Número total de visualizações de páginas

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

AS PRIMEIRAS-DAMAS DE PORTUGAL - 4



Maria do Carmo Xavier de Oliveira Barros Leite Braga
2ª Primeira-Dama de Portugal


Nasceu no Porto em 14 de Novembro de 1841.
Era filha de António Pedro Xavier de Oliveira do Couto Alão de Barros Leite e de Ana Amália Martins da Cruz Xavier de Castro e Sousa e irmã de Júlio Xavier de Matos - psiquiatra, um dos mais importantes reformadores do ensino da Psiquiatria em Portugal e fundador do primeiro hospital psiquiátrico de Lisboa,Hospital Júlio de Matos, assim chamado desde 1942.




Casou em 1868 na Igreja Paroquial de Cedofeita, Porto, com Joaquim Teófilo Fernandes Braga, natural de Ponta Delgada, escritor e professor da Universidade de Coimbra.


Teófilo Braga foi Presidente três vezes:

- Presidente do Governo Provisório republicano de 5 de outubro de 1910 a 3 de setembro de 1911, função que acumulou com as de chefe do Estado até à eleição de Manuel de Arriaga


Tomada de posse do Governo Provisório

-Presidente da República em substituição de Manuel de Arriaga de 29 de Maio a 4 de Agosto de 1915. 
Lisboa, edifício do parlamento, 29 de maio de 1915: dois momentos do programa oficial de investidura do PRP Teófilo Braga

- Presidente da República de transição até ao dia 5 de Outubro do mesmo ano, face à renúncia de Manuel de Arriaga (substituído por Bernardino Machado).

Tiveram três filhos que morreram prematuramente:
- Joaquim, quase à nascença (1869)
- Teófilo, aos 13 anos (1886)
- Maria da Graça, aos 16 anos, em Março do ano seguinte.

Maria do Carmo, que sempre foi de saúde frágil, consternada, entrou numa enorme tristeza (depressão?).
Faleceu em Lisboa a 14 de Setembro de 1911, numa modesta casa da Travessa de Santa Gertrudes (actual Rua Teófilo Braga), n.º 70, pouco tempo depois de o marido se tornar Presidente do Governo Provisório e a dois meses de completar 70 anos.

Está sepultada no Cemitério dos Prazeres, num jazigo muito deteriorado pelo tempo (Rua F, n.º 3588).

A homenagem a Teófilo Braga.
O cortejo junto do Monumento aos Restauradores, 1912 



A 15 de Maio de 1887, ainda viva, o marido fez o testamento. Através dele soube-se que a família era remediada; tinha apenas o dinheiro ganho com a docência e alguns bens que foram dados a Maria do Carmo pelo casamento. 
Teófilo gostava muito da sua mulher.
Desde que ficou viúvo, infeliz, isolava-se na biblioteca para se dedicar à escrita, lugar onde morreu.
Vestia pobremente e até chegou a remendar algumas peças de roupa branca que tinham sido usadas por Maria do Carmo porque lhe faziam recordar os bons momentos.







A obra literária de Teófilo Braga é imensa 







Imagens Google

sábado, 18 de janeiro de 2014

PAULA REGO - INTRIGANTE E PROVOCADORA


Paula Rego - Fotografia: Eamonn Mccabe

«É tudo copiado à vista», sublinha PAULA REGO, expondo as pinturas juntamente com os seus desenhos preparatórios feitos na presença dos modelos.
Os traços inserem-se numa poética de naturalismo expressionista – mas um realismo que sempre se origina da observação do verdadeiro.

«Aprender a desenhar é muito importante. Eu também não sei muito bem, mas estou a aprender».
Só sei pensar com a mão por meio do lápis. Tenho a imagem na cabeça. Há duas fases: primeiro a ideia que surge e, depois, o trabalho com o modelo. (…) Está tudo no desenho, a história, tudo. O desenho não a ilustra, mas o que me interessa é a acção de fazer o risco sobre a pedra, o papel; a disciplina. A ligação física e visual é essencial. A história dá o impulso.»

É assim que Paula Rego, nascida em Lisboa (1935), oriunda de uma família republicana, liberal, culta e abastada e que partiu para Londres a fim de frequentar a Slade School of Art, onde conheceu o artista britânico Victor Willing - com quem casou - descreve o trabalho no seu atelier.

Paula Rego e o marido Victor Willing, na Ericeira, 1970

Paula Rego com o marido, Victor Willing e os seus 3 filhos – Victoria, Nick e Caroline.


