Número total de visualizações de páginas

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

"ESTA É A DITOSA PÁTRIA MINHA AMADA"




Ler o magnífico poema épico de Camões pode ser a forma perfeita para ultrapassar o negro presente.  


"Eu canto o peito ilustre Lusitano..."

Os “lusíadas” são os portugueses todos, os passados, os presentes e futuros,  na medida em que assumam as virtudes que caracterizam, no entendimento do poeta, o povo português e que ele sintetiza, na dedicatória a Dom Sebastião:

"Vereis amor da pátria, não movido
de prémio vil,  mas alto e quase eterno
,"

Camões foi pioneiro da moderna consciência universalista, excedendo todas as ideologias.

Refere-se a si como um poeta admirador do povo e dos heróis portugueses, revelando espírito crítico ao que o envolvia na época.  

Canta:

"Aqueles sós direi, que aventuraram
Por seu Deus, por seu Rei, a amada vida,"



Dom Afonso Henriques - Vasco da Gama
Mas, por oposição:

"Nenhum ambicioso, que quisesse
Subir a grandes cargos, cantarei,
Só por poder com torpes exercícios
Usar mais largamente de seus vícios..." 

"Nenhum que use de seu poder bastante,
Para servir a seu desejo feio,
...
Quem, com hábito honesto e grave, veio,
Por contentar ao Rei no ofício novo,
A despir e roubar o pobre povo"
“ E não acha que é justo e bom respeito,
Que se pague o suor da servil gente;
Nem quem sempre, com pouco experto peito,
Razões aprende, e cuida que é prudente,
Para taxar, com mão rapace e escassa,
Os trabalhos alheios, que não passa”
        
"Quanto no rico, assi como no pobre,
Pode o vil interesse e sede immiga
Do dinheiro, que a tudo nos obriga. "

" A Polidoro mata o Rei Treício,
Só por ficar senhor do grão tesouro;
Entra, pelo fortissimo edifício,"
Faz tradores e falsos os amigos; (...)
E entrega capitães aos inimigos;"

"...este faz e desfaz leis;"

O Poeta afirma a sua posição independente de cantor do justo e do direito, acusando os hipócritas, os interesseiros, os opressores do povo.

Aponta para um dos males da sociedade sua contemporânea, orientada por valores materialistas e faz uma severa crítica ao poder corruptor do dinheiro e do «ouro».

Ao cantar a gesta heróica do passado, o poeta pretende mostrar aos seus contemporâneos a falta de grandeza do Portugal presente.





Nô mais, Musa, nô mais, que a Lira tenho

Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho

Cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se acende o engenho
Não no dá a pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Düa austera, apagada e vil tristeza"


TÃO ACTUAL...

Há a crise de regime em que vivemos, com a crescente descrença nos políticos e nas instituições democráticas
Há a vergonhosa disputa de interesses nos aparelhos partidários
"A maioria dos políticos que consegue acumular autênticas fortunas ao fim de uma mera dezena de anos!"
Há uma imunda ignomínia e impunidade traduzidas também na imagem de corrupção transversal a todo o país.




Há uma Assembleia da República, Centro da Corrupção em Portugal
Há silêncios e “assobios para o ar" face às leis feitas por “eles próprios através de gabinetes de advogados privados” porque sabem que passam inocentados pelo sistema colaboracionista da justiça, ajudados pelos poderes centrais e autárquicos.


Há portugueses que, mesmo ilustrados, toleram bem a corrupção desde que "deixe obra" para si. "A corrupção incomoda-os. Mas o que os incomoda não é o roubo. É serem eles os roubados. Se o corrupto lhes deixa alguma coisa a corrupção deixa de ser um problema"
(Ao tomar conhecimento da vitória eleitoral…  Isaltino Morais lançou jornais a arder pela janela da sua cela na Carregueira, juntando-se assim às largas dezenas de carros dos apoiantes da lista Isaltino Oeiras Mais À Frente”)


 Armando Vara, o senhor Mexia, o senhor Dias Loureiro, o senhor Jorge Coelho, o senhor Rui Pedro Soares, os senhores Penedos pai e filho, Sócrates, Duarte Lima...milhentos que "procuram a fama para proveito próprio", "exploradores do povo".

      

No final d'Os Lusíadas num momento de desalento quanto ao estado da nação, dirige-se a Dom Sebastião… rogando-lne que nunca outros possam dizer que os Portugueses são uma nação servil, em vez de senhorial.


