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sexta-feira, 7 de agosto de 2015

ROQUE GAMEIRO - 3



Fez 80 anos no passado dia 5 de Agosto, um ano depois de ter sido nomeado Cidadão de Lisboa em 1934, que Alfredo Roque Gameiro morreu.

Relembrar o universo de uma pintura de delicada sensibilidade e intenso poder evocativo, captada directamente da natureza, é homenagear “solidez na arte e na vida”, características cada vez mais raras no mundo actual.
Como pintor aguarelista, desenhador litográfico e ilustrador de publicações que foi, com uma panóplia tão vasta de temas sobre espaço urbano, mundo rural, orla marítima, inserção da figura humana na paisagem, gentes e costumes, evocação histórica, diário gráfico, que “toques de pincel” escolher?

Talvez a Ilustração, onde foi uma figura relevante da época romântica-naturalista, mas cuja arte se encontra ainda numa listagem menos elaborada...
Em todo o seu trabalho, sobretudo nas obras de ficção, o artista procura localizar e estudar as características reais do espaço onde decorre a acção para melhor adaptar a imagem às descrições paisagísticas e dar às personagens o dinamismo e vida própria, através da exteriorização dos sentimentos e das emoções que o escritor concebeu.

Não sendo possível abranger os longos anos que dedicou à actividade de ilustrador de publicações em programas, capas de livros, livrinhos e edições especiais de Natal dos jornais O Século, Diário de Notícias e Comércio do Porto, desde os finais do século XIX, referirei apenas algumas das numerosas, variadíssimas e deliciosas ilustrações.

- Reconstituição de tipos populares ancestrais (Álbum de Costumes Portuguezes,1888), juntamente com Columbano, Malhoa, Rafael Bordalo Pinheiro e outros.
                                                       Roque Gameiro - Ilustração Portuguesa, 1909                                               
- Coordenação de todo o trabalho ilustrativo da 3.ª edição da História de Portugal, em conjunto com Manuel de Macedo e Alfredo Morais, editada no final do séc. XIX
Quadros da História de Portugal - 1932
«a obra de Pinheiro Chagas, apesar de brilhante, era de uma "apparencia tão mesquinha para assumpto de tamanha magnitude e para labor de tanto fôlego e de tão alto merito, que não podiam attrahir grandemente a attenção do público", pelo que era necessária a "historia commentada com a illustração; o episodio explicado pela aguarella reproduzindo a scena palpitante de vida". Para esse trabalho foi então convidado "um dos mais intelligentes e talentosos illustradores portuguezes, Roque Gameiro, que tão brilhantemente tem sabido desempenhar-se do commettimento que lhe foi confiado."»



- Direcção artística da extraordinária obra História da Colonização Portuguesa do Brasil de 1917 e 1924, respectivamente. 
Deslocou-se ao Brasil para, in loco, estudar o ambiente e recolher dados. 

Os precursores de Cabral
 Retrato de Dom Manuel A Rua Nova dos Mercadores; Reconstituição, segundo o «Livro das horas», de D. Manuel
 Nau Portuguesa do fim do séc. XV - Caravela Portuguesa do séc. XV (Reconstituição feita segundo documentos coevos)
                                            Estaleiro da Ribeira das Naus
 Ermida do Restelo ; A Frota de Cbral ao sair do Tejo 
Imagem de Nossa Senhora da Esperança que acompanhou Pedro Álvares Cabral na viagem de descobrimento do Brasil; Interior de uma nau portuguesa - a parte da ré
Carta de Pedro Vaz de Caminha; Aspecto parcial da Sala dos Veados, no Palácio de Sintra, em cujo tecto artesoado e brasonado se vê o brasão do descobridor do Brasil.
 A partida do «Lusitânia», do Tejo, na manhã de 30 de Março de 1922
 A torre de menagem e residência dos governadores da Praça de Arzila; O Mosteiro de S. Pedro de Rates

Descoberta do Brasil (1900)
 Caravelas passando o Bojador; Nau S. Gabriel, em que Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia
A véspera da partida; «... Assim que eles viram o esquife de Bartolomeu Dias chegaram-se logo todos à água... e viemos... tangendo trombetas e gaitas...»

- Ilustração da Grande edição ilustrada de Os Lusíadas (1839-1915), publicada pela "Empreza da História de Portugal, em 1900".