A pintora, com um nome reconhecido em todo o mundo, é colocada entre os quatro melhores pintores vivos em Inglaterra.
  
Dame Paula Rego at Buckingham Palace. Photograph: Wpa Pool/Getty Images

Em 2010 foi eleita a Personalidade Portuguesa do Ano pela Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal que foi fundada há 31 anos e reúne jornalistas de mais de 20 países a trabalhar regularmente no País.
Foi também agraciada pela Rainha Isabel II com o grau de Dama Oficial da Ordem do Império Britânico “pela sua contribuição para as artes.”  
A Reitoria da Universidade de Lisboa atribuiu-lhe ainda as insígnias de Doutor Honoris Causa, distinção raras vezes concedida a personalidades no campo das artes.
E muitos outros prémios

Luís Moreira:
«Com personalidade vincada, Paula Rego é conhecida pelos seus olhos profundos e pela forma peculiar como estes observam o mundo. Tem enorme capacidade de dissecar e criticar, retratando muito bem a realidade e as questões que considera prementes. Pinta a guerra, o aborto, mas também a metamorfose da obra homónima de Kafka, ou as mulheres de “O Crime do Padre Amaro”, de Eça de Queirós. 


Entre as Mulheres, 1997, da série O Crime do Padre Amaro

A sua obra tem uma “força extraordinária” frisa Mário Matos Ribeiro, produtor de moda, em “ambientes tão banais, tão caseiros, que se torna perturbadora”.
A maneira quase infantil de se expressar – tanto na pintura como na oralidade – torna-a uma personagem intrigante, a quem ninguém fica indiferente. Em certos momentos, tem uma perturbante doçura. Noutros, uma assustadora agressividade. Mas os seus quadros são belos, como tudo o que é indomável.»

Stefano Valente:
«Os temas tratados pela pintora fazem ressaltar uma visão escandalosa da sexualidade e da morte (…) È provável, porém, que tenhamos de relevar um outro elemento das representações por Paula Rego: a ausência de normalidade, ou melhor, a normalidade que é a exploração, a análise do limite extremo da personalidade feminina (…).

The Vivian Girls as Windmills, 1984

É, no fundo, a cristalização do instantâneo: do tempo – quotidianamente grotesco, hórrido ou cruel, ou apenas banal – em que bailarinas, meninas (As Meninas, obra conjunta com a escritora Agustina Bessa Luís – 2001), loucas, ou simplesmente mulheres adormecidas, contam as suas histórias. Histórias sempre impiedosas…»
A mulher quase sempre é representada consigo própria, imersa no abismo do tédio (veja-se, por exemplo, Lush) – que é também o momento em que qualquer crise, qualquer delírio, qualquer abandono pode acontecer.

The Lush

A leitura dos romances de Henry Miller marcou o seu percurso, ao abordar temas do imaginário erótico feminino.

Alexandre Pomar:
«(...) Estas pinturas reconstroem os poderes das imagens e das suas ilusões Surgem como resposta poderosa à indiferença ambiente e são reconhecidas como tal muito para além das fronteiras especializadas do «mundo da arte».

Paula Rego A Dança 1988 Água-forte e água-tinta

Numa recente montagem dos espaços da Tate Gallery, Paula Rego presidia com o seu grande quadro A Dança, de 1988, a uma vasta galeria dedicada à tradição britânica da pintura narrativa do séc. XX («People and Places»), onde se sucediam a Walter Richard Sickert, obras de Stanley Spencer, Carel Weight, Ronald B. Kitaj, David Hockney, Peter Blake e outros pintores que contam histórias, sugerem situações ou descrevem relações humanas.»

«O naturalismo está muito fora de moda, mas eu não me importo» Paula Rego.
«A moda passará. Estas revolucionárias 'pinturas silenciosas, com as suas réplicas sombrias', sobreviverão», num artigo do «Daily Telegraph».


"Pintar é (um acto) prático mas também mágico. Estar no meu estúdio é como estar dentro do meu próprio teatro” Paula Rego


Paula Rego quer mostrar que  «a mulher é uma história por contar». Porque «a história das mulheres nunca foi contada em pintura».
E assim, radicada em Inglaterra, todas as manhãs, uma modelo - quase sempre portuguesa - posa para a pintora no atelier de Kentish Town.

Não gosto das mulheres quase disformes de Paula Rego. Nem dos homens horrendos.
Mas concordo que é uma pintura desafiadora, denunciante, crua, austera, perturbadora, incómoda, carregada de solidão, sofrimento, angústia, humilhação e vergonha; que "abala as crenças e as ordens de ontem e de hoje".

