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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

"ATÉ QUE A VOZ LHE DOA"


"Há um combóio descarrilado" (personagem alegórica)...


Há um comboio descarrilado, enferrujado, abandonado numa estação.
As carruagens engatadas, acidentadas, afetadas, rangem e ameaçam deslocação.
A locomotiva (a vapor) impotente desconhece a causa do acidente e balança na linha do horizonte esperando avaliação.
Subsiste o único passageiro que há um ano inteiro, reclama um bombeiro pra identificação.
Impedindo o tráfego, com aquele náfego sem um semáforo, ninguém aparece e não é ficção!

Óleo de Edgar Degas

O comboio descarrilado é uma coluna vertebral com doze dorsais, sete cervicais, cinco lombares, um cóccix e um sacro, bem real.
Faz parte do cenário um corsário, não imaginário, sem sombras de simulacro, um mercenário pouco habitual, dum Hospital.
O passageiro, de vértebras no esteio movendo, o Atlas no crânio rangendo, já como ateu a crença perdendo, aguarda quinta intervenção numa outra estação local.



Há viagens, bilhetes pagos, roteiros desconhecidos, acontecimentos imprevistos, inocentes, culpados irresponsáveis, hipócritas e Hipócrates, poesia imolada nos trilhos da interpretação (símbolos figurativos que fazem parte dos actos de várias cenas dum enredo)






Há uma vítima que sente e causa incómodo não “até que a voz lhe doa”, mas até conservar a faculdade de pensar (personagem real que transforma a alegoria numa história verídica).



Imagens Google

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