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quinta-feira, 24 de maio de 2012

COMBOIOS




Jorge Palma é um apaixonado pelo comboio e diz:

 “O comboio tem uma carga poética como nenhum outro meio de transporte; toda a gente gosta do som de um comboio à distância…O comboio é inspirador porque a paisagem está sempre a mudar”

Foi um romantismo idêntico ao dele que me conduziu ao tema de que me apetece tagarelar
Refiro-me sim, ao “conjunto de vagões ou carruagens engatadas umas nas outras e puxadas por locomotivas” do“ tempo em que os comboios tinham alma”.

A história mais recente fala da primeira viagem em comboio a vapor, em Fevereiro de 1804. 

Até então, os animais eram os meios de viagem e de transporte mais importantes. Só a partir daquela data é que passou a ser possível transportar grandes cargas mais rapidamente entre distâncias maiores.


 "Horse railway"                                         Tração animal na Austrália

Em 1769, Nicholas Cugnot, engenheiro militar francês, construiu em Paris, uma máquina a vapor para o transporte de munições. E o 1º acidente automobilístico da história aconteceu em 1771 com um carro movido por esta máquina, contra um muro de tijolos.

  Máquina a vapor de Nicholas Cugnot 

Richard Trevithick, engenheiro inglês, depois de várias tentativas fracassadas, inventou a locomotiva a vapor em 1804, associando duas invenções que tinham sido feitas anteriormente: os carris de ferro fundido, utlizados nas minas e um motor a vapor já com alguma potência. Colocou o motor nos carris e conseguiu mover a sua locomotiva a vapor, puxando 5 vagões com 10 toneladas de carga e 70 passageiros à velocidade de 8 Km/h, substituindo assim os cavalos que puxavam carros pesados de uma siderurgia para um canal


Trevithicks Dampfwagon, 1ª locomotiva a vapor - 1804

No entanto, o passo gigante para o desenvolvimento da locomotiva e por consequência do comboio, seria dado por George Stephenson, mecânico inglês nas minas de Killingworth que construiu a sua primeira locomotiva a que chamou Blucher, em 1814. Destinava-se ao transporte dos materiais da mina, puxando uma carga de 30 toneladas a 6 Km/h.
Locomotiva Blucher, 1814

Foi o "Pai dos Caminhos de Ferro britânicos" - com a sua primeira locomotiva ficou estabelecido um padrão adotado mundialmente

Em 1819 criou uma limha férria de oito milhas em Sunderland e em 1825, foi inaugurada a 1ª linha férrea pública do mundo.

Quatro anos mais tarde, , foi chamado a construir a linha férrea entre Liverpool e Manchester utilizando a nova locomotiva, batizada de Rocket, que tinha uma caldeira tubular inventada pelo engenheiro francês Marc Seguin e atingia a velocidade de 30 Km/h

     Stephenson`s rocket, a locomotiva da era industrial

Rota  Liverpool - Manchester, a primeira linha férrea, no verdadeiro sentido da palavra, 1naugurada em 1930

Com o desenvolvimento do motor a vapor foi possível dar início à expansão dos principais caminhos-de-ferro, de grande importância durante a Revolução Industrial.
As primeiras linhas férreas foram construídas na Inglaterra, Estado Unidos, Alemanha e Bélgica.

Toda a cartografia teve que ser alterada e os transportes terrestres sofreram um aumento significativo


A NÍVEL NACIONAL

A inauguração da primeira linha férrea foi só em 28 de Outubro de 1856, de Lisboa ao Carregado, com Dom Pedro V a bordo. 
O comboio era formado por duas locomotivas, “Coimbra” e “Portugal” e 16 carruagens

Fontes Pereira de Melo

1ª linha ferroviária , 1856                         "Inauguração" de  Roque Gameiro  

Viria portanto a ser na 2ª metade do séc. XIX que Portugal começou a modernizar-se com o contributo de Fontes Pereira de Melo, ministro das Obras Públicas, deixando de certo modo de estar isolado devido às más estradas e transportes antiquados, sob a supervisão de uma Companhia inglesa.
A recuperação das convulsões políticas e guerras civis ainda estava por fazer, tornando-se difícil ao País acompanhar a evolução em curso.