Como facilmente se pode comprovar pelo quadro 'The Last Feed' , da sua última exposição em Londres 'The Dame with the Goat's Foot' (Janeiro - Março 2013) que recebi, via email, e sem o qual não estaria agora aqui a reconhecer o grande talento da sui generis pintora.

'The Last Feed'

O comentário descrevia-o como uma figura de 'palhaço rico' com a mão esquerda a 'coçar a micose' (o retrato perfeito… de Cavaco) com um pé no pedestal, a sugar os seios de uma velha decrépita e aperaltada (República?) com um chapéu.

Noutro comentário:
"Se o mamão for mesmo Cavaco, o quadro já pode ficar para a galeria dos presidentes."
Segundo a artista, o quadro não viajará até Portugal.


O Museu e As Óperas

A inauguração da exposição "As Óperas" marcou a entrada da Casa das Histórias num novo ciclo após a extinção, em Março deste ano, da Fundação Paula Rego e da assinatura de um novo acordo entre a pintora e a Câmara Municipal de Cascais, que passou a gerir o museu.

Segundo a agência Lusa, recebeu um total de 32.404 visitantes em cerca de quatro meses.

Casa das Histórias Paula Rego é um museu em Cascais, e tem como missão o conhecimento e fruição da obra de Paula Rego e suas ligações artísticas
Acolhe uma exposição permanente com obras de Paula Rego e duas exposições temporárias por ano.

Exposição actual

"Paula Rego/ Honoré Daumier: mexericos e outras histórias"
Catarina Alfaro, co curadora da exposição, explica que o que une os dois 
artistas, na apresentação da exposição, "é o inequívoco facto de que tanto Daumier como Paula Rego terem usado a sua produção artística gráfica como elemento diluidor das hierarquias e da diferenciação entre a arte erudita e a popular, sempre comunicante com o tempo presente através das suas vozes críticas, por vezes mordazes e socialmente interventivas

A colecção presente reflecte todo o percurso artístico e criativo de Paula Rego, incluindo ainda obras do seu marido (morreu em 1988), o artista britânico Victor Willing.

"Quando tinhamos uma casa no campo"
Paula Rego - 1961, Colagem e óleo sobre papel
 Paula Rego - Estudo para Aida 1983, Tinta sobre papel Segredos e Histórias 1989, Água-forte e água-tinta

Horário de funcionamento
Todos os dias, excepto 1 de Janeiro, 1 de Maio e 25 de Dezembro
Inverno - 10 h às 18 h
Entrada Gratuita
Av. da República, 300
Cascais

Nova exposição
Abre amanhã, 24 de janeiro, em Londres, na galeria Marlborough Fine Art.
Admite-se, também aqui, que é possível identificar uma personagem de feições muito semelhantes às de Carlos Carreiras, atual presidente da Câmara Municipal de Cascais, no quadro que tem por título "Avareza".


      "Avareza"  com o protagonista pintado por Paula Rego e Carlos Carreiras

Confrontado com a notícia do jornal Expresso, o Presidente da Câmara responde:
(…)  Não vou desmentir o que é evidente: há parecenças? Há. Algumas. Mas sendo verdade houve então um claro favorecimento. Não sou assim tão bonito. É só comparar com uma fotografia minha.
(…)
E assume, no Facebook, que está a negociar um novo protocolo com a pintora.


Imagens Google

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

AS PRIMEIRAS-DAMAS DE PORTUGAL - 3




Lucrécia Augusta de Brito de Berredo Furtado de Melo Arriaga
A Primeira-Dama de Portugal

Nasceu a 13 de novembro de 1844 na Figueira da Foz.
Era filha de Roque Francisco Furtado de Melo e de Maria Máxima de Brito Leite de Berredo, descendentes de aristocratas açorianos.

Como consequência do seu estatuto social, teve uma uma educação privilegiada; falava Francês e Inglês e aprendeu a tocar piano.
Na sua terra natal conheceu Manuel José de Arriaga Brum da Silveira e Peyrelongue, de famílias relacionadas da Ilha do Pico, Açores, com quem casou em 1870.

O casamento foi celebrado numa capelinha perto de Valença do Minho onde o pai era general e governador da Praça (de Valença).
Viveu em Coimbra durante alguns anos - Manuel de Arriaga licenciou-se em Direito, foi advogado e  Reitor da Universidade de Coimbra.
Foi também escritor, poeta e um grande orador.

