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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

ENTRE DOIS SEGUNDOS (")



Portinari


Entre o segundo que vai e o que vem
Existe o intervalo presente
Que ao tornar o futuro refém
O passado converte em ausente

 
Nesse pequeno/grande instante
Fica domingo de repente.
Um condutor larga o volante
E a essência se torna diferente


Há um coração que desiste
Mas outro começa a bater
Uma esperança que insiste                                      Van Gohg e Gaguin
E uma lareira a acender
 

Sem que atenção se dispense
Está o telefone a tocar
Com notícia de suspense
Pelos fios quer avisar


Alguém se lembra de nós
Ou nós recordamos alguém
É espontâneo, veloz…
Nem deu pra saber quem


Há olhares que se cruzam
Sorrisos que salvam a alma
Distâncias que se aproximam
Palavras que agitam a calma


Entre dois segundos apenas
Acontece a inquietude,
Crescem as açucenas,
Há vida/morte em plenitude.

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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O IMPLACÁVEL "ENTE" PORTUGUÊS - 2



SEGUNDO ACTO

A Casinha - lamaçal - da Rua de S. Bento
(Casa de hóspedes dos Filhos da Pátria; 140.219.365,00€ = Orçamento Assembleia República 2013, sem cortes na despesa)

CENA I

(8 horas da manhã. Bar da Assembleia da República. Repórter. Deputadas.)

REPÓRTER CI (espreitando os preços do bar): 
- Um café e um bolo de arroz - 15 cêntimos, 10 do bolo e 5 do café.

REPÓRTER CI (de novo, ideando sobre "parasitagem"): 
- 10 minis, 1 € -10 cêntimos cada. 
E foi prosseguindo: Uma garrafa de Famous Grouse, 2 €; um Aristoff, 1,50 €; uma Bombay Sppihire, 1,65 €.
Ao almoço: Gambas, camarão tigre, lavagante, sapateira, queijo da Serra, presunto de Barrancos, garoupa e bife do lombo;vinho Palácio da Bacalhôa. Total 3,00 €
À tarde: Champanhe Krug, 3 €/ garrafa e caviar beluga, 500 gramas, 1 €.


RITA RATO, FRANCISCA ALMEIDA, ANA DRAGO e MARISA MATIAS (DEPUTADAS, acompanhando o cavaqueio durante toda a tarde).

REPÓRTER CI (comentário)
- Parecia que estava no Lux”! 




Jacaré
- Sem dúvida que este lamaçal é melhor do que o meu atoleiro! 
Mas que "ratos" e "pequenos répteis" andam por aqui, que tanto falam, falam e também "comem tudo"?  






"Anjinho, das 11,45 - Todos os partidos estão representados na Assembleia, por acaso já ouviu algum deputado seja de que partido for,  falar das mordomias que usufrui? Eu nunca!!!"
mls (CI)
17 Novembro 2011- COMENTÁRIO MAIS VOTADO





- Sem comentários

Pág. 6626   Diário da República, 1.ª série  N.º 222  16 de novembro de 2012

01.01.13 Subsídio de refeição 683.393,00
01.01.13 a Subsídio de refeição (Pessoal dos SAR)  453.393,00
01.01.13 b Subsídio de refeição (Pessoal dos GP´s) 3; 9 230.000,00
02.01.13 Material de consumo hoteleiro  15.000,00
02.02.20 b Serviços de restaurante, refeitório e cafetaria  849.149,00



CENA II


Correio da Manhã
(Por contacto com fonte do Parlamento que garante tratar-se de “ um relatório preliminar” e que o júri ainda não tomou a decisão final)


