Sempre achei que a existência de um dia para
comemorar as mulheres continuaria a ser discriminatório, apesar de recordar a
longa luta pelo reconhecimento dos seus direitos.
Porque não um Dia Internacional do
Homem? Há-de haver um qualquer motivo que o justifique!
E não é que há mesmo? Descobri agora na Wiquipédia.
Celebra-se a 19 de Novembro, desde 1999 e tenho quase a certeza de que a maioria dos homens também desconhece. Como por ex., o idiota e presunçoso que fez este comentário:
- "A diferença, cara menina, é que o dia
internacional do homem seria imediatamente rejeitado. O homem é a medida de
todas as coisas"
Homem
A ideia foi do Dr. Jerome Teelucksingh em Trinidad
e Tobago e as comemorações são apoiadas pela ONU e por vários grupos de defesa
dos direitos masculinos da América do Norte, Europa, África e Ásia.
Tem como objectivo combater o sexismo e,
simultaneamente, comemorar conquistas e contribuições na comunidade, nas famílias,
no casamento e na formação dos filhos.
Pois se o homem e a mulher são iguais enquanto pessoas
e complementares enquanto homem e mulher, embora com características anatómicas
e comportamentais diferentes (mas não superiores ou inferiores), faz todo o
sentido.
Muitos ainda defendem que o homem apareceu primeiro e
a mulher depois, duma parte dele (costela). Logo…
Bem, de acordo com o Biologia, se seis semanas após a
concepção o cromossoma Y não desencadear uma determinada proteína, será gerado
automaticamente um feto feminino (Pinel, 2005) … Ironia?
Certo, é que a mulher vivia uma condição legal
limitada e sem direitos políticos devido à supremacia masculina baseada,
também, na dita interpretação bíblica.
As primeiras obras de caráter feminista surgiram no século XVIII -
Mary Wollstonecraft, autora do livro "Em Defesa dos Direitos das
Mulheres" 1792, entre outras.
Com a Revolução Francesa em 1789, as mulheres passaram a actuar na
sociedade de forma mais significativa, reivindicando melhoria nas condições de
vida e de trabalho, maior participação política, acesso à instrução e à
igualdade de direitos entre os sexos.
Em 1897, a educadora britânica Millicent Fawcett, deu
início ao movimento sufragista com a fundação da União Nacional pelo Sufrágio
Feminino, no contexto da urbanização e industrialização do século XIX.
E o primeiro
país a reconhecer o direito de voto às mulheres foi a Nova Zelândia, em 1893.
A Revolução Industrial aumentou significativamente o
número de mulheres empregadas nas fábricas, mas com salários muito mais baixos do
que os homens. A partir desse momento o feminismo fortificou-se como
um aliado do movimento operário, em busca de melhorias trabalhistas
Para a conquista
dos direitos das mulheres contribuíram as greves de 1857 e 1911 em New York.
Em 1917 com a entrada da Rússia na 1ª Guerra
Mundial, as mulheres russas também fortaleceram os protestos nas ruas contra a
fome e os baixos salários.
Segundo a versão mais conhecida, a data do Dia Internacional da Mulher
é uma homenagem às 129 operárias que teriam sido queimadas vivas em 1857 num
incêndio ocorrido numa fábrica têxtil de New York, Estados Unidos.
EUA -1910 Março de 1911 - morreram 147 trabalhadores
Operárias russas, 1917
Porém, em 1982 as pesquisadoras francesas Liliane
Kandel e Françoise Picq assim como a canadiana Renée Côté, demonstraram que a
famosa greve feminina de 1857 nunca existiu. É um mito que terá surgido na
confusão das greves de 1910, de 1911 nos EUA (morreram 146 pessoas -mais de 100
mulheres - num incêndio na fábrica Triangle Shirtwaist Company) e de 1917 na
Rússia, por motivos históricos políticos, ideológicos e psicológicos.
Existe um boletim de 1966 que apareceu em Berlim, na
ainda República Democrática Alemã onde se fixou a data do 8 de março, devido a
esta greve.
O dia 8 de Março foi proposto pela activista alemã
Clara Zetkin durante a II Conferência Internacional das Mulheres, realizada na
Dinamarca em 1910.
De então para cá o movimento, oficializado em 1977 pela ONU como “Dia
Internacional da Mulher”, tem tomado forma tanto em Portugal como no resto do
mundo e é um marco na história contemporânea que reafirma todas as metas
alcançadas pelas mulheres ao longo dos anos.
Destaco apenas mais algumas das muitas mulheres que lutaram
pelo reconhecimento dos seus direitos:
- Marie Gouze (1748-1793), filha de um açougueiro do
Sul da França, que adoptou o nome de Olympe de Gouges para assinar panfletos e
petições em várias frentes de luta, inclusive pelo fim da escravidão.
Marie Gouze opou-se abertamente
a Robespierre. Denunciada como uma mulher “desnaturada”, foi guilhotinada em
1793
- Zoya Kosmodemyanskaya (“Tanya”), voluntária numa unidade
partizan (guerrilheira) de inteligência da Frente Ocidental, no advento da II Guerra
Mundial. Tinha como serviço actuar atrás das linhas inimigas, os alemães, e era-lhe
exigido saber saltar de para-quedas, actividade de muito risco naquela época.
"Tanya", frente à forca, vestida em trapos e
com uma placa pendurada ao pescoço, fez um discurso apelando aos soldados
alemães que se entregassem porque a “União Soviética é invencível e não será
vencida”, ” Atrás de mim, camaradas virão”
Depois o corpo foi colocado na neve, esquartejado,
fotografado e abandonado durante semanas para exposição.
(As mulheres que não existem)
- Carolina Beatriz
Ângelo nasceu na Guarda em Abril de 1878, onde frequentou Liceu. Em 1902 formou-se em medicina, em Lisboa e tornou-se a primeira médica portuguesa a operar no
Hospital de São José. Casou com o primo e activista republicano, Januário
Barreto e destacou-se como militante da Liga Republicana das Mulheres, foi
fundadora e presidente da Associação de Propaganda Feminista e distinguiu-se
como militante da Liga Republicana das Mulheres.
O seu voto para as eleições da Assembleia Constituinte, em 28 de
Maio de 1911, resultou do facto de ter invocando em tribunal o
direito de ser considerada a “chefe de família”, tornando-se a assim primeira
mulher a votar no país.
Porém, para evitar que
o exemplo pudesse ser repetido, a lei foi alterada no ano seguinte, com a
especificação de que apenas os chefes de família do sexo masculino poderiam
votar…
- Em quem votaria hoje, Carolina?`
Da esquerda à direita, todos os partidos são corruptos e ninguém prescinde de regalias.
De acordo com a lei do
Financiamento dos Partidos Políticos e das Campanhas Eleitorais - Lei n.º
19/2003, as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei 287/2003, a Declaração de
Rectificação nº 4/2004, mais a Lei nº 64-A/2008 e a Lei nº 55/2010, cada voto
expresso vale para os partidos políticos 1/135 do salário mínimo nacional por
cada ano de legislatura (4). Mesmo no caso dos votos em branco ou nulos. Depois,
esse valor é distribuído por todos os partidos concorrentes às eleições.
Portanto só a abstenção é que não lhes dá qualquer
quantia.
Será que valeu a pena?
Imagens