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quarta-feira, 14 de agosto de 2024

DIA 14 DE AGOSTO


Disseram que era uma hora da noite quando, há um ano, "de morte natural" 
(será que uma infecção pulmonar é uma causa natural?!), o vieram buscar para a região dos "Campos Elísios" do invisível "Reino de Hades."
 
O Sol, que só nasceu às 06:49:14, https://www.vercalendario.info/pt/sol/portugal-14-agosto-2023.html , já daria início ao primeiro dia de ausência, de um silêncio estranho e constrangedor, "gelado", assustador, desconhecido, sem troca, permuta, conversa. 
Apenas um vento suave fazia oscilar as copas das árvores derrubando algumas folhas, também elas, solitárias.

Pôr do sol visto da casa da Ana, Algarve

Disseram que era uma hora da noite... 
Talvez um Pôr do sol tenha dado ao princípio dessa noite o descanso, o relaxamento, o envolvimento pela magia e pelo encanto.

Este é um das muitas dezenas de cestos de cabaz de Natal que o sr. G. de A. trouxe, enquanto utente gentil e grato. Também ele, agora, deixou de andar mais por cá.


Quantas canetas BIC cristal, a escrever até 2 Km de comprimento de escrita, terão sido gastas em letras para desenhar palavras como anti-fúngicos, emolientes, protectores, fármacos para o tratamento de feridas e úlceras, anti-pruriginosos, anti-psoriáticos, antibióticos, anti-infecciosos, corticosteróides, anti-sépticos, desinfectantes, fármacos anti-acne e tantos outras usadas em dermatologia, ao longo de mais de 60 anos, para utentes como ele (poucos) e tantos outros?

É difícil fazer uma ideia ...

"O tempo faz a gente esquecer. Há pessoas que esquecem depressa. Outras apenas fingem que não se lembram mais." Érico Veríssimo


Disseram que era uma hora da noite. 
E nada mais.



domingo, 14 de julho de 2024

BENFICA NO FEMININO

 

Detentora do título de campeão nacional de hóquei em patins feminino pela 11.ª vez consecutiva, o Benfica conquistou, também, este domingo, 14 de Julho 2024, ininterruptamente, a Taça de Portugal feminina de hóquei em patins pela décima vez.

Há sempre um cantinho neste blog para um Benfica ganhador!



Fotos google

sexta-feira, 12 de julho de 2024

MEMÓRIAS DE UMA VIDA | VASCO CALLIXTO


Vasco Callixto!
Como o tempo é veloz. Os dias correm atrás dos meses , os meses correm atrás dos anos e já lá vão 16!
Foi em Julho de 2008 que, a bordo do cruzeiro ARIEN, pelo Adriático, o mar mais bonito entre os que conheço, nos encontrámos várias vezes em terras de zonas costeiras da Croácia, San Marino, Bósnia - Herzegovina, Montenegro, Albânia e parte da Eslovénia.
Tinha 81 anos, a agilidade da juventude e os olhos translúcidos, quase se confundindo com a vastidão azul do mar.
Discreto, curioso, distinto, simples, humanista, empático, jovial, sempre acompanhado pela sua mulher de uma vida, Dona Maria Luíza, de 83 anos, percorria, de caneta e bloco de notas na mão, todos os espaços possíveis.

Mar Adriático
Fazendo o transfere no porto de Piran e entrando no Hotel do alojamento, em Veneza
Vasco Callixto e a mulher, Dona Maria Luíza

Aos 15 anos, de bicicleta, acompanhado pelo irmão, conheceu quase Portugal inteiro.
Em 1964 realizou a primeira grande viagem pelas estradas da Europa guiando o primeiro automóvel de matricula portuguesa montado em Portugal, o 0pel Kadett cl-74-03, ao ponto mais setentrional do continente europeu (13.512 km em 44 dias , ligação Lisboa Cabo Norte,).
Começou a colaborar com a imprensa portuguesa na revista Turismo e nos jornais Diário de Notícias e O Século; dirigiu a revista Rodoviária de  1970 a 1990 e hoje é considerado um dos pioneiros do jornalismo de viagens.

Como grande contador de histórias (jornalista, escritor, viajante), é um bom guia da história do automóvel em Portugal, do passado ao presente, como provam alguns dos autores de textos introdutórios aos seus cerca de 50 livros publicados.