- “A Assembleia da República excluiu as nove propostas que se apresentaram a concurso para fornecimento das cafetarias do Parlamento por insuficiência de oferta na carta de vinhos e de bebidas espirituosas, de acordo com o relatório do júri a que o CM teve acesso.
Variedades insuficientes de Portos brancos, de xaropes, de Verde branco do Minho e de vermutes, vodka e whisky são alguns dos requisitos não observados pelos concorrentes e razão pela qual o júri, no relatório preliminar, justifica a exclusão.
Ao todo, os requisitos integravam 14 alíneas, desde o preço, até ao plano de manutenção e produtos. Ao que o CM apurou, o concurso lançado pelo Parlamento é "único" em exigência, não havendo qualquer outra entidade em Portugal com este nível de variedade e qualidade. 
Uma vez que não se trata de um concurso normal, as empresas candidatas envolveram dezenas de pessoas na preparação de propostas, desde comerciais a nutricionistas"



SOL - 08/01/2013
- "A deputada do PS Glória Araújo foi detida numa operação STOP em Lisboa, na passada sexta-feira, a conduzir com uma taxa de alcoolémia de 2,41 gramas. 
Glória Araújo é engenheira mecânica, membro da Comissão Nacional do PS, deputada e integra a Comissão para a Ética, a Cidadania e a Comunicação.






Lorikeet rainbow
- Pois eu, a embriagar-me, prefiro rolar no chão com o néctar fermentado das bagas da Schotia brachypetala.
Pagar essas bebidas de luxo a preços populares! 
- Imunidade parlamentar?!







quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

INFORMADORES DA PIDE/DGS



Na sequência do post onde me pronunciei sobre a Casa dos Estudantes do Império por ter convivido com estudantes nela intergradas, agora, pelo mesmo motivo, afloro os informadores da PIDE.

PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado, criada em 1945  para substituir a PVDA de 1933).
DGS (Direção Geral de Segurança, para substituir a PIDE em 1969 e extinta em 1974).

A PIDE sempre esteve atenta às atividades dos sócios da Casa dos Estudantes do Império desde 1946, aos elementos que desenvolviam campanha anti situacionista, ao MUD Juvenil, ao apoio dado a Norton de Matos e aos Manifestos de protesto mas, diz-se, que «foi com surpresa que a oposição antifascista portuguesa e o próprio PCP, souberam da Fuga dos Cem”, altura em que o governo de Salazar se deu conta de que a CEI era sobretudo “um alfobre de nacionalistas progressistas".»



Esta polícia foi considerada por muitos analistas como um dos serviços secretos mais eficazes e funcionais da História, "com células secretas em todo o território Português".

Numa entrevista a Eduardo (nome fictício), um agente da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (Novo), entre 1970 e 1974 em Aqui e Agora, disse:

“À semelhança de todas as polícias políticas das ditaduras, a PIDE não necessitava de ser muito aperfeiçoada nas tarefas de informação e de investigação. 
Tinha, desde logo, a sua vida facilitada pela utilização de uma ampla rede de informadores, pagos ou não, controlados pelos serviços de Informação, montados e chefiados por Álvaro Pereira de Carvalho, entre 1962 e 1974.

(...) «Além disso, contava com a colaboração das outras polícias,Forças Armadas, LP e de todas as estruturas do regime e do aparelho distrital e local.
Nenhum Estado sobrevive sem informação. Ora, sem informadores não há informação. Por isso, como qualquer polícia, a Pide também tinha».


Bufo-Real

«Havia centenas de civis que atuavam como espiões entre a população, nas escolas, no trabalho e nos Centros de convívio que tinham coragem para denunciar pessoas da própria família a troco de uns míseros escudos.
Alguns informadores queixavam-se em cartas a dizer: "Então eu sou informador e estou a receber muito menos; acho que ele (elemento da Pide) se está a abotoar com o meu dinheiro»

«A Pide era uma polícia semelhante à de muitos outros países democráticos. A França tinha o SDECE e o DST, a Inglaterra tinha o II5 e o DI6, os EUA tinham e têm a CIA e o FBI. Todas estas polícias faziam ou fazem ainda investigação, informação, espionagem e contra-espionarem. 
Afinal, éramos diferentes em quê? Fazíamos escutas telefónicas? Fazem-nas hoje todos os serviços de informação dos países democráticos. E Portugal não é excepção!»
Ainda sobre a Pide o ex-agente diz que a história também é feita de mentiras e conta:
“Um dia vi na televisão uma velhota a mostrar cicatrizes que dizia terem sido causadas por queimaduras de cigarro feitas pelos torcionários da Pide. Uns dias depois, a mesma velhota dizia nos jornais que recebera 40 contos do Partido Comunista para mostrar as queimaduras provocadas por azeite a ferver num acidente doméstico (…)”.