“Fazei, Senhor, que nunca os admirados
Alemães, Galos, Ítalos e Ingleses,
Possam dizer que são para mandados,
Mais que para mandar, os Portugueses.
Tomai conselho só d'experimentados,
Que viram largos anos, largos meses,
Que, posto que em cientes muito cabe,
Mais em particular o experto sabe”




Pois hoje,  Camões, "ESTA É A DITOSA PÁTRIA MINHA AMADA"... Uma Nação SERVIL exemplar!

(HAVERÁ POR AÍ ALGUÉM QUE CAMÕES POSSA CANTAR ?)


Imagens Google

terça-feira, 1 de outubro de 2013

O "SR. BARROSO, PRINCÍPIO DO FIM... "



Quando Durão Barroso era primeiro-ministro de Portugal, advogava a total privatização da economia portuguesa, incluindo bens essenciais como a água.
E a medida agradou tanto aos neoliberais da UE, que não tardaram a convidá-lo para chefiar a Comissão Europeia (deixando ficar atrás o estigma de fuga por causa da crise económica e da derrota eleitoral...)




Durão Barroso tem sido, então, desde 2004, o leader da Comissão - instituição definida como politicamente independente e que representa e defende os interesses da União Europeia  (UE) na sua globalidade.


Qualidades naturais, experiência, conhecimentos adquiridos, empatia, visão estratégica, intuição para respostas em cenários de crise, capacidade de trabalho, determinação e vontade foram também, com certeza, algumas das características ponderadas...
Recordando a célebre frase «tenho a certeza que serei primeiro-ministro, só não sei é quando", torna indiscutíveis pelo menos as três últimas.
Em 1993, o World Economic Forum, talvez por ter sido o principal promotor dos acordos de Bicesse e um divulgador da causa da independência de Timor-Leste no panorama político internacional, destacava-o como um dos "Global leaders for tomorrow" e um "political star."

Mas então o que é que Durão Barroso tem feito desde que assumiu as funções de Presidente, além de ter deixado cair vários países às mãos dos especuladores financeiros? 
Talvez muitas outras coisas que eu desconheço porque só de retórica são feitas as noticias a que tenho acesso.
Porém, sabemos que a Alemanha avança e não é só por mérito próprio; a demissão dos que se baixam para que ela galgue, tem sido uma constante.

Ainda que sem grande repercussão, já tem havido certas vozes que se começaram a ouvir contra a cobardia que vai deixando a Europa desagregar-se, empobrecer, retroceder.

2013-06-12 

Rachida Dati (ex-ministra da Justiça francesa, deputada europeia do PPE) afirmou em comunicado :
- «O senhor Barroso deve ir-se embora, e depressa. A sua falta de coragem e a sua ineficácia prejudicaram decididamente muito os europeus».
«Para que serve a Comissão Europeia se, por medo dos seus parceiros comerciais, ela se recusa a defender os europeus e tudo o que constitui a nossa especificidade? O senhor Barroso está a curvar-se perante os Estados Unidos antes mesmo de as negociações começarem».


Costa-Gavras (realizador), numa conferência de imprensa no Parlamento Europeu:
 - «O senhor Barroso é um homem perigoso para a cultura europeia». 






As críticas a Durão Barroso surgem depois das longas negociações realizadas entre os 27 ministros do Comércio da União Europeia para acordar os termos do que será o maior negócio de comércio livre do mundo - Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento UE-EUA- com agenda marcada na Cimeira do G8, Irlanda do Norte.






Desgarrado, também acontece um elogio.

25-09-2013

"Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, foi hoje (25) galardoado em Espanha com o Prémio Carlos V 2012, por representar o interesse geral num período de crise e pela sua destacada contribuição para o desenvolvimento da Europa"
O Prémio, dotado com 45.000 euros, foi atribuído pela Fundação Academia Europeia de Yuste, em Mérida.
José António Monago, presidente do Governo de Estremadura sublinhou ainda a "indubitável e destacada contribuição no desenvolvimento de Europa desde o ano 2004", bem como a sua "carreira política e humana aberta à Europa".
Mikhail Gorbachev, Jacques Delors, Felipe González e Javier Solana, foram algumas das individualidades anteriormente destacadas.


E a 11 de setembro de 2013 em Estrasburgo, também acontece o discurso anual do presidente da Comissão Europeia sobre o estado da EU, perante o Parlamento Europeu, seguido de uma súbita rajada de comentários muito críticos e muito pouco elogiosos.



