“A beleza dos Números”, era o
nome do e-mail que acabava de entrar no meu PC. Interessante, pensei, depois de
o ter lido. E optei logo por fazer uma interrupção nos planos do momento para explorar o tema um pouco mais.
Fiquei surpreendida com a associação da palavra beleza a tantas outras,
nem sempre simpáticas para, sobretudo, muitos estudantes. É o caso de a “beleza da Matemática”, a "Matemática da beleza", a "beleza nos resultados matemáticos", a
“beleza da Geometria”, a “beleza dos
Números Primos”, a “beleza do Número de Oiro”.
Porem, quem não odeia o assunto nem teve de superar um
bloqueio mental face aos métodos de
ensino quase sempre não adaptados ao funcionamento cognitivo de cada aluno, acaba mesmo por ficar do lado dos que gostam.
Na matemática cada capítulo é importante para compreender o próximo, ou seja, a matéria é cumulativa, exige revisão contínua dos conceitos leccionados em cada aula. Por outro lado, dá sempre jeito ter um bom raciocínio lógico, capacidade de dedução, uma certa intuição para perceber o enunciado de cada exercício e alguma criatividade . Mas se a forma de transmitir o conteúdo não for eficaz, nenhuma destas capacidades poderá contribuir plenamente para um melhor resultado.
O Homem Vitruviano, de Leonardo da Vinci é um manual de aplicação da beleza nas pinturas, nas esculturas e nos edifícios. As Villas Palladianas, o Duomo de Brunelleschi, as hipérboles de Gaudí, apresentam, todas, variações da constante real algébrica com o valor de 1,618, utilizada desde a Antiguidade. Encontra-se também na “Quinta Sinfonia de Beethoven, na obra de Debussy, nos traços de Mondrian, no Nascimento da Vénus de Botticelli, no Davi de Michelangelo, nas estrofes da Ilíada de Homero, no Pentâmetro iâmbico (descreve um determinado ritmo que as palavras estabelecem em cada verso) de Shakespeare. E no mundo natural das galáxias, nas espirais das conchas, nos ventos, pétalas, sementes e flores. Miguel Pinto de Magalhães em Archtrends Portobello
Mas não devo deixar de referenciar ainda Paul
Erdős (1913 – 1996), um matemático húngaro que apresentou e resolveu problemas
na teoria dos números e fundou o campo da matemática discreta.
"É como perguntar porque é bela a sinfonia de Beethoven. Se não vê porquê, ninguém poderá explicar-lhe. Sei que os números são belos. Se não são belos, então nada o é." (Erdös, cit in Hoffman)
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