Segundo Irene Flunser Pimentel, doutorada em História Institucional e Política Contemporânea, “os candidatos eram tantos que incluíam até padres de 72 anos”. 





Comentário de anónomo:
«Piores que os agentes, só os informadores.
Mas se os tais agentes eram assim tão maus, porque é que 90% deles foram "enquadrados" no SIS???»


Em 08.01.13, Por Rogério da Costa Pereira

“A GNR está a dar formação a civis para servirem de interlocutores junto da população. De norte a sul do país já foram formadas à volta de 1700 pessoas, autarcas, padres, agentes de IPSS, que junto das populações vão ajudar a promover acções de sensibilização e prevenção das forças policiais”.



O major Fonseca, entrevistado pela jornalista Olívia Santos, sobre as ações de formação da GNR a civis, disse que tem agentes civis no terreno, não só mas também, «para fornecerem às forças policiais informação privilegiada sobre o que se passa nas suas comunidade





E esta, hein?- como diria Fernando Luís de Oliveira Pessa




Velhos tempos... nos Novos tempos?
Tudo começa mais ou menos assim, de forma inocente. Um novo serviço de informações de pessoas de boa vontade?

Esta formação de informadores por parte da GNR, seguindo o modelo da PIDE/DGS, é explicada também como "meio de combater a criminalidade"...
QUAL criminilidade?
Os parceiros-interlocutores têm algum tipo de responsabilidade no sentido de passar informações sobre os cidadãos para a polícia, tornando-se também um pouco os seus agentes porque o major disse sobre esta observação: Acaba por ser, acaba por ser”.



Com a mentalidade mesquinha profundamente enraizada na sociedade portuguesa, depressa irão aparecer os caciques, os denunciadores, os informadores de acordo com a política que convem e, numa Democracia doente em que a crise económica e social é profunda, todos os assuntos da vida comunitária são passíveis de ser relevantes.

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domingo, 27 de janeiro de 2013

CASA DOS ESTUDANTES DO IMPÉRIO


Lourdes Castro, Sombras Projetadas, 1964

Houve um tempo, durante dois dos meus anos de curso, que tive como companheiras de Lar/Escola três estudantes das ex-colónias portuguesas - uma de Cabo Verde, uma da Guiné-Bissau e outra de Angola.
Todas elas diziam passar a maior parte dos tempos livres na Casa dos Estudantes do Império, num prédio do Bairro do Arco do Cego, local que nunca cheguei a conhecer, embora se dissesse estar aberto a todos os estudantes, do Minho a Timor. 
Sabia que era uma associação de jovens estudantes ultramarinos que tinham várias actividades culturais e desportivas, refeitório e assistência médica. Eram muito seletivas nas conversas relacionadas com a Casa e um pouco distantes no convívio.
No Lar havia também uma outra classe de colegas, não solidárias com grupos específicos, reservadas, pouco simpáticas e rotuladas de “informadoras da Pide”.
Depois, no meio destas duas contrastantes filosofias existiam todas as outras, a maioria, sem características diferenciadas e com conhecimentos muito modestos em política, da qual eu fazia parte.
Porém, entre mim e a I. W. de Angola, chegou a haver uma considerável afeição recíproca, suficiente para termos passado juntas uns dias de férias no Algarve. 

Deixei de a ver definitivamente durante o período de confrontos entre as Forças Armadas Portuguesas e as forças organizadas pelos movimentos de libertação das antigas províncias ultramarinas.

Soube, mais tarde, que as três tinham casado com figuras relevantes dos governos dos novos Países.