- Execução artística de outros livros de menor projecção:
Portugal de Algum Dia (1933) com colaboração literária de Gustavo Matos Sequeira, em que são reproduzidas cenas, costumes e usos de outros tempos. 

                                                                 Condução de um doente
 A Traquitana                                                    A Cadeirinha

História das Toiradas (1900), de Eduardo Noronha


- Ilustração dos romances de Júlio Dinis - As Pupilas do Senhor Reitor e A Morgadinha dos Canaviais - e de outros, como A Sereia de Camilo Castelo Branco ou O Romance das Ilhas Encantadas de Jaime Cortesão, sempre resultante de uma pesquisa demorada e conscienciosa

Em As Pupilas do Senhor Reitor, a aldeia idealizada pelo escritor foi recreada através de pesquisas rurais nos locais em que acredita ter decorrido a acção do romance - Minho e Douro. Utilizou mesmo modelos e trajes para melhor descrever os personagens


Gostaria de incluir ainda Lisboa Velha, História Geral dos Jesuítas, A Ambição d’um Rei, História do Palácio Nacional de Queluz e uma série de imagens inspiradas em costumes antigos do século XVIII e inícios do século XIX - reconstituição de trajes e de modos de vida desse período, sobre festividades populares, formas de convívio, trabalhos campestres.
E a minha Beira-Serra, sobre a qual nada encontrei.

Para preencher a lacuna (imagine-se o pedantismo!) dessa decepção, a imagem do meu "nó" na histórica e linda Ermida do Restelo, acima referida.
Interior da Ermida do Restelo - altar

sábado, 1 de agosto de 2015

WHERE'S “WALLY?”



WHERE'S WALLY (Agapanto pintado a AGUARELA)?



O pincel é a extensão da mão, a mão é a extensão do braço, o braço é a extensão do coração.
O que é sentido no coração flui para o braço, para a mão, para o pincel e, finalmente para o papel.
“Pensamento Oriental”


segunda-feira, 27 de julho de 2015

QUATRO CAPÍTULOS



Sem toques de sereia pelo ar 
Pra metas basilares realizar
Mãos cheias de pouco pra dar
Trabalhavam prás consumar.
Assertiva em decisões a tomar
Nem sempre com soluções a par
Lá fazia o barco navegar
De vela ao vento a enfunar.





Livre da “missão” a abarcar
Outro rumo era avançar
Traçado p'lo velejar
Com folhas de história a ecoar
Palavras de prata a sonhar
 Instantes a oxidar
E muitos mais a conservar
Em grande cenário a avistar





Em tempo sempre a cruzar
Com algum sucesso a aliar
Entusiasmo a não faltar
Muita esperança a reforçar
Parecia não mais acabar
Neste espírito de animar
Num mundo a encrencar
Que não era de esperar





E tudo começou a mudar
Com palavras a abafar
Perante enchentes de azar
Mente e mãos a esvaziar
Prós problemas solucionar
Em sucata a transformar
Num depósito a aumentar
 Pra não mais reciclar




Por lá, tudo a caminhar
No bom fado a encarrilar
Seguros, uns, a transar 
Outros menos, a alternar
Por cá, vida a balançar 
Co'a sirene a enferrujar
Que continua a vibrar
Até o sinal aguentar




Imagens Google

sábado, 18 de julho de 2015

SAUDADES DE BRIO PORTUGUÊS



1998, 22 de Maio - 30 de Setembro


Lisboa estava em festa permanente. E, através de uma diversidade de meios, toda a sociedade portuguesa.
Portugal viveu os dias mais dilatados da sua História.


"Esta é a ventura da conquista dos mares e do conhecimento da Terra. Dois medos e dos sonhos, dos mitos e das grandes realizações do Homem. Esta é  também a história de todas as viagens, desde a aventura de Vasco da Gama, unindo pela primeira vez continentes povos e culturas, numa espantosa revolução que abriu o mundo e permitiu a comunicação à escala planetária, transformando o espaço oceânico num património de toda a Humanidade."


A EXPO'98

Foi há 17 anos que, para comemorar os 500 anos dos Descobrimentos Portugueses (séculos XV e XVI) com o tema “Os oceanos: um património para o futuro, se realizou o evento que colocou Portugal no centro do mundo - A Exposição Mundial de Lisboa.

