Os provérbios
são frases e expressões curtas que transmitem conhecimentos e sabedoria popular
sendo que, muitos deles, relacionados com aspectos
universais da vida, se mantêm desde a
antiguidade. Ricos em imagens, são quase todos de origem anónima e podem
aplicar-se, pelo seu sentido lógico, a diversas situações de hábitos comuns.
Estão, por
exemplo, associados à gratidão, à generosidade, à velhice, à solidão e à
amizade, termos que tenciono utilizar no conteúdo deste post.
“A bondade e o perdão só fazem ingratidão”; "A
gratidão é a memória do coração"; “A gratidão tem tanto de nobre como de vil a ingratidão”.
"O generoso prosperará; quem dá alívio aos outros, alívio
receberá"
"A velhice é a segunda meninice"; "De velho
se torna a menino"
“A solidão é o destino de todos os espíritos eminentes.”;
“A solidão é um bom lugar para se visitar, mas não é nada bom para se lá ficar.”
“Não há pior inimigo que um falso amigo”; “ O vitorioso
tem muitos amigos e o vencido, bons amigos.”
Fui ao lugar onde
nasci e perguntei:
"Meus amigos,
onde estão?"
E o eco respondeu:
E o eco respondeu:
"Onde
estão?"
Todas estas frases feitas “soam a verdade”. Porém, sendo regra, nem sempre é absoluta.
Aqui há dias, fui lanchar com as minhas amigas Manela e Micá. A Micá, alguns anos mais velha do que eu e um
pouco “mais baixa”, mantém-se genuína. A Manela, da minha geração, pelo
contrário, tem vindo a sofrer alterações com perda de memória episódica, primeiro e de memória remota, mais recentemente. O discurso brilhante de
outrora passou a ser repetitivo e entrecortado à procura das palavras, a orientação em
espaços ou a escolha da ementa revelam-se mais difíceis e a noção de autocrítica parece ter desaparecido.
Viúva
há alguns anos de um marido apaixonado, pouco fala dele e, quando
acontece, faz um breve silêncio (não sei se de nostalgia causada pela ausência,
ou se pelo reviver de momentos
passados).
- Sabes que o C. morreu?, pergunta. Têm que
ir as duas almoçar a minha casa.
- Ó Manela, mas em casa estás tu o tempo
todo. É muito mais agradável este ambiente com gente, movimento…
(e, mais ou menos de 10 em 10 minutos,
fazia o convite como se fosse a primeira vez)
- Tou sozinha… balbuciou.
Ela que tem dois filhos (médico e engenheiro)
a quem ofereceu uma boa escola e dedicou todos os momentos livres, quatro netos que transportou, alimentou
e passeou durante anos no horário de trabalho dos pais, muitos vizinhos que auxiliou em
tudo o que lhe solicitaram, amigos e colegas que recebeu frequentemente para jantar,
pessoas várias que ajudou a singrar na vida…está
sozinha.
Quanta solidariedade, quanta disponibilidade,
quanto desprendimento, quanta amizade... pagos com vil ingratidão!
"Meus amigos, onde estão?"
E o eco respondeu: "Onde estão?"