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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

INFORMADORES DA PIDE/DGS



Na sequência do post onde me pronunciei sobre a Casa dos Estudantes do Império por ter convivido com estudantes nela intergradas, agora, pelo mesmo motivo, afloro os informadores da PIDE.

PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado, criada em 1945  para substituir a PVDA de 1933).
DGS (Direção Geral de Segurança, para substituir a PIDE em 1969 e extinta em 1974).

A PIDE sempre esteve atenta às atividades dos sócios da Casa dos Estudantes do Império desde 1946, aos elementos que desenvolviam campanha anti situacionista, ao MUD Juvenil, ao apoio dado a Norton de Matos e aos Manifestos de protesto mas, diz-se, que «foi com surpresa que a oposição antifascista portuguesa e o próprio PCP, souberam da Fuga dos Cem”, altura em que o governo de Salazar se deu conta de que a CEI era sobretudo “um alfobre de nacionalistas progressistas".»



Esta polícia foi considerada por muitos analistas como um dos serviços secretos mais eficazes e funcionais da História, "com células secretas em todo o território Português".

Numa entrevista a Eduardo (nome fictício), um agente da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (Novo), entre 1970 e 1974 em Aqui e Agora, disse:

“À semelhança de todas as polícias políticas das ditaduras, a PIDE não necessitava de ser muito aperfeiçoada nas tarefas de informação e de investigação. 
Tinha, desde logo, a sua vida facilitada pela utilização de uma ampla rede de informadores, pagos ou não, controlados pelos serviços de Informação, montados e chefiados por Álvaro Pereira de Carvalho, entre 1962 e 1974.

(...) «Além disso, contava com a colaboração das outras polícias,Forças Armadas, LP e de todas as estruturas do regime e do aparelho distrital e local.
Nenhum Estado sobrevive sem informação. Ora, sem informadores não há informação. Por isso, como qualquer polícia, a Pide também tinha».


Bufo-Real

«Havia centenas de civis que atuavam como espiões entre a população, nas escolas, no trabalho e nos Centros de convívio que tinham coragem para denunciar pessoas da própria família a troco de uns míseros escudos.
Alguns informadores queixavam-se em cartas a dizer: "Então eu sou informador e estou a receber muito menos; acho que ele (elemento da Pide) se está a abotoar com o meu dinheiro»

«A Pide era uma polícia semelhante à de muitos outros países democráticos. A França tinha o SDECE e o DST, a Inglaterra tinha o II5 e o DI6, os EUA tinham e têm a CIA e o FBI. Todas estas polícias faziam ou fazem ainda investigação, informação, espionagem e contra-espionarem. 
Afinal, éramos diferentes em quê? Fazíamos escutas telefónicas? Fazem-nas hoje todos os serviços de informação dos países democráticos. E Portugal não é excepção!»
Ainda sobre a Pide o ex-agente diz que a história também é feita de mentiras e conta:
“Um dia vi na televisão uma velhota a mostrar cicatrizes que dizia terem sido causadas por queimaduras de cigarro feitas pelos torcionários da Pide. Uns dias depois, a mesma velhota dizia nos jornais que recebera 40 contos do Partido Comunista para mostrar as queimaduras provocadas por azeite a ferver num acidente doméstico (…)”.

Segundo Irene Flunser Pimentel, doutorada em História Institucional e Política Contemporânea, “os candidatos eram tantos que incluíam até padres de 72 anos”. 





Comentário de anónomo:
«Piores que os agentes, só os informadores.
Mas se os tais agentes eram assim tão maus, porque é que 90% deles foram "enquadrados" no SIS???»


Em 08.01.13, Por Rogério da Costa Pereira

“A GNR está a dar formação a civis para servirem de interlocutores junto da população. De norte a sul do país já foram formadas à volta de 1700 pessoas, autarcas, padres, agentes de IPSS, que junto das populações vão ajudar a promover acções de sensibilização e prevenção das forças policiais”.



O major Fonseca, entrevistado pela jornalista Olívia Santos, sobre as ações de formação da GNR a civis, disse que tem agentes civis no terreno, não só mas também, «para fornecerem às forças policiais informação privilegiada sobre o que se passa nas suas comunidade





E esta, hein?- como diria Fernando Luís de Oliveira Pessa




Velhos tempos... nos Novos tempos?
Tudo começa mais ou menos assim, de forma inocente. Um novo serviço de informações de pessoas de boa vontade?

Esta formação de informadores por parte da GNR, seguindo o modelo da PIDE/DGS, é explicada também como "meio de combater a criminalidade"...
QUAL criminilidade?
Os parceiros-interlocutores têm algum tipo de responsabilidade no sentido de passar informações sobre os cidadãos para a polícia, tornando-se também um pouco os seus agentes porque o major disse sobre esta observação: Acaba por ser, acaba por ser”.



Com a mentalidade mesquinha profundamente enraizada na sociedade portuguesa, depressa irão aparecer os caciques, os denunciadores, os informadores de acordo com a política que convem e, numa Democracia doente em que a crise económica e social é profunda, todos os assuntos da vida comunitária são passíveis de ser relevantes.

Imagens Google

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