Quanto à inauguração da Linha não quero deixar de transcrever uma passagem do livro de memórias da Marquesa de Rio Maior (à data ainda criança) e que vem publicada em ”Viajando no Tempo…”, embora bem conhecida:

“Finalmente, avistámos ao longe um fumozinho branco, na frente de uma fita escura que lembrava uma serpente a avançar devagarinho. Era o comboio? Quando se aproximou, vimos que trazia menos carruagens do que supúnhamos. O comboio parou por um momento na estação, de onde se ergueram girândolas estrondosas de foguetes (...).Só no dia seguinte ouvimos o meu pai contar as várias peripécias dessa jornada de inauguração. A máquina (...) não tinha força para puxar todas as carruagens que lhe atrelaram; e fora-as largando pelo caminho. Creio que se o Carregado fosse mais longe e a manter-se uma tal proporção, chegava lá a máquina sozinha ou parte dela. (...) Meu pai passou para a carruagem real, na qual chegou ao Carregado, onde assistiu aos festejos e comeu lautamente, porque o banquete era farto ".

Com esta inauguração, a máquina a vapor substituiu as faluas do Tejo e, gradualmente, os serviços regulares das carreiras da mala-posta.

Navegação no Tejo                                            Mala-Posta

A primeira carreira regular da Mala-Posta em Portugal confere ao Carregado o lugar da mais importante estação de apoio aos serviços regulares desta carreira entre Lisboa e Caldas da Rainha, que funcionou diariamente entre 1758 e 1855 


                   
Máquina do comboio de Dom Manuel II

Depois, com o avanço da tecnologia, os comboios eléctricos movidos a diesel substituíram os comboios a vapor.

E na década de 60 surgiu o comboio de alta velocidade, tornando este tipo de transporte cada vez mais rápido e acessível.

Alfa Pendular, na Estação do Oriente

COMBOIOS da LINHA da BEIRA ALTA






Em 3 de Agosto de 1882 foi inaugurada a Linha da Beira Alta, entre a Figueira da Foz e Vilar Formoso.







“A concessão da Linha da Beira Alta foi atribuída à Société Financiére de Paris, pelo contrato de 3.08.1878 (Pampilhosa à Fronteira e Ramal de Coimbra).
Esta fundou uma sociedade anónima, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses da Beira Alta, cujos Estatutos foram aprovados pelo alvará de 08.01.1879
Em 03.09.1879 foi aprovado o novo contrato com a Companhia da Beira Alta, para construção e exploração do CF de Pampilhosa à Figueira da Foz -

Contrato entre o Governo e o “Sindicato Portuense” para a construção da linha férrea de Salamanca a Barca d’Alva e Salamanca a Vilar Formoso.”


Esta ligação foi discutida pela 1ª vez numa proposta parlamentar em 1874, dada a importância da rede ferroviária portuguesa, dos pontos de vista nacional e internacional.
Depois de feitas e recusadas várias propostas, no concurso aberto pela Lei de 23 de março de 1878, foi então lavrado um contrato no dia 3 de Agosto do mesmo ano, com a Société Financiére de Paris que fundou a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses da Beira Alta para construir e explorar a Linha.
Fês o troço entre Vilar Formoso e Pampilhosa mas desde o princípio que queria também prolongá-la até à Figueira da Foz devido ao seu porto marítimo. Porem, surgiram conflitos com a Companhia Real cabendo à Companhia da Beira Alta ligar a Figueira da Foz a Vilar Formoso no ano de 1882.