A Casa dos Estudantes do Império e os Informadores, místicas em que eu apenas divagava, passaram então a ser incluídos na minha agenda de curiosidades.


Casa dos Estudantes do Império - Lisboa

Sucedeu à Casa dos Estudantes de Angola que reunia apenas estudantes angolanos a estudar na Metrópole. 
Foi criada pelo regime do Estado Novo e era financiada pelo Estado português com o objetivo de apoiar social e logisticamente os estudantes oriundos de todas as colónias e do Brasil.
Anteriormente, a existência da Casa de Angola acabou por arrastar jovens de outros territórios coloniais a seguir-lhe o exemplo para não se sentirem tão  isolados na adaptação ao meio, longe do ambiente familiar. Era o cantinho da saudade, o ponto de encontro com a terra distante, “o sítio onde se podia tomar banho todos os dias”, como dizia Fernando Mourão.
Porém, ao regime não agradava que houvesse uma associação por cada colónia de origem, quer porque contrariava a ideia de unidade do império colonial português, quer porque dificultava o controlo das atividades dos sócios.

Dr. Francisco Vieira Machado

E em 1944, o ministro das Colónias, Vieira Machado, numa visita à CEA, com o aval do comissário nacional da Mocidade Portuguesa (Marcello Caetano? Luís Pinto Coelho?) formalizou a proposta de fusão de todas as Casas na Casa dos Estudantes do Império com sede em Lisboa e duas Delegações em Coimbra.
Havia uma direção-geral comum para todos os agrupamentos (um por cada território ultramarino). A associação era subsidiada pelos governos coloniais, por organismos do Governo das Colónias e por empresas localizadas nas Províncias. Destacavam-se como atribuições principais a assistência social e material aos estudantes ultramarinos, a promoção da sua cultura e a integração no meio estudantil metropolitano. Dava-se relevo à vantagem de uma “colaboração cada vez mais profunda entre a Mocidade Portuguesa e a Casa dos Estudantes do Império”, para um ”triunfo do espírito português”.



Os estudantes, apesar de não terem ideias concretas, como não eram da Mocidade nem da UN, não quiseram colaborar.
Assim, com todos concentrados, tornaram-se mais evidentes as diferenças entre colonizadores e colonizados, acabando por resultar numa inversão dos objetivos através de intervenções culturais e debates sucessivos.
Pouco a pouco a orientação ideológica mudou de uma posição a favor do Estado Novo, para a luta contra o governo de Salazar.

O grande embate tinha-se desencadeado.

Apesar de a Casa continuar a ser financiada pelo Estado Português e a ter objetivos sociais, a sede e a delegação de Coimbra começaram a afirmar-se como um espaço de socialização anti-salazarista, de cultura de identidades próprias e de emergência de uma consciência anticolonial.
Segundo Inocência Mata, professora universitária e estudiosa das literaturas africanas de língua portuguesa, havia grupos bastante subversivos e era frequentada não só por africanos mas também por alguns brancos.
Existia ainda (legalmente?) o "Centro de Estudos Africanos”, estrutura muito fechada que nasceu dos contactos dentro da Casa dos Estudantes do Império, mas que funcionava na habitação de uma das tias, a tia Andreza, onde só alguns podiam entrar por causa da PIDE (será que as minhas companheiras faziam parte?)

Tanto em Lisboa como em Coimbra, a Casa transformou-se no berço do nacionalismo das ex-colónias em Portugal, pois por lá passaram muitas pessoas da resistência e os líderes dos movimentos de libertação africanos como Amílcar Cabral, defensor da independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde, Joaquim Chissano, Agostinho Neto, primeiro presidente de Angola, Lúcio Lara, ex-secretário geral do MPLA, José Craveirinha, Marcelino dos Santos, membro fundador da FRELIMO e muitos outros.
As atividades políticas contribuíram para desenvolver as perseguições pela Pide. E o início da luta armada em Angola entusiasmou muitos estudantes a procurar o exílio para se integrarem nos movimentos de libertação.