O DISCURSO  (inspirado no modelo americano, - criticado por eurodeputados - o discurso do "estado da União" em Estrasburgo, com a economia em lugar de destaque)

Resenha

Durão Barroso proclamou o fim da crise económica sem deixar de frisar que os sinais de recuperação ainda são frágeis. 
Focou os mais de 26 milhões de desempregados, que apontam a União Europeia como a ovelha negra em termos económicos, a nível mundial, o
crescimento anémico, o estado social pouco ajustado à necessidade de disciplina orçamental e à redução das dívidas públicas, a falta de coragem para reformas profundas tanto nos Estados-membros como na "monstruosa teia burocrática de Bruxelas"e apelou à criação urgente da união bancária, que "avança a passos de tartaruga, com a Alemanha e os seus aliados a travarem um projecto que só avançará quando a banca europeia limpar todos os seus armários dos muitos esqueletos que resultaram de anos de dinheiro fácil e barato".
A um ano das eleições europeias, Barroso disse não ter dúvidas de que "os governos e os políticos que avançam com reformas penosas para as populações podem ser punidos pelo eleitorado, atraído pelos populistas e pelos que não acreditam no projecto europeu". 
Mas que "sem essas reformas, sem o novo normal, a União Europeia tem os dias contados"
Com a Rússia a "roubar" aliados à União Europeia, Barroso atirou-se a David Cameron perdendo pontos para acrescentar aos já perdidos junto de Merkel e Hollande.


COMENTÁRIOS

Le Soir
«Em Estrasburgo, José Manuel Durão Barroso falhou completamente o seu discurso. Era mais um dos seus discursos habituais - e são muitos... A oito meses das eleições europeias, a rotina não pode representar uma resposta ao desespero de muitos europeus, e à deterioração crescente da perspetiva que têm da Europa. [...] Este é talvez o princípio do fim do projeto europeu. Uma perspetiva arrepiante...
Mas assistimos ontem ao princípio do fim de José Manuel Durão Barroso.»

yiannis
«Barroso, quem é ele? Ele impede os políticos europeus que tomam decisões estúpidas de execução sobre o euro no sul da Europa?»

Cerstin Gammelin no Süddeutsche Zeitung de Munique
«A Comissão foi fundada para garantir o bom funcionamento do mercado único. Hoje, após dez anos sob o mandato de Barroso, está mais enfraquecida do que nunca. Na altura, a Comissão era uma instituição fiável para os países do Sul. Hoje em dia, os cidadãos confiam mais nas instituições nacionais. […] Uma situação perigosa, uma vez que o mercado único é o projeto mais importante da união política, a garantia da confiança que une os 28 países-membros. A Comissão controla este mercado e está a destabilizá-lo, a abanar os alicerces da UE. A Europa não pode voltar a ter um segundo presidente como Barroso»

spanishengineer
«Sob o mandato de Durão Barroso e Van Rompuy, a UE perdeu a oportunidade de atuar como um contrapeso e equilíbrio de poder entre grandes e pequenos países e também entre grandes e pequenas empresas. Minha percepção é que hoje a maioria dos europeus se sentem vulneráveis, porque eles veem ninguém para defendê-los. Você é deixado com a possibilidade de ir para seus Parlamentos nacionais ou seus bancos centrais, porque tudo depende do que eles dizem, em Bruxelas, e o que eles dizem em Bruxelas? Dizem o que diz Merkel.»

Nuno D
«Barroso foi um dos primeiros-ministros mais ridículos que Portugal já teve. (…). Outro personagem brilhante é o vice-presidente do BCE, Vítor Constâncio. Ele foi provavelmente o pior governador do Banco de Portugal desde a sua fundação, miseravelmente incompetente. Mas, como se vê, ele foi promovido…»

papa21
«Obviamente o homem errado para tempos difíceis. Precisamos, sim, uma espécie de Churchill para o lugar, e não um administrado.

gachupina
«Barroso foi eleito para o Conselho Europeu para não incomodar.»

cubase
« Euro e EUs são um desastre e não há nada que possa salvá-los, bom dia!»

Victorio
«Sim, é hora de votar um novo Presidente da Comissão. Barroso não foi muito ruim, mas não é realmente impressionante também. Espero que a eleição para o Parlamento Europeu no próximo ano dê início a um debate político transeuropeu sobre o futuro da EU».

E muitos outros...

