Assim, num abrir e fechar
de olhos!
Ontem ignorava o que é ser velho
E acreditava até no
evangelho.
Ontem colhia flores aos molhos
E brincava nas ruas com neve
Tão branca, tão fria e tão leve!
Ontem pulava corda no quintal
Fazia monas de trapinhos
Ontem cantava no arraial
Acreditava na chaminé
E até sabia fazer filé.
Ontem respirava saúde
Sem questões existenciais
Sem questões existenciais
Tinha Avós e tinha Pais.
Ontem esbanjei juventude
Sem saber que era tão boa
E do barco esqueci a proa.
Construí na areia mutante
Pois tudo era abundante!
Ontem sem cordões atados
Era jovem, sonhava mais
Subia árvores como pardais.
Ontem atentava no Globo
Recusava a estupidez humana
E a fragilidade mundana.
Não fruí os sonhos reais
Alterei verbos e adverbiais.
Ontem corri tanto que não dei
Por anelos esperando por mim
Ontem corri tanto que não dei
Por anelos esperando por mim
Algures num belo jardim.
Ontem obstáculos saltei
Mas aprendi muito mais
Do que a ler os jornais.
O palco estava bem cheio
De actores vários sem freio.
Ontem ia com o vento
Ontem ia com o vento
Como quem só flutua
Esvoaçando até à lua!
Ontem era anterior a hoje
Ontem era anterior a hoje
Ontem foi, hoje é o agora
E o amanhã, será longe?
Agora, é o Presente, já
E o amanhã, será longe?
Agora, é o Presente, já
A duração do instante que vira
A poesia com cordas de lira
O momento que ainda está
O Viver sem amanhã
A poesia com cordas de lira
O momento que ainda está
O Viver sem amanhã
Com agradável sabor a romã
Um porto sempre sem cais...Imagens Google
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