Como
aprovado em Assembleia Geral, este ano a caça de verão começou no dia 17 de
Agosto; mas apenas para algumas espécies migratórias - rolas, codornizes e
pombos bravos.
Só no Outono, em princípios
de Outubro, é que abre a caça geral - perdizes, coelhos bravos, patos-reais, faisões,
raposas, veados, corços ou outras espécies de
caça maior e caça grossa.
O
coelho bravo, mamífero herbívoro de cor cinzento-acastanhado (camuflagem), existe em todo o território português e a caça é proibida durante quase todo o ano. Os ninhos são subterrâneos. Apesar de roerem tudo que veem pela frente, não são roedores. Roem para gastar os dentes que não param de crescer durante toda a vida.
A raposa, mamífero carnívoro, pode ser caçada entre Outubro e Fevereiro
A
lebre, mamífero herbívoro roedor, de cor castanho esverdeado (camuflagem) existe mais na planície alentejana.
Abriga-se em tocas pouco profundas porque conta com a sua coloração mimética para se dissimular na paisagem. É um animal solitário.
Difere do coelho pelo tamanho das orelhas, das patas posteriores e da forma como
corre
É muito procurada pelo caçador. Reproduz-se duas vezes por ano e pode atingir 6 kg
A perdiz vermelha, ave
terrestre de aspecto arredondado, abundante em quase todo o território
nacional, alimenta-se de sementes, ervas e insectos
No Outono podem ser vistas em grupos de 5/6.
Raposa Perdiz vermelha
Tanto a lebre como o coelho bravo têm a fuga facilitada pela posição dos olhos ao lado da cabeça que lhes permite olhar para trás sem se virarem.
Algumas espécies, como lobos e águias, "graças à actividade cinegética estão a ser recuperadas, protegidas e devidamente preservadas".
O javali também já chegou a estar ameaçado de extinção e a caça da raposa permite caçar outras espécies cinegéticas.
A rola turca tornou-se uma praga - come a alimentação das outras espécies e como também se aproxima das capoeiras e dos quintais das redondezas, acaba por trazer para o campo as doenças das aves domésticas. Será necessário haver uma licença para as abater, assim como para as cegonhas.
Rola turca Cegonhas
Considerando as
despesas directas associadas à compra da arma, cartuchos, licenças e pagamento
de quotas no caso das associativas, os custos para manter e vacinar os cães, o
combustível para as deslocações, estadias fora de casa, roupa específica e toda
uma gama de acessórios de que um verdadeiro caçador não prescinde,
presentemente, a caça é um desporto caro.
Talvez por isso (e não só), o número de caçadores/ano
em Portugal tem diminuído, segundo Jacinto Amaro, presidente da Fencaça. E é
preocupante porque, como também diz, a caça é um dos principais motores do
desenvolvimento rural.
Ser caçador
Os caçadores têm que ter em consideração comportamentos e regras em
relação às espécies que podem ser caçadas.
Outono e elogio da
caça
Miguel Sousa Tavares
ver
Quando se caça em grupo, é preciso que todos funcionem como uma verdadeira
equipa - ir caminhando em 'U', para empurrar a caça.
Os cães são os grandes
batedores de terreno; possuidores de um olfacto apuradíssimo terão que ser
inteligentes na abordagem e no trabalho de busca em campo, ter capacidade de
sacrifício para procurar incessantemente a perdiz, a codorniz, a lebre ou o coelho
que se escondeu no mato, habilidade para rastear as perdizes que caiem feridas, garantindo a maior percentagem de êxito no cobro e docilidade para partilhar os
dias e o descanso com o dono.
A caça é um tipo de desporto
pelo qual não tenho qualquer interesse, de que sei pouco e que, apesar de
apreciar as várias especialidades culinárias, mal as tenho saboreado.
Mas o tema, focado há dias, fez-me lembrar disso mesmo - do gostoso petisco de há várias
décadas.
O meu tio M. caçava - isoladamente
ou em grupo, não me lembro.
Munido duma espingarda de calibre (?), cartucheira
na cintura, polainas, casacão ou gabardina e farnel, punha-se a andar logo pela manhã, a
caminho de certos locais pejados de giestas, restolho, tojos, pinheiros ou de alqueive. Acompanhavam-no um ou dois cães, podengos ou perdigueiros.
Podengo Perdigueiro
Os terrenos onde, naquela altura, não
havia limitações, ficavam relativamente perto e a caça parecia ser abundante porque
regressava pela tarde com os atilhos da cartucheira quase sempre cheios de
coelhos, lebres, galinholas, perdizes vermelhas.
Penso que vendia a
maior parte das peças mas, de vez em quando, oferecia-nos uma lebre ou algumas
perdizes que, como família numerosa que éramos, quase só chegavam para provar…
E é do cheiro, mais que do sabor,
que me recordo.
Ainda estou a "ver" aqueles guisados de sonho que a Mãe fazia multiplicar...