Vasco Callixto teve dois filhos, conjugando a vida familiar com as muitas viagens e o jornalismo. A mulher partilhava a mesma paixão e os filhos iam atrás. Conheceu mais de 70 países e o casal fez uma volta ao mundo, em 1995

"Memórias de uma vida" a comemorar os 85 anos de idade, foi o livro publicado para cujo lançamento teve a amabilidade de me convidar.

Em 2020 foi condecorado com o grau de comendador da Ordem de Mérito pelo presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Vasco Callixto nasceu em 1925 e ”faleceu tranquilamente" em 27 de Dezembro de 2021 aos 96 anos. Não estava doente e tinha acabado de passar o Natal em família, ao lado de três gerações de descendentes”, segundo um familiar.

Só hoje aqui expresso a minha deferência porque encontrei a notícia há muito pouco tempo. 

Germano Campos Entrevista - Vasco Callixto

Vídeo You Tube

domingo, 7 de julho de 2024

MAS NÃO FOI ESSE O MEU FADO



"Ser fadista foi meu sonho
Mas não foi esse o meu fado
…"
Frei Hermano da Câmara
Assim acaba a aventura portuguesa no Euro 2024.

No prolongamento, Cristiano Ronaldo, aos 92 minutos, junto da baliza, mandou a bola para as nuvens.
João Félix falhou o terceiro penálti, ao acertar no poste.
"Roberto Martínez deixou-se amarrar por Ronaldo" Luís Mateus, editor-executivo



"O futebol é cruel. Às vezes dá a glória, outras vezes tira-a.
Por aquilo que nós fizemos, por tudo aquilo que meus companheiros fizeram, não merecíamos ter perdido. Mas o futebol é isso. É triste perder dessa maneira”, Pepe, em lágrimas no final do jogo.



Martínez assumiu que Ronaldo era o único que tinha estatuto de insubstituível. Qual a explicação lógica?

Como todo o mundo sabia e se viu, estava errado.

"Sempre disse que gosto de Portugal, é uma grande Seleção, com jogadores extraordinários e, depois do que conseguiram em 2016, é incrível que não tenham melhores resultados". "Isso foi visível diante da França, Portugal jogou com 10. É uma lenda, pode continuar a ser adorado, mas foi ele que impediu que Portugal fosse mais longe no Europeu. Não gosto de ver jogadores consagrados como este a fazerem uma última aparição como se fosse uma volta olímpica. Chega a ser patético e é necessário virar a página". Daniel Riolo, jornalista.



"E o lenço a dizer adeus
Por mim que o não sei dizer

Julgamos ser madrugada
Somos noite sem saber"

Frei Hermano da Câmara




Imagens Google

domingo, 30 de junho de 2024

FRANÇOISE HARDY, UM ÍCONE



Nasceu em Paris em 1944.
Aos 18 anos conquistou a Europa como uma das principais figuras do movimento yé-yé e popularizou a sensibilidade poética e introspectiva do movimento folk, em ascensão nos Estados Unidos, nos anos de 1960
Trabalhou com Serge Gainsbourg e Michel Berger, compositores de renome, que a lançaram num álbum por ano, entre 1962 e 1973, consolidando o seu status como uma das maiores artistas da época.
Entrou na moda com o fotógrafo Jean-Marie Périer e, em colaboração com os designers Yves Saint-Laurent e Paco Rabanne, tornou-se um ícone fashion, como modelo, com o seu característico estilo de minissaias e botas brancas.
De 1960 a 1966, influenciou o cinema com Roger Vadim, Jean-Daniel Pollet, Jean-Luc Godard, Woody Allen, Peter Sellers, Peter O'Toole e John Frankenheimer.

Formou, com Jacques Dutronc, um dos casais mais emblemáticos da música francesa. Os dois tiveram um filho, Thomas Dutronc, nascido em 1973.

Uma mulher excepcional, elegante, humilde, talentosa, gentil, bonita, terna, simples, humanista, sincera, Françoise Hardy é um ícone da minha juventude, uma parte do meu passado que está a desaparecer.

