1998, 22 de Maio - 30 de Setembro
Lisboa estava em festa
permanente. E, através de uma diversidade de meios, toda a sociedade
portuguesa.
Portugal viveu os dias mais dilatados da sua
História.
"Esta é a ventura
da conquista dos mares e do conhecimento da Terra. Dois medos e dos sonhos, dos
mitos e das grandes realizações do Homem. Esta é também a história de
todas as viagens, desde a aventura de Vasco da Gama, unindo pela primeira vez
continentes povos e culturas, numa espantosa revolução que abriu o mundo e
permitiu a comunicação à escala planetária, transformando o espaço oceânico num
património de toda a Humanidade."
A EXPO'98
Foi há 17 anos que, para comemorar os 500 anos dos
Descobrimentos Portugueses (séculos XV e XVI) com o tema “Os oceanos: um
património para o futuro”, se realizou o evento que colocou Portugal no centro
do mundo - A Exposição Mundial de Lisboa.
.
Filme de abertura, com o logotipo da Expo’98, representando o mar e o sol
Na abertura oficial de
cada um dos dias da Expo’98 havia três músicas que se faziam ouvir nos actos
protocolares, na presença das mais altas figuras do Estado - o hino de
Portugal, país-anfitrião, o hino do país convidado e o hino da Exposição,
“Pangea” (da autoria de Nuno Rebelo em 1996, com o nome do supercontinente
pré-histórico de onde derivaram os actuais), um “caleidoscópio de sonoridades
que entrecruza guitarras portuguesas e uma base sinfónica de cariz épico”
O autor teve em mente
alguns pressupostos - "a música deveria refletir a diversidade cultural do
planeta, ser inspirada nos oceanos, ser épica e conter elementos melódicos
facilmente reconhecíveis”.
A Expo´98 foi uma paixão vivida
em ambiente totalmente festivo.
O país desenvolvia e convergia com o
resto da UE, o poder de compra aumentava e ainda nos era permitido sonhar.
Pioneira de design para grandes projetos de arquitetura, engenharia e construção, a EXPO'98 transformou-se num caso de estudo internacional na área do desenho assistido por computador (CAD). É já um «case study» destacado por um trabalho de reportagem intitulado “A Tale of Two Cities” publicado na edição de Junho de 1999, da Computer Graphics World (volume 22, nº 6).
Pioneira de design para grandes projetos de arquitetura, engenharia e construção, a EXPO'98 transformou-se num caso de estudo internacional na área do desenho assistido por computador (CAD). É já um «case study» destacado por um trabalho de reportagem intitulado “A Tale of Two Cities” publicado na edição de Junho de 1999, da Computer Graphics World (volume 22, nº 6).
O Vídeo Oficial da
Expo'98, a última exposição mundial do século XX, realizada em Lisboa, com
imagens captadas pelas equipes da produtora ARVITEC durante os quatro anos de
realização das obras.
A construção do recinto revolucionou completamente
aquela zona. .
Dela fizeram parte:
- Pavilhões temáticos do Futuro (Casino Lisboa),
da Realidade Virtual (já demolido), da Utopia
(mudou o nome para Atlântico, um dos mais modernos e maiores da Europa para
receber eventos), de Portugal ("ex-libris"
da engenharia e da arquitectura moderna, recentemente propriedade da Universidade de Lisboa), do
Conhecimento dos Mares (Museu da Ciência), dos
Oceanos, do Território, da Água e o de
Exibição Náutica
- Outros pavilhões de entidades convidadas e
patrocinadores (o da Shell com uma magnífica colecção de conchas ou o da Coca-Cola
com a arte associada às embalagens) e os dos Açores, da Guiné-Bissau, de
Macau e da Madeira
- Zonas internacionais, Norte e Sul (os vários
pavilhões dos países representados davam uma visão das nações espalhadas pelo mundo)
- Módulos postos gratuitamente à disposição dos
participantes com posterior aproveitamento pela Feira Internacional de Lisboa
- Oceanário de Lisboa ("joia da coroa”), o maior
e mais moderno aquário do Mundo (visitado por mais de 12 milhões de pessoas
desde a inauguração).