 .
Filme de abertura, com o logotipo da Expo’98, representando o mar e o sol

Na abertura oficial de cada um dos dias da Expo’98 havia três músicas que se faziam ouvir nos actos protocolares, na presença das mais altas figuras do Estado - o hino de Portugal, país-anfitrião, o hino do país convidado e o hino da Exposição, “Pangea” (da autoria de Nuno Rebelo em 1996, com o nome do supercontinente pré-histórico de onde derivaram os actuais), um “caleidoscópio de sonoridades que entrecruza guitarras portuguesas e uma base sinfónica de cariz épico
O autor teve em mente alguns pressupostos - "a música deveria refletir a diversidade cultural do planeta, ser inspirada nos oceanos, ser épica e conter elementos melódicos facilmente reconhecíveis”. 

A Expo´98 foi uma paixão vivida em ambiente totalmente festivo.
O país desenvolvia e convergia com o resto da UE, o poder de compra aumentava e ainda nos era permitido sonhar.

Pioneira de design para grandes projetos de arquitetura, engenharia e construção, a EXPO'98 transformou-se num caso de estudo internacional na área do desenho assistido por computador (CAD). É já um «case study» destacado por um trabalho de reportagem intitulado “A Tale of Two Cities” publicado na edição de Junho de 1999, da Computer Graphics World (volume 22, nº 6).

O Vídeo Oficial da Expo'98, a última exposição mundial do século XX, realizada em Lisboa, com imagens captadas pelas equipes da produtora ARVITEC durante os quatro anos de realização das obras.


degradada zona oriental de Lisboa junto ao rio Tejo - 50 hectares com um campo de contentores, matadouros e indústrias poluentes – foi transformada, a partir do zero (com excepção da torre de refinaria da Petrogal, conservada para recordar o espaço antes da intervenção), na internacional e temática exposição.

A construção do recinto revolucionou completamente aquela zona. .
Dela fizeram parte:
- Pavilhões temáticos do Futuro (Casino Lisboa), da Realidade Virtual (já demolido), da Utopia (mudou o nome para Atlântico, um dos mais modernos e maiores da Europa para receber eventos), de Portugal ("ex-libris" da engenharia e da arquitectura moderna, recentemente propriedade da Universidade de Lisboa), do Conhecimento dos Mares (Museu da Ciência), dos Oceanos, do Território, da Água e o de Exibição Náutica
- Outros pavilhões de entidades convidadas e patrocinadores (o da Shell com uma magnífica colecção de conchas ou o da Coca-Cola com a arte associada às embalagens) e os dos Açores, da Guiné-Bissau, de Macau e da Madeira
- Zonas internacionais, Norte e Sul (os vários pavilhões dos países representados davam uma visão das nações espalhadas pelo mundo)  
- Módulos postos gratuitamente à disposição dos participantes com posterior aproveitamento pela Feira Internacional de Lisboa
- Oceanário de Lisboa ("joia da coroa”), o maior e mais moderno aquário do Mundo (visitado por mais de 12 milhões de pessoas desde a inauguração).
- Um complexo de transportes com metropolitano e ligações ferroviárias à grande plataforma intermodal de transporte coletivo para a EXPO '98, a Gare do Oriente  
- Vila EXPO destinada a acolher funcionários e participantes internacionais
- Recinto para conter o maior número de participantes, a Praça Sony
- Teatro Camões
- Torre Vasco da Gama, que acolheu o pavilhão da Comissão Europeia
- Teleférico
- Marina, no local do antigo aeroporto marítimo-fluvial que, por estar assoreada, está sem funcionar: 
  - O Edifício Nau, junto à marina, onde estiveram abertos restaurantes famosos como o Peter´s e o Nobre.
  - A Zona da exibição náutica, por onde passaram centenas de embarcações de várias partes do mundo. E, permanentemente, a Fragata D. Fernando e Glória, visitada por mais de 1,3 milhões de pessoas.
- Os famosos vulcões de água, cenário de milhões de fotografias durante o tempo da Expo´98
- No âmbito da Expo, também a Ponte Vasco da Gama (à data, a maior da Europa), com mais de 13 km a unir Norte e Sul pelo Montijo e uma nova linha de metro com sete estações.

O leque alargado de participação de diversos países, culturas e povos distintos constituiu "um dos aspectos mais relevante do evento ao permitir a comunicação à escala mundial num espaço pequeno, unificada pela dimensão dos oceanos." 


