perder a oportunidade de apreciar o cenário único de um conjunto de várias influências que aconteceram ao longo da história daquele País desde a origem de Toledo e da ocupação romana na região no século II antes de Cristo, até à passagem dos visigodos e dos árabes, à recuperação pelos espanhóis ou à cidade das três culturas, através de testemunhos monumentais  verdadeiramente notáveis.
Falar dela depois de a ter visitado, também não deixa de ser fascinante. Porém, porque tudo é considerável, faz-se apenas uma abordagem muito superficial de alguns lugares observados.

O Alcázar, o palácio de Carlos V, foi construído num dos pontos mais altos da cidade, ocupando o local onde antes existia uma fortaleza romana. Atualmente, abriga os escritórios do exército e um museu militar.

Ponte romana de Alcântara com 6 arcos assimétricos - entrada para a cidade

Situada numa colina sobre o rio Tejo, Toledo é uma histórica cidade-museu declarada Património da Humanidade em 1987. As suas muralhas abrigam uma riquíssima herança cultural, arquitectónica e artística proveniente das culturas muçulmana, cristã e judaica que ali conviveram em relativa harmonia deixando expresso um conjunto de influências medievais e renascentistas
As suas ruas estreitas e sinuosas entre casas, mesquitas, igrejas e sinagogas desordenadamente edificadas e bem conservadas são, por si só (para quem pode caminhar), um passeio inesquecível de história com mais de 2 mil anos. Parada no tempo, tranquila, limpa e cosmopolita é uma das cidades espanholas mais grandiosas em arquitectura. Foi ali que o grande pintor El Greco encontrou imaginação para retratar o místico e o religioso da época.

1- Sinagoga de Santa Maria la Plancha - Monumento Nacional
 2- Símbolos judaicos nas ruas onde residiram os judeus sefarditas, colocados pela comunidade judaica da Espanha

É na configuração urbana das ruas estreitas, tortuosas e compridas  que se refletem  as características da civilização muçulmana assim como na  Praça de Zocodover, de planta irregular construtiva, onde se concentra grande parte da actividade económica e social de Toledo

 Praça de Zocodover e Plaza Mayor de Toledo
                                                     Ruas de Toledo

A nossa "peregrinação", porque estava na hora do almoço, começou por procurar um restaurante típico numa das estreitas ruas, acessíveis à circulação automóvel, bem perto da Praça Zocodover - a gastronomia, em Toledo, oferece várias especialidades castelhanas.

Depois, porque não foi elaborado o itinerário, foi-se andando, um pouco à toa, vendo e fotografando, sem entrar em qualquer monumento (o tempo era escasso), entre as pequenas pausas necessárias.

Sempre a subir pelas estreitas ruas (acompanhados de algumas garrafas de água), foram-se descobrindo outras surpresas desde edifícios comuns a mosteiros, igrejas, sinagogas, museus, portas na muralha, miradouros deslumbrantes, artesanato, estátuas e miniaturas de D. Quixote/Sancho Pança em profusão, muitos restaurantes pequenos, uma babilónia linguística
 1- Casa de antiguidades 2- Museu de Santa Cruz 3- Janela
Miradouro del Valle e o rio Tejo (com alguns vestígios de uma antiga ponte?)
1- Ao fundo, a Igleja de Santiago del Arrabal do sec. XII, um dos mais belos monumentos mudejáres de Toledo
2- Torre da Igreja de São Tomé

A Catedral de Toledo, dedicada à Virgem Maria na Ascensão aos céus, estilo gótico de influência francesa (século XIII) tem as cenas da vida de Cristo esculpidas na pedra, que serviram de catecismo durante a Idade Média e é sede da Arquidiocese de Toledo

Algumas portas da muralha de Toledo
Mosteiro de San Juan de los Reyes, século XV, estilo gótico com influência espanhola

Lojas de artesanato

Escola de Arte - "perfectamente pensadas para la actividad docente" y diseñadas con meticulosidad para propiciar la concentración, sensibilización con las disciplinas de estudio y el mejor aprovechamiento de la luz.


1- Antigo Museu Nacional do Exército
2- Biblioteca de Alkazar, antiga residência dos Reis de Espanha

1- Alkazar é um palácio fortificado sobre a colina mais alta da cidade que domina o horizonte e toda a cidade. Construído pelo imperador Carlos V, é dos poucos edifícios sem grandes alterações desde essa data
2- Alkazar - fachada setentrional

… E muito mais haveria para ver numa superfície de apenas 232,1 quilómetros quadrados de área, com 83 459 habitantes (densidade: 359,6 hab./km² habitantes). Wikipédia, 2016.
Depois do Alcazar, porque visitá-lo é primordial, situado a 644 metros de altitude, só já permitia um bom relaxamento em qualquer sombra de esplanada a saborear um batido de frutos bem fresco e um expresso.

Era quase noite e o regresso a casa estava por fazer... um regresso que viria a ser bastante insólito. O GPS resolveu embrenhar-nos na Serra da Malcata por entre apertadas curvas e contracurvas, sem iluminação e sob um nevoeiro intenso, cerrado…
Uma aventura inesperada mas que, enfrentada com calma, também a sorte acabou por nos dar um “final feliz”.



quarta-feira, 4 de julho de 2018

O ENCONTRO






Hoje resolvi fazer uma surpresa à minha amiga I.M. que se enclausurou numa casa de repouso para, na altura, não se separar do marido “bafejado” por Alzheimer.

Foi há 14 anos que o Braemer, na Noruega, por entre braços de fiordes, cascatas e vilarejos nos aproximou, tanto na partilha de mesa, como nas conversas de bar, no deck ao sol ou nos mergulhos na piscina.

Lisboa tornou-se, depois, o ponto de encontro. 
Entretanto, A. adoeceu e I.M. ficou “prisioneira”, sem a colaboração de que precisava. Cansada e mais velha, optou por uma casa de repouso.

Menos frequente agora, o cavaqueio passou a ser lá. Até poderia não ser, sim. Porém, a I.M. começou a cegar e, presentemente, apenas me reconhece pela voz. O marido, “exonerado” pelos sentidos, já não caminha nem fala.

Diz-se que " Cada qual traça o seu destino de acordo com a sua vontade, os seus gostos, os seus ideais e os seus princípios morais.” Racional Superior - livro Universo em Desencanto

Não, ninguém acredita que a I.M. tenha escolhido aquele destino. A vida é mesmo feita de surpresas. Boas e más.
Fiel aos seus princípios, tem aceitado tudo estóica e resignadamente.

Mas hoje, a I.M. estava diferente – cansada, com edemas, parca nas palavras, apática, "desligada"...

“Só me apetece estar deitada. A Teresa desculpe”, disse.
“Prove um chocolate, I.”, retorqui ainda.
“Sim…”
Mas parte dele permanecia desfazendo-se entre os dedos de unhas bem cuidadas.

Talvez o destino lhe tenha traçado o fim da caminhada. Talvez não lhe ouça mais pronunciar o meu nome.

Ou talvez sim. Oxalá.