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sábado, 6 de abril de 2013

O CACTO "REDENTOR"



O cacto, para mim, era apenas uma das muitas variedades de “cardo espinhoso”, vegetal selvagem verde e perene, de caule suculento e folhas em forma de espinhos, com ou sem floração e brotos laterais, encontrado em ambientes áridos como bermas de estradas ou escarpas rochosas, em vasos e jardins como plantas ornamentais ou em cercas e muros artificiais.


Mas há, afinal, espécies de cactos que produzem frutos comestíveis e onde quase tudo se aproveita, como a figueira-da-índia, em transição avançada para uso agrícola e comercial.


A figueira-da-índia (ou piteira, tabaibeira, palma e mais) é um cacto de grandes dimensões (1,5-5 m de altura) lenhoso, vivaz, originário da América Central mas naturalizado em muitas regiões semitropicais como Portugal.

A planta é suculenta, ramificada, com ramos (30-50 cm) achatados de cor verde-acinzentada e espinhos variáveis em densidade e tamanho ou nulos. As folhas muito pequenas e finas são caducas precoces e as flores (7-8 cm de diâmetro) são brilhantes, de cor viva amarela ou laranja.


Os frutos (cerca de 8 cm de comprimento) semelhantes a figos, de tonalidade verde, laranja, púrpura ou matizados, são doces e sumarentos e podem ser comidos frescos.
Por ser suculenta, ramificar frequentemente e enraizar os segmentos que se desprendem, é considerada invasora em solos favoráveis.


Se na Europa não é ainda cultura sistemática, no México, por exemplo, até conservam a planta e o respectivo fruto em salmoura ou escabeche para exportarem para o Japão e Estados Unidos.  
O consumo remonta há pelo menos 9.000 anos; em Israel e na Palestina é comum e habitual.


Segundo o engenheiro agrónomo José Martino em entrevista à agência Lusa, os frutos já existem em Portugal há 20 anos mas, como são uma atividade que precisa de muita mão-de-obra, antes da crise não era muito apetecível porque não havia pessoas desempregadas com necessidade de trabalhar na colheita.

Agora está na moda!


José Alves, vice-presidente da APROFIP (Associação Profissionais de Figo da India Portugueses) com sede em Alcoutim e consultor agrónomo para o cultivo da planta, diz que, com o apoio do programa PRODER (Programa de Desenvolvimento Rural) cuja aplicação foi "negligenciada durante muitos anos", 15 associados já optaram pelo cultivo profissional, com uma média de 5 a 10 hectares por exploração.
Cada euro do PRODER mobiliza cinco do setor privado, o que significa que põe a economia a funcionar".

A plantação de 1 Hectare pode começar a produzir fruto a partir do 2º ano de vida e ao 7º / 8º ano produz entre 30 a 40 toneladas de figos; custa cerca de 1.000 euros e a sua manutenção é muito pouca - uma lavoura anual e uma aplicação de matéria orgânica junto ao caule. Não necessita de rega ou produtos químicos o que a torna um produto biológico.
Plantada ordenadamente e explorada a nível agroindustrial, pode ser um importante e sustentável rendimento socioeconómico.


Devido às propriedades da planta e dos figos - fibra alimentar, cálcio, magnésio, potássio, sódio, fósforo, ácido tânico, sacarose, vitaminas C, A e B 3 - são de utilidade quase ilimitada: doces, compotas, geleias, sumos, gelados, iogurtes, bolos, xaropes, vinagre, saladas, tortilhas, licores, bolachas, aguardente, óleos cosméticos, chás medicinais, dietas de emagrecimento, indústria farmacêutica e fabrico de rações biológicas para animais, fertilizante do solo.


Em 2011, num concurso de Aromas e Sabores com Figo da índia, ficou demonstrado que "é possível fazer-se todo o tipo de receitas quer como ingrediente principal quer como aroma, espessante ou corante."

Nalguns países também já se produz bio combustível e como hospedeiras de cochonilhas (pulgões) usam-se na indústria tintureira, na pintura de quadros, decoração de paredes, artesanato.

É ideal para reflorestar zonas em processo de desertificação e para fixar de terras ameaçadas de erosão.

Apesar da redução do orçamento comunitário para a Política Agrícola Comum (PAC) que pode significar "perdas importantes" para Portugal, porque não apostar nos mercados europeus e não comunitários?

É uma dica sinérgica que pode contribuir para aumentar o emprego, a exportação e a percentagem de riqueza nacional...


Imagens google

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