Filme de animação (contribuição da Iniziomedia) com imagens em 3D, exibido no Pavilhão de Portugal, visto por um milhão de pessoas.
"A Viagem”, é uma evocação da chegada, no século XVI, dos missionários portugueses ao Japão, país até então completamente fechado ao resto do mundo. Os biombos japoneses e a arte Namban serviram de inspiração à estética do filme

O espaço físico da exposição, projectado na dupla perspectiva de ser um lugar para um acontecimento transiório e de articulação a com a reabilitação urbana, foi projectado para a circulação pedonal e baseou-se em três ideias - chave:
- Estrutura urbana facilmente memorizável pelos visitantes
- Ligação forte ao tema da exposição, atraves de jogos de água, fontes e lagos integrados nas ruas e alamedas do recinto
- Imagem articulada para toda a exposição e integrada numa linha de harmonia e de lógica.

   O recinto tinha dois eixos - um, na direcção norte/sul, onde se localizavam as Portas do Norte e do Mar e outro na direcção nascente/poente, com as Portas do Sol ( actual Centro Vasco de Gama ) e do Tejo (porta ribeirinha) nos extremos.
0s pavilhões e as áreas temáticas (área de exibição náutica com embarcações representando momentos históricos da relação do homem, como os Oceanos, a área dos jardins da água com várias formas de utilização da água, os jardins Garcia da Orta com as plantas que havia nos lugares percorridos pelos portugueses nas suas viagens e todos os outros, eram subordinados à temática geral da exposição

Houve 15 Espaços Cénicos:
Fado; Jazz e World Music; Música dos PALOP e Brasil; “Sentir os Povos” (e. g: Cultura Cigana e América Latina); Generalista; Música Alternativa Portuguesa; Grupos corais e foclóricos, bandas e orquestras, Dança tradicional e contemporânea; grandes espectáculos de música, Teatro, moda, dança e concertos multiétnicos; Música Pop e Rock; Grandes Orquestras; Ópera;
Área aberta -Teatro;
Jardim de Timor - Rede Escolas;
Módulo Flutuante -Teatro e Música;
Pavilhão Atlântico - Utopia;
(Relatório Oficial da Expo’98, Parque Expo, páginas 194-205



Os visitantes faziam as suas deslocações ou peregrinações à Expo’98 conforme o objectivo - didático, de passeio informal, de turismo de massas, de convívio ou de consumo alimentar e cultural. O recinto da Expo´98 era o espaço onde se experimentava a sensação de viajar virtualmete pelos quatro cantos do mundo dentro duma área de apenas alguns hectares através da presença de 146 países dos cinco continentes.
Quando em pequenos grupos, enquanto uns esperavam em filas de horas pela entrada num determinado pavilhão (sentados, bastantes, em cadeiras transportadas de casa) e outros deambulavam pelo recinto, ouviam-se conversas ao telemóvel entre eles como se realmente estivessem viajando:
- Acabei mesmo de chegar a Macau; de seguida vou ao Canadá…

Foram emitidos bilhetes de um dia (5.000 escudos/25 €), 3 dias (12.500 escudos), diários apenas para parte da noite (2.500 escudos) e um passe livre de 3 meses de acesso ilimitado (50.000 escudos).
Alguns meses antes da exposição, a Swatch lançou o modelo Adamastor, que tinha um chip carregado com um bilhete de um dia. Bastava encostar o relógio ao sensor presente.

Conseguir preencher o “passaporte” com o carimbo de todos os países, era uma das minhas “pacientes” finalidades, aproveitando a entrada para “rever” países já conhecidos, adquirir conhecimentos sobre outros ou familiariazar-me com novas tecnologias.




Andar pelo recinto para admirar a arquitectura dum pavilhão, observar um determinado ou ocasional espectáculo, os banhos nas bolas de água cuspidas pelos vulcões simulados, (devido ao muito calor havia sempre pessoas a refrescar-se) e a Peregrinação, conviver, captar imagens, fazia parte dos meus programas pela expo assim como de alguns familiares.

Peregrinação - Era um desfile de rua que começava ao pôr-do-sol, formado por 11 máquinas de peregrinar, acompanhadas por outras mais pequenas, os peregrimóveis. O espectáculo durava 1h30 e terminava junto ao rio, com o aparecimento do Rhinocéros, besta mecânica animada por 19 artistas.

  

Na restauração, mais do que a decoração e o ambiente, eram as ementas que atraiam. Lembro-me de ter comido a melhor feijoada brasileira e um delicioso pernil mexicano.
Mas a gastronomia melhor acompanhada foi a filipina – os próprios empregados de mesa, após servirem as refeições, tocavam e cantavam para os presentes.


