A minha Aldeia tem um Colégio
Que data dos anos trinta.
É tão grande o privilégio
Que a terra torna distinta.
Escola de instrução, particular,
Escola de instrução, particular,
Primeiro pra internos/masculino
Depois com feminino no lugar
Aguardando melhor destino
Sem parâmetros traçados
Com música, pintura e bordados
Religião e Moral, Francês.
Com currículos oficiais
O ensino tornou-se real.
Grupos de “costura” normais
E o tal de “estudantes”, legal.
Alunas internas e externas
A turma faziam pequena
Dava pra coesões fraternas
Um pouco mais que a dezena.
Num grande Globo terrestre
Que passava a sabedoria
Em cerâmica de mestre.
Abancadas sobre a carteira,
Eu e a porcelana fina,
Nela apontava ligeira,
Os rios da disciplina.
Pum! E no chão desaguam
Os rios em cacos, enquanto
Os cabelos delas flutuam
Sob os meus olhos em pranto.
E agora? Perguntam em coro.
Os meus Pais não vão saber!
Dinheiro não irá haver.
Tenho qu' arranjar solução,
Pois é mesmo necessário.
Porque a lógica conclusão
Leva a acto involuntário.
Vamos com requinte guardar
Que melhor destino lhe dar
Do que não deitá-la fora?
Iremos o morto enterrar
Em funerário cortejo.
Prà sua memória honrar
É presente de sobejo.
Eu, qu’estou já chorando
Vou fazer de carpideira
Convidamos a irmã Pereira
Lá no jardim, ao fundo
Ficará o ossuário
E um suspiro profundo
Fará parte do cenário
E foi assim, factual.
Com “padre”, enterro, carpideira,
Acompanhamento, ensaio teatral,
Perdão, corolário e brincadeira.
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