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terça-feira, 31 de maio de 2016

POR MARES CRUZADOS



Quando optei por viajar de cruzeiro marítimo, os navios eram, na maioria, de capacidade inferior a 2 mil passageiros mas já com bastante entretenimento a bordo, óptima gastronomia e rotas convencionais com paragens em grandes portos. As pessoas, muitas na terceira idade,  gostavam de viagens mais clássicas. 
Hoje, para além desses, há cruzeiros de grande porte, os Cruzeiros Resort, cujos navios têm capacidade para mais de 5 mil passageiros e muito entretenimento a bordo focado em toda a família. As viagens são mais baratas, sem divisão de classes sociais e tratamento de igual forma, independente da cabine escolhida ou de qualquer outro factor. Viver para o navio, passou a ser mais importante do que a escala de portos.  Pessoas de todo o mundo enriquecem a atmosfera especial do cruzeiro, facilitando o contacto e a socialização.
Ao longo de dez anos, de 2004 a 2014 a demanda para cruzeiros aumentou de 13.140.000 passageiros para 22,04 milhões (+ 68%), com crescimento de 3,4% alcançados em 2014, contra um crescimento de 2,0% alcançado em 2013. Tornou-se um dos segmentos turísticos de maior crescimento e de maior resiliência em períodos de crise a nível mundial: “21,3 milhões de passageiros em 2013, 8,3% de taxa de crescimento anual entre 2008 e 2011, 24 novos navios de cruzeiro em 2014-2015 o que se traduz  num impacto directo na economia global de 207 milhões €, 8.645 portugueses a trabalhar na indústria e 62 € /gasto médio diário por passageiro de cruzeiro em trânsito nos portos europeus.”
Fonte: CLIA (Cruise Lines International Association), the State of the Cruise Industry in 2014: Global Growth in Passenger Numbers and Product Offerings.

A LogiTravel diz ter "encontrado" 6520 cruzeiros em actividade! 

E foi a descrição de um colosso como este (abaixo) que me fez recordar os "barquinhos" em que andei viajando.



Nas fotos em cima, comparando o Harmony of the Seas com a Torre Eiffel e um barco de pescadores...
Da Royal Caribeean, em testes no mar alto, tem características que surpreendem: capacidade para 6.000 passageiros e 2.000 tripulantes, 120.000 toneladas, 362 metros de longitude e 66 metros de largura.
O transatlântico fará inicialmente viagens de sete noites pelo Mediterrâneo entre Barcelona e Roma. Em Novembro, será transferido para seu porto base, em Fort Lauderdale, nos EUA, de onde oferecerá saídas para as Caraíbas.


Recordando...

Funchal - Classic International Cruises

O "clássico" Funchal já conta com 50 anos de existência, mede 153 metros, desloca 9846 toneladas e consegue transportar até 500 passageiros servidos por 165 membros da tripulação


Braemar - Fred Olsen Cruise Lines

O Braemar é um dos navios mais antigos da frota da Fred. Olsen Cruise Lines a navegar. Tem (tinha) 163.81 metros de comprimento, 19093 toneladas e capacidade para 800 passageiros. Hoje, após remodelação em 2009, tem mais cabines e capacidade para 977 passageiros.



Island Escape - Island Cruises

Tem 40.132 toneladas 185 metros de comprimento, 27 metros de largura, 10 andares, 5 elevadores, 771 cabines e transporta 1720 passageiros mais 540 tripulantes 

7
 Costa Fortuna - Costa Cruises

Tonelagem -102.587, capacidade Total - 3470, Tripulantes - 1027.
Espectacular em cada um dos seus detalhes, O Costa Fortuna é o herdeiro dos luxuosos transatlânticos italianos do passado. Este navio de grande conforto e elegância, surpreende, encanta e diverte. O hall é sugestivo e original, enriquecido com 26 modelos dos mais belos navios Costa

Costa AtlânticaCosta Cruises

Tem 292,5 metros de comprimento, 85.619t, 11 Decks, 2.680 passageiros e 897 tripulantes. Pertencente à Costa Crociere S.p.A., a maior companhia de cruzeiros da Europa, o navio utiliza na decoração temas dos filmes do cineasta italiano Federico Fellini. Uma de suas atracções é uma cópia fiel do Café Florian da cidade de Veneza.



Arion - Classic International Cruises

É o navio mais pequeno da frota Classic International Cruises, construído em 1965 em Pula, com o nome de Ístra. Em 2000, quando foi reconstruído, mudou para Arion. Tem 118 metros de comprimento, 16,5m de boca, 5,26m submersos, 5888t e um excelente e peculiar jardim de Inverno no deck Promenade. É tripulado por 130 pessoas e pode receber até 320 passageiros.
Arion, o navio em que, saindo de Koper, na Eslováquia, viajei até Pula (exactamente, o local de origem do barco!), a maior cidade de Ístria e outros lugares fantásticos à volta do Mar Adriático.