                                   Amilcar Cabral
José Craveirinha e Pedro Pires


A Casa foi fechada pela polícia politica em 1965.

Em 1992, a Câmara Municipal de Lisboa mandou encastrar uma placa evocativa em pedra de lioz, no pavimento frente ao edifício, em homenagem à Casa dos Estudantes do Império para não se perder a memória do lugar histórico.

Placa evocativa


Imagens google

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

A ESCALFETA


Neve na minha Aldeia - foto Panoramio, por Lisdalia


Na região da Beira Alta o clima era rigoroso, com temperaturas negativas no Inverno e muito elevadas no Verão. No distrito da Guarda registavam-se precipitações em forma de neve e geadas (orvalho congelado) com regularidade anual, chegando a provocar a interrupção do trânsito nas estradas.

Porém, a evolução do clima da Terra, especialmente a partir da última década do século XX, tem feito mudanças climáticas com clara tendência de aquecimento, tornando os solos menos brancos e o frio menos intenso.
O Verão de 2003 foi classificado como o mais quente da Europa nos últimos 500 anos originando em Portugal a ocorrência da maior vaga de incêndios florestais. 
Os excessos de neve e de gelo são menos frequentes, mesmo nas áreas de altitudes mais elevadas.
Apesar de a minha Aldeia ter sido sempre uma área com condições atmosféricas diferentes das zonas circundantes por estar rodeada de barreiras geomorfológicas favoráveis - o rio e vários montes cheios de vegetação (antes dos numerosos e frequentes incêndios de agora) - nunca deixou de fazer parte do conjunto das características da Beira Alta…

E então, nos meus anos de há décadas, o Inverno, longe da lareira, era mesmo muito severo.
Não havia aparelhos de aquecimento…
Sim, as braseiras abertas que aqui já recordei e também… a “aprazível” escalfeta!


 A ESCALFETA




Aquecedor de pés

É uma braseira de lata (folha de ferro, delgada e estanhada), portátil, com tampa gradeada e uma pega.
A braseira - reservatório (em forma de caixa) enchia-se de brasas e colocavam-se os pés sobre a tampa para aquecerem. Podia proteger-se com ripas de madeira.
Usava-se nas escolas primárias e nos escritórios.

Na minha escola só havia uma, a da minha amiga e companheira de carteira, Jeta (Georgete).
Como o Pai era Agulheiro num Apeadeiro próximo, ela vinha todos os dias de combóio para a Escola. Também trazia lancheira. Substituía as brasas e aquecia o almoço na casa dos meus Pais. Em troca, alternava a escalfeta comigo.

Aquecedor de cama: 

- Com brasas

(scaldaletto em italiano; beddenpan - File:Beddenpan-bovenzijde.jpg; escalfeta, termo que aparece na época de Dom João V).




É um objecto geralmente feito de cobre, de formato parecido com o de uma panela ou frigideira de tampa sólida perfurada e um cabo longo.
Colocavam-se dentro algumas brasas e depois introduzia-se na cama, entre os lençóis, imediatamente antes do deitar, durante algum tempo, para aquecer.
Foi muito usado nos países nórdicos da Europa.
Existem exemplares na parede do restaurante Cozinha Velha do Palácio de Queluz.

- Com água (Botija)

Recipiente cilíndrico (mais comum, além de outros) de boca estreita e gargalo curto, em grés ou latão e cobre.
Era usado cheio de água quente para aquecimento, especialmente em camas.

Foi depois substituído pelo saco de borracha.



saco em borracha natural e PVC, tampa com vedante em borracha natural e rosca em metal reforçada, mantém o calor durante muito mais tempo, é mais confortável e provoca menos queimaduras. A superfície lamelada permite um contacto gradual com o calor.

