Número total de visualizações de páginas

quinta-feira, 12 de junho de 2014

FESTIVIDADES DE SANTO ANTÓNIO DE LISBOA



Como filha adoptiva de Lisboa desde os 17 anos, não quero deixar passar as Festas de Lisboa sem, pelo menos, as referenciar aqui, dando uma ênfase especial às festividades de Santo António, parte essencial.

No dia 13 de Junho, todos os anos se reúnem milhares de pessoas no adro da Igreja de Santo António, para participar na procissão em honra do santo padroeiro da cidade. Durante a tarde, o povo de Lisboa e muitos peregrinos de todo o mundo sobretudo de Itália, Espanha, França, Brasil e África percorrem a pé as freguesias do bairro de Alfama até à Sé de Lisboa


Ao longo do percurso, imagens de outros Santos de capelas do Bairro vão sendo incorporados numa procissão que chega a ter vários quilómetros


Tradições das Festas de Santo António, em Lisboa

Manjericos, versos e quadras, bandeirolas, sardinhas e febras assadas, broa, pimentos, caldo verde, vinho tinto e arraiais populares são os ingredientes mais comuns.



Uma das principais tradições é um evento organizado pela Câmara Municipal de Lisboa que contempla a celebração de 16 casamentos, através do regime religioso ou civil.

Foto de 2014

As festas começam na noite do dia 12 de Junho com as marchas populares, um desfile onde os diferentes bairros de Lisboa disputam a melhor marcha descendo a Avenida da Liberdade e que termina com fogo-de-artifício 




Mas serão algumas particularidades menos populares do Santo que hoje quero destacar.



Santo António de Lisboa (c. 1195-1231), formado em Santa Cruz de Coimbra pela “escola” de S. Teotónio, foi o primeiro Doutor da Igreja da Ordem dos Frades Menores e simboliza no triângulo bem conhecido – teólogo de cátedra, pregador de púlpito e missionário no mundo – o espírito de abertura e de compreensão, que está presente na identificação da nossa cultura.
Segundo Jaime Cortesão, o franciscanismo construiu a mística dos Descobrimentos “eliminando a contradição inibitória que existia entre as necessidades económicas e os postulados da religião”
Papa Francisco deu uma nova projeção ao «Poverello» (espírito de Assis), influente decisivo na construção dessa mesma cultura - O Papa jesuíta explicou aos cardeais que escolheu o nome de Francisco em honra a São Francisco de Assis, e não São Francisco Xavier.
E se nos gerámos nessa convergência rica e singularíssima entre o Atlântico e o Mediterrâneo, não podemos esquecer a simbiose mística cantada por Frei Agostinho da Cruz:
 “Daqui mais saudoso o sol se parte; Daqui muito mais claro e mais dourado. Pelos montes, nascendo, se reparte”.
Do que se tratava era de ligar o “saber de experiências feito” aos sentimentos, numa lírica “repassada de ternura e piedade”, bem explícito em Antero de Quental, Jaime Magalhães de Lima, Camões, Francisco de Portugal, Jerónimo Baía, Francisco Manuel de Melo, Padre António Vieira, Garrett, Herculano, Eça de Queirós, Afonso Lopes Vieira, Teixeira de Pascoaes (“São Francisco de Assis falava outrora, aos animais, às flores, triste e só…”)
E até Fernando pessoa nos fala do Santo em “Prece”( “Senhor, protege-me e ampara-me. Dá-me que eu me sinta teu. Senhor livra-me de mim”…)
Franciscanismo está no nosso código genético ao partir da consideração do primado da pessoa humana, da valorização da hospitalidade e da entreajuda comunitária e do espírito de disponibilidade para o que é diferente.
E, como salientou, Agostinho da Silva, o mundo que o português criou corresponde a uma síntese onde tudo se encontra: o sonho, a descoberta, a aventura, a cordialidade, o desafio, a incerteza, a disponibilidade, o diálogo, a diferença, a natureza… obra de franciscanos, para quem “Cristo era irmão dos humildes; e a Virgem, a Mãe misericordiosa dos homens”.
(síntese extraida dum texto do Dr. Guilherme d’Oliveira Martins)


Padroeiro de Portugal e de Lisboa é também considerado padroeiro dos amputados, dos animais, dos estéreis, barqueiros, idosos, grávidas, pescadores, agricultores, viajantes e marinheiros; dos cavalos e burros; dos pobres e dos oprimidos.

Perto da Sé Patriarcal de Lisboa encontram-se os espaços mais importantes de homenagem - o Museu e a Igreja Antoniana.

Museu
Igreja de Santo António - Altar

Sendo um dos vultos que mais olhares artísticos mundiais reúne com destaque para Portugal, onde nasceu e Itália, onde morreu,o  museu monográfico, dedicado à sua vida e veneração exibe, em exposição permanente, objectos litúrgicos, gravuras, pinturas, cerâmicas e objectos de devoção alusivos.



Presentemente e até 30 de Junho, a "A Arte da Terra", expõe "Santo António, de braço dado com...a Arte". 
Dela fazem parte centenas de obras da autoria de artesãos, escultores e designers - Muitos Antónios numa exposição sobre um único, Santo António de Lisboa: Santo António cozinheiro, de bicicleta, lambreta, ferrari ou nos "lisboetas" meios de transporte, eléctrico, segway, ou go go car.



Para ver a exposição, entrar em "A Arte da Terra", na Rua Augusto Rosa, nº 40, ao lado da Catedral, aberta todos os dias das 11 h ás 20 h


Imagens Google

Sem comentários:

Enviar um comentário