Imagens e tradução Google

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

ROBIN DOS BOSQUES, PROCURA-SE


PASSOS COELHO - PC (durante um jantar de campanha do PSD para as eleições autárquicas, em Alcanena):


- "Algum dos senhores em Portugal, nesta sala ou em qualquer outra, desejaria que esse fosse o nosso resultado, o de ter de pedir novamente ajuda externa"?
"Eu não acredito, e não acredito porque as pessoas sabem que, se isso acontecesse, ninguém nos emprestaria dinheiro se nós não cumpríssemos aquilo a que já nos comprometemos"

Mas que conversa tão confusa! 

Todos sabemos que, apesar de se cumprir aquilo (quantas vezes mais?) porque ninguém quer ficar mal na fotografia, haverá uma nova ajuda externa...

PC - "As pessoas cá dentro começam a perceber que finalmente a nossa economia vai melhorar, mas fora começa a haver duvidas sobre se nós conseguiremos fechar este processo de programa de ajustamento".

É... Eu estou cá dentro e ainda não comecei a perceber coisa nenhuma.
Quanto às dúvidas de fora acho que são legítimas e há quem confirme 

WOLFGANG MÜNCHAU (colunista do "Financial Times" e fundador da Eurointelligence

"Portugal precisa de uma redução da dívida, de um perdão parcial da dívida. 
Com um crescimento anual de 8% a 10%, ao longo de um período de 10 a 15 anos, é possível pagar a dívida... Mas isto não vai acontecer a Portugal. Portugal conseguirá num cenário optimista, uns 2% que não será suficiente
- ” Começa a ser cada vez mais difícil a Portugal pagar a sua dívida. Mesmo um segundo resgate não iria ajudar. Um resgate não é mais do que um crédito, não reduz a dívida, a única coisa que faz é adiar o problema. Pode aliviar no curto prazo, mas não resolve nada numa perspectiva de longo prazo"

PC - "Há ainda alguns riscos associados a medidas que constam do nosso contrato com quem nos deu o dinheiro. Quando fazemos um contrato devemos cumpri-lo. Compromete-mo-nos a fazer uma série de medidas e temos de as fazer. A dúvida sobre se é possível ou não cumprir com essas medidas pode determinar a nossa sorte hoje".

Pois, quanto às medidas já ninguém tem dúvidas porque serão sempre as mesmas... - cortes nas pensões pagas pela Caixa Geral de Aposentações, apontadas como essenciais "para que os parceiros internacionais de Portugal acreditem no cumprimento do Programa de Assistência Económica e Financeira assinado em 2011".

Mas "contrato com quem nos deu o dinheiro"?! 
"Nos", que são quem?
"Nos", os que usufruímos do saque das medidas... porque o Governo recusa-se a taxar o grande capital impondo simultaneamente ao povo uma carga fiscal cujos destinatários são também os grupos financeiros e económicos! ("nos")
Para Passos Coelho os fins justificam os meios, a palavra em política tem um valor relativo, a dignidade e os princípios são uma anedota, a sua vida é orientada em função do poder, curvado pelo dinheiro e enredado numa teia complexa de interesses, servindo-se com prazer dos que o não têm.
Segue a política monetária dos grupos económicos sem escrúpulos, cada vez com mais tentáculos !



STANLEY DRUCKENMILLER ( multimilionário) -"Federal Reserve está não só a inflacionar os mercados mas também a deslocar os bens da classe média e dos pobres para os ricos.
Atrasar o aperto da política monetária (por decisão surpreendente do Fed), é fantástico para cada pessoa rica", disse!






Contra tanto sadismo, só um verdadeiro ROBIN dos BOSQUES, ajudado por homens tipo "João Pequeno" e "Frei Tuck", que lidere uma oposição contra as injustiças, a ganância e a petulância dos ricos poderá virar as páginas da História, ajudando os despojados a readquirir regalias perdidas e as " terras que o Príncipe João está a taxar".


"Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas pensionistas, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!…
Porque padecem assim?!…" 



São os pensionistas que injectam capital público no Banif, indemnizam os cinco ex-administradores do BPN absolvidos porque «a acção foi intentada no tribunal errado», repoem o que se perdeu nos contratos financeiros de alto risco assinados por administradores de empresas públicas, ajudam as privatizações das "empresas públicas que funcionam mal e dão prejuízo”, etc., etc. e JP Morgan, principal beneficiada pelos contratos swap feitos pelas empresas públicas portuguesas, um dos maiores criadores de derivativos de crédito, ainda será brindada com a privatização dos CTT?

Porque negoceia a PARPÚBLICA  o que quer, da forma que entende, sem incorrer em qualquer ilícito e regista um resultado consolidado negativo de 75,7 milhões de euros no primeiro semestre do ano, segundo um comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM)?