A sua abertura ajudou ao progresso de toda a região por onde passava. E a Figueira da Foz passou a cidade, atraindo os beirões para as praias.

Linha da Beira Alta                                      Estação da Figueira da Foz

 Estação de Vilar Formoso
Primeiro percurso turístico na Beira Alta

Entre os anos de 1895 e 1900, o Sud Express foi realizado pela Linha da Beira Alta


Sud Express: O 1º Sud Express entre Lisboa e Paris,1896 


“O sal, que antes era transportado em carros puxados por mulas durante vários dias e em pequena quantidade, passou a vir em tempo, assim como o peixe fresco para abastecer os comerciantes da região da raia
Vilar Formoso tornou-se a principal fronteira seca do país e porta de ligação com a Europa. O Sud-Express, comboio de luxo para a época, inaugurado em Julho de 1895 com carruagens-cama e restaurante, veio facilitar e tornar muito confortáveis as deslocações a Lisboa e a Paris.
A única estação da linha da Beira Alta no concelho do Sabugal era e é a Cerdeira Para lá, transportavam-se semanalmente batatas e outros produtos, em carros de bois vindos do Soito e de outros lugares vizinhos.
Durante dezenas de anos o Sud-Express chegava de Lisboa a Vilar Formoso por volta das 20 horas, a uma velocidade média de 80 Km/hora, puxado ainda por uma máquina a vapor.
Paravam também em Vilar Formoso, o comboio-correio e o chamado ‘Trama» com paragem em todas as estações e apeadeiros.
Nas estações passou a haver telégrafo e o de Vilar Formoso, desde os finais do Século XIX a princípios do XX funcionava das 7 horas às 17 horas.
Alugavam-se mantas de viagem e almofadas e junto das estações havia diligências e trens de aluguer, puxados por cavalos para levar os passageiros às povoações vizinhas da linha.
A história de Vilar Formoso enriqueceu extraordinariamente com o caminho-de-ferro e é um desafio e uma surpresa para os historiadores”
Nos últimos 30 anos, tem-se assistido ao encerramento da quase totalidade das linhas de via reduzida e encerramento de apeadeiros e estações, outrora de grande movimento e substituídas por camionagem
Nem as potencialidades turísticas de muitos desses trajetos e povoações, foram aproveitadas”.
Publicado em «Terras entre Côa e Raia»

                                                                                      Interior do Allen- anos 60

CERDEIRA


Sobre ela dizia Joaquim Manuel Correia*, em 1946:
“É situada esta pitoresca e mimosa povoação na margem esquerda do rio Noemi, sobre o qual se lança uma comprida e antiquíssima ponte, de 5 arcos, solidamente construída de dura cantaria granítica, a qual liga a antiga povoação ao bairro moderno, edificado depois da construção da linha férrea da Beira Alta, aumentando de ano para ano e estendendo-se desde a estação até ao viaduto e dali subindo pela estrada que liga esta freguesia às Termas do Cró (1945) …
 A construção da linha férrea levou o progresso e riqueza à Cerdeira, que vai crescendo e progredindo consideravelmente, sendo já uma das mais importantes povoações do concelho.
Tem muitos estabelecimentos comerciais, farmácia (já teve duas), e escola para os dois sexos, instalada em um bom e vasto edifício, que foi mandado construir pelo Exmo. Sr. Dr. José Diniz da Fonseca e arrendado pela Empresa Construtora da referida linha, que o melhorou, dando no fim 40 libras e só depois disso foi apropriado para as escolas.
No bairro novo existem já bons estabelecimentos, perto da estação do caminho-de-ferro, que é uma das de maior movimento, servindo grande número de povoações dos concelhos do Sabugal e Almeida e algumas do da Guarda. No mesmo bairro há várias tabernas e casas de pasto.
É para a estação da Cerdeira que os lavradores da margem direita do Côa, na raia de Espanha, e muitos da margem direita pertencentes ao concelho do Sabugal, transportam o centeio, o feijão, o trigo, o milho e sobretudo a castanha e batata, que ali embarcam para diferentes pontos do país”

Quase no fim do percurso da linha da Beira Alta, fica a terra onde nasci e que, quando era garotinha, pensava que vivia numa grande “Vila” rodeada de aldeias e lugares.