O casal adorava o mar, as crianças e as flores; a família passava regularmente as férias em Buarcos e, pelo mesmo motivo, a última casa em que Manuel de Arriaga viveu seria em Lisboa, perto da Rua das Janelas Verdes, para poder ver os barcos no Tejo.

Retrato pintado por Malhoa, pertença da família Arriaga

Teve seis filhos:


Maria Máxima de Melo Arriaga Brum da Silveira * 20.02.1875  João Carlos de Tavares Morais da Cunha Cabral
Manuel José de Arriaga Brum da Silveira * 24.03.1879  Maria Valentina Chagas Riet
Maria Amélia de Melo Arriaga Brum da Silveira * 08.02.1880  Luis Xavier Barbosa da Costa
Maria Cristina de Arriaga * 10.04.1882  Henrique Raimundo de Barros
Roque Manuel de Arriaga * 18.03.1885  Maria Isabel de Almeida Pinheiro 
Maria Adelaide de Melo de Arriaga * 11.04.1887  Daniel da Silva Ferreira Júnior

Fonte: GEPB - vol. 03-pg. 358


A 24 de agosto de 1911, o marido é eleito primeiro Presidente da República Portuguesa.

José de Arriaga - eleito aos 71 anos

Lucrécia torna-se a Primeira-dama do país aos sessenta e seis anos de idade (1911 a 1915 aquando da demissão do marido).

Apesar de pró-monárquica convicta, apoia o marido e muda-se com a família para o Palácio de Belém (mais concretamente, para um pequeno palacete na Horta Seca, cuja renda tinham que pagar do seu bolso, assim como a própria mobília).
O Presidente recusou ajudas de custo, prescindiu do dinheiro para transportes, não quis secretário, nem protocolo, nem Conselho de Estado porque, disse na tomada de posse:
- “Estou aqui para servir o país. Seria incapaz de alguma vez me servir dele…

Lucrécia evitou a exposição pública em eventos.
Algumas excepções:
- A comemoração do segundo aniversário da Implantação da República, em 1912
- Um chá da tarde para os filhos dos funcionários da Imprensa Nacional a que presidiu, e onde foi recebida como esposa do Chefe de Estado, em 4 de outubro de 1913. 
 - O terceiro aniversário da instauração do regime republicano, assistindo a uma peça no Teatro Nacional de São Carlos, sem lugar oferecido na tribuna presidencial, no dia seguinte. 
- A "festa no jardim" promovida por Manuel de Arriaga aos marinheiros brasileiros que visitaram Lisboa por ocasião do 23 º aniversário da República brasileira, em Novembro do mesmo ano.
O Presidente e a Primeira-dama plantaram duas palmeiras no Jardim Botânico Tropical em Lisboa, contíguo aos jardins do Palácio de Belém.
As árvores, passados cem anos, ainda existem. 

Abertura da Escola Superior de Guerra, o presidente da República, Manuel de Arriaga, com o Ministro
Av. República 1911 Cortejo integrado num concurso de cavalos de carroça

Depois de Manuel de Arriaga ter deixado a Presidência em 1915, colaborou ainda com a Cruzada das Mulheres Portuguesas, em 1916.

Faleceu em 15 de outubro de 1927, na Parede 

Imagens Google

domingo, 12 de janeiro de 2014

AS PRIMEIRAS-DAMAS DE PORTUGAL - 2


A Primeira-dama Portuguesa passou a existir quando Portugal deixou de ser uma Monarquia para se tornar uma República com um Presidente eleito.
Este novo sistema de regime político aconteceu depois de terem ocorrido. vários incidentes ainda relacionados com o regime monárquico constitucional.


SÍNTESE DA SITUAÇÃO E ACONTECIMENTOS MAIS PRÓXIMOS DA MUDANÇA

A Monarquia Constitucional



Duque de Saldanha (P. Regenerador) e Veiga Beirão (P. Progressista)

De 1834 a 1910, Portugal foi uma Monarquia Constitucional cujo poder era assegurado rotativamente por dois partidos autónomos significativos com uma orgânica partidária muito centralizada - o Partido Regenerador e o Partido Progressista Histórico
A partir da década de 90 e na sequência do Ultimatum (última ordem) inglês de 1890, o sistema bipartidário alterou-se significativamente por crises e cisões entre eles.
Da fragmentação partidária destacou-se o Partido Republicano Português  (1876)  que defendia a alteração revolucionária do regime vigente, acusado de comprometer as instituições da nação e propunha substituir a Monarquia pela República. O País deixaria de ser governado por um Rei que herdava o poder - Monarquia hereditária - e passava a ter um presidente eleito por um tempo determinado - República


Tinha como principais apoiantes Teófilo Braga, Ramalho Ortigão e Guerra Junqueiro.