- Um complexo de
transportes com metropolitano e ligações ferroviárias à grande
plataforma intermodal de transporte coletivo para a EXPO '98, a Gare do Oriente
- Vila EXPO destinada a acolher funcionários e participantes internacionais
- Recinto para conter o
maior número de participantes, a Praça Sony
- Teatro Camões
- Torre Vasco da Gama, que
acolheu o pavilhão da Comissão Europeia
- Teleférico
- Marina, no local do antigo
aeroporto marítimo-fluvial que, por estar assoreada, está sem funcionar:
- O Edifício Nau, junto à marina, onde estiveram
abertos restaurantes famosos como o Peter´s e o Nobre.
- A Zona da exibição náutica, por onde passaram
centenas de embarcações de várias partes do mundo. E, permanentemente, a
Fragata D. Fernando e Glória, visitada por mais de 1,3 milhões de pessoas.
- Os famosos vulcões de
água, cenário de milhões de fotografias durante o tempo da Expo´98
- No âmbito da Expo, também a Ponte Vasco da Gama (à data, a
maior da Europa), com mais de 13 km a unir Norte e Sul pelo Montijo e uma
nova linha de metro com sete estações.
O leque alargado de participação de diversos países, culturas e povos distintos constituiu "um dos aspectos mais relevante do evento ao permitir a comunicação à escala mundial num espaço pequeno, unificada pela dimensão dos oceanos."
Filme de animação (contribuição da Iniziomedia) com imagens em 3D, exibido no Pavilhão de Portugal, visto por um milhão de pessoas.
"A Viagem”, é uma evocação da chegada, no século XVI, dos missionários portugueses ao Japão, país até então completamente fechado ao resto do mundo. Os biombos japoneses e a arte Namban serviram de inspiração à estética do filme
O espaço físico da
exposição, projectado na dupla perspectiva de ser um lugar para um
acontecimento transiório e de articulação a com a reabilitação urbana, foi projectado para a
circulação pedonal e baseou-se em três ideias - chave:
- Estrutura
urbana facilmente memorizável pelos visitantes
- Ligação
forte ao tema da exposição, atraves de jogos de água, fontes e lagos integrados nas
ruas e alamedas do recinto
- Imagem
articulada para toda a exposição e integrada numa linha de harmonia e de lógica.
O recinto tinha dois eixos - um, na direcção norte/sul, onde se localizavam as Portas do Norte e do
Mar e outro na
direcção nascente/poente, com as Portas do Sol ( actual
Centro Vasco de Gama ) e do Tejo (porta ribeirinha) nos extremos.
0s pavilhões e as
áreas temáticas (área de exibição náutica com embarcações representando
momentos históricos da relação do homem, como os Oceanos, a área dos jardins da
água com várias formas de utilização da água, os jardins Garcia da Orta com as
plantas que havia nos lugares percorridos pelos portugueses nas suas viagens e todos
os outros, eram subordinados à temática geral da exposição
Houve 15 Espaços
Cénicos:
Fado; Jazz e World
Music; Música dos PALOP e Brasil; “Sentir os Povos” (e. g: Cultura Cigana e
América Latina); Generalista; Música Alternativa Portuguesa; Grupos corais e
foclóricos, bandas e orquestras, Dança tradicional e contemporânea; grandes
espectáculos de música, Teatro, moda, dança e concertos multiétnicos; Música
Pop e Rock; Grandes Orquestras; Ópera;
Área aberta -Teatro;
Jardim de Timor - Rede
Escolas;
Módulo Flutuante -Teatro e Música;
Pavilhão Atlântico - Utopia;
Quando em pequenos grupos, enquanto uns esperavam em filas de horas pela entrada num determinado pavilhão (sentados, bastantes, em cadeiras transportadas de casa) e outros deambulavam pelo recinto, ouviam-se conversas ao telemóvel entre eles como se realmente estivessem viajando:
- Acabei mesmo de chegar a Macau; de seguida vou ao Canadá…
Foram emitidos bilhetes de um dia (5.000 escudos/25 €), 3 dias (12.500 escudos), diários apenas para parte da noite (2.500 escudos) e um passe livre de 3 meses de acesso ilimitado (50.000 escudos).