A mascote Gil (em homenagem a Gil Eanes) foi inventada por um estudante do ciclo, num concurso de escolas de todo o país



Houve cerca de 11 milhões de visitantes


Os espectáculos na Praça Sony eram diários, com imagens fantásticas projectadas no écran gigante do Aquamatrix, em forma de ovo.




As sessões de teatro, circo e dança sucediam-se.
Estiveram presentes milhares de jornalistas estrangeiros.
E também os réis da Bélgica; o príncipe herdeiro de Marrocos; o príncipe Aga Khan; os presidentes do Brasil, Cabo Verde, Alemanha, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Comissão Europeia; os primeiros-ministros da Namíbia, Costa do Marfim e Angola; o rei Juan Carlos e a Rainha Sofia; os Grão-Duques do Luxemburgo

Houve pessoas que, como eu, “corriam” diariamente para lá.
Filas e mais filas, horas e horas de espera, muito cansaço, muitas dores de pernas, muita sorte por ter tido a oportunidade de ter participado no que eu classifico de mais indescritível e mágico evento português do século XX.

Muita gente nunca teria a possibilidade de ver tanto mundo
E num só espaço. 

Contribuiu, por certo, para ajudar Portugal a situar-se melhor como destino turístico não só de sol e mar, mas também na moda. 



Cantou-se o Hino com mais de 200. 000 pessoas ao lado. Emocionante. Muitas choravam. Outras sentiam orgulho em ser portuguesas! 
Tudo parecia perfeito.

QUEM NÃO TEM SAUDADES DESTE PORTUGAL? 


terça-feira, 14 de julho de 2015

PÁGINA DE UM TEMPO


1984…

Página do texto de um tempo...
Momentos da História de vidas.
Confluências. 
Abraço fugaz na longa nostalgia.
Felicidade efémera.
Interregno passageiro numa distância fadada.
Reencontro de afectos.

Pais de braços cansados
Netos “forasteiros” parcos em cultura rural.
Filhos pouco interessados no "abandono" dos campos.

O sabor de um passeio no carro que já foi de bois.


Pesca nas águas estagnadas do rio Noémi.
Haverá os apreciados barbos ou bordalos para lanchar...




Ferreirinha - Quase estéril, mais matagal, foi terreno de múltiplas productividades.
Abertura de sulcos com a pá do arado para desenterrar e descobrir as batatas que tinham sido semeadas.
Apanha das batatas nos regos abertos para as arrecadar em sacos de estopa grossa.


À "caça" de gafanhotos que se alimentam de folhas das plantas, destruindo-as.



A delícia de experimentar “soberania” na cadeira do avô.
Dois anos e um banco de pedra tão alto e tão grande!




Enfim... 
Férias na aldeia. Vivências, encontros, convívio, anfitriões, família...  

Hoje... 

Apenas aldeia e páginas amarelecidas de um tempo onde, apesar de as letras já mal se poderem ler, os acontecimentos, de tão conscientes, serão impossíveis de apagar.

domingo, 12 de julho de 2015

SUNRISE, SUNSET



"Nasce o sol, põe-se o sol,
Nasce o sol, põe-se o sol.
Os dias passam velozmente..."

pôr-do-solocaso, anoitecerentardecer, é o momento em que o Sol deixa de se ver no horizonte na direcção oeste para dar lugar ao início da noite.
nascer-do-Sol,amanheceralvoradaauroraalva ou alba, ao inverso, é o momento em que o Sol aparece no horizonte, na direcção leste, dando início ao dia. 
Esta ocorrência diária em todas as regiões entre o Círculo Polar Ártico e o Círculo Polar Antártico surge devido ao movimento de rotação da Terra.

As diferenças entre o nascer-do-sol e o pôr-do-sol dependem das características geográficas do local onde o acontecimento está a ser observado – campo, mar, montanhas, lagos, florestas, edifícios, deserto.

Quando o sol nasce, pela manhã, torna o momento muito especial - a qualidade da luz é única e produz efeitos impossíveis de serem observados em qualquer outro momento do dia.
O pôr-do-sol, normalmente, brilha mias porque os diferentes tons por que passam o vermelho e o laranja também são mais vibrantes. A atmosfera tende a reter uma maior quantidade de partículas em suspensão do que no início do dia.