Viam-se sempre pessoas a chegar ou a partir.
Vinham de terras próximas e distantes para frequentar a escola Primária e Secundária; consultar o médico no Posto de Saúde; comprar medicamentos na Farmácia Nave (já desaparecida) e na de S. Miguel; apanhar o COMBOIO para Vilar Formoso, Espanha, Guarda ou outros destinos; trazer os produtos cultivados a fim de serem comercializados e guardados nos vários armazéns da R. da Estação 

Outros vinham telefonar, enviar e receber encomendas aos CTT; ceifar, malhar, vindimar e pisar as uvas; deixar os filhos pequenos na Creche sob orientação (na altura) das Irmãs dos Servos de Jesus; alugar táxis; comprar ou arranjar relógios, à mercearia, serralharia, padaria, ao “comércio” de venda de tecidos, linhas, etc.

Havia sacerdote residente, pescaria de pequenos robalos no rio Noemi e trabalho para os que o procuravam junto das pessoas mais abastadas.
No intervalo dos negócios “beber um copo” com os amigos e saber das "notícias" do Jornal, era frequente.

E havia o Chefe da Estação que habitava o 1º andar e vendia muitos bilhetes. Os comboios tinham carruagens de 1ª, 2ª e 3ª classe (nesta, as galinhas em cestos, faziam parte dos passageiros). 
As amizades, nas frequentes viagens para Lisboa depois das férias, também aconteciam.

Um dos meus (nossos) lugares preferidos no verão para estudar, era na relva da margem do rio junto ao muro do Colégio, para ver passar os comboios cheios de turistas acenando as mãos do outro lado ou para contar os vagons de mercadorias.

Olhando para trás, acho que tinha mesmo motivos para considerar a Aldeia que o comboio ajudou a desenvolver, uma “grande Vila”.

Hoje nem sequer é mais uma grande aldeia comunitária porque os habitantes são poucos e quase todos forasteiros; ao quererem modernizá-la, estão destruindo o valoroso património de muitos séculos.

"O comboio vai a subir a serra
Parece que vai, mas não vai cair 
Sempre a assubiar vai de terra em terra
Como a perguntar onde eu quero ir"

Imagens Google

quinta-feira, 17 de maio de 2012

SOLILÓQUIO II


Há dias ocorreu-me fazer um monólogo acerca da minha obsessiva objecção sobre as diversas narrativas da História de Portugal face aos sucessivos comportamentos que a Nação, Pátria, Povo tem tido ao longo dos séculos.
Penso ter encontrado uma espécie de “bíblia” de investigação - pesquisa contínua - sobre o assunto.

Para os interessados que ainda desconheçam e queiram consultar temas como os que no fim destaco, fica a fonte:
Carlos.fontes@sapo.pt
Lusotopia - Folhas de História
Lusotopia.blogspot.pt
E mais…

Diz-se por ex., na “Linha Editorial” de  “A Lusotopia” que ela é um sonho difícil de concretizar mas que é também uma ambição legítima de todos os que acreditam em Portugal e, sobretudo dos que acreditam que Portugal tem hipóteses e soluções para alterar o RUMO dos acontecimentos.

Desde o Pioneirismo português em navegações e estudos náuticos à Emigração portuguesa no Mundo em toda a sua extensão e implicações ou à cosmovisão dos portugueses em lusotopia (cronológica e pormenorizada nos vários séculos), este blog é elucidativo e desperta a curiosidade:

Ao longo de quase seis (6) séculos muitos milhões de portugueses espalharam-se por todo o mundo…”; “No século XVI é o primeiro Estado global do mundo…” ; “Os cartógrafos enchiam os mapas do mundo com os símbolos de Portugal”;

“…tinha que deixar marcas profundas na cultura do povo…”

“O «destino» dos portugueses é agora bem terreno e depende em grande parte daquilo que eles próprios fizerem pelo País onde vivem. Terminou a época do «milagres» e dos «destinos providências».”