Wolfgang Münchau disse ainda, quando interrogado durante a Conferência "Portugal Europeu. E agora?:
 " Portugal não vai lá sem um perdão de dívida. E sugere que Lisboa diga aos parceiros europeus que se não houver perdão, o país terá mesmo de sair do Euro.
Pare este especialista, a "permanência de Portugal no Euro deve mesmo ser utilizada como uma estratégia negocial perante os parceiros europeus.

Imagens Gopgle

sábado, 21 de setembro de 2013

AS ÁRVORES TAMBÉM DESISTEM


Na planície, floresta ou monte
Cada árvore tem seu horizonte.
Elas murmuram, cantam e gemem
Na solidão rude que não temem.
Umas erguem os braços pró céu
Outras desenham no chão um véu.


Reverentes, inclinam-se ao vento
Quando passa turbulento
E vigiam, quais sentinelas
Amores de aves tagarelas.
A sombra, o sol vai levar  
Prá mudar, tranquilo, de lugar 


Árvores de fruto, a quantas subi
Sem as cores ou asas do colibri
Pra provar, entre galhos abrigada,
Quanta não consolidada…
E roçando ousadia novamente,
Os troncos descia, lentamente


De cor verde, a ameixa e o abrunho
Já nas ­quentes tardes de Junho
Se exibiam na Ferreirinha
pêra-rocha, o pinhão na pinha
O pêssego de roer de polpa amarela
E a azeitona, em que courela?

                    Mapa da maçã Bravo de Esmolfe


A Bravo de Esmolfe, única no mundo
Fruto da Beira Alta oriundo
Singular, maçã minha favorita
Aromática, doce e bonita
Para a comiscar, o guloso
Era nos Caminhos do Rochoso


Ah! As cerejas de Maio a Julho
Do Caminho do Moinho o orgulho
Brancas, carnudas, resistentes.
No Frei Miguel as pretas excelentes
E as vermelhas do Espadanal, brilhantes
Furtadas eram pelos pardais vagantes


Em Agosto/Setembro no Rebolal  
Abanada parecia por vendaval
A figueira quede figos carregada
Destilando uma gota açucarada
Pelos pedúnculos, na extremidade,
Ao chão largava sem dignidade


Tantas velhas árvores na memória
Pra contar a sua história!
O salgueiro de galhos cambados
Os freixos nos lameiros, radicados
O marmeleiro, pró poço mirando
O choupo, as mágoas lembrando


Bem cheio de ouriços, o castanheiro
Junto das veigas, o viscoso amieiro
De fruto acidado, uma ginjeira
Frente à janela, a solene nogueira
Árvores, muitas árvores, nuas ou não
Entre fetos e amoras em profusão


 

Profusão, característica do expressionismo de Paul Cézanne - cores resplandecentes, fundidas, separadas, dinamismo improvisado…



Hoje, as árvores todas mortas
Vazias e tristes sem hortas
Não procriam pra Bonnard
Nem Primaveram pra Picart.
São, despidas assim, o prazer-rei
Das lentes corneanas de Kevin Day

Imagens Google

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

PAPA FRANCISCO DENUNCIA




«Talvez poucas pessoas saibam que a fábrica de armas Pietro Beretta Ltda. (a maior indústria de armas no mundo) é controlada pela Holding SpA Beretta e que o acionista maioritário da Holding SpA Beretta, depois de Gussalli Ugo Beretta, é o Instituto para Obras de Religião (IOR), comumente conhecido como Banco do Vaticano, instituição privada, fundada em 1942 pelo Papa Pio 12 e com sede na Cidade do Vaticano.»



Estima-se que o Estado do Vaticano, o menor Estado do mundo em tamanho e um dos menores em população, seja o dono de cerca de 20% a 30% dos imóveis da Itália, incluindo igrejas, escolas, hospitais, clínicas e até hotéis.