Escalfeta de pés, eléctrica

Nas cidades, hoje em dia, com a "crise", são mais usadas do que qualquer outro tipo de aquecimento, especialmente: 

Escalfeta eléctrica popular, em madeira, potência máxima - 70 W


"Com"... e sem cobertor

Escalfeta de potência 220V-50Hz, 100 W
Controle manual
Aquecimento por filme electrotermal de baixa temperatura
Indicador luminoso de funcionamento
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sábado, 19 de janeiro de 2013

EXAME DE ADMISSÃO AO LICEU



Para o acesso ao ensino Liceal e que penso ter sido até à aprovação de uma nova Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei 46/86), além do exame da 4ª classe era também preciso fazer (com alguma ansiedade) um exame de admissão ao liceu.
Não me recordo se todos os alunos podiam fazê-lo independentemente de, depois dele, optarem ou não por seguir os estudos.
Sei que a professora aconselhou algumas colegas a não se candidatarem por falta de aproveitamento (problemas estatísticos?) e que outras gostariam de prosseguir mas, quer por dificuldades económicas quer porque os pais pensavam “ser mais para rapazes”, só três  passámos a ter o fim da tarde “cimentando” conhecimentos, numa turma de quase trinta.

E, para um melhor aproveitamento, o grupinho reunia-se nas 2 casas da professora (uma com escadas, dentro da Aldeia e outra numa quinta, um pouco mais afastada).

A Dona Virgínia era casada com E. M., comerciante e Responsável pelo Posto do Registo Civil.

- Bem, agora vou deixar-vos sós porque tenho muitas coisas para fazer. Espero que penseis na responsabilidade que tendes; se tiverdes dúvidas, eu ando por aqui.
- Sim, Senhora Professora! - Dizíamos em coro.

Estudar, depois de ter passado um dia inteiro na Escola?

Mal virava costas, as escadas/bancos eram usadas para jogos de sobe-e-desce com variadíssimas finalidades e a quinta, para colher ameixas, figos, cerejas ou qualquer outro fruto de mastigação rápida. Os livros esperavam pelos intervalos, bem abertos, de modo a facilitar o  virar das páginas ou a invenção de qualquer  pergunta sobre a variada e vasta matéria.

Geografia - linhas férreas, serras, rios, cidades, províncias, produções agrícolas de Portugal continental, Ilhas e Colónias…

História Pátria - as dinastias, os reis e tudo o que a elas/eles se referia

Língua Portuguesa - Gramática, interpretação, redações…

Aritmética e Geometria - números primos, frações, regra-de-três simples…

Ditados - dar mais do que três erros era passaporte para reprovação.

Ciências Geográfico-Naturais - raiz, flor, reprodução, meio ambiente... com muitas imagens para ajudar a memorizar.

Alguns exemplares:




Do exame da quarta classe faziam parte provas práticas, escritas e orais. 
As provas orais só começavam quando todos os examinandos inscritos na pauta tivessem terminado as provas escritas e práticas.
No final do dia da realização das provas orais, o júri procedia à classificação e tornava público o resultado final do exame.
Era excluído da prova oral o examinando que não obtivesse a nota de suficiente nas provas de Ditado e Aritmética-Geometria.
Um examinando que tivesse no conjunto das provas escritas e orais a classificação de bom, era Aprovado com distinção.

Para os que quiserem divertir-se a responder, ver exemplares de algumas provas semelhantes, aqui.

Os examinandos que faziam exame de admissão ao liceu prestavam provas primeiro.
Havia a opção entre fazer ou não fazer o exame da 4.ª classe; mas,  reprovando no de admissão, era obrigatório repetir mais um ano de escolaridade… 

A hora tinha chegado!

Provenientes de várias escolas primárias, os alunos faziam um exame centralizado e único, por Distrito, numa escola também primária (nº 35?) da Guarda, com professores ”por mares nunca dantes navegados”.
Das três, “em perigos e guerras esforçados, mais do que prometia a força humana”, só duas conseguimos passar a Taprobana. Não pôde, assim, a A.N. “seguir sua longa rota”.

Excluindo a tormenta-exame, adorei aqueles grandes momentosTive vestido, sapatos novos e tudo.


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