Como despedir-nos de melodias tão profundamente implantadas na nossa memória? 
- Fait moi une place, Tous les garçons et les filles, Mon amie la rose, Le premier bonheur du jour, C'est à l'amour auquel je pense, Je ne suis là pour personne, La maison où j'ai grandi, J'suis d'accord, L'amitié, Le temps de l'amour, Rendez-vous d'automme, Dis-lui non. 
E de todas as outras!

A lutar contra o cancro (linfático) desde 2004 primeiro, e 2018 (na faringe), depois, além de lançar o último álbum "Personne d´autre" a refletir essa luta, pediu ao presidente francês, Emmanuel Macron, a legalização da eutanásia na França. 



Françoise Hardy : l’hommage à une icone

"Quero partir em breve e de maneira rápida"...



YOU TUBE

domingo, 23 de junho de 2024

A CADEIRA


Às vezes o mundo parece um lugar injusto e sem sentido, desagradável, cheio de obstáculos, decepções, problemas, estagnado, triste, imprevisível.
E indiferente.

“... Não sentem: por isso são deputados e financeiros,
Dançam e são empregados no comércio,
Vão a todos os teatros e conhecem gente…
Não sentem: para que haveriam de sentir?

…”

Álvaro de Campos, in "Poemas"

Outras vezes é o imprevisível que nos surpreende.

- Olha, tens um aviso na caixa do correio para levantares uma carta registada nos CTT. Eu levo-te lá porque só pode ser feito pelo próprio.
- Agradeço, sim.
- Agora, enquanto fazes isso, vou arranjar um lugar para deixar o carro. Talvez não demore.

Entretanto, já com a carta registada na mão, fui andando até à saída do edifício e depois, junto à parede, fui encostar-me ao primeiro veículo que encontrei, num lugar visível.

- Eu vou buscar uma cadeira prá senhora; só um momentinho (ouvi dizer, em sotaque brasileiro).
- Muito obrigada, não é preciso porque estou à espera da boleia do meu filho que não deve demorar (respondi eu, sem saber ainda quem estava a ser tão gentil)

E, sem mais, em menos de um minuto, vejo um rapaz transportando uma cadeira de polipropileno preto com braços, saindo da garagem de uma bomba de gasolina. Colocou-a ao meu lado e disse:
- Vai fazer o favor de se sentar. Assim espera melhor.


De seguida retirou-se para ficar em pé, atrás das portas envidraçadas do local de onde tinha saído, com um certo ar de “vigilante”

Quando viu que a minha “boleia” estava a aproximar-se, veio, então, buscar a cadeira.

Apesar de eu ter estado ali por pouco tempo, chegou para sentir a diferença entre o conforto e o desconforto.

- Que bem que se estava aqui. Com este belíssimo sol, quase me senti numa esplanada de praia! Obrigada (agradeci com um sorriso).

E não é que de súbito, apesar de estar ainda com a cadeira na mão, me pareceu ter à minha frente uma pessoa completamente distinta?
A anterior expressão entediante bem moldada pelos diferentes músculos faciais transformou-se, como que por magia, numa expressão de sorriso aberto, de orelha a orelha, e com um olhar reluzente de satisfação.



Na vida, umas vezes há tristeza outras vezes há beleza. Nunca se sabe o que se vai encontrar ao virar da curva.


segunda-feira, 10 de junho de 2024

"ENEIDA LUSITANA"


Hoje é o dia de Portugal erguer mais alto a sua bandeira, símbolo da sua soberania, independência, unidade, integridade, historia, valores, sentimentos, lutas, patriotismo.

“Há muita semiótica escondida no uso das bandeiras que age sobre o inconsciente. Triunfam porque provocam grandes emoções. Quando a identidade está em perigo, a pessoa apoia-se  na bandeira” José Enrique Ruiz-Domènec, professor de história na Universidade Autónoma de Barcelona.
“Quando a bandeira passa a identificar uma coletividade ela começa a ter uma carga simbólica mais forte e mais emocional. As pessoas precisam de se identificar com um grupo, e a bandeira é uma forma simples de expressar uma ideia muito complexa.” José Manuel Erbez, bibliotecário da Universidade de La Laguna e secretário da Sociedade Espanhola de Vexilologia (a ciência que estuda as bandeiras).