Como a luz do Sol sofre um desvio gerado pela atmosfera, o sol ainda pode ser visto depois de já estar atrás do horizonte físico. Este efeito também se manifesta durante o nascer do Sol. Outra curiosidade gerada pela distorção da luz solar pela atmosfera é que o sol também aparenta ser maior no horizonte, uma ilusão de ótica similar a que ocorre com a Lua
Wikipédia

Antes do Sol nascer, como os raios são refratados pela atmosfera numa linha directa, produzem uma grande influência no cérebro e nos órgãos respiratórios. Pela tarde, os mesmos raios influenciam o nosso sistema digestivo.
Quanto mais negativa está a Terra, maior é a capacidade de absorção da energia positiva do Sol, e vice-versa. A razão de tal diferença está na diferente capacidade de absorção da Terra e do sistema humano.

Nasce o sol, põe-se o sol,
Nasce o sol, põe-se o sol.
Os dias passam velozmente...

Momentos mágicos que vale a pena contemplar de qualquer lugar da terra - a última “dança” do sol ou, "acordando com as galinhas”, a mais brilhante alvorada.


Um Tequila Sunrise super refrescante para os dias quentes?

Enjoy…











"Sunrise, sunset, sunrise, sunset
Swiftly go the days
Sunrise, sunset, you wake up then you undress
It always is the same..."


quinta-feira, 9 de julho de 2015

"EU TIVE DOIS AMORES..."


Para a maior parte dos motoristas de automóvel, além de ser um prazer, conduzir é sinónimo de independência e liberdade.
Tirei a carta de condução na década de 60, um tempo em que ainda não era muito comum ser condutora… Mas era, com certeza, muito mais fácil guiar - havia menos automóveis, menos ruas e menos homens a circular (ser soldado tinha prioridade!)
A mente de quem conduz desenvolve “obrigatoriamente” um conjunto de capacidades como a concentração, a memorização e o processamento de mais informação por segundo. 
Conduzir, implica uma inter-acção altamente complexa entre olhos, cérebro e músculos, assim como a capacidade de resolver problemas complicados. Adquire-se muito mais auto-confiança e auto-estima.

Presentemente, devido a várias consequências provocadas por uma intervenção cirúrgica mal sucedida, deixei de conduzir.

Mas gostaria de destacar dois dos meus carros preferidos – um MORRIS Mini 1000 de cor branca e um Nissan MICRA Laguna 1996 de cor vermelha/bordeaux, metalizado.

Dizem que as cores influenciam os condutores e mostram a personalidade de quem dirige.
Gosto do branco pela nitidez, claridade, luz, espiritualidade, criatividade, psiquismo, inspiração e disponibilidade para a mudança.
Por outro lado, o vermelho tem um efeito importante sobre o desejo de prosperar, de auto-afirmação, de energia, de compromisso com a vida, de emoção e de transformação.

Ambos pequenos, simples, guerreiros.

Mais mítico, o popular Morris, nasceu após o final da 2ª Grande Guerra Mundial - quando a gasolina era racionada - por encomenda de um consumidor que precisava de um veículo "pequeno, forte e económico" para se deslocar num país onde o trânsito já era grande; chegou ao mercado inglês em 1959.


Com poucas modificações ao longo dos anos, o resistente Morris deixou de ser produzido em 2000. 
Porém, nesse mesmo ano, a BMW lançou a versão plagiada do Mini, maior e mais moderno do que o modelo original, preservando assim, o mesmo carisma de cinco décadas. 

O meu Mini Morris 1000 transportou-me durante 12 anos. E, alguns mais depois, após tê-lo vendido a um stand de automóveis, encontrei-o com muito bom aspecto, estacionado numa das históricas ruas de Cascais.
Lembro-me de ter ficado contente por vê-lo; mas experimentei também como que um sensação de "culpa" por tê-lo "abandonado"... 


O Micra (internamente, modelo K10) foi lançado no mercado Japonês como Nissan March para substituir o Datsun Cherry.
Era um automóvel bastante simples, convencional, de linhas rectas, disponível  apenas na versão de três portas - no início - fiável e de fácil condução.

Em 2006, a revista de automóveis britânica Auto Express descobriu que dos 340.000 Micra K10 vendidos no Reino Unido entre 1983 e 1992, ainda circulavam cerca de 96.000, o que é notável para um automóvel cujo fabrico foi descontinuado há 14 anos (a Nissan construiu os últimos em 1992).