 Cristóvão Colombo, português?


.  


Portugueses Vitimas da Inquisição Espanhola
(1479 -1834)


O objetivo dos inquisidores era sempre o mesmo: combater a presença portuguesa na Espanha e seus domínios, apoderando-se dos seus bens. Milhares de famílias foram destroçadas e espoliadas

 Olivença: O Etnocídio Perfeito

                     Músicas que correram o Mundo

                                                                                  



 Uma Viagem pelo Mundo em Português-João Garcia no Tibete

   Imagens Google         

terça-feira, 15 de maio de 2012

SOLILÓQUIO I

                                                                                                                                                    
              Paleolítico Português - 5.000 anos

Os Portugueses, população sul europeia maioritariamente resultante de processos de povoamento paleolíticos, assim chamados desde 1095 quando a parte sul do Reino da Galiza se tornou independente (Condado Portucalense - Dom Henrique/Dona Teresa) e continuando a sê-lo no Reino de Portugal (1143, Dom Afonso Henriques), hoje o País mais antigo da Europa, quem são (somos?)

É uma pergunta que me faço às vezes e a que, também às vezes, não sei responder.
Sendo Portuguesa de Portugal que gosta do seu País como repetidamente tenho sublinhado - da Língua materna, dos vínculos afetivos, das raízes, do espaço geográfico, da gastronomia, dos costumes, do clima/sol/praias/paisagens, dos lugares para férias sem rival, da liberdade intelectual e física, do trato afável/ nobre/ hospitaleiro e franco do povo, de memórias/ comunidade de gerações, (exceptuando um acentuado individualismo), porquê conjecturar?

Acho que é na Memória da História que o pêndulo oscila.

Pois como simples cidadã curiosa não compreendo porque somos um povo sempre "adiado" na definição determinada do RUMO.
Ou será que segundo este pequeno número de apanhados (opiniões), alguns mais atuais do que outros, se vislumbra já um prelúdio?


1 António Barreto
"Ter um Constitição Socialista é um problema"..."é não só um entrave ao desenvolvimento e a reformas liberalizadoras..."
Porém, o responsável salienta que a população está “pelo menos a reagir, a reorganizar a sua vida para sobreviver e não se deixar abater”.



2- Profa. dra. Céu Neves 15 Dezembro 2008

Há 600 portugueses mais velhos que Manoel de Oliveira
“Portugal tem 589 pessoas com 100 ou mais anos registadas nos Censos de 2001: um homem para cinco mulheres. E, como a tendência é para o aumento da longevidade, é natural que em 2008 existam muitos mais. Nem todas continuam a trabalhar como Manoel de Oliveira, mas muitos são independentes e Portugal não está preparado para esta realidade, dizem os técnicos. O segredo está em "ser ativo e estimular o intelecto", não ser atirado para uma cadeira ou um sofá de um lar, verdadeiras antecâmaras da morte.”


3 - José Ribeiro Gonçalves, um dos administradores de insolvência em Portugal, na profissão desde 1994, nota que há três grandes perfis de pessoas que são arrastadas pelas dívidas para os tribunais. “Há os gerentes de empresas, que prestam avais pelos créditos dessas sociedades e que depois são executados. Há muitos casos associados a situações de desemprego, que causam um desequilíbrio entre as obrigações e os rendimentos. E também pessoas sem disciplina de consumo, que são seduzidas pelo crédito fácil”, disse, comentando o título “Tribunais portugueses declaram a falência de 30 pessoas por dia”

4- Raquel Almeida Correia
“Perderam o emprego. Investiram num negócio que correu mal. Entraram numa espiral desenfreada de consumo, acumulando créditos sobre créditos. Ou simplesmente adoeceram. Seja qual for o motivo, há cada vez mais famílias cercadas por dívidas em Portugal.”