Inspirado num passado glorioso, Camões busca a identidade de um povo em "Os Lusíadas" - Quem somos, o que nos define, que missão temos na História.
"A verdade que eu conto, nua e crua, vence toda a grandíloqua escritura!" Os Lusíadas, Canto V, 89.

A sua vida, em muitos aspectos, continua a ser um mistério porem, a sua poesia, de uma grande beleza literária, faz de Os Lusíadas uma obra universal, com traduções em várias línguas como espanhol, russo, francês, alemão, italiano, húngaro, holandês, japonês, dinamarquês, sueco e esperanto.
Com Luís Vaz de Camões, Portugal  relembra os feitos passados do povo lusitano e os milhares de portugueses que vivem fora do país.


Jorge Luís Borges
(Buenos Aires, Argentina, 1899 – Genebra, Suíça, 1986)

A Luís de Camões

Sem lástima e sem ira o tempo arromba
As heroicas espadas. Pobre e triste
À tua pátria nostálgica voltaste,
Ó capitão, para nela morrer
E com ela. No mágico deserto
Tinha-se a flor de Portugal perdido
E o áspero espanhol, antes vencido,

Ameaçava o seu costado aberto.
Quero saber se aquém da ribeira
Última compreendeste humildemente
Que tudo o perdido, o Ocidente
E o Oriente, o aço e a bandeira,
Perduraria (alheio a toda a humana
Mutação) na tua Eneida lusitana.

Jorge Luís Borges
In: O fazedor. Lisboa: Difel, 1985.




Pinterest

E Amália Rodrigues canta Camões


1965
Amália editou um disco de 45 rotações - Amália Canta Camões - com gravações de "Erros Meus", "Lianor", "Dura Memória". 
Na mesma altura, diversas personalidades do meio literário e artístico, como Hernani Cidade, David Mourão Ferreira, Alain Oulman, Alexandre O´Neill, José Gomes Ferreira, Urbano Rodrigues, Maria Teresa de Noronha e Júlio de Sousa, davam o seu parecer sobre esta inovação, "atípica no Fado". Uns eram a favor mas outros, totalmente contra.
Camões, o príncipe dos poetas, não deveria ser cantado no Fado…
Amália e os Poetas - Fundação Amália Rodrigues



In Google

sábado, 8 de junho de 2024

MEIAS PESSOAS



Era dia de tratamento muscular e tinha acabado de chegar ao fim da primeira rua do percurso servindo-me de um muro de arrimo, como encosto. 
Sentada no parapeito da janela de uma montra de pinturas, aguardava, como habitualmente, a  sempre boa vontade de L para continuar a curta caminhada, agora um pouco mais íngreme.
O desiquilíbrio é grande e a respiração, devido á pressão que a coluna exerce nas vias aéreas, fica difícil. 
A diferença de altura entre os dois ombros curvados pela cifose disfuncional originada por instrumentação imprópria e a consequente inclinação da cabeça para a frente, não só limitam o espaço do horizonte, como o transformam numa paisagem de Betão,  carros,  plantas, meias pessoas e pequenos animais, ou seja, no chão.

Já preparada para me prender na confortável "ortótese" vejo, do outro lado da rua, umas pernas correndo, quase tropeçando no vestido, a entrar num carro que se esfumava, num ápice, como se as rodas fossem asas…


- Que estranho, aquilo ali. Parecia que tinha assaltado um Banco. Viste?
- Vi. Não sabes quem era?
- Não, só vi umas pernas meio ensarilhadas, muito apressadas, a entrar num carro que se pôs em marcha velozmente.
- Era a C.
- Sim?
- Sim.

"Digeri" a cena durante alguns momentos e, mesmo sem a ter compreendido, tirei as minhas conclusões.

"As coisas que se vão ensinam o
valor das que permanecem…
Os que morrem, o valor da vida.
Os arrependimentos, o tempo perdido.
A dor, o tamanho da nossa fragilidade."
Silmara Nogueira


quinta-feira, 6 de junho de 2024

KNOCK, KNOCK




Talvez The Oldest Song in the World nada tenha a ver com o conteúdo do tema. Mas é, pelo menos, um repousante antidoto.