O fabrico da segunda geração Micra, o K11, arrancou no Japão no início de 1992, disponível nas versões de três e cinco portas desde o início e chegou à Europa no final desse mesmo ano.
Era um automóvel com design divertido, mais moderno, de estilo arredondado, amigável, urbano sofisticado, popular entre o público mais jovem e feminino.

A potência era transmitida à estrada através de uma caixa de velocidades Manual de 5 mudanças, tinha um consumo médio de 5.8 litros/100km, uma velocidade máxima de 150 km/h e um motor In-line de 4 cilindros atmosférico, a Gasolina, cilindrada 1.0.
Um grupo de jornalistas altamente conceituados da área automóvel gostou tanto do automóvel que o elegeu como Carro do Ano 1993.



Nissan  K11 Micra Séries II
Em 1996, surgiu um pequeno facelift com algumas inovações - airbag do condutor, rodas redesenhadas com gentes especiais, nova grelha da frente e faróis, pára-choques traseiro, grandes mudanças no interior, aileron e painel de instrumentos, novas lentes de luz traseira, uma antena de rádio reposicionada do topo da direita do pilar para o meio do telhado - retaguarda, emblemas, volante e motor.
É um carro do tipo produzido pelo fabricante Nissan, vendido a partir do ano 1996 até 1998.

Nissan micra laguna 1966, o meu belissimo automóvel, vendido num "Ai" em 2009 no OLX. Foi também o 1º carro do meu filho L. quando entrou na Universidade.
Sei que não ficou em Lisboa, mas gostava de vê-lo por aí porque, de acordo com as elogiosas críticas, ainda circula com certeza.



- "O Nissan Micra (K11) 1.0 de 1996 é pura e simplesmente um automóvel de guerra e, sem dúvida nenhuma, do que melhor se fez neste segmento desde há uns anos para cá, apesar de custar a engolir a muitos. Pode ser "maricas" para alguns, mas é um automóvel de guerra. Começando pelo motor, esse bloco CG10DE feito exclusivamente para o Micra tem toda a sua construção em alumínio, 16 válvulas, 998c.c e 55cv de potência e injecção mono-ponto. Quanto ao interior, apesar de não ser dos mais bonitos, é muito bem construído e os plásticos não desiludem. Quanto ao comportamento, a traseira é muitíssimo rebelde pelo que, quando a soltamos, normalmente apanhamos mais que um “cagaço”.
Resumindo, é das melhores compras que se podem fazer na relação preço/qualidade/fiabilidade"
http://forum.autohoje.com/forum-geral/26328


- “O Micra tornou-se numa espécie de ícone da Nissan. Desde que foi lançado (...) tem vindo a estabelecer uma reputação que o associa à oferta de um produto mais inovador e moderno do que a sua concorrência no mercado europeu. Parabéns Micra!” 
Simon Thomas, Vice-presidente Sénior de Vendas e Marketing da Nissan na Europa 

Depois surgiram os modelos:
- Micra k12 em 2002, e que tem"problemas de luz do motor…"
- K13 em 2010 - ... .  -  quarta geração, que "está sempre avariado..."
Cantinho do Nissan Micra




sexta-feira, 3 de julho de 2015

VAI TUDO NO BALÃO



Acabou a época das festas populares
De Santo António, São Pedro e São João 
Da sardinha assada a pingar no pão
Das barraquinhas, das tendas e dos bares




De Santo António “O Casamenteiro”
De recém-casados por Lisboa a desfilar
Do manjerico acabado de comprar
Do "fado castiço" de Alfredo Marceneiro




Do subir e descer vielas da capital
Das ruas cheias de coloridos mil
De refrões entoados ao peitoril
Do caldo-verde e do vinho trivial




Das danças partilhadas na alegria
Das marchas pela Avenida da Liberdade
Dos carrocéis a girar na cidade
Do copo-de-água na Estufa-fria




Dos tremoços, alho-porro e martelinhos
Das tendas de algodão-doce e das farturas
Dos dias de euforia e de mui venturas
Dos pregos, dos pimentos e bifinhos




Das rijas Sanjoaninas do“ balão”
Dos bailaricos da zona ribeirinha
Dos arraiais e da sangria fresquinha
De cada bairro e peculiar pregão.

Do Santo Pedro dos pescadores
Da bênção dos botes acostados
Dos arcos de balões adornados
Dos desfiles, sim ou não vencedores






Imagens Google