Azedo Gneco discursando num comício republicano em Lisboa



O 31 de Janeiro de 1891

Rebentou no Porto uma revolta armada contra a monarquia com a participação de populares e militares.


Embora as tropas governamentais tivessem restabelecido a ordem rapidamente, a ocorrência fez crescer o descontentamento dos Portugueses em relação ao regime monárquico e a aceitação, cada vez maior, das ideias republicanas
Após esta tentativa de acabar com o regime, o rei D. Carlos mandou dissolver o parlamento e colocou João Franco no poder que passou a governar de forma ditatorial (1906).

João Franco

O Regicídio

01 de Fevereiro de 1908

Manuel Buiça atravessa o pescoço do Rei D. Carlos com um tiro que o mata imediatamente. E Alfredo Costa, pondo o pé no estribo da carruagem real, repete a dose sobre o Rei já tombado.
A Rainha, em pé, usa a única arma que tem - um ramo de flores - para o surrar e perguntar: 
- Então ninguém ajuda?  
D. Luíz Fillipe, ferido com um tiro no peito, ainda consegue acertar quatro vezes em Alfredo Costa mas Buiça, de longe, mata-o de vez.
D. Manuel tenta vedar o sangue do irmão com um lenço e também fica ferido.
Entretanto, alguém dispara sobre os regicidas e morrem no local
A Carbonária e a Maçonaria que conspiravam para a imposição da República, terão estado por trás dos acontecimentos

O Infante D. Manuel é aclamado rei

1923: Retrato de Dom Manuel II por Philip de Laszlo

De 4 de Fevereiro de 1908 a 5 de Outubro de 1910 surgiram seis experiências de composição governamental, todas de curta duração (sete governos em cerca de 24 meses)
O primeiro, governo da “Acalmação”, nasceu de um entendimento entre os chefes dos partidos monárquicos rotativos - regeneradores e progressistas - mas a partir do segundo voltaram a fragmentar-se, enquanto a força conspiratória do partido republicano continuava a ganhar terreno

A Revolução republicana e a queda da Monarquia

O movimento revolucionário republicano - revolta armada apoiada pela população com alguma resistência dos apoiantes da Monarquia - teve início em Lisboa, no dia 4 de Outubro de 1910.
O Palácio das Necessidades, residência oficial do rei, foi bombardeado.



No dia 5 de Outubro de 1910 ocorre a Implantação da República a partir da varanda da Câmara Municipal de Lisboa, por José Relvas.

O rei D. Manuel II, depois de ter passado pelo  Palácio Nacional de Mafra, quis partir da Ericeira para o Porto no iate real "Amélia" mas os oficiais a bordo levaram-no para Gibraltar. Dali, seguiu para o Reino Unido com a família real onde foi recebido pelo rei Jorge V.

O trigésimo quinto e último Rei de Portugal cediam o lugar à vitória do movimento republicano.




Foi criado um Governo Provisório, presidido pelo Dr. Teófilo Braga. 
O Hino e a Bandeira, símbolos do país, foram substituídos e em 1911, aprovada a nova Constituição marcadamente Republicana; o Parlamento passou a eleger o presidente que, por sua vez, nomeava um governo.




E em 24 de Agosto de 1911 foi eleito o primeiro presidente da República membro do Directório do Partido Republicano aquando da revolta de 31 de Janeiro de 1891 - Manuel José de Arriaga


A Primeira República Portuguesa 
(Também chamada Parlamentar)


Sucedeu ao Governo Provisório de Teófilo Braga, de 1910 a 1926, período de grande instabilidade governativa marcado por sucessivas alterações de governo, rivalidades entre as alas esquerda e direita do Partido Democrático, receio contra os apoiantes do anarquismo e do bolchevismo e uma crescente simpatia do Exército pelas soluções autoritárias.
Houve sete Parlamentosoito Presidentes da República, 39 governos, 40 chefias de governo, duas presidências do Ministério que não chegaram a tomar posse, dois presidentes do Ministério interinos, uma junta constitucional, uma junta revolucionária e um ministério investido na totalidade do poder executivo. Foi pródiga em convulsões sociais e crimes públicos e políticos.
Wikipédia

E neste novo sistema político surge então a Primeira-Dama de Portugal:
Lucrécia Augusta de Brito de Berredo Furtado de Melo Arriaga.