Até breve, A. Vejo que anda por ali.



domingo, 22 de maio de 2016

COMO CAPTURAR A ESSÊNCIA DO SER HUMANO?




O que resulta da mistura de um universos onírico, mundos surreais e situações não convencionais? 
Ou de uma técnica apurada, precisa e realista?

Porque vivem pessoas “agachadas”, de olhos arregalados, como que em permanente “movimento” de fuga?
Ou envolvidas por uma aura de solidão, desespero, olhares entristecidos, tez pálida? 
Ou, pior ainda, com a mente zipada de sintomas depressivos/ ansiedade, perturbação do sentido de tempo, desapego de amigos e familiares, visão do mundo de uma forma diferente e um grande vazio interior, como se a sua personalidade se lhes tivesse sido "roubada"?
Que metáforas e analogias poderão explicar a forma como uma pessoa percebe e sente a realidade, o seu"eu" em relação com os outros?

Parece haver um conflito interno insuportável, o desenrolar de um processo inconsciente de dissociação do conhecimento, de  informações ou sentimentos incompatíveis ou inaceitáveis oriundos do pensamento consciente...

Como capturar a essência do ser humano?

Talvez Dali tenha as respostas. 


Uma cabeça parecendo uma caveira rodeada de longas e sibilantes serpentes, com todos os orifícios repletos de esqueletos e esqueletos dentro de esqueletos, uma cabeça recheada de morte infinita.



À direita, contrastando, um grupo de figuras exaustas parece estar tentando arrastar um barco sobre a areia, talvez representando um delírio que fervilha na mente do seu "Paranóico"



A fragmentação da forma é levada a extremos. Toda a figura é descrita em termos de planos que se justapõem e interpenetram. Poucas linhas descrevem alguns aspectos da anatomia que mantém a reminiscência do objecto. Os volumes não se coadunam. 

A realidade existencial é muito complexa!


Imagens Google

sábado, 9 de abril de 2016

ALELUIA


Quem diria
Que um dia
Oito anos após
Estávamos nós
A sair do smog
Por este blogue!

Que aleluia lindo!
Seja bem-vindo.
Sabe a alegria,
União, harmonia.
Pelo hoshi'ah nna 
Obrigada, Ana

O Aleluia, amém.
Nada mais, porém
Fica aqui postado
Pra ser partilhado
Pelo "gran" grupinho
Acima, ao cantinho

... Agora leio 79.972


sábado, 2 de abril de 2016

O FIO PORTUGAL - BRASIL


Depois de sair do Governo e do partido, Sócrates mostrava a cada passo a sua falsidade, não a dos negócios, que não interessam aqui, mas da notabilidade pública, por que desejava que o tomassem. Resolveu estudar em Paris, para se vingar da humilhação do Instituto de Engenharia e da Universidade Independente, e resolveu fazer um mestrado em “Sciences Po”, sem perceber que o mestrado é uma prova escolar de um estatuto irrisório. Em Paris, viveu no “seizième”, o bairro “fino”, como ele achava que lhe competia, e, de volta a Lisboa, correu para a RTP, onde perorava semanalmente para não o esquecerem... 
 Vasco Pulido Valente, Público: "Um fingidor"

 E porque é importante não esquecer, alguns episódios da grande "novela luso-brasileira" e afins:


"Sócrates, Lula, Salgado e PTs. Oi?

Em 1998, nasce um fio que vai de Portugal ao Brasil para levar mais longe a internacionalização da então maior empresa portuguesa. 
Não, não vou desvendar a trama. Nem sei se há trama, se trama for um emaranhado pensado, organizado, com padrões que se repetem, como um casaco de tricot. Pode ser um novelo caótico e sem sentido. Podem ser coincidências, porque elas existem. Pode ser assim porque o mundo virou aldeia. Há, no entanto, um fio. E muito se passa por ele.
Eva Gaspar

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Lançado num novo ciclo de privatizações, o fio deu muitas voltas, assistiu ao fim do casamento ibérico na Vivo e ao casamento forçado com a Oi, e emaranhou-se entre PTs: na Portugal Telecom e no Partido dos Trabalhadores de Lula da Silva.
O Bar do Alcides - blog



«O "sistema" vive da cobardia dos políticos, da cumplicidade de alguns jornalistas; do cinismo das faculdades e dos professores de Direito e do desprezo que as pessoas decentes têm por tudo isto.»

E da maioria de todos nós que já nem nos indignamos que nos tomem por parvos...




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segunda-feira, 28 de março de 2016

EU SEI


Auto-retrato inventado - "Cansaço"
Karel Appel, 1949


Eu sei
Que todas as coisas
Quando acabam,
Substituídas por outras são;
A vida é um processo.
Eu sei
Que loisas e loisas
Quando tombam
Não caem de vez, não;
Há “escadas “de acesso.

Eu sei
Que a existência tem
Altos e baixos
Esperança e desesperança;
A ventura é passageira.
Eu sei
Que há sempre alguém
Em piques-baixos
Com cicatriz na lembrança;
E a “chama” se esgueira.