https://youtu.be/Brvy4BbK2ZQ

Batem à porta truz, truz.
- Quem é?
- Sou … Não venho por bem. Sou aquela que aparece quando o pâncreas não produz a insulina, a hormona necessária para transportar a glicose do sangue para as células do corpo, afim de ser utilizada para produzir energia.
Sou a Diabetes.
- Mas … instala-se assim, sem mais?
- Sem mais? E que mais é preciso? Os níveis de glicemia em jejum, são muito superiores a 100mg/dL, decorrente da incapacidade de a insulina exercer adequadamente os seus efeitos (hiperglicemia de forma permanente); a tensão arterial é bem alta (hipertensão) assim como o colesterol; o sobrepeso é considerável e as alterações nos lípidos também; depois há o uso de medicamentos da classe dos glicocorticoides… As condições são excelentes!
Realmente, já não era novidade uma sensação de boca seca, alguma transpiração, infeções frequentes da pele por distúrbios no sistema imunológico , sonolência e cansaço.

- Só faltava mesmo mais este Knock, knock …!
Quando se bate à porta, quem está do lado de lá, pode fazer uma de duas coisas: ignorar ou ver quem bate e, talvez abra a porta.
Mas não é que a porta se abriu sem talvez?


Alimentos para diabéticos





My Cuf

https://www.maisquecuidar.com/diabetes-sintomas-tipos-valores

sexta-feira, 24 de maio de 2024

SENSIBILIDADES


Eu gosto dos olhos que sorriem …





O sorriso dos lábios pode dissimular uma falsa alegria mas o sorriso dos olhos reflete o estado de espirito. Há neles um brilho que vem do interior, que resulta de uma expressão incontrolável da alma. Espelham os nossos sentimentos sobre a pessoa com quem se fala e envolvem, em grande parte, a percepção subconsciente. 
O contacto visual facilita a transmissão de informação

… de gestos que se desculpam


Agradecer a gentileza reforça no outro a vontade de ser gentil.
Pedir desculpa é saber que seremos julgados mas que acreditamos poder ser absolvidos. É, também, uma forma de acreditar que o outro confia em nós. Observador
Muitas vezes, ainda que inconscientemente, a comunicação não verbal tem uma influência fundamental na forma como vemos os outros e como os outros nos veem a nós.

… de toques que sabem conversar


… e de silêncios que se declaram

Os olhos continuaram a dizer coisas infinitas…”Machado de Assis.

"Repara bem no que não digo" Paulo Leminski

"Hoje foi um daqueles dias em que fui atropelada por um carro sem sair de casa” Thiara Macedo.

Mas o tempo, o tempo caleja a sensibilidade


“Eu gosto de olhos que sorriem, de gestos que se desculpam, de toques que sabem conversar e de silêncios que se declaram" Machado de Assis



Motor de busca - Google

quarta-feira, 8 de maio de 2024

O DIA INTERNACIONAL DO BURRO


Hoje, dia 8 de Maio, celebra-se o Dia Internacional do Burro – li, ao abrir o PC.

Um pouco céptica, fui avançando em busca do tema.

E então, o burro é comemorado "porque, ao longo dos séculos, tem trabalhado em cooperação com os humanos não só como meio de transporte de pessoas e mercadorias, mas também como precioso ajudante na agricultura, para uso recreativo e, até, para fins terapêuticos". Animalogos, blog.

 “O burro é um companheiro precioso que merece ter uma vida com qualidade, saúde e felicidade, e de que o Burro de Miranda, em particular, precisa de protecção.” AEPGA (Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino)

… E como prémio, oferece aos cinco melhores apoiantes que exibirem uma foto sua com umas orelhas de burro, um dia passado entre os burros (trabalhos de alimentação e manutenção no AEPGA), um passeio de uma hora e o apadrinhamento de um dos animais

Resgate - Centro de Acolhimento do Burro

Porque se chama jumento ao burro?

Segundo Dilfenio Romero, criador da Burrolândia, Associação Amigos do Burro, isso é um mito.
O burro é muito mais inteligente do que o cavalo. Se colocar um burro num grupo de sete cavalos, ao fim de uma semana todos os cavalos seguem o burro.
Quando não havia topógrafos nem engenheiros de estradas, era na trilha de um
burro que se construía a melhor estrada. São tremendamente inteligentes.
Margarita era o transporte do médico rural de Léon que andava de terra em terra a visitar os doentes. Quando nasciam crianças os moradores convidavam-no para um copo de aguardente e, na maioria dos casos, bebia tanto que nem conseguia andar.
Problema? Não.
Era ajudado a subir para a sua burra, colocavam-lhe uma manta nos ombros e diziam: "Margarita, para casa"
Nunca ficou pelos montes em viagens de 20 Km ou mai
s.