5- Francisco Febrero
Com 15 anos celebrados em 2011, a ROFF é uma empresa portuguesa que dá cartas no exterior. Com uma faturação de 42 milhões no ano que agora encerrou e com perspetivas para continuar a crescer apesar da crise, é o maior fornecedor de software SAP em Portugal.
Vamos fechar o ano com perto de 42 milhões de euros em vendas. Em 2010, fechámos com 35.5 milhões de euros. Temos um crescimento bastante interessante. Este crescimento está a ser no mercado internacional, que é maior, mas também no mercado nacional. Atualmente, a faturação fora de Portugal ronda os 53 por cento e prevemos que os próximos anos sejam parecidos com este ano. A internacionalização é o caminho a seguir”

6- José Carlos Vasconcelos:
“ O Brasil é a grande obra dos portugueses
Na literatura, o Miguel Real acaba de publicar um livro sobre a nova ficção portuguesa… Mas, para mim, ao nível da ficção, os anos oitenta foram muito bons, com grandes escritores em que destacaria o José Cardoso Pires e o José Saramago

7- Professora universitária estuda a emigração portuguesa para o Luxemburgo
Fala-se muito dos problemas de aprendizagem na escola, é verdade. Mas também há pessoas que conseguiram fazer o seu caminho e estão bem e não se fala nisso. É preciso parar com os estereótipos, com a imagem de insucesso na escola, não ajuda nada. Fiz um trabalho sobre Fiolhoso, uma pequena aldeia no concelho de Murça, que é considerada a aldeia mais «luxemburguesa» de Portugal, onde as pessoas estão entre as primeiras a ir para o Luxemburgo e onde ainda há muita gente entre lá e cá.


8
- Profa.Dra.
Dulce Pimentel
TERRA DE MIGRAÇÕES - atlas de Portugal - A emigração
Os últimos trinta anos da sociedade portuguesa registaram, do ponto de vista dos movimentos migratórios, três acontecimentos marcantes. 
O primeiro foi a chegada, em poucos meses, de um intenso fluxo de mais de meio milhão de portugueses e de população de origem portuguesa, residente nas ex-colónias africanas (
retornados), em consequência do 25 de abril de 1974 e do subsequente processo de descolonização que lhe esteve diretamente associado.

O segundo acontecimento foi o regresso parcial de emigrantes; o terceiro foi a intensificação dos fluxos imigratórios, num país tradicionalmente de emigração


Imagens Google

domingo, 13 de maio de 2012

O FORNO COMUNITÁRIO NO PRETÉRITO




Na minha Aldeia, como em quase todas as freguesias da Beira Alta, ainda existe o Forno Público onde toda a comunidade cozia o pão.
É de construção sóbria, planta térrea, cobertura de duas águas ; a junção das pedras de granito com argamassa à base de cal e gesso, foi substituida, parece, por argamassa de cimento, tirando-lhe as caraterísticas de antiguidade e também a telha de cerâmica tem um aspeto diferente.
Fica num Largo no meio da povoação, sítio do Povo, com desnível do solo e escadas de acesso, chão interior térreo e a inscrição “Forno Comunitário” numa placa destacada do solo por um suporte. A porta, de tábuas largas e compridas envelhecidas pelo tempo, deu lugar a outra, metálica e de cor verde (!!!).
O forno em granito, embutido numa estrutura maciça tem uma só boca por onde entrava a lenha, se retiravam as cinzas e a seguir se introduzia o pão; nos lados ficam os tendais, em granito onde se colocava a masseira com a massa tendida. Junto à fachada exterior lateral esquerda, está o tanque do Forno onde também bebiam água (e devem beber ainda) os animais de grande porte. Muito perto dali, existe um fontanário público.

