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sábado, 8 de março de 2014

OITO DE MARÇO - DIA DA MULHER





Sempre achei que a existência de um dia para comemorar as mulheres continuaria a ser discriminatório, apesar de recordar a longa luta pelo reconhecimento dos seus direitos.
Porque não um Dia Internacional do Homem? Há-de haver um qualquer motivo que o justifique!
E não é que há mesmo? Descobri agora na Wiquipédia. 
Celebra-se a 19 de Novembro, desde 1999 e tenho quase a certeza de que a maioria dos homens também desconhece. Como por ex., o idiota e presunçoso que fez este comentário:
- "A diferença, cara menina, é que o dia internacional do homem seria imediatamente rejeitado. O homem é a medida de todas as coisas"
Homem


 A ideia foi do Dr. Jerome Teelucksingh em Trinidad e Tobago e as comemorações são apoiadas pela ONU e por vários grupos de defesa dos direitos masculinos da América do Norte, Europa, África e Ásia.
Tem como objectivo combater o sexismo e, simultaneamente, comemorar conquistas e contribuições na comunidade, nas famílias, no casamento e na formação dos filhos.

Pois se o homem e a mulher são iguais enquanto pessoas e complementares enquanto homem e mulher, embora com características anatómicas e comportamentais diferentes (mas não superiores ou inferiores), faz todo o sentido.
Muitos ainda defendem que o homem apareceu primeiro e a mulher depois, duma parte dele (costela). Logo…
Bem, de acordo com o Biologia, se seis semanas após a concepção o cromossoma Y não desencadear uma determinada proteína, será gerado automaticamente um feto feminino (Pinel, 2005) … Ironia?

Certo, é que a mulher vivia uma condição legal limitada e sem direitos políticos devido à supremacia masculina baseada, também, na dita interpretação bíblica.

As primeiras obras de caráter feminista surgiram no século XVIII - Mary Wollstonecraft, autora do livro "Em Defesa dos Direitos das Mulheres" 1792, entre outras.



Com a Revolução Francesa em 1789, as mulheres passaram a actuar na sociedade de forma mais significativa, reivindicando melhoria nas condições de vida e de trabalho, maior participação política, acesso à instrução e à igualdade de direitos entre os sexos.

Em 1897, a educadora britânica Millicent Fawcett, deu início ao movimento sufragista com a fundação da União Nacional pelo Sufrágio Feminino, no contexto da urbanização e industrialização do século XIX. 
E o primeiro país a reconhecer o direito de voto às mulheres foi a Nova Zelândia, em 1893

A Revolução Industrial aumentou significativamente o número de mulheres empregadas nas fábricas, mas com salários muito mais baixos do que os homens. A partir desse momento o feminismo fortificou-se como um aliado do movimento operário, em busca de melhorias trabalhistas

Para a conquista dos direitos das mulheres contribuíram as greves de 1857 e 1911 em New York.
Em 1917 com a entrada da Rússia na 1ª Guerra Mundial, as mulheres russas também fortaleceram os protestos nas ruas contra a fome e os baixos salários.
Segundo a versão mais conhecida, a data do Dia Internacional da Mulher é uma homenagem às 129 operárias que teriam sido queimadas vivas em 1857 num incêndio ocorrido numa fábrica têxtil de New York, Estados Unidos.

                          EUA -1910                          Março de 1911 - morreram 147 trabalhadores

Operárias russas, 1917

Porém, em 1982 as pesquisadoras francesas Liliane Kandel e Françoise Picq assim como a canadiana Renée Côté, demonstraram que a famosa greve feminina de 1857 nunca existiu. É um mito que terá surgido na confusão das greves de 1910, de 1911 nos EUA (morreram 146 pessoas -mais de 100 mulheres - num incêndio na fábrica Triangle Shirtwaist Company) e de 1917 na Rússia, por motivos históricos políticos, ideológicos e psicológicos.

Existe um boletim de 1966 que apareceu em Berlim, na ainda República Democrática Alemã onde se fixou a data do 8 de março, devido a esta greve.


O dia 8 de Março foi proposto pela activista alemã Clara Zetkin durante a II Conferência Internacional das Mulheres, realizada na Dinamarca em 1910. 

De então para cá o movimento, oficializado em 1977 pela ONU como “Dia Internacional da Mulher, tem tomado forma tanto em Portugal como no resto do mundo e é um marco na história contemporânea que reafirma todas as metas alcançadas pelas mulheres ao longo dos anos.

Destaco apenas mais algumas das muitas mulheres que lutaram pelo reconhecimento dos seus direitos:


- Marie Gouze (1748-1793), filha de um açougueiro do Sul da França, que adoptou o nome de Olympe de Gouges para assinar panfletos e petições em várias frentes de luta, inclusive pelo fim da escravidão.
Marie Gouze opou-se abertamente a Robespierre. Denunciada como uma mulher “desnaturada”, foi guilhotinada em 1793

- Zoya Kosmodemyanskaya (“Tanya”), voluntária numa unidade partizan (guerrilheira) de inteligência da Frente Ocidental, no advento da II Guerra Mundial. Tinha como serviço actuar atrás das linhas inimigas, os alemães, e era-lhe exigido saber saltar de para-quedas, actividade de muito risco naquela época.



"Tanya", frente à forca, vestida em trapos e com uma placa pendurada ao pescoço, fez um discurso apelando aos soldados alemães que se entregassem porque a “União Soviética é invencível e não será vencida”, ” Atrás de mim, camaradas virão”
Depois o corpo foi colocado na neve, esquartejado, fotografado e abandonado durante semanas para exposição.

(As mulheres que não existem)

- Carolina Beatriz Ângelo nasceu na Guarda em Abril de 1878, onde frequentou Liceu. Em 1902 formou-se em medicina, em Lisboa e tornou-se a primeira médica portuguesa a operar no Hospital de São José. Casou com o primo e activista republicano, Januário Barreto e destacou-se como militante da Liga Republicana das Mulheres, foi fundadora e presidente da Associação de Propaganda Feminista e distinguiu-se como militante da Liga Republicana das Mulheres.
O seu voto para as eleições da Assembleia Constituinte, em 28 de Maio de 1911, resultou do facto de ter invocando em tribunal o direito de ser considerada a “chefe de família”, tornando-se a assim primeira mulher a votar no país.
Porém, para evitar que o exemplo pudesse ser repetido, a lei foi alterada no ano seguinte, com a especificação de que apenas os chefes de família do sexo masculino poderiam votar…

- Em quem votaria hoje, Carolina?`

Da esquerda à direita, todos os partidos são corruptos e ninguém prescinde de regalias.
De acordo com a lei do Financiamento dos Partidos Políticos e das Campanhas Eleitorais - Lei n.º 19/2003, as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei 287/2003, a Declaração de Rectificação nº 4/2004, mais a Lei nº 64-A/2008 e a Lei nº 55/2010, cada voto expresso vale para os partidos políticos 1/135 do salário mínimo nacional por cada ano de legislatura (4). Mesmo no caso dos votos em branco ou nulos. Depois, esse valor é distribuído por todos os partidos concorrentes às eleições.
Portanto só a abstenção é que não lhes dá qualquer quantia.

Será que valeu a pena?



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