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sábado, 20 de abril de 2013

FRAGRÂNCIAS DO ALGARVE



A 2 km do centro histórico de Lagos e a 1 km da Praia de Porto de Mós “convivi” durante alguns momentos matinais com o sol a espreitar através das grades brancas da varanda do quarto dum pequeno hotel.
Sentada numa das duas cadeiras ali disponíveis e com os cotovelos apoiados na mesa redonda dava, como hóspede/anfitriã, as boas vindas à gradual mas rápida progressão da claridade.
A roda do tempo, repartindo sombras e luz, fazia despedir a noite num instante desvelando as vaidosas chaminés algarvias e as folhas das palmeiras de pequeno porte e bonita copa larga do jardim circundante - a luz do Algarve é tão intensamente invulgar que impede o crescimento normal de algumas espécies de palmeiras importadas.



Como em todas as áreas urbanas (talvez agora mais nas rurais), a alegria dos pardais saltitantes em permanentes chilreios desafinados, ajudava a despertador os mais dorminhocos.
E o pequeno-almoço, servido em bufete, tinha como primeiros apreciadores os ainda poucos turistas em família que, disciplinados, aguardavam que a porta do restaurante abrisse enquanto a piscina, ali mesmo ou as praias mais próximas torciam pela comparência.


Segundo alguns etnógrafos e historiadores, a chaminé algarvia é uma reminiscência do minarete árabe.
Cilíndrica ou prismática, quadrada ou rectangular, simples ou elaborada, é um símbolo da região. Tradicionalmente branca mas também ocre ou azul, possui um rendilhado arquitetónico personificado ou representa miniaturas de torres de relógios e casas. O afunilamento do fumeiro, designado por “capelo”, remata no “chapéu” decorado com pequenas peças cerâmicas de motivos geométricos e aberturas circundantes para a saída do fumo.
Na prática, além de elemento ornamental, servia para marcar a presença de pessoas, o estado do tempo e assinalar a data da construção da casa.
Algumas são seculares, prova de perícia do pedreiro e motivo de orgulho do proprietário.
No campo existem duas chaminés - uma sobre a "casa do forno" onde se costumava comer e outra na cozinha, a rendilhada, que era utilizada para festas e visitas.




As casas algarvias, além de ostentarem as famosas chaminés, são quase todas pintadas de branco. Nos telhados de telha mourisca ou de meia cana ligeiramente cónica, existem açoteias (terraços) protegidas por platibandas decorativas que servem para apanhar o ar fresco nas noites de verão, secar figos e amêndoas.


Os pardais do Algave, como todos os pardais-comuns do globo, não são aves excepcionalmente bonitas nem têm um canto muito melodioso. 
Constroem os  ninhos em fendas de edifícios, semáforos, beirais, buracos de árvores; são grandes, cuidados por dentro mas de aspecto desleixado por fora. Porem, como gostam pouco de trabalhar, não se inibem de parasitar os ninhos de outros pássaros onde, frequetemente, colocam os seus 4 ou 5 ovos.




Entre outras características, o macho tem uma coroa escura e um bibe preto alargado no peito; a fêmea, além de mais clara, tem uma lista supraciliar.
São considerados inteligentes, desconfiados e sensíveis aos temporais. Como aves também granívoras, destroem plantações de cereais e pomares, sobretudo quando se juntam, ao entardecer,  em grandes bandos barulhentos.

"Os leões não se entretêm a caçar pardais"...

Na minha aldeia faziam-se uns palhaços de trapos semelhantes a estes para os afugentar dos campos.



Descrição do pardal com "ELEVADO NÍVEL LITERÁRIO" neste site BRASILEIRO :

(...)
Ele não é nem nunca foi natural das matas brasileiras, como  amagestade  os  sabiás ou  canários mas sim, foi introduzido sem lubrificante pelos portugas, que com sua inteligência que lhes é característica, não acharam que pudesse causar algum desequilíbrio, mas o fato é que eles causam desequilíbrio, ainda que não seja dos mais graves.
(… )
Sim, eles até poderiam não causar problemas em sua terra natalícia, mas assim que aqui chegaram vêm prejudicando a fauna dos passarinhos brazucas, e isso ajuda a diminuir o número de pássaros nativos, já que há menos lugares para os ninhos deles, melhor dizendo, há lugar de sobra, mas assim que um pardal nota, já parte pra porrada e chispa com ele da, num processo malacabado de usucapião, mas sem qualquer sombra de justiça.
(… )

Eles são encardidos por natureza mas acabam por ficar mais encardidos ainda uma vez que não ligam em nada para os problemas da urbe como poluição e tal, que os demais passarinhos costumam não gostar, e os pardais também convivem bem com os humanos, que ainda os protegem sem saber da desgraça que estão ajudando a aumentar...bem nós brasileiros somos decendentes de portugas...eles são pequenos mas bem maiores do que os beija-flores, tem um olhar de que quer matar quem os olha...mas, nem sei porque estou descrevendo tanto, você já deve ter visto dúzias e dúzias deles, muito mais do que os pássaros brasileiros... pra tu ver como eles são fia da mãe.
(…)
Essa junção de ares pretenciosamente copiados dos gaviões, mais a territorialidade dos pavões mais o encardido dos ratos de esgoto, mais essa coisa de viver bem na poluição, tipo mariposas é a soma que dá em pardal: o invasor imprestável.


Um pardal exterminado pela população para que não acordasse o povo cedo e não entrasse nas suas varandas. (blog de Telma Lobão)

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