A sua utilização estava sujeita a regras estabelecidas que toda a comunidade devia respeitar para que ninguém se visse privado de comer um bem essencial.


A marcação da vez de cozer era feita “em roda”, pelas casas do aglomerado alternando-se entre si. Cada vizinho tinha obrigação de desamuar o forno, isto é, de o aquecer quando chegava o seu tempo, costume com razão de ser pelo trabalho e dispêndio de lenha se ficasse alguns dias sem cozer.
Apesar de não estar regulado por escrito o uso da adua, todos o respeitavam utilizando como sinal a colocação de um molho de lenha para indicar que o forno estava tomado.
Havia varredouros ou vasculhos de trapo, pá de ferro ou de madeira e arranhadouros, material necessário para espalhar as brasas, limpar o chão interior do forno, meter, virar e tirar o pão.



Era preciso, portanto, saber preparar e aquecer o forno, amassar, tender e  arrumar, ao colocar, virar e tirar o pão depois de cozido, mantendo sempre a temperatura elevada.
Giestas, lenha de freixo, amieiro e carvalho, serviam de combustível.

Quando se cozia o pão, aproveitava-se para assar batatas, cabrito ou borrego, fazer biscoitos de azeite e outros bolos, sobretudo na Páscoa.

Havia também o costume de pedir pão emprestado quando alguém precisava, a pagar logo que a fornada entrasse em casa. 
A amizade na aldeia era grande - convinha a quem faltava e agradava a quem emprestava porque o recebia quente.

No Inverno, o forno aquecido transformava a casa num lugar de permanência para conversar e conviver, além de servir de refúgio a alguns desagasalhados durante a noite.
Tal como  em tantas outras aldeias, o serviço comunitário foi caindo em desuso até que deixou de ser utilizado, quer porque as pessoas envelheciam e não conseguiam manter as regras, quer porque passou a poder comprar-se pão fresco, mais “macio” e branco, diariamente, na bem equipada padaria da Sra. Mariana “Espanhola”.

Conserva-se a casa, bem cuidada  mas diferente - descaracterizada  Eu não a reconheceria através das simples fotos.
Será sempre, no entanto, o reflexo histórico-cultural de uma época muito longa mas não distante.

Não sei de qualquer referência à data da construção do Forno mas como está numa povoação muito antiga, com foral dado por Dom Afonso III em 1253, quando este rei se “achava em Murça”, e o primeiro registo escrito que a ela se refere é de 1102, deduzo que será muito antigo também.

Porém, com os turistas a procurar os produtos típicos de cada região e de que o pão faz parte, só o de centeio amassado à mão e cozido em forno de lenha, poderá ser mandatário desse requisito se algum dia por lá passarem alguns curiosos…


Alguns exemplares de fornos da Beira Alta com paredes feitas de pedra sobre pedra sem liga de massa a uni-las e telhado de telha portuguesa em canudo.