Imagens Google

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

O HOMEM, O SÍMBOLO, O JOGADOR




A universalidade de Eusébio

Jornais rádios e televisões de todo o mundo, lembram a lenda do futebol mundial



Resultados da pesquisa feita através do sistema de monitorização de Social Media da Cision, que recolhe informação relativa a comentários nas redes sociais e que está ligado às principais plataformas de social media - Facebook, Twitter, Google , Youtube, Fóruns e blogosfera:
- 24.857 conteúdos  noticiosos, dos quais 5293 em Portugal e os restantes 19.564 em 116 países
Destes países destacam-se, pelo volume de informação, o Reino Unido com 1.990, a Espanha com 1.880, a Alemanha com 1.377, a Itália 1.252, a França com 1.019 e o Brasil com 987
- A palavra Eusébio foi detectada em mais de 411 mil interacções e em diversas línguas, maioritariamente o português, o inglês, o espanhol, o francês, o alemão e o italiano.
Surgiram ainda interacções em línguas menos expectáveis, como o dinamarquês, finlandês, polaco, russo ou o japonês.


Soares fala de Eusébio como um homem sem cultura e viciado no álcool. O depoimento aconteceu na RTP N
 "era um bom homem, de pouca cultura, só percebia de futebol mas, ainda assim um bom homem...Não sabia que ele estava doente. Sabia que bebia muito whisky logo de manhã..."
Podem ouvir aqui


 A snobeira de Soares

 (…) não tenho saco para a snobeira que Mário Soares revela em cada gesto e em cada palavra (…) tiques de superioridade com a falsa bonacheirice ("o bochechas"), com as palmadinhas, abracinhos e palavrinhas porreiras.
(…) o absurdo paternalismo de um homem que se julgava no direito natural de mandar em Portugal. Hoje em dia, sem a necessidade de contactar eleitoralmente com as massas, a snobeira de Soares sem as luvas de pelúcia está à vista de todos.
(…) os senadores deviam comportar-se como senadores, e não como dondocas. »
Henrique Raposo

Extractos de episódios que revelam a personalidade de Eusébio

 (…) Antes de um Benfica-Sporting que se seguiu a um dérbi marcado por uma goleada pediram-me que juntasse dois jogadores de cada equipa para me contarem histórias desses jogos entre rivais. Coisa complicada e difícil.
(…)
O problema era o local do encontro, pensei eu, tentando imaginar um sítio neutro. Mas não foi necessário: todos se disponibilizaram para se encontrarem com Eusébio onde ele escolhesse. Foi na Luz. Ninguém falhou. E, entre muita polémica e discussão, ele monopolizou a conversa durante quatro horas, perante o respeito de todos os outros. Eu acabei por ter o trabalho mais fácil: foi só transcrever e cortar, cortar, cortar.

Um ou dois anos depois, numa viagem também para terras nórdicas, surgiu um problema no controlo de estrangeiros no aeroporto. As coisas eram menos profissionais do que hoje e um jogador novo não tinha o passaporte Ok. Até que chegou Eusébio, todo ele sorrisos, e de repente ouvem-se várias vozes gritar o seu nome. Passageiros e funcionários correram a pedir-lhe autógrafos. Ele perguntou o que se passava e, como que por milagre, franquearam-se todas as entradas"
Filomena Martins


"São histórias de um miúdo… miúdo que ia com o tio, que era o médico do Benfica… um miúdo que adorava aquela sensação de poder atravessar o gradeamento por onde poucos passavam e entrar no estádio pela porta principal. Depois esperava. Pelos jogadores. Pelos treinadores. Por ti.
(…)
Tu chegavas sempre com o teu sorriso humilde e cumprimentavas-nos. “Como está doutor?” “Olá miúdo, estás bom?”. Eu lá abanava a cabeça. Eras o Eusébio. E estavas a falar comigo. Como podia dizer que não? Nunca te vi jogar. Ao vivo, pelo menos.
(...)
Mas ouvi vezes sem conta a descrição da forma como corrias, como inclinavas o corpo para a frente quando rematavas a bola, como a tua perna ficava esticada a apontar para a baliza, como deixavas os braços perfeitamente equilibrados junto ao corpo, como os teus remates tinham uma potência incrível numa época em que as bolas de futebol, molhadas, deviam pesar uns três quilos – ao contrário dos balões com que hoje se joga futebol.
(…)"
Nuno Tiago Pinto. jornalista

Imagens Google