"Os asininos têm aptidão para o pastoreio, fundamental para a preservação dos lameiros (pastagens permanentes seminaturais, de génese centenária), que se degradam caso não sejam pastoreados." «Fé nos Burros» 
Estes animais, ao incluírem nos hábitos alimentares matos como a esteva, as silvas, as giestas e a carqueja, sobretudo em lugares rochosos e inóspitos, contribuem, também, para prevenir o avanço de matos facilitadores da propagação de incêndios 


Um burro saudável é resistente, desloca-se pelo espaço, tem as orelhas ativas, mostra interesse, come e bebe.

Na Namíbia, os burros são utilizados há mais de 100 anos para proteger os rebanhos dos predadores. E recentemente, nos EUA e na Europa, são guardadores de alguns animais domésticos (bovinos e pequenos ruminantes) defendendo-os dos ataques de coiotes, raposas ou cães.

Burro de guarda/Jean-Marc Landry
Valais, Suíça

Para um melhor conhecimento das raças portuguesas, o Catálogo Oficial das Raças Autóctones é um elemento fundamental para a sistematização e divulgação das nossas raças


https://www.dgav.pt/wp-content/uploads/2021/04/Catalogo-Oficial-Racas-Autoctones-Portuguesas.pdf

Merecem, sem dúvida, ser protegidos para não se extinguirem. Até porque continuam a ser úteis.


domingo, 21 de abril de 2024

SONHO IMPERFEITO


Aí por 1990, vivi o desafio da troca de um apartamento que ainda tenho em Cascais, por uma casa com um pequeno terreno, num local bem definido, ali muito próxima. Meio abandonada, primeiro e utilizada para serviços do Estado, depois, demorei anos a investigar quem seriam os proprietários e se haveria alguma hipótese de poder vir a adquiri-la.

Durante esse tempo, passar junto dela, fazia parte das minhas caminhadas para a praia da Conceição. Abria o portão meio escancarado, afastava os arbustos ressequidos e subia a estreita escadaria exterior, em pedra, até chegar a uma varanda rústica debruçada sobre o terreno em declive, alguns telhados, meia dúzia de ruelas entre casas coloridas, a lindíssima baía atlântica de Cascais e o mar de águas azuis e cintilantes até aonde o Sol aparece e desaparece.


nascer do sol na baía de Cascais
pôr do sol na baía de Cascais

Sentava-me num pequeno tronco de madeira um tanto esboroado, para ali esquecido (há quanto tempo?) e assim, bem alta, na "minha tribuna", ia recriando um jardinzinho de acordo com o parco tamanho do terreno. Fiquei com a ideia de ter "encontrado" espaço para uma pérgola em madeira, coberta por plantas tipo trepadeira florida ou um freixo/similar e alguns móveis relaxantes, vasos com gerânios, petúnias e rosas a florescer todo o ano, uma área de sol com bancos em rochas perfumadas, a tranquilidade e harmonia de uns fios de água corrente, relva e, talvez, um discreto grelhador.




Até que um dia…
-Sabe que esta casa vai ser vendida em leilão?
Entrei, então, em contacto com uma imobiliária para ficar alerta sobre possíveis datas, etc., mas nada. Tudo continuava e continuou igual durante mais, pelo menos, uma dúzia de anos.

Entretanto, os meus objetivos foram mudando, a saúde foi deixando de ser excelente e o entusiasmo, que se diz ser a maior força da alma, começou a faltar e acabou por desaparecer.

O que houve e a quem pertenceu a casa, nunca cheguei a saber.
Mas que foi uma situação enigmática, quase misteriosa, foi, porque, entretanto, quase de repente, surgiu no local uma outra casa, bem diferente da anterior

Eu digo que alguém foi sortudo. Porem, também há quem diga que a sortuda fui eu, na medida em que fiquei com a liberdade de escolher/solucionar outros caminhos/problemas .

É apenas um conjunto de acontecimentos que se recusaram a fazer parte da minha história …