Eu sei
Que isto é cansaço
De erguer o peso
De mente devoluta;
É complexa, a verdade!
Eu sei
Que exauriu o espaço
Dum pensar “coeso”
Entre circunstâncias em luta;
Falta conformidade.

Eu sei
“O que há em mim é …
(…)
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...
Álvaro de Campos, in "Poemas"






segunda-feira, 21 de março de 2016

MÊS DE MAIO


“Mês de Maio, mês de flores, mês de Maria, mês dos amores"


- Mês de flores...

Apesar de não ser mais que amadorista em Botânica pois nunca me dediquei à análise do reino vegetal, recordo alguns dos milhares de flores silvestres - apenas no estrato herbáceo - que fizeram parte do meu convívio com a natureza em longínquos Maios floridos.  


Erva-das-cortadelas /Mil folhas / Milefólio /Malva silvestre; Tomilho / bela-luz/ "Amor de Deus"; Tasneirinha 
Cardo; Arméria beirana; Saramago /“erva dos campos e pastagens” /"erva-daninha”, em várias culturas 
Calcitrapa; Leituga
Papoilas; Assobios; Dedaleira
Margaridas
Tripa de ovelha /Alface do monte; Sarralha áspera 
Erva-de-são-Roberto; Tremocilha; Erva-vaqueira /Malmequer-dos-campos
                                                      Malva; Soagem /Chupa-mel

No estrato arbustivo poderia destacar o Alecrim, o Rosmaninho, o Junco, o Feto-dos-montes, o Tojo, o Espinheiro, a Urze, o Carrasqueiro, a Giesta negral e a de cor branca, o Sabugueiro ou a Silva.

- Mês de Maria...
É uma devoção que já existe desde, pelo menos, a Idade Média, como escreve Afonso X o Sábio, na sua poesia "Ben vennas Mayo" - Cantigas de Santa Maria - e que a Igreja sempre incentivou mencionando-a nalguns documentos do Magistério como a Carta Encíclica "Mense Maio"de Paulo VI, em 1965 e concedendo indulgências plenárias especiais.
“Os primeiros cristãos, aos quais devemos recorrer sempre como modelo, renderam um culto amável à Virgem. Nas pinturas dos primeiros três séculos do cristianismo, conservadas nas catacumbas romanas, é representada com o Deus Menino nos braços. Nunca imitaremos o suficiente os primeiros cristãos nesta devoção à Santíssima Virgem!”- São Jose María Escrivá.


Há umas dezenas de anos o tempo melhorava muito e, já com a terra mais quente, nós as crianças, vestidas de primavera, tínhamos como programa de fim de tarde, ir à igreja participar na Oração do Rosário (mistérios gozosos, luminosos, dolorosos e gloriosos).



- Mês dos amores (das noivas)...

Também este costume vem sendo transmitido desde a Idade Média.
Maio era o mês em que as pessoas tomavam o primeiro banho do ano e com flores, para fazer desaparecer o odor corporal. Os noivos aproveitavam a ocasião para casar e as noivas levavam a seu lado, na carruagem, ramos de flores bem perfumadas –  bouquet de hoje.
Talvez a tradição tenha sido também importada dos países do hemisfério norte, onde Maio é importante para os costumes populares. A sua chegada celebra-se com muitas flores, em homenagem à natureza que refloresce. Ao longo dos séculos, esses elementos foram sendo associados à celebração do amor no casamento. Essa mesma ligação com as flores e a feminilidade "fez com que Maio, além de mês das noivas, também fosse considerado o mês das mães e de Maria", segundo o padre e teólogo Pedro Iwashita.







- "Maio é o mês em que canta o cuco"


 ...E António Mourão

Na Primavera, quando o tempo aquece, ouve-se cantar o cuco na aldeia.
Há quem o associe ao número de anos que as moças solteiras se irão manter sem casar.
Faz-me recordar as férias de Páscoa e as raparigas casadoiras lançando o desafio:
- Ó cuco da Beira, quantos anos me dás de solteira?
Mas, como é evidente, a resposta era sempre imprevisível.
Se fossem dois ou três “Cu-co!”, teriam que se apressar a procurar namorado ou a confirmar o actual. Se os “Cu-co!” fossem vários, punha as solteironas a contar indefinidamente os anos que ele ia dando (já arrependidas de o terem provocado) até se cansar.  

como Maio é privilegiado em provérbios, acrescento:

"A melhor cepa, Maio a deita."
"Em Maio, a chuvinha de Ascensão dá palhinhas e dá pão."
"Em Maio espetam-se as rocas e sacham-se as hortas.
"Maio jardineiro, enche o celeiro"
"Maio chuvoso, ano formoso."
"Maio claro e ventoso, faz ano rendoso."
"Maio hortelão, muita palha e pouco grão."
"Maio o deu, Maio o leva."
"Quem em Maio relva não tem pão nem erva."


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