sábado, 5 de maio de 2012

A FORTUNA DE PODER SER JARDINISTA


Pode dizer-se que a minha irmã M. P. é uma jardinista porque gosta de jardinagem. E, ao contrário de mim que também gosto, tem espaço para jardinar. Melhor, tem um pequeno terreno murado com casa de habitação onde cultiva um jardim a que eu chamo “selvagem” porque as plantas de adorno crescem, não para serem “modelo” mas para embelezar, expandindo-se em quase liberdade. Guarnecem os passeios, o gazão, a casota dos cães, a capoeira, o alpendre e até os vários gatos que, no verão, se deitam junto delas para se protegerem do sol. Quando chega a primavera, o jardim fica mais colorido e então, além de deleitar os olhos, aromatiza o olfato.
Sendo uma quintinha, vive nela como se fosse nas ”suas sete quintas”
É ali que, aliado o espaço exterior á enorme casa, se junta muitas vezes em épocas festivas e não só, a já numerosa família direta e outros que se queiram agregar.
Fazem ainda parte do ambiente os baloiços, o forno e os lugares cobertos para automóveis, quase tapados com gavinhas.
Mas a este acolhedor recanto acresce a vantagem de ficar situado na encosta, bem pertinho do aqueduto maneirista de Usseira (ou de Óbidos) com arcaria repartida em 3 troços numa extensão de (3? 6?) km, mandado construir por Catarina de Áustria, mulher de Dom João III.
E logo a escassas centenas de metros, num alto, fica a pequena vila de Óbidos, eleita "uma das 7 maravilhas portuguesas".  Medieval/árabe/renascentista/itálico-moderna que fez parte do dote de muitas Rainhas de Portugal, cuja área muralhada se mantém desde 1527.
A tradição do"presente Óbidos" teve início com Isabel de Aragão que de tão encantada ter ficado ao passar pelas muralhas medievais, disse a D. Dinis I (1261-1325) preferir a cidade em vez de uma coroa cravejada de jóias.
Ali há eventos permanentemente - Feira Internacional do chocolate, Festivais da Semana Santa, Mercado Medieval durante 2 semanas em julho recreando o espírito da Europa Medieval, exposições várias, música, etc., etc.). Oferce também bons produtos hortícolas, vinhos (a famosa ginjinha), turismo e uma adensada História - História que tem contribuido para que nas muitas e lindas igrejas, se realize  uma considerável quantidade de casamentos.


Ir tomar café em Óbidos e recrear-se:



quinta-feira, 3 de maio de 2012

TER COMO PROVENIÊNCIA


 Sou portuguesa. Vivo em Lisboa. Nasci entre vários pequenos montes.
Comecei a tentar descobrir algum mundo desde a minha autonomia regional e económica.
Porem, á medida que ia conhecendo cada nova Região/Pátria/Clima/País acabava sempre por gostar  mais deste meu espaço, excerto de uma obra literária, parte de uma obra musical, o País dos oceanos, com tesouros espalhados pela paisagem , Portugal
E Lisboa é mítica, fascinante. 
E a minha Aldeia era genuína, inocente, única.

A Rússia é  um Neptuno (?) ao lado do Portugal/ Sol.
Também já lá estive num cantinho, em São Petersburgo, quando passeei pelo Mar Báltico. É uma cidade linda, grande e muito “ocidental”; tem um Centro Histórico próprio de soberano e O Hermitage!


Mas porque estarei eu falando de Portugal e da Rússia? - Perguntará quem encontrar estas linhas.

Porque hoje escrevo particularmente para as pessoas que, algures na Grande Rússia, procuram palavras portuguesas e, entre elas, as minhas. Será que também são lusas e se sentem assim mais perto?
Acho que são dois países mais distantes no intervalo entre os dois pontos do que nos pontos comuns.
Já os Celtas o provaram, passando por cá e por lá. E segundo José Milhazes, jornalista e historiador português que vive na Rússia há 34 anos, António Manuel Vieira, foi o primeiro chefe do Departamento Geral de Polícia de S. Petersburgo na Corte de D. Pedro I; o médico e pensador António Ribeiro Sanches, salvou a vida da Czarina Catarina II; o poeta russo Alexandre Puskin, apaixonou-se por uma das filhas do 1º Cônsul-geral de Portugal, na Rússia, José Castelo Velho.
E diz ainda que “se pegarmos na romança russa (canção tradicional russa de caráter sentimental) La ehala dormoi (de regresso a casa) e for acompanhada por uma guitarra portuguesa em vez do piano, teremos o fado perfeito

Que mais poderei dizer para justificar este encontro de peças do tear?
Digo  Bog Dast em russo, porque é só isto que eu sei dizer e junto corpúsculos dos meus sítios mais vivenciados.