Alguns meses antes da exposição, a Swatch lançou o modelo Adamastor, que tinha um chip carregado com um bilhete de um dia. Bastava encostar o relógio ao sensor presente.
Conseguir preencher o “passaporte” com o carimbo de todos os países, era uma das minhas “pacientes” finalidades, aproveitando a entrada para “rever” países já conhecidos, adquirir conhecimentos sobre outros ou familiariazar-me com novas tecnologias.
Andar pelo recinto para admirar a arquitectura dum pavilhão, observar um determinado ou ocasional espectáculo, os banhos nas bolas de água cuspidas pelos vulcões simulados, (devido ao muito calor havia sempre pessoas a refrescar-se) e a Peregrinação, conviver, captar imagens, fazia parte dos meus programas pela expo assim como de alguns familiares.
Peregrinação - Era um desfile de rua que começava ao pôr-do-sol, formado por 11 máquinas de peregrinar, acompanhadas por outras mais pequenas, os peregrimóveis. O espectáculo durava 1h30 e terminava junto ao rio, com o aparecimento do Rhinocéros, besta mecânica animada por 19 artistas.
Na restauração, mais
do que a decoração e o ambiente, eram as ementas que atraiam. Lembro-me de
ter comido a melhor feijoada brasileira e um delicioso pernil mexicano.
Mas a gastronomia
melhor acompanhada foi a filipina – os próprios empregados de mesa, após
servirem as refeições, tocavam e cantavam para os presentes.
A mascote Gil (em homenagem a Gil Eanes) foi inventada por um estudante do ciclo, num
concurso de escolas de todo o país
Houve cerca de 11 milhões de visitantes
Os espectáculos na Praça Sony eram diários, com imagens fantásticas projectadas no écran gigante do Aquamatrix, em forma de ovo.
As sessões de teatro, circo e dança
sucediam-se.
Estiveram presentes milhares de
jornalistas estrangeiros.
E também os réis da Bélgica; o
príncipe herdeiro de Marrocos; o príncipe Aga Khan; os
presidentes do Brasil, Cabo Verde, Alemanha, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau
e Comissão Europeia; os primeiros-ministros da Namíbia, Costa do Marfim e
Angola; o rei Juan Carlos e a Rainha
Sofia; os Grão-Duques do Luxemburgo.
Houve pessoas que, como eu,
“corriam” diariamente para lá.
Filas e mais filas, horas e horas de espera, muito cansaço, muitas dores de pernas, muita sorte por ter tido a oportunidade de ter participado no que eu classifico de mais indescritível e mágico evento português do século XX.
Filas e mais filas, horas e horas de espera, muito cansaço, muitas dores de pernas, muita sorte por ter tido a oportunidade de ter participado no que eu classifico de mais indescritível e mágico evento português do século XX.
Muita gente nunca teria a possibilidade
de ver tanto mundo.
E num só espaço.
Contribuiu, por certo, para ajudar
Portugal a situar-se melhor como destino turístico não só de sol e mar, mas
também na moda.
Cantou-se o Hino com mais de
200. 000 pessoas ao lado. Emocionante. Muitas choravam. Outras sentiam
orgulho em ser portuguesas!
Tudo parecia perfeito.
QUEM NÃO TEM SAUDADES DESTE PORTUGAL?
Foi algo de extraordinário,esta EXPO!
ResponderEliminarEu vivi e trabalhei durante alguns anos,como sabes, perto dessa zona,antes desta maravilhosa intervenção.
Depois,também quisemos ver,in loco,aquela mudança e, então,instalámos-nos num hotel dentro do parque da EXPO,durante alguns dias.
Havia filas indetermináveis para visitar alguns pavilhões!
Experiência única,sem dúvida!
Todos queriam ver!
Beijinhos
Sim, uma das melhores exposições, com programação cultural de inegável qualidade e dimensão internacional, ainda bem patente no Oceanário, apesar das badaladas derrapagens financeiras.
ResponderEliminarAcho que foi uma oportunidade não aproveitada para Portugal afirmar o seu papel no mundo. A incompetência das elites actuais, feita de passividade sem estratégia, jamais será capaz de pensar que “É a Hora!" (Mensagem, de F. Pessoa).
Os mais capazes vão para fora…
Jinho