«Hablamos del dossier secreto elaborado por Ettore Gotti Tedeschi, el hombre que hasta su destitución fulminante el pasado 24 de mayo estuvo al frente del Instituto para las Obras Religión, el IOR, más conocido como el Banco Vaticano. El ya 'ex banquero de Dios' reunió toda esa pila de documentos comprometedores para que salieran a la luz en caso de que se cumplieran sus más funestos temores y fuera asesinado. Ahora esa montaña de papeles se encuentra en manos de la Justicia italiana. Y en la Santa Sede cunde el pánico.
(…)
Una referência que parece bastante clara a algunos depósitos en clave del Banco Vaticano, cuyos titulares podrían resultar ser importanets miembros del crimen organizado. "Es justo ese el motivo que explicaría los temores de Gotti Tedeschi por su vida", asegura el Corriere della Sera




«Ernst von Freyberg, o novo presidente do banco do Vaticano, tem ligações a fabricante de navios de guerra. A eleição vai contra a norma do Vaticano que, por tradição, não nomeia ninguém que tenha ligações a empresas de fabricação de armas ou contraceptivos. Frederico Lombardi, porta-voz do Vaticano,  reconheceu que a empresa está a fabricar quatro fragatas de navios de guerra mas salientou que, de futuro, a empresa vai dedicar-se à construção de navios cruzeiro»



PAPA DENUNCIA "GUERRAS COMERCIAIS" PARA VENDER ARMAS





Aos milhares de fiéis reunidos para a oração do Angelus, numa praça ainda mais cheia do que o habitual, Francisco pediu para que se empenham “na luta contra o mal”. “Isso implica dizer "não aos ódios fratricidas e às mentiras que os alimentam, dizer não à violência em todas as suas formas, dizer não à proliferação e ao comércio ilegal de armas.”

A pergunta do Papa Francisco sobre a pressão do lobby das armas é realista: qual é influência da indústria bélica nas decisões das nações?”

"A denúncia do Papa Francisco de uma guerra 'comercial' é tão veraz – explica Francisco Vignarca, coordenador da Rede Italiana para o Desarmamento – que hoje inclusive prevemos as guerras a partir de estudos dos fluxos do comércio das armas e dos gastos militares."
"A Síria, nos anos anteriores a 2011, antes que começasse a guerra civil, aumentou sua importação de armas, inclusive as produzidas na Itália, em 580%, ou seja, quase seis vezes. Negar o vínculo entre este comércio de armas nalguns lugares do mundo e a explosão dos conflitos é negar a evidência".





Escândalos no Banco Vaticano: COMEÇAM AS REFORMAS DE FRANCISCO


“Depois da nomeação de uma Comissão de Cardeais para ajudar na reforma da Cúria, mudanças no Banco Vaticano levam às demissões de seus principais directores”, três dias após a detenção do padre Nunzio Scarano, ex-funcionário do banco, por envolvimento num escândalo de tráfico de divisas.

Paolo Cipriani e Massimo Tulli entregaram os seus cargos no Instituto de Obras da Religião (IOR) três dias após a prisão de Nunzio Scarano



O Vaticano é financiado por investimentos, aluguer de imóveis e doações. A coleta anual nas dioceses e as doações diretas vão para um fundo usado pelo papa para caridade, desastres e ajuda a igrejas nos países em desenvolvimento
O orçamento do Estado da cidade do Vaticano inclui a receita dos museus, correio e venda de lembranças.
A opulência actual teve início no século 4 da era cristã, quando o imperador Constantino se converteu ao cristianismo e deu uma enorme fortuna ao então Papa Silvestre.
Mais tarde, Mussolini, ao assinar o Tratado de Latrão entre o Reino da Itália e a Santa Sé, pôs fim à chamada "Fronteira Ferroviária" com total soberania da Santa Sé no Estado do Vaticano, predominância da religião católica no Estado italiano e liquidação definitiva das reivindicações da Santa Sé por perdas territoriais e de propriedade.
A concordata de 1933 estabelece os direitos sobre a liberdade religiosa católica entre a Santa Sé e a Alemanha e também aí, o Vaticano, uma vez mais demonstrou sua capacidade de estabelecer negócios lucrativos. A iniciativa da encíclica “Com preocupação ardente” partiu, ao contrário do que se sabe, dos bispos alemães e  o primeiro rascunho foi escrito em Roma pelo Cardeal Eugénio Pacelli, futuro papa Pio XII.
Apesar da constante e grande pressão mundial, o papa Pio XII nunca quis excomungar Hitler e Mussolini tendo o seu pontificado sido caracterizado pela adopção de uma falsa postura de neutralidade. Quando os nazistas invadiram a Polónia, o Papa Pio XII recusou-se a condenar a invasão e o Vaticano obteria uma das maiores vantagens do acordo que mantinha com Hitler - a confirmação de um imposto que ainda hoje os fiéis alemães devem pagar (a não ser que renunciem à sua religião) e que representa entre 8 e 10% dos impostos totais recebidos pelo governo alemão.